ROTEIRO PARA VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA NR-17



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Transcrição:

ROTEIRO PARA VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA NR-17 Iseu Reichmann Losso, M.Sc. Doutorando em Ergonomia na UFSC Engenheiro de Segurança do Trabalho Professor do Departamento de Construção Civil / CEFET-PR Rua Marco Aurélio Homem, 95 B/205 88040-440 Florianópolis, Santa Catarina Email: ilosso@cefetpr.br Palavras-chave: normas, NR 17, roteiro, lista de verificação. Este artigo apresenta um roteiro, composto por check lists, para a verificação do cumprimento da Norma Regulamentadora NR-17, que versa sobre ergonomia. O objetivo é facilitar a avaliação ergonômica dos postos de trabalho pelo profissional responsável. O roteiro proposto é embasado na bibliografia existente e nas técnicas usuais de análise ergonômica. São apresentados exemplos dos check lists para verificação do cumprimento de alguns dos itens da NR-17. Conclui-se que a utilização deste roteiro torna a análise ergonômica preliminar mais rápida e efetiva. Keywords: norms, NR 17,script, check list. This paper presents a script, composed by check lists, in order to fulfill the Norma Regulamentadora Nr-17 (Regulation Norm Nr-17), which deals about ergonomics. The objective is to facilitate the ergonomic evaluation in the work environmnet by the responsible professional. The considered script is based in the existing literature and in the usual techniques of ergonomic analysis. Check lists are presented in order to fulfill some itens in the NR-17 norm. This paper concludes that the use of these check lists make the preliminary ergonomic analysis faster and more effective.. 1. INTRODUÇÃO Há muito tempo que o homem busca o aprimoramento das técnicas produtivas. O homem tem estado desde sempre ocupado desde a invenção da roda até o moderno computador em tornar o trabalho mais leve e mais eficiente. (GRANDJEAN, 1998). Como conseqüência desta preocupação constante em melhorar as condições de trabalho e de vida, nasceu em 1949 uma nova disciplina, a ergonomia. A palavra ergonomia, de origem grega: Ergon= trabalho e Nomos= legislação, regras ou normas, pode ser considerada como sendo a ciência de adaptação do trabalho ao homem, ou seja, o estudo das diversas variáveis que possam contribuir para o maior conforto, segurança e eficiência do trabalhador. Apesar da ergonomia estar completando mais de cinqüenta anos de existência, até os dias atuais muitos postos de trabalho continuam apresentando diversos fatores prejudiciais à saúde do trabalhador, por falta de uma análise mais detalhada, realizada pelo responsável pela segurança do trabalho. A Legislação vigente prevê que as empresas, que possuem grande número de postos de trabalho, tenham obrigatoriamente um engenheiro de segurança do trabalho, que é responsável pela organização, análises e verificações dos postos de trabalho. A Legislação também determina quais as condições mínimas de conforto e segurança a que os trabalhadores podem estar submetidos, através das normas regulamentadoras; porém, a legislação, e grande parte de bibliografia, não aponta de maneira prática a forma com que o engenheiro de segurança pode aplicar e verificar se estas normas estão sendo respeitadas nos seus diversos postos de trabalho. Infelizmente muitas das normas não são respeitadas pela dificuldade de interpretação e pela falta de uma maneira fácil e simples de conferir seu cumprimento. A NR-17, norma regulamentadora que versa sobre ergonomia dos postos de trabalho, é de difícil entendimento e interpretação, dando margem a diversas dúvidas. Alguns de seus itens são muito amplos e genéricos, fazendo com que a pessoa que está avaliando necessite de grande conhecimento do assunto para que possa definir se realmente aquele item está sendo cumprido ou não. Um exemplo disso, apenas para ilustrar, é o item 17.2.8, que diz o seguinte: Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja

suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. Muitos podem perguntar: Qual é o peso que irá comprometer a saúde e a segurança do trabalhador? Outros podem questionar: Então, o peso que cada trabalhador pode carregar é diferente? E assim por diante. Realmente, estas questões têm fundamento, pois este item não diz qual é esta carga (não indica expressamente qual é o limite como em algumas outras normas), não diz como avaliar se a carga é adequada ou não ao trabalhador e, principalmente, não indica como se deve avaliar o posto de trabalho, mencionando o que deve ser observado, para conferir se a carga é, ou não, maior do que a recomendada. Este é o motivo pelo qual a NR-17 passa ao longo de sua vigência por um descrédito muito grande, pois uma norma que abrange um universo tão amplo de fatores (levantamento de peso, mobiliário, equipamentos, condições ambientais e organização do trabalho) não pode ser tão resumida, em apenas três páginas, sem que seus itens fiquem muito amplos e abrangentes. O autor acredita que só existam duas soluções para que a NR-17 passe a ser mais aplicável, trazendo benefícios reais para os trabalhadores e empregadores. Uma delas seria uma alteração e atualização geral de seus parâmetros, sendo que na nova versão deveriam vir expressos os limites já previamente calculados ou a indicação das metodologias mais adequadas para a limitação de diversas variáveis que hoje são superficialmente abordadas. Esta seria a solução ideal, porém é uma solução a longo prazo e que exige tempo e investimentos em pesquisas. Outra, seria a elaboração de uma lista com os diversos fatores que devem ser verificados em cada um dos itens para que estes fiquem mais fáceis de serem verificados. Dessa maneira, não se exigiria conhecimentos muito aprofundados em ergonomia para sua aplicação. Esta é uma solução mais rápida, de menor custo e que poderia trazer grandes benefícios, pois pode ser aplicada facilmente por um técnico da área de segurança do trabalho. Sabe-se que esta seria uma solução imediata, porém não elimina a urgente necessidade de reformulação desta norma. 2. OBJETIVO Facilitar a aplicação e verificação do cumprimento da NR-17 nos diversos postos de trabalho existentes nas empresas, criando um roteiro composto por check lists para realização de uma análise ergonômica de um posto de trabalho, tornando esta tarefa do engenheiro de segurança mais rápida e efetiva, pois segundo (IIDA, 1990) a criação de uma atitude analítica ou um espírito ergonômico é mais importante que o próprio conhecimento específico de determinados detalhes. 3. JUSTIFICATIVA Com a rápida evolução técnica dos postos de trabalho, e com a criação de novas tarefas a cada dia, surge a necessidade de que estes novos postos de trabalho sejam analisados e melhorados ergonomicamente. Como a norma regulamentadora NR-17, que versa sobre ergonomia é muito pouco detalhada com relação aos itens que devem ser analisados, esta responsabilidade da análise detalhada é passada para o profissional que fará a referida análise. Na bibliografia existente é comum se encontrar apenas técnicas de análise ergonômica bastante complexas e de difícil aplicação pelo engenheiro de segurança, que, por possuir uma amplitude muito grande de responsabilidades, limita-se à avaliação superficial de alguns aspectos de grande importância. É emergente, pois, a necessidade de existência de uma maneira rápida, prática e eficiente para realização de uma análise ergonômica preliminar dos postos de trabalho, como já exposto na introdução. Com a existência de um roteiro que vá delinear as variáveis mais importantes para uma análise ergonômica de um posto de trabalho, realizada por um técnico de segurança, a tarefa de avaliação de todos os postos de trabalho pelo engenheiro de segurança tornase mais rápida e eficiente, fazendo com que muito tempo seja economizado. A análise ergonômica preliminar realizada por este roteiro servirá para avaliação e recomendação de melhorias nos diversos postos de trabalho existentes. Possuidor dos resultados desta primeira análise, o engenheiro de segurança poderá discutir mais convicto, baseado em fatos e dados, com os responsáveis pela parte médica dos funcionários e com especialistas em ergonomia. O engenheiro poderá ainda classificar os postos de trabalho quanto ao grau de desconforto ao trabalhador, podendo, desta forma, priorizar as melhorias necessárias. 4. METODOLOGIA 4.1 Metodologia para elaboração do roteiro

