Análise de qualidade de ar e conforto térmico nos meios de transporte públicos de Belém

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Transcrição:

Análise de qualidade de ar e conforto térmico nos meios de transporte públicos de Belém Raphael de Souza Vale 1 Érika Castilho Brasil 2 Liciana Alice Nascimento Peixoto 3 Eliane de Castro Coutinho 4 1 Universidade do Estado do Pará UEPA Travessa Enéas Pinheiro, 2626 Sala 12 Marco Belém PA Brazil, email: rapha_amb07@hotmail.com 2 Universidade do Estado do Pará UEPA Travessa Enéas Pinheiro, 2626 Sala 12 Marco Belém PA Brazil, email: erika_castilho@yahoo.com.br 3 Universidade do Estado do Pará UEPA Travessa Enéas Pinheiro, 2626 Sala 12 Marco Belém PA Brazil, email: liciana@ymail.com 4 Universidade do Estado do Pará UEPA Travessa Enéas Pinheiro, 2626 Coordenação do curso de Engenharia Ambiental Marco Belém PA Brazil, email: elianerik@gmail.com ABSTRACT: This paper presents an analysis of the air quality and thermal confort in the buses of Belém, PA. Parameters as temperature; relative humidity of the air; wind speed and carbon monoxide and carbon dioxide concentrations were analyzed and compared with the Bioclimatic Chart to hot weathers, RE n 9, from January 16th, 2003 of ANVISA and CONAMA RE nº 003/1990. Results showed a big influence os air humidity and temperature in Belém, making difficult to reach the thermal corfort, besides an inefficient breezing system in buses during the rain, when huge CO2 concentrations were found. Palavras-chave: Qualidade do ar, conforto térmico, transporte público. 1. APRESENTAÇÃO O transporte público de passageiros é o meio de transporte mais utilizado no Brasil e que movimenta os maiores contingentes populacionais, pela regularidade dos serviços ofertados, valor das tarifas e pela acessibilidade oferecida (CNT, 2002). Segundo Chan (2003), os habitantes de regiões urbanas passam aproximadamente 7% do seu tempo diário em meios de transporte. Ainda segundo Chan (2003), no transporte privado automotivo, falhas no sistema de ventilação podem acarretar em uma contaminação do ambiente interno veicular por gases de combustão do próprio veículo, aumentando o risco de exposição ao CO 2. Além desses problemas, os coletivos de Belém circulam frequentemente lotados e enfrentam diáriamente grandes congestionamentos nos horários de pico de trafego além das frequentes chuvas da cidade. Esses fatores influenciam diretamente na qualidade do ar respirado pelos passageiros. Este artigo apresenta uma análise da qualidade do ar e conforto térmico dentro dos coletivos de Belém, através de análises de concentrações de CO, CO 2, temperatura, umidade do ar e velocidade do vento dentro dos ônibus, nos horários mais críticos: maior lotação, maior temperatura, e no período de chuvas vespertinas. Desse modo, pretende-se adquirir base cientifica para futuros estudos para a melhoria da qualidade do ar consumido pela população. 2. MATERIAIS E MÉTODOS: Para a realização desse estudo, foram utilizados: Medidor de CO 2, temperatura do ar ( o C) e umidade do ar

Medidor de CO Anemômetro: que mede a velocidade do vento As coletas de dados foram feitas dentro de ônibus de alta demanda ao longo da Avenida Almirante Barroso, no perímetro que compreende o complexo viário do Entroncamento até o Terminal de ônibus do bairro de São Braz e vice-versa durante o período de três dias: segunda-feira (25/06/10), terça-feira (26/06/10) e quarta-feira (27/06/10). 2.1 Pontos de coleta e horários. Ao longo desse trajeto, foram escolhidos oito pontos de análise, mediante as observações de fluxo de tráfego no período de uma semana, sendo quatro em cada sentido. A Avenida possui em ambos os sentidos pontos mais suscetíveis a congestionamento. Mediante as observaçãoes do fluxo de automóveis na via, notou-se que o tráfego em Belém congestiona regularmente em determinados momentos do dia e que, quase sempre, em apenas um dos sentidos devido a tendência do fluxo populacional. Assim escolhemos as faixas horárias: 7:00-8:00, 12:00-13:00, 15:00-16:00 e 19:00-20:00. Foi também adotado um horário de coleta no período de 15:00 às 16:00, devido a alta freqüência de chuva nesse horário e as altas concentrações de CO 2 devido ao fechamento de janelas e da ventilação ineficaz, principalmente quando há grande quantidade de passageiros. Relacionando os horários de coleta com os pontos escolhidos anteriormente, a tabela 1 apresenta o horário da coleta e a numeração do ponto, bem como o sentido da via em que o ponto foi adotado e o referencial. Tabela 1: Horário e pontos de coleta Horário Ponto de Sentido coleta 7:00 8:00 12:00-13:00 Referência 1 Entroncamento/ São Braz Entroncamento via Augusto Montenegro 2 Entroncamento/ São Braz Hospital da Aeronáutica 3 Entroncamento/ São Braz Hospital Adventista de Belém 4 Entroncamento/ São Braz Supermercado São Braz 5 São Braz / Entroncamento Monte Líbano 6 São Braz / Entroncamento Bosque Rodrigues Alves 7 São Braz / Entroncamento Assembléia paraense 15:00-16:00 19:00 20:00 8 São Braz / Entroncamento Entroncamento via Almirante Barroso 1 Entroncamento/ São Braz Entroncamento via Augusto Montenegro 2 Entroncamento/ São Braz Hospital da Aeronáutica 3 Entroncamento/ São Braz Hospital Adventista de Belém 4 Entroncamento/ São Braz Supermercado São Braz 5 São Braz / Entroncamento Monte Líbano 6 São Braz / Entroncamento Bosque Rodrigues Alves 7 São Braz / Entroncamento Assembléia paraense 8 São Braz / Entroncamento Entroncamento via Almirante Barroso 2.3. Método de análise: 2.3.1 Conforto térmico Os parâmetros temperatura, umidade do ar e velocidade do vento serviram de base para verificar se o ambiente nos coletivos encontra-se na faixa de conforto térmico. Para isso comparamos os valores com a carta bioclimática de Olgyay, para habitantes regiões de clima quente (figura 1).

