Formação e Gestão em Processos Educativos. Josiane da Silveira dos Santos 1 Ricardo Luiz de Bittencourt 2



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Transcrição:

1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE EAD E A FORMAÇÃO COMPLEMENTAR NO CURSO DE MAGISTÉRIO PRESENCIAL: AS PERCEPÇÕES DOS ESTUDANTES Formação e Gestão em Processos Educativos Josiane da Silveira dos Santos 1 Ricardo Luiz de Bittencourt 2 Introdução Este texto é um recorte de nossa pesquisa, que vem sendo realizada no curso de Pedagogia da UNESC, na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso e ampliada no Grupo de Pesquisa Saberes, políticas e práticas de formação de professores. Traz como problemática, os motivos que levam os acadêmicos do curso de Pedagogia na modalidade EAD, a buscarem a formação paralela no curso de magistério.esta pesquisa se constitui como exploratória e qualitativa, na medida em que buscamos ampliar nosso conhecimento e encontrar subsídios que permitam obter o resultado desejado, na tentativa de compreender o significado e as características situacionais das respostas apresentadas no questionário aplicado. Para aplicar o questionário, utilizamos o critério de acessibilidade, selecionando acadêmicos que poderiam contribuir com este estudo, apresentando elementos relevantes. Os sujeitos pesquisados são identificados aleatoriamente com a letra P e numerados como P1, P2, P3 para preservar a identidade de cada um. São estudantes do curso de Pedagogia EAD, que realizam a formação complementar no curso de Magistério. Para melhor elencar este estudo, nos referenciamos em alguns autores que discutem esta temática, como Giroux, Nóvoa e Tardif, entre outros estudiosos. Expansão da EAD no Brasil e o impacto na formação de professores 1 Acadêmica do curso de Pedagogia da UNESC. Participa do Grupo de Pesquisa Saberes, Políticas e Práticas de Formação de professores. 2 Professor do Curso de Pedagogia da UNESC e dos PPGs em Ciências da Saúde e Ciências Ambientais. Coordenador do PIBID, Subprojeto Interdisciplinar. Líder do Grupo de Pesquisa Saberes, Políticas e Práticas de Formação de professores.

2 Nesta seção abordaremos o desenvolvimento da EAD em nosso país, como também a influencia e transformações que ocorreram na formação de professores a partir do progresso da modalidade de ensino e aprendizagem à distância, que permite ao professor e aluno, ocuparem locais diferentes e se conectar através da tecnologia, ou seja, via internet. Com a propagação da EAD no Brasil, surgiu a necessidade do reconhecimento desta modalidade perante a lei. Foi criada a Secretaria de Educação à distância, para organizar e controlar esta modalidade. Reconhecida também na legislação, foi oficializado como legitima e equivalente a EAD, através da Lei de Diretrizes e Bases, n. 9.394/96, trazendo em seu Art. 80 a seguinte afirmação: O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. (BRASIL, 1996). Entendemos que o avanço da EAD, tem sido impulsionado pela tecnologia, que é a base desta modalidade. Segundo Silva (2009), a historia da EAD no Brasil, se apresenta em três gerações, a primeira, com ensino profissionalizante, a segunda por cursos supletivos e a terceira pelo avanço das tecnologias e comunicação. Rodrigues (2011) relata em seu texto, sobre a expansão expressiva da EAD, no qual o governo tenta explicar que é por conta da falta de professores no país. Rodrigues (2011) salienta que a EAD tem sido questionada em países onde a educação é prioridade. Acredita ainda que no Brasil, falta fiscalização por parte dos órgãos governamentais responsáveis pela qualidade do ensino. Relata que, o MEC tem uma visão simplista sobre um problema complexo (RODRIGUES, 2011, p. 5). Acreditamos que de fato, com este avanço exacerbado da modalidade à distância, futuramente, teremos mais profissionais formados em EAD do que presencial. Perspectivas teóricas de formação docente Para compreender a importância da formação inicial e continuada dos professores, tomamos como base os textos escritos pelos autores já citados anteriormente. Conforme afirma Tardif (2000), os cursos de formação de

3 professores seguem um determinado modelo, onde os alunos frequentam a sala de aula durante alguns anos, em caráter disciplinar, e em seguida iniciam os estágios, proporcionando as primeiras experiências com a prática em sala de aula.para Tardif (2007), o saber profissional do professor é plural e temporal, pois é obtido a partir de sua historia de vida e vai sendo construído ao longo de sua carreira. Nóvoa (2013) defende três bases para melhorar a formação de professores que são Por uma formação a partir de dentro, em que o trabalho coletivo, o diálogo, a troca de experiência entre os professores, a reflexão conjunta entre a teoria, que é à base do conhecimento, e suas práticas diárias, contribuem significativamente pra a construção do saber e o enriquecimento do fazer pedagógico. Outra base que Nóvoa (2013) relata é a defesa Pela valorização do conhecimento docente, no sentido de que o ensino deva ser visto como uma atividade de criação e desta forma novos conhecimentos deverão surgir. Como também, na reflexão e compreensão sobre as experiências vividas, conseguimos elaborar novo saberes. Por último Nóvoa (2013), advoga Pela criação de uma nova realidade organizacional, afirmando que em meio àsnovas exigências do século XXI, se faz necessário a presença de um professor como coletivo, pois o individualismo contribui negativamente para o desenvolvimento do trabalho em equipe. Em conjunto são possíveis que mudanças relevantes aconteçam, nos mais diferentes aspectos sociais. Nesta mesma linha de pensamento Giroux (1997), nos lembra dos movimentos de reforma educacional, que para o mesmo, tem aspecto de desafio e ameaça. Importa que os professores em formação, sejam vistos como intelectuais, que seus conhecimentos sejam valorizados e possam possuir habilidade para alcançar a liberdade individual. (GIROUX, 1997). Os autores aqui mencionados trazem reflexões similares que se complementa no que se refere à formação de professores. Paralelo entre formação presencial e formação EAD Destacaremos nesta seção as principais características do ensino presencial e EAD, procurando compreender as principais diferenças entre essas

4 duas modalidades e os motivos que levam algumas pessoas a procurar a modalidade EAD, contribuindo para a expansão da mesma e para o esvaziamento dos cursos presencias, principalmente de licenciatura. Alguns acadêmicos optam pela EAD, por ter maior flexibilidade de horários, menor custo na mensalidade, curta duração, não é tão exigido quanto o presencial, o que facilita muito para o estudante. Mas em termos de conhecimento, será que o ensino à distância atinge o objetivo de formar o sujeito nas suas múltiplas dimensões? Com esta política de governo, aligeirando o processo de formação de professores, o que nos preocupa é o reflexo e a influencia que a modalidade EAD vem retratando em nossas escolas. A desqualificação dos cursos de formação docente implica diretamente na desvalorização e precarização do trabalho docente. Implica em professores nas ruas, lutando por seus direitos e desistindo facilmente dos mesmos, por discursos baratos, que não é de fato o que almejam a classe de professores. Implica lá na sala de aula, quando o professor, teve sua formação inicial à distancia e está inserido nas escolas, contribuindo para formar os alunos na modalidade presencial. A modalidade à distância provoca o distanciamento entre o professor e aluno, o que reprova Bittencourt (2008, p.47) quando diz que As práticas educativas que se comprometem com a formação do ser humano devem promover o encontro de professores e seus alunos e não seu distanciamento. Acreditamos que o dialogo, a interação entre o grupo e o professor especializado na disciplina, o ensino e a aprendizagem serão mais ricos e a troca de conhecimentos, entre os sujeitos envolvidos, contribuirá para novos conhecimentos, novas pesquisas e novos materiais de estudo.entretanto podemos afirmar que na modalidade presencial temos além do ensino, que acontece todos os dias, com professores especializados em cada disciplina, que estão em constante formação, temos também a pesquisa e extensão, como um importante diferencial. Apresentação e análise dos dados Para a realização dessa pesquisa aplicamos questionário com 10 estudantes que fazem ao mesmo tempo o curso de Pedagogia na modalidade

5 EAD e o curso de Magistério em nível médio na modalidade presencial, realizado no mês de março de 2015. Dentre as questões levantadas na entrevista semiestruturada optamos por apresentar o porquê essas estudantes fazerem o curso de Graduação e Magistério paralelamente. Vale lembrar que muitas destacam sua escolha, pelo curso de magistério como um complemento ao curso de Pedagogia EAD, pelo fato de buscarem mais conhecimento no Magistério, por ser presencial. A P9 destaca ainda que Na área da educação é preciso estar sempre atualizado por isso a escolha de fazer magistério. Com isso, entendemos que existe a necessidade de se aperfeiçoar, de se aprofundar mais nos conhecimentos, de uma formação continua enquanto profissionais da educação e a segurança que o curso de Magistério em nível médio proporciona as entrevistas, quando se remetem aos desafios de sala de aula. Já nas respostas da P3, P8, P13, encontramos relatos como: Um dos principais motivos é pontuação e aprendizado. Pontuação por que quando me escrevo minha classificação se eleva e o aprendizado, porque a faculdade é mais teoria e no magistério mais a prática e o modo de se trabalhar em sala, principalmente séries iniciais. (P3). Pela prática e também por ser ACT pela pontuação. (P8.) Em especial a classificação da prefeitura que valia 100 pontos. (P13). Nestas respostas analisamos que para algumas entrevistadas o relevante é a pontuação que as mesmas poderão obter na hora de se classificar nos possíveis processos de seleção implantados pelas politicas de governo. Ou seja, o que importa para este sistema que seleciona os profissionais da educação, é a quantidade de pontos que o mesmo possui, em uma somatória de cursos e tempo de serviço. Entendemos que neste sistema, a relevância não esta no profissional capacitado, com múltiplas habilidades, com conhecimento múltiplo o suficiente para formar um cidadão integralmente, entre outros aspectos. Em conversas informais com colegas de classe e profissionais da educação, encontramos relatos de que muitos são contratados por indicação, sem a necessidade de realizar nenhum tipo de seleção. O que causa revolta, muitas vezes por parte de quem estuda e se dedica para realizar um bom trabalho, sem ser reconhecido dignamente. Entretanto a P14 destaca que Quando comecei a fazer o curso o

6 magistério perante a prefeitura valia 100 pontos. Hoje em dia esses pontos não tem mais validade. Mas mesmo assim, estou adorando cursar magistério, estou aprendendo muito com este curso. Sobretudo, percebemos que a o entendimento por parte da maioria das entrevistadas, da importância de uma formação docente de qualidade e que as mesmas reconhecem o ensino presencial como sendo o ideal, mais rico em apropriação do saber, mais exigido, o que requer mais dedicação e responsabilidade do estudante. Porém, existem vários aspectos, relatados anteriormente, que impedem muitas pessoas a frequentarem o ensino presencial. Com a oferta e a praticidade da EAD, muito optam por esta modalidade que se expande velozmente preocupando os pesquisadores da área de formação docente. Considerações finais Os relatos que ouvimos e lemos durante nossa pesquisa, a procura por EAD, é justamente pela comodidade que a mesma oferece. São cursos de curta duração, de baixo custo e sem tantas exigências. A procura, na verdade é por uma formação mais aligeirada para conseguir uma vaga no mercado de trabalho, poucos vão à busca do conhecimento de fato. Vale lembrar, que com os baixos salários das classes mais inferiores, faz com que a procura por EAD cresça cada vez mais. Na busca por ensino superior, o que fica mais viável as famílias de classe baixa, são os cursos à distância, oferecidos por instituições que visam primeiramente o lucro. Pois sabemos que a educação tem se transformado em um grande comércio. Referências BITTENCOURT, Ricardo Luiz. Formação De Professores em nível de graduação na modalidade EAD. O caso da Pedagogia da UDESC- Pólo de Criciúma- S.C. 2008. 254 f. Tese (Doutorado) Universidade Federal do Sul, Porto Alegre. BRASIL. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educaçao Nacional. Brasília, 1996.

7 GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, 1997. NÓVOA, António. Três bases para um novo modelo de formação. Gestão escolar, p. 52-55, ago./set. 2013. Disponível em: <http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/tres-bases-novo-modelo-formacao- 762864.shtml>. Acesso em 22 jan. 2015. RODRIGUES, Lúcia. Ensino a distância rebaixa qualidade da educação no país Brasil. Eitacola.blog spot, nov. 2011. Disponível em: <http://eitacola.blog spot.com.br/2011/11/ensino-distancia-rebaixa-qualidade-da.html> TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas consequências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, n.13, p. 05-24, jan/fev/mar/abr. 2000. Disponivel em: <http://anped.org.br/rbe/rbedigital/rbde13/rbde13_05_maurice_tardif.pdf>. Acesso em: 15 de jan. de 2015.