O roteiro proposto tem embasamento teórico na bibliografia existente. Através de um amplo levantamento da bibliografia, e nas técnicas já utilizadas por profissionais da área de ergonomia para análise de postos de trabalho, realizou-se um levantamento das principais variáveis e fatores influentes relativos aos itens da NR-17. Com estas variáveis em mãos, o próximo passo foi a transformação destas variáveis em perguntas de fácil resposta, sendo que nesta etapa, uma grande preocupação é a de que as perguntas sejam diretas, não tenham dupla interpretação e que qualquer pessoa, mesmo sem um conhecimento mais aprofundado em ergonomia, possa responder sem maiores dificuldades. Cada uma das perguntas passou por uma classificação e foi relacionada com um ou mais itens da norma, assim foram formados blocos de verificações complementares para cada item da norma. Estas verificações complementares servem para que o avaliador tenha uma noção mais detalhada dos fatores que aquele item da norma exige. Como cada resposta destas verificações complementares indicam um valor a ser somado, ao final de todas as respostas, o avaliador classifica o posto de trabalho segundo uma escala fornecida no próprio check list, para que este possa responder com maior certeza a pergunta principal, que é exatamente o que exige o item da norma. Na montagem dos check lists buscou-se a utilização dos princípios da ergonomia cognitiva, facilitando dessa maneira o entendimento e a visualização dos itens dos check lists. Na última etapa, buscou-se verificar a efetiva praticidade e aplicabilidade dos check lists, através de seu preenchimento por técnicos de segurança de empresas diferentes, avaliando postos de trabalho distintos. 4.2 Organização do roteiro O roteiro foi organizado de maneira a proporcionar um fácil entendimento e um correto preenchimento por parte do analista. Para isso, foram utilizados alguns conhecimentos básicos da ergonomia cognitiva, como, por exemplo, a distribuição das perguntas na planilha de uma forma adequada e de fácil visualização. O roteiro inicia com uma folha de instruções de preenchimento, onde é mostrado passo a passo como deve ser preenchido cada campo das planilhas. No roteiro, a NR-17 é dividida em cinco partes (ou itens da norma), sendo que estas são identificadas como: Check List 1 Levantamento, transporte e descarga de materiais. Check List 2 Mobiliário do posto de trabalho. Check List 3 Equipamentos dos postos de trabalho. Check List 4 Condições ambientais de trabalho. Check List 5 Organização do trabalho. Cada um destes check lists possui uma folha de introdução, onde são mostradas algumas informações de grande importância, como, por exemplo, a aplicabilidade do check list, algumas definições e conceitos de termos utilizados e o trecho da NR-17 referente àquele chek list, para eventual consulta do analista. Em seguida, são apresentadas as planilhas para preenchimento. As planilhas para verificação de cada item da norma são compostas por quatro partes principais, sendo elas: 1 Verificação principal pergunta diretamente relacionada ao item avaliado. 2 Verificações complementares perguntas que auxiliam a responder a verificação principal. 3 Somatório da pontuação soma de todos os pontos das respostas das verificações complementares. 4 Resultado grau de conforto no item avaliado. Cada uma das verificações complementares foi identificada com um código para facilitar sua localização. Este código, representado por três números e algumas vezes complementado por uma letra, significa: 1 0 número = Número do chek list (1,2,3,4 ou 5) a que ela pertence. 2 0 número = Número da seqüência da planilha no chek list. 3 0 número = Número da ordem de apresentação na planilha. Exemplificando: o código 1.2.8 significa que esta verificação complementar está localizada na oitava linha das verificações complementares da segunda planilha de verificação (verificação principal 1.2) do check list número 1. Assim sendo, fica fácil localizar e afirmar que esta verificação complementar é: Existe um programa de conscientização postural? No final do roteiro é apresentada uma planilha resumo dos resultados de cada um dos check lists, para onde o analista deve transportar todos os resultados dos cinco check lists, para facilitar, dessa

forma, uma visualização global do número de itens e subitens da norma que são respeitados e desrespeitados. 4.3 Apresentação do roteiro Para facilitar o entendimento, mostra-se a título de exemplo a folha de instruções gerais do roteiro, a folha de instruções específica do check list, e uma das planilhas do primeiro check list do roteiro. A planilha escolhida como exemplo é a da verificação principal 1.1, o que significa que esta é a primeira planilha do primeiro check list. O roteiro na integra pode ser solicitado ao autor via Email. Observações: INSTRUÇÕES GERAIS PARA UTILIZAÇÃO DO ROTEIRO Leia com atenção as observações e siga os passos abaixo para a correta utilização do roteiro. 