Figura 1. Carta bioclimática de Olgyay adaptada para Koenigsberg 2.3.2. Medições de CO e CO 2. Os dados coletados de CO foram comparados com as normas do CONAMA - RESOLUÇÃO N 3 DE 28/06/90. Os dados de CO 2 foram comparados com a resolução RE n 9 da ANVISA (BRASIL, 2003) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando os dados coletados e comparando os valores de temperatura e umidade relativa do ar (tabela 2) com a carta bioclimática (figura 1), notamos que das 48 coletas, apenas 16,6% apresentaram valores dentro da faixa de conforto térmico. O fator umidade do ar foi muitas vezes um fator determinante para o desconforto térmico, já que em 58% das coletas apresentaram valores de umidade fora da faixa de conforto térmico e em 25% das vezes, totalmente fora da zona de tolerância, apresentando valores acima de 78% para umidade relativa do ar. A relação entre temperatura e ventilação é também de grande importância, principalmente ao se tratar de climas quentes e úmidos. Em 95% dos casos, a temperatura encontrou-se acima do limite da faixa de conforto térmico. Nesse ponto, a velocidade do vento (calculada em Km/h mas tabelada em m/s para comparação de valores com a carta bioclimática [tabela 2]) tende a auxiliar para que a sensação de térmica diminua até alcançar a zona de conforto novamente, caracterizada pela zona clara na tabela 1. Em apenas 52% dos casos, ouve ventilação suficiente para baixar a sensação térmica para padrões aceitáveis na zona de conforto. Analisando as concentrações de CO 2 (tabela 2), nota-se que em apenas duas das 48 coletas ela ultrapassou o limite estabelecido pela RE n 9 da ANVISA (BRASIL, 2003) que estabelece concentração máxima de CO 2 em veículos como 1000 ppm. Cabe ressaltar que uma forte chuva caia no momento em que esses dois valores foram obtidos. Contudo, mesmo que seja esse um caso específico, concentrações como 1502 e 1060 ppm demonstram uma ineficiência no sistema de ventilação do coletivo, haja vista que chuvas são freqüentes e quase

