UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LABORATÓRIO DE ARQUITETURA E URBANISMO LAURB GRUPO DE PESQUISA CIDADE, MEIO AMBIENTE E POLÍTICAS PÚBLICAS



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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LABORATÓRIO DE ARQUITETURA E URBANISMO GRUPO DE PESQUISA CIDADE, MEIO AMBIENTE E POLÍTICAS PÚBLICAS Série Textos de reconhecimento do objeto de pesquisa 1 Título: CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DEPIRAQUARA Autora: Maria Ines Terbeck 2 1. Caracterização do Município de Piraquara O município de Piraquara localiza-se na porção leste da Região Metropolitana de Curitiba em bacias formadoras da área de proteção dos mananciais de abastecimento público (Alto Iguaçu) e em parte da Bacia Litorânea. Limita-se ao norte com o município de Quatro Barras; a leste com Morretes e ao sul com São José dos Pinhais. Foi criado em 10 de janeiro de 1890, desmembrado do município de Curitiba, teve seu distrito, Pinhais, desmembrado em 1992 o que significou uma perda de 21% de seu território e 71% de sua população. Tem área de 228 km2 e altitude média de 897 m s.n.m., sendo subdividido nos distritos sede e do Guarituba. Apresentava em 2000 uma população total de 72.886 hab (IBGE, 2000), com taxa de 8,53 % de crescimento no período de 1996-2000 e na contagem de população de 2007 ( IBGE, 2007) a população era de 81.313 habitantes. 1.2 O Município de Piraquara e seu contexto ambiental e urbano 1.2.1. O meio natural O município de Piraquara deveria ter seu crescimento controlado de forma mais rígida, pois está inserido no subsistema leste da Região Metropolitana de Curitiba, com 92,16% do município localizado em áreas de mananciais sendo responsável por aproximadamente 70% da água distribuída à população da RMC ( 1 Texto modificado na versão final da pesquisa. 2 Arquiteta especialista em Cidade, meio ambiente e políticas públicas (, DAU, 2008) com a monografia ESTRATÉGIAS DE GESTÃO URBANA E AMBIENTAL E O PAPEL DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL: UM ESTUDO DE CASO, O MUNICÍPIO DE PIRAQUARA ; técnica da Secretaria do Planejamento/Paraná; integrante do grupo de pesquisa Cidade, meio ambiente e políticas públicas /.

2 COMEC et al.,2001). Além de se tratar de uma região de mananciais hídricos, o município de Piraquara possui uma densa rede hidrográfica, com inúmeros corpos hídricos e represas. Em seu território localizam-se os reservatórios de Piraquara I (Caigava); parte do reservatório do Iraí, e em fase de implantação o reservatório Piraquara II ( CONSÓRCIO PARANASAN, s.d) O Município compreende em seu território, as Áreas de Preservação Ambiental APA s do Iraí e Piraquara que englobam os mananciais de água que abastecem Curitiba e sua Região Metropolitana; a Área Especial de Interesse Turístico (AEIT) do Marumbi, área de preservação da Serra do Mar, onde se encontra parte da bacia da barragem do Cayguava e compreende os municípios de Morretes, Antonina, São José dos Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e Campina Grande do Sul; a Floresta Metropolitana, inserida na zona de expansão urbana. 1.2.2 O Meio Urbano A ocupação urbana do município de Piraquara caracteriza-se desde a década de 50 pela expansão urbana a oeste, em direção à cidade pólo Curitiba. Nas décadas de 70 e 80 intensifica-se esta tendência devido ao extravasamento da cidade pólo nos municípios vizinhos incluindo-se o município de Piraquara. Em 1992 com a emancipação do distrito de Pinhais ocorreu uma redução da população do distrito sede, levando à mudança da configuração urbana de Piraquara com um decréscimo de sua população de 31.346 habitantes, mas mesmo assim o município apresentou entre 1991-1996 a maior taxa de crescimento anual da região metropolitana (10,9% a.a COMEC et al.,2002). Até a década de 80, as restrições legais e a falta de infra-estrutura impediram a ocupação urbana das áreas de mananciais, mas a partir de 80 iniciam-se as ocupações irregulares. Mas é a partir de 1990, quando ocorrem algumas transformações em especial com relação aos movimentos sociais, que esta situação se agrava e proliferam-se ocupações irregulares sobre os loteamentos aprovados anteriormente, e na região onde iriam ser definidas a