1. C.L. é dividido em cinco partes principais, cada uma delas representa um dos itens da norma NR-17. Os C.L. s são: Check List 1 Levantamento, transporte e descarga de materiais. Check List 2 Mobiliário do posto de trabalho. Check List 3 Equipamentos dos postos de trabalho. Check List 4 Condições ambientais de trabalho. Check List 5 Organização do trabalho. 2. Os campos de verificação de aplicação dos C.L. s devem ser preenchidos para verificar se aquele item em questão é aplicável ao posto de trabalho analisado. 3. Os campos de observações fornecem dados complementares e informações importantes. 4. Cada verificação principal corresponde a um item, e seus subitens da norma. 5. As verificações complementares servem para auxiliar o analista a responder à verificação principal à que estão vinculadas. Passo a passo para utilização: 1) Verifique se o item é aplicável ao posto de trabalho analisado, marcando com um X no espaço apropriado (só quando necessário). Marcação 1. 2) Leia a pergunta da verificação principal. 3) Leia as perguntas das verificações complementares no mesmo quadro abaixo da principal e marque com um circulo ao redor do sim ou não. Marcação 2. 4) Some todos os números 1 circulados e anote o resultado no quadro ao lado do somatório. Marcação 3. 5) Marque um X na classificação segundo a pontuação atingida. Marcação 4. 6) Avalie o resultado obtido para esta pontuação e responda à pergunta principal. Marcação 5. 7) Cada item atendido e não atendido da norma deve ser repassado para o quadro resumo final, para conclusões e recomendações de melhorias. 1 4 Verificação da aplicação do Check List 1 As atividades do posto de trabalho analisado requerem força física do trabalhador? Sim Não preencher este CL1 não é necessário preencher este CL1 Item NR17 17.2.3 VERIFICAÇÃO PRINCIPAL 1.2 O trabalhador que está realizando o transporte manual regular SIM Atende NR17 de cargas recebeu treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos que deverá utilizar? NÃO Não atende NR17 VERIFICAÇÕES COMPLEMENTARES RESPOSTA N. PERGUNTAS SIM NÃO 1.2.1 Existe um programa de treinamento para utilização da técnica correta no levantamento de pesos? 1 0 1.2.2 O trabalhador realiza aquecimento muscular antes de iniciar os grandes esforços físicos? 1 0 1.2.3 O trabalhador realiza alongamentos após os esforços físicos? 1 0 1.2.4 O trabalhador flexiona o mínimo possível a coluna para segurar cargas próximo ao chão? 1 0 1.2.5 O trabalhador procura distribuir as cargas simetricamente para não flexionar lateralmente a coluna? 1 0 1.2.6 O trabalhador usa o peso do seu corpo para impulsionar as caregas mais pessadas, realizando 0 1 grandes esforços em pequenos espaços de tempo? 1.2.7 O trabalhador procura transportar mais carga um menor número de vezes? 0 1 1.2.8 Existe um programa de consientização postural? 1 0 PONTUAÇÃO RESULTADO SOMATÓRIO Até 4 pontos Treinamento deficiente. Obs.: De 5 a 8 pontos Treinamento pouco eficiente. Acima de 8 pontos Treinamento eficiente. 5 2 3

CHECK LIST 1 LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA DE MATERIAIS Verificação da aplicação do Check List 1 Sim preencher este C.L.1 As atividades do posto de trabalho analisado requerem força física do trabalhador? Não não é necessário preencher este C.L.1 Observações: Expressão Equivalente a) Transporte manual de carga carga suportada por um só trabalhador desde o levantamento até a deposição b) Transporte manual regular de carga sempre que a atividade necessite de transporte manual, contínua ou descontinuamente c) Trabalhador jovem trabalhador entre 14 e 18 anos TRECHO DA NORMA PARA CONSULTA 17.2.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1 Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2 Transporte manual regular de carga designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 17.2.1.3 Trabalhador jovem designa todo o trabalhador com idade inferior a dezoito anos e maior de quatorze anos. 17.2.2 Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. 17.2.3 Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. 17.2.4 Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5 Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para homens, para não comprometer a sua saúde ou sua segurança. 17.2.6 O transporte e a descarga de materiais, feitos por impulsão ou tração de vagonete sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou sua segurança. 17.2.7 O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou sua segurança.

Item VERIFICAÇÃO PRINCIPAL 1.1 NR17 O trabalhador está realizando transporte manual de SIM Atende NR17 17.2.2 cargas cujo peso não compromete sua saúde ou sua segurança? NÃO Não atende NR17 VERIFICAÇÕES COMPLEMENTARES RESPOSTA N. PERGUNTAS SIM NÃO 1.1.1 O trabalhador está visivelmente realizando esforço acima de suas capacidades? 0 1 1.1.2 O trabalhador levanta cargas superiores a 20% do seu peso diretamente do chão? 0 1 1.1.3 O trabalhador transporta cargas acima de 25 % do seu peso a distâncias superiores 0 1 a 15 metros? 1.1.4 O trabalhador suporta cargas acima de 30% do seu peso mais de uma vez a cada 5 0 1 minutos? 1.1.5 Em qualquer atividade o trabalhador deve suportar carga maior que 40 % do seu 0 1 peso? 1.1.6 As mãos têm que fazer muita força? 0 1 1.1.7 Os braços têm que fazer muita força? 0 1 1.1.8 As pernas têm que fazer muita força? 0 1 1.1.9 O trabalhador pode ficar na postura correta quando segura a carga? 1 0 1.1.10 O trabalhador tem pausas pequenas e freqüentes quando realiza grandes esforços 1 0 musculares? 1.1.11 O trabalhador pode levantar e depositar a carga sem impactos e trancos? 1 0 1.1.12 O trabalhador consegue segurar firmemente a carga? (boa empunhadura da carga) 1 0 1.1.13 O piso do local de trabalho é regular? 1 0 1.1.14 O piso do local de trabalho é muito inclinado ou escorregadio? 0 1 1.1.15 Existe risco da carga cair sobre o trabalhador e lesioná-lo? 0 1 1.1.16 As cargas podem ser levantadas sempre próximas ao corpo? 1 0 1.1.17 As cargas podem ser transportadas sempre próximas ao corpo? 1 0 1.1.18 As cargas podem ser depositadas sempre próximas ao corpo? 1 0 1.1.19 O trabalhador transpira excessivamente, molhando suas roupas? 0 1 1.1.20 O trabalhador fica realizando esforço físico mais de 1 hora sem pausa para 0 1 descanso? 1.1.21 No transporte de cargas o trabalhador vai carregado e volta descarregado? 1 0 1.1.22 O ciclo de ir (carregando carga) e voltar (descarregado) possui aproximadamente o 1 0 mesmo tempo? 1.1.23 O trabalhador realiza também outras atividades de trabalho que não solicitem 1 0 esforços físicos grandes? 1.1.24 As cargas são transportadas simetricamente, sem flexão lateral da coluna? 1 0 1.1.25 No transporte, os braços e antebraços formam um ângulo inferior a 120 0? 0 1 1.1.26 Os braços são utilizados acima dos ombros? 0 1 1.1.27 Existem plataformas ou bancadas elevadas para o levantamento e deposição das 1 0 cargas? 1.1.28 As cargas são acondicionadas de forma a facilitar seu transporte? (volumes não 1 0 muito grandes) 1.1.29 O trabalhador reclama de dores na coluna? 0 1 1.1.30 O trabalhador reclama de dores musculares ao final da jornada de trabalho? 0 1 PONTUAÇÃO RESULTADO SOMATÓRIO Até 7 pontos Esforço físico elevadíssimo. Obs.: De 8 a 15 pontos Esforço físico elevado. De 16 a 22 pontos Esforço físico moderado. Acima de 23 pontos Condições ideais de esforço físico.