diárias em Belém do Pará, o que implica dizer que os passageiros estão expostos a grandes concentrações de CO 2 de forma freqüente. Portanto se é necessário fechar as janelas durante a chuva, cabe a empresa instalar um sistema de ventilação artificial adequado para que as concentrações de CO 2 não ultrapassem as estabelecidas. As concentrações de CO (tabela 2) foram realmente baixas, haja vista que o CONAMA - RESOLUÇÃO N 3 DE 28/06/90 estabelece uma concentração média de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) microgramas de CO por metro cúbico de ar (9 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano ou concentração média de 1 (urna) hora de 40.000 (quarenta mil) microgramas de CO por metro cúbico de ar (35ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. Considerando que em todos os dias de coleta, a maior concentração encontrada foi de 4 ppm, o ambiente mostrou-se dentro das normas estabelecidas. Tabela 2: Valores de CO, CO 2, temperatura, Umidade do ar e velocidade do vento coletados nos horários e pontos escolhidos durante o período de três dias (dias de semana). 1 dia. Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 7: 30 Regular 631 4 31,1 78,6 0,5 Ponto 2 7: 35 Bom 508 1 30,5 79,7 0,3 Ponto 3 7: 40 Bom 569 3 30,4 77,2 2,0 Ponto 4 7: 53 Bom 408 1 30,3 75,3 5,4 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 12: 26 Bom 590 0 35,3 58,1 0,3 Ponto 2 12: 31 Bom 532 0 36,1 58,3 3,1 Ponto 3 12: 36 Bom 349 0 35,3 58,6 3,1 Ponto 4 12: 43 Bom 408 0 35,3 59,3 3,1 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 15: 44 Regular 440 2 33,4 70,1 10,5 Ponto 2 15: 52 Bom 373 0 33,5 65,2 11,0 Ponto 3 15: 57 Regular 515 3 34,1 64,1 11,0 Ponto 4 16:04 Regular 339 2 34,5 60,2 16,7 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 17:56 Ruim 1502 0 32,4 82,1 0 Ponto 2 18:10 Ruim 1060 1 31,9 85,3 2,4 Ponto 3 18:15 Ruim 669 2 32,2 82,7 0,7 Ponto 4 18:30 Ruim 804 1 32,5 85,1 1,4 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 7: 30 Ruim 575 2 32,5 79,7 0 Ponto 2 7: 35 Ruim 438 1 31,7 80,1 0,1 Ponto 3 7: 40 Ruim 413 1 33,1 78,6 1,3 Ponto 4 7: 53 Ruim 323 0 31,8 78,2 2,9 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 12:02 Bom 419 0 32,7 60 4,6 Ponto 2 12:10 Bom 462 2 34,5 61,2 2,9 Ponto 3 12:15 Bom 545 0 35,3 62,2 1,9 Ponto 4 12:20 Bom 528 2 35,1 61,1 1,7 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 15:26 Bom 509 0 33,9 49,5 1,7 Ponto 2 15:30 Bom 400 0 35,7 49 2,1 Ponto 3 15:36 Bom 346 0 36 57 1,8 Ponto 4 15:40 Bom 335 0 36,8 50,7 1,5 2 ia Horário Tráfego CO 2 CO

Ponto 1 18:05 Regular 581 0 30,4 87,5 0,9 Ponto 2 18:11 Regular 575 1 30,4 89,7 0 Ponto 3 18:17 Bom 482 0 29,2 89,1 0 Ponto 4 18:21 Regular 509 1 29,3 87,2 0 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 7: 23 Ruim 578 1 32,2 69,7 0,2 Ponto 2 7: 30 Regular 429 2 33,7 76,1 0,1 Ponto 3 7: 36 Regular 412 0 33,9 78,3 2,1 Ponto 4 7: 50 Ruim 350 1 34,1 75,2 1,3 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 12:30 Bom 424 0 33,4 59,4 2,4 Ponto 2 12: 34 Bom 474 0 34,3 58,4 1,4 Ponto 3 12:42 Bom 560 2 34,4 58,8 0,8 Ponto 4 12:50 Bom 522 2 36,8 57,7 1,7 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 15:16 Ruim 490 3 33,6 64,3 0,1 Ponto 2 15:22 Regular 343 0 33,5 69,1 5,1 Ponto 3 15:26 Bom 323 1 31,7 72,7 1,8 Ponto 4 15:33 bom 387 1 32,7 66,3 2,5 Horário Tráfego CO 2 CO Ponto 1 18:10 Regular 533 0 30,9 71,8 2,7 Ponto 2 18:15 Bom 519 0 31,4 71,5 0,2 Ponto 3 18:20 Bom 405 0 32,2 70,9 0,2 Ponto 4 18:27 Bom 529 2 31,5 75,6 3,1 4. CONCLUSÃO Apesar da grande quantidade de carros circulando atualmente na grande Belém, a quantidade de gases CO e CO 2 ainda está bem abaixo dos limites estabelecidos, porém, situações que exijam fechamento das janelas requerem medidas alternativas para suprir o abastecimento de ar dentro do coletivo. O conforto térmico nos coletivos é normalmente dificultado pela excessiva umidade do ar e as elevadas temperaturas da cidade, portanto, este estado não é nem um pouco freqüente nos coletivos da grande Belém. Medidas para redução da umidade ambiente e diminuição de temperatura poderiam ser adotadas através de um sistema de refrigeração interno, entretanto, investimentos como esses certamente resultariam em aumento na tarifa de transporte, assunto muito delicado quando se fala do principal meio de locomoção da massa populacional de Belém. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS FROTA, A. B.; SHIFTER, S.R. Manual de conforto térmico. 8. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003. PARANAGUÁ, P. Belém sustentável. Belém: Imazon, 2003 BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução RE n 9, de 16 de janeiro de 2003. Determina a publicação de Orientação Técnica elaborada por Grupo Técnico Assessor, sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA ). Resolução CONAMA nº 003/1990. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR.