PROJETO SOCIAL CITY PETRÓPOLIS: NOVOS HORIZONTES NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA



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Transcrição:

369 PROJETO SOCIAL CITY PETRÓPOLIS: NOVOS HORIZONTES NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA Jorge Leonardo Garcia (Uni-FACEF) Sílvia Regina Viel Rodrigues (Uni-FACEF) O Ensino da Matemática Hoje As aulas típicas de Matemáticas no Ensino Médio, hoje em dia, são aulas expositivas como diz Beatriz S. D Ambrósio (1989) onde o professor passa para o quadro negro aquilo que ele julga importante. O aluno, por sua vez, copia da lousa para o seu caderno e em seguida procura fazer exercícios de aplicação, que nada mais são do que uma repetição na aplicação de um modelo de solução apresentada pelo professor. Com o tempo os alunos começam a acreditar que a Matemática se resume a apenas algoritmos e fórmulas, e pior, estudar matemática é seguir e aplicar regras, estas ditas pelo professor. Acreditam também que essa ciência é perfeita, na qual não se duvida nem se questiona. Quando o professor passa algum problema que exige um empenho maior com a aplicação de vários raciocínios, é comum vários alunos não conseguirem fazer, e pior, desistirem dizendo que é desestimulante e afirmando que não foi lhe ensinado como resolver aquele tipo de situação. Geralmente o docente tem a consciência do quanto é importante a Matemática para o futuro dos alunos, principalmente para a inserção no mercado de trabalho, e que sem ela dificilmente será possível ser aprovado em algum processo seletivo, até mesmo para ingressar em alguma instituição de ensino superior, mesmo sendo para cursos de outras áreas (humanas ou biológica), mas esse tipo de motivação ainda não desperta no aluno a consciência dessa necessidade, que na maioria das vezes busca apenas o certificado de conclusão (no caso Ensino Médio), e que todas aquela fórmulas, símbolos e números que lhe foram passados, não tem sentido algum para a vida dele (D AMBRÓSIO, 1989). Em muitos casos o professor quer apenas passar muitos conteúdos para conseguir vencer o planejamento que foi estabelecido i, deixando muitas vezes

370 de lado o que é importante, que seria saber se o aluno conseguiu aprender tudo que lhe foi ensinado. Vendo o panorama de ensino, observando que muitas vezes a aula tradicional não é suficiente para suprir as necessidades da maioria dos alunos, o docente precisa obter uma postura diferente, precisa apelar para novos meios metodológicos para poder atingir todos os alunos. Algumas idéias de mudança metodológica do ensino de Matemática foi proposta por Beatriz S. D Ambrósio (1989) em seu artigo Como ensinar Matemática hoje? Beatriz S. D Ambrósio (1989) cita também algumas metodologias de ensino de Matemática, em seu artigo Como ensinar Matemática Hoje? : Resolução de problemas: método aplicado para dar uma ênfase maior em resoluções de problemas, em que o professor propõe ao aluno situações problemas caracterizadas por investigação e exploração de novos conceitos, atualmente liga os problemas a conceitos matemáticos na tentativa de estimular o aluno a sua curiosidade matemática. Modelagem: são formas de estudar e formalizar fenômenos do dia-adia. Através dela o aluno se torna mais consciente da utilidade da matemática para resolver e analisar problemas. Etnomatematica: tem como objetivo valorizar a matemática dos diferentes grupos culturais. O uso de computadores: a matemática computacional tem sido uma forma de estimular o interesse do aluno de um modo diferente. Voltada a softwares, que podem variar de jogos até outros de construção de gráficos e visualização de figuras geométricas, possibilitando a inserção do aluno na era digital. Jogos Matemáticos: desenvolver principalmente o raciocínio lógico do aluno, com jogos de estratégia, entre outros. Muitas destas abordagens são de certa forma esquecidas pelos professores, que se preocupam apenas com exercícios, regras e memorização. Certamente um jogo, um problema ou a construção da matemática utilizando o computador não trará sempre o entendimento e até mesmo a vontade de se conhecer essa ciência, mas pode quebrar a rotina e mudar a dinâmica da sala de aula.