5. CONCLUSÃO Com a elaboração deste roteiro, o autor não tem a intenção de ter descoberto nenhuma fórmula mágica para a realização de análises ergonômicas, muito pelo contrário, a complexidade dos postos de trabalho exige que profissionais, cada vez mais qualificados e especializados em ergonomia, venham a realizar estas análises. Porém este roteiro vem facilitar sobremaneira a identificação de falhas e desrespeitos a norma NR 17 em diversos postos de trabalho, frisando ainda que este roteiro deve ser considerado ainda como uma análise preliminar das condições dos postos devendo ser complementada por análises mais especializadas. Sabe-se que muito ainda se deve evoluir em termos de legislação na área de ergonomia; porém, como este é um processo lento, o método proposto para verificação da norma ainda vigente é bastante eficiente, como se pode perceber pelos depoimentos dos técnicos em segurança do trabalho: O C.L. ora avaliado, é de real importância para o profissional que fará o levantamento das condições ergonômicas dos trabalhadores nos respectivos postos de trabalho. Vem preencher uma lacuna onde os parâmetros aqui apresentados darão condições de um dimensionamento mais próximo da realidade de exposição que o trabalhador encontra-se, levando em consideração todos os aspectos das condições ergonômicas do trabalho. (ELIZEU DE OLIVEIRA FREITAS Reg. MTB 35/00545-4) Avalio positivamente o C.L. pois ele facilita a análise ergonômica dos postos de trabalho, levando em conta não só os termos restritos da NR-17, como também informações complementares que colaboram com a conclusão final. Importante destacar que se leva em conta a sensibilidade do trabalhador quanto às condições de seu posto de trabalho, as quais dificilmente seriam percebidas pelo técnico avaliador nos poucos minutos que permanece avaliando visualmente, ou com instrumentos, estas condições. (WASHINGTON SILVA DUARTE Reg. MTB 50688) A sua utilização pelos técnicos foi muito rápida e não apresentou grandes dificuldades em responder às diversas verificações complementares propostas. É óbvio que um estudo mais aprofundado, com embasamento estatístico, deve ser realizado, para que se possa garantir a efetiva aplicabilidade deste roteiro. Com certeza este é apenas um passo da longa caminhada que os responsáveis pela saúde e segurança dos trabalhadores devem realizar na verificação do cumprimento das normas em todos os postos de trabalho. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTO, Araujo Hudson. Ergonomia Aplicada ao Trabalho. Belo Horizonte: Ergo Editora, Volumes 1 e 2, 1995. GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia Adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda. 4 ed.,1998. 338p. IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 1993. 465p. MCCORMICK, E. J. Human Factors Engineering. New York: McGraw-Hill Co., 1970. 640p. NR 17 Ergonomia. Norma regulamentadora. Manuais de Legislação Atlas. 41 ed. 1999. 217-220p. OBORNE, David J. Ergonomia en Acción La adaptación del meio de trabajo ai hombre. México: Editorial Trillas. 2 ed., 1990. 401p. PALMER, Colin. Ergonomia. Tradução de Almir da Silva Mendonça. FGV Instituto de Documentação. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1976. 207p. PULAT, B. Mustafa. Fundamentals of Industrial Ergonomics. Illinois: Waveland Press Inc., 1997. 437p. SANTOS, Neri e FIALHO, Francisco. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Curitiba: Genesis. 2 ed. 1997. 316p. VERDUSSEN, Roberto. Ergonomia A Racionalização Humanizada do Trabalho. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978. WEERDMEESTER B. e DUL, J. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 1995. 147p. WISNER, Alain. Por dentro do Trabalho Ergonomia, Método e Técnica. São Paulo: FTD S.A., 1987. WOODSON, W. E. Human Factors Design Handbook. New York: McGraw-hill Book