3 Unidade Territorial de Planejamento UTP do Guarituba, UTP do Itaqui e na Área de Proteção Ambiental APA de Piraquara. Com isto o processo de degradação ambiental tornou-se crítico devido ao crescimento acelerado da população na região representando grande risco para o abastecimento de água da RMC. Visando garantir a proteção das áreas de mananciais da RMC, na década de 90 foram propostas para o município de Piraquara a implantação de Áreas de Proteção Ambiental - APA, com o objetivo de conservar a diversidade dos ambientes, espécies e processos naturais e no mesmo período foram criadas as Unidades Territoriais de Planejamento - UTP s do Guarituba e do Itaqui, com o objetivo de assegurar as condições ambientais adequadas à preservação dos mananciais, por meio do ordenamento territorial em áreas com pressão por ocupação, ampliar de maneira disciplinada a oferta de locais para urbanização; definir áreas prioritárias para implantação de infra-estrutura de saneamento e proteger os fundos de vale e áreas críticas à inundações. Em 2000 é criada a Área de Proteção Ambiental do Rio Irai. Na etapa da Análise Temática Integrada, no diagnóstico do zoneamento de Piraquara, identifica-se que a configuração do uso e ocupação do solo de Piraquara está intimamente ligado à estrutura viária e ferroviária, destacando-se a formação urbana ao longo da PR-415; na Unidade Territorial do Guarituba; o centro tradicional e a área próxima à estação do trem, apresentando uma baixa densidade populacional na sede e grandes densidades populacionais na UTP do Guarituba. Atualmente a continuação da BR-415 é o principal eixo viário de Piraquara e ao longo do qual encontram-se as principais atividades comerciais e industriais de médio porte, a noroeste entre a BR-415 e o contorno Leste ( UTP do Guarituba) onde está ocorrendo um significativo processo de urbanização e à sudeste a contenção à expansão determinada pela geologia e vegetação. Na área central observam-se usos institucionais, comerciais e de serviços ao longo da Av. Getúlio Vargas; usos especiais caracterizados por áreas de

4 interesse histórico como a Estação Ferroviária de Roça Nova, o centro histórico e a Aldeia Meirelles Souza. A área verde mais significativa é a Floresta Metropolitana da RMC inserida nesta área central de Piraquara. E a Unidade Territorial de Planejamento do Guarituba constitui-se numa significativa área de ocupação urbana do município, superando a sede urbana em expansão. Este crescimento, entre outros parâmetros, foi influenciado pelos eixos viários municipais, configurados pela Estrada do Encanamento e pela linha férrea, além de estar vinculada ao crescimento do município de Pinhais. Em 2006, como contrapartida ambiental à construção do reservatório de Piraquara II, ainda em construção, foi elaborada uma nova proposta de Plano Diretor Municipal, elaborado em 4 etapas: (i) Análise Temática Integrada; (ii) Diretrizes e Proposições; (iii) Legislação Urbana Básica;e (iv) Plano de Ações e Investimentos. Na etapa de Plano de Ação e Investimentos do PDM-2006, foram propostas e discutidas com a sociedade, várias ações com vista à organização do espaço físico urbano e municipal, mas algumas destacam-se pela urgência que o município têm em amenizar os impactos ambientais e sociais que ocorreram nos últimos anos em seu território, tais como: (i) Controle dos usos e atividades nas áreas de proteção ambiental (APA s) do Piraquara e Irai - A readequação dos usos e atividades para estas áreas deveu-se à existência de loteamentos regulares não implantados com as áreas mínimas permitidas pelo zoneamento anterior, tornando estes usos incompatíveis com o entorno da represa de abastecimento de água e do reservatório do Irai. (ii) Novo zoneamento de uso e ocupação da sede urbana - A proposta do PDM para esta área foi: incentivar a ocupação dos lotes vazios urbanos; promover a regularização fundiária e a urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de uso e ocupação do solo e a utilização de instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, considerando a situação sócio-econômica da população e as normas ambientais;

5 (iii) Implementar o programa de regularização fundiária em todo o município - Propôs a criação da Companhia de Habitação Municipal e a urbanização e regularização fundiária das ocupações irregulares, incorporando-as ao tecido urbano regular, garantindo aos seus moradores condições dignas de moradia acesso aos serviços públicos e direito ao uso do imóvel ocupado; (iv) Ofertar equipamentos urbanos comunitários, transporte e outros serviços públicos adequados a toda a população; (v) Regularização de loteamentos- Esta diretriz levou em conta o macrozoneamento definido anteriormente visando a conservação da porção leste, a partir do Contorno Leste e de sustentabilidade para a porção oeste de Piraquara, propondo-se a regularização dos loteamentos relacionados às condicionantes e deficiências identificadas nos loteamentos situados em áreas de restrição ambiental (APA s) e UTP s, e foram classificadas no novo zoneamento como: zona de preservação de fundo de vale, zona de conservação da vida silvestre; zona da represa; zona de proteção da represa; setor de preservação paisagística; setor de preservação ambiental; zona de restrição à ocupação. As medidas a serem implementadas foram: - adoção dos parâmetros de construção, definidos na legislação urbanística, considerando as densidades populacionais e a permeabilidade do solo; incentivar a ocupação somente na porção oeste do território, de modo sustentável e compatível com a condição ambiental do solo e para a porção leste propõe ocupação de baixa e média densidade; adequação dos loteamentos aprovados em décadas anteriores com a demarcação das zonas; determinar procedimentos para aprovação de projetos na sede do município, assim como dos instrumentos urbanísticos previstos na lei do PDM. (vi) Controle do parcelamento uso e ocupação do solo em áreas urbanas e rurais

6 Tem o objetivo de minimizar os efeitos do uso antrópico inadequado e que está diretamente relacionado com a qualidade hídrica dos mananciais. Para isto o PDM propõe: controlar a poluição urbana; ordenar o crescimento através da aplicação efetiva da legislação urbana e regulamentar atividades poluidoras identificadas no município. (vii) Revitalização do Centro Histórico Como forma de valorizar o potencial histórico cultural com o aproveitamento turístico das edificações históricas do município através de: promover o uso adequado das edificações históricas garantindo a sua conservação; (viii) Adequação do Contorno Leste Deverão ser implantadas medidas que visem aumentar o número de transposições e adequação dos existentes, priorizando-se: melhoria da sinalização; execução de obras viárias para facilitar as transposições; conter a pressão de ocupação, especialmente de invasões no entorno imediato do contorno com a execução de reflorestamento de proteção e o estabelecimento rígido de controle de acesso e de ocupação; (ix) Incentivar a participação comunitária; (x) Efetividade de atuação da Assessoria de Planejamento e Controle; (xi) Criação de um fundo para financiamento da conservação e manutenção de mananciais. (xii) Nova proposta de zoneamento para a UTP do Guarituba Esta ação, pela sua importância merece uma descrição mais detalhada incluindo a caracterização da área, que descreveremos à seguir:

7 A Unidade Territorial do Guarituba A UTP Unidade Territorial de Planejamento do Guarituba, foi criada pelo Decreto Estadual nº 809/99, situa-se entre a zona urbana de Piraquara, o município de São José de Pinhais e o município de Pinhais e configura-se e uma região de mananciais composta por parte das bacias do Itaqui, Piraquara e Irai, em que predominam áreas ocupadas irregularmente, com padrões de urbanização e infra-estrutura precários, constituindo-se na área com maiores demandas sociais urbanas e ambientais do município de Piraquara e da RMC. Esta situação deve-se principalmente à situação de incompatibilidade da legislação de uso e ocupação do solo com a realidade local, conforme já relatado em textos anteriores, o número de ocupações irregulares cresceu muito nos últimos anos devido ao alto grau de restrições estabelecidas pela legislação anterior impedindo subdivisões e estabelecendo parâmetros distantes da realidade já estabelecida na região, permitindo somente lotes muito grandes e taxas de ocupação muito pequenas, o que tornou a aprovação de novos loteamentos impraticável; os loteamentos já aprovados mas não implantados de impossível implantação e transformando loteamentos implantados em irregulares. Devido a estas situações muitas destas áreas ficaram desocupadas propiciando as ocupações irregulares e sem a infraestrutura e serviços necessários instalados. A nova proposta de Zoneamento do Plano Diretor Municipal de Piraquara, incorporou a UTP do Guarituba ao perímetro urbano e levou em conta as suas características urbanas e as transformações ocorridas nas últimas décadas. Prevê uma diminuição do adensamento da área; a ocupação reacional dos vazios urbanos compatível com as restrições físicas e ambientais impostas à esta região; a criação de áreas especiais de interesse social de ocupação, que terão prioridade de regularização. Ainda em 2006, complementarmente ao Plano Diretor Municipal, a COMEC concluiu o Plano de Desenvolvimento Social, Urbano e Ambiental, para a área da UTP Guarituba. Neste plano foi destacada uma área de intervenção de 15,43 km2 de um total de 31,59 km2, onde situavam- se 5.000 ocupações irregulares e uma

8 população aproximada de 20.000 habitantes (COMEC, 2006). Este plano propôs alguns ajustes no zoneamento da UTP e definiu propostas nas áreas de desenvolvimento voltadas à regularização e atendimento de infra-estrutura básica tais como: adequação legal; reassentamento da população residente em áreas impróprias à ocupação; infraestruturação da região com obras de macrodrenagem e sistema viário; reordenamento territorial e implantação de infra-estrutura nas áreas ocupadas irregularmente, beneficiando 4.180 famílias; implantação de áreas de proteção, lazer e uso institucional (Parque Guarituba); cancelamento de 8 (oito) loteamentos aprovados mas não implantados e sem infra-estrutura.