371 Nosso projeto realizado no Centro Comunitário City Petrópolis, localizado na cidade de Franca, São Paulo, esteve atento ao uso destas metodologias, utilizando-se de algumas destas e esteve voltado ao trabalho com jovens e adultos que passaram pelo tipo de formação tradicional ii exposta acima (segundo dados coletados com os alunos do projeto), e que hoje necessitam dos conhecimentos matemáticos, principalmente para melhoria de sua qualidade de vida, possibilitando assim novos empregos através de processos seletivos. Educação de Jovens e Adultos Popularmente é conhecida como Supletivo, porém não tem apenas o papel de suprir os anos perdidos para obter um certificado no final do curso, existem projetos solidários espalhados pelo Brasil com intuito de alfabetizar esse público, como por exemplo o CEREJA. Publicado na Revista Nova Escola por Meire Cavalcante(2005) em O Que Da Certo Na Educação de Jovens e Adultos, algumas estratégias pedagógicas que foram utilizados em lugares distintos no Brasil para o auxilio do EJA. Algumas destas estratégias são: Misturar as disciplinas, pois na vida real elas não se encontram separadas. Mostrar que a escola se modernizou, tentar ampliar seus horizontes em relação a sala de aula, partir através giz e lousa para debates e aulas mais dinâmicas, pois geralmente, o aluno do EJA esta articulado com apenas a leitura, resolução de exercícios e quando participam de aulas não tradicionais, alguns sentem que estão sendo enrolados. Ensinar as disciplinas como elas aparecem na vida ou seja, relacionar o momento fora de aula com aprendizagem dentro de sala. Usar experiência da turma para a base nas aulas; como os alunos do EJA são alunos com mais experiência de vida, mostrar esta experiência aplicada na matéria. Ampliar os horizontes culturais dos estudantes; Integrar jovens e adultos aos demais alunos em eventos culturais, familiarizando a turma de EJA na escola com o restante da comunidade escolar

372 pode ser fundamental para evitar evasão escolar, o aluno muitas vezes se sente em um lugar estranho, como se o espaço foi emprestado de forma forçada para ele, onde muita vezes não tem livre acesso a biblioteca, salas de informática, alem de que na maioria das vezes são excluídos de festas, eventos culturais entre outros. Estratégias como as ditas a cima podem ajudar os alunos a chegarem em um melhor entendimento de todo conteúdo que o docente deseja transmitir, estimulando sua curiosidade e vontade de aprender. Meire Cavalcante também faz um relato de como evitar a evasão de jovens e adultos, pois a maioria dos matriculados do EJA já tem auto estima baixa, a pessoa tem vergonha de nunca ter estudado ou ter parado com a escola a muito tempo, medo de ser ridicularizada e ao mesmo tempo preocupando com sua casa, dividas, filhos, além do stress do trabalho. *mostrar que atitude de voltar a estudar não deve ser motivo de vergonha, mas de orgulho. *ajudar o aluno a identificar o valor e a utilidade do estudo em sua vida por meio de atividade ligadas ao seu cotidiano. *elaborar aulas dinâmicas e estimulantes (é tentador ir para casa dormir, assistir tv, ou ficar com a família depois do dia inteiro de trabalho) *Ser receptivo para conversa, pois muitos vão a escola preocupados com problemas pessoais ou profissionais. *mostrar que a aula é um momento de troca entre todos e que o saber do professor não é mais importante que o dele. *valorizar e utilizar os conhecimentos e as habilidades de cada um isso pode mudar o seu planejamento no meio do caminho, mas as aulas vão ficar mais interessante. *Promover entre os colegas o sentimento de grupo. Quando criam vínculos, eles se sentem estimulados a participar das atividades. Certamente não se pode garantir um ensino eficaz utilizando uma mesma metodologia em casos de EJA ou de qualquer outro tipo de ensino, não depende também somente de programas solidários de alfabetização, é necessário o incentivo de sempre continuar os estudos e o educador sempre tentar melhorar inovando seus meio metodológicos.

373 Sobre o projeto city Petrópolis No ano de 2009, o Centro Universitário de Franca - Uni-Facef, recebeu um oficio do Centro Comunitário City Petrópolis, da cidade de Franca, solicitando aos alunos dos cursos de Matemática e Língua Portuguesa, para atuar como monitores (professores) para auxilio nas devidas áreas, como trabalho voluntário, a pedido do presidente do centro comunitário, as aulas de Matemática foram ministradas aos sábados no período da tarde no próprio centro comunitário onde foi cedido uma sala com lousa e carteiras. Os alunos do projeto eram da comunidade do bairro City Petrópolis e tinham como objetivo reforçar todo conteúdo que aprenderam na educação básica, para melhorar seu desempenho em concursos e processos seletivos. Foram selecionados 4 alunos do curso de matemática (entre eles o autor desta pesquisa) todos os alunos cursando 3º semestre do curso de licenciatura em Matemática, orientados pela professora Ms. Sílvia Regina Viel Rodrigues. Inicialmente o cursinho assim chamado, começou com aproximadamente 18 alunos inscritos, onde cerca de 20% destes concluíram o Ensino Médio, 60% havia concluído o Ensino Fundamental e o não havia terminando nem mesmo o Ensino Fundamental. Foi um choque para todos os monitores, pois a proposta seria de um curso primordialmente para relembrar conteúdos matemáticos, porém na situação que ali se encontrava, observávamos que grande parte dos alunos iriam aprender coisas que nunca haviam sido ensinadas. Como não conhecíamos o nível e o grau de escolaridade dos alunos para iniciar o curso, preparamos uma atividade com conteúdos básicos como adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação com conjuntos numéricos, áreas de figuras planas, e problemas (interpretação, raciocínio lógico), para sabermos a dificuldade geral e de cada um, obtendo assim uma idéia de onde começarmos com a matéria. Todos os monitores ajudaram os alunos nas atividades, pois houve o cuidado para não desmotivá-los com a atividade e o grau de dificuldade das questões. No final da aula, depois de recolhermos as atividades, perguntamos para a sala, por qual objetivo cada um estava ali, sacrificando o sábado para aprender matemática, então obtivemos respostas como:

374 Bom, já faz mais de trinta anos que eu parei de estudar para poder ajudar em casa, daí para frente eu nunca mais peguei em um livro, aí eu vim participar do projeto para poder tentar passar em um concurso público (Aluno 1) Toda vez eu erro muito na matemática quando faço alguma prova de concurso (Aluno 2) Nunca gostei de Matemática, mas sei que é importante (Aluno 3) Minha filha que esta na sexta série, as vezes me pede ajuda no dever da escola, mas eu nunca sei e acabo tendo vergonha disso.(aluno 4) Perante essas respostas reuni todos os monitores e nossa orientadora para uma discussão sobre conteúdos e metodologias para serem utilizadas durante o cursinho. Também sendo organizado um calendário... Nós monitores decidimos começar a explicar a partir dos conjuntos numéricos (naturais, inteiros, racionais e reais), apresentando para os alunos as operações básicas (soma, subtração, divisão e multiplicação) de cada conjunto, para que nenhum dos alunos se sintisse excluído, explicando para o restante da turma que quem já soubesse o conteúdo, seria de grande valor relembrar para as provas de concursos. Após o reforço das operações básicas, separamos os conteúdos por monitor, cada um agindo em uma sub-área distinta: álgebra, aritmética e geometria. Utilizamos metodologias alternativas, fazendo com que os alunos fossem responsáveis por sua própria aprendizagem, envolvendo ao máximo o cotidiano de cada um nas atividades propostas da sala de aula, relacionando o diaa-dia de cada um com a matemática. Os alunos motivados pela idéia de voltar aos estudos e tentar melhorar sua na área de exatas, tinham uma imensa dificuldade de se comunicar com o professor, talvez por vergonha ou medo, não se sabe ao certo, logo perguntei a eles o motivo de não perguntar quando havia duvidas, ou não questionar algo que o professor esta ensinando: É que antigamente a gente não podia falar durante a aula, porque ele sabia tudo, e a gente só escutava (aluno 5) Conversei com todos sobre isso, dizendo que o professor não sabia tudo, nem nunca iria saber tudo e que a cada vez que ficassem sem perguntar algo só geraria uma bola de neve, pois o conteúdo não apreendido causaria dificuldades em conteúdos subseqüentes. Então era necessário saber os conceitos

375 básicos. Todos ficaram perplexos com a idéia de questionar um professor, mas aula após aula, foram ficando mais corajosos e as dúvidas começaram realmente a aparecer. A primeira dificuldade expressa pelos alunos, foi a com o conteúdo frações, compreender que a fração seria uma forma de divisão era complicado. Ministramos várias aulas no intuito de tirar as dúvidas do conteúdo. Com o passar das aulas, a sala (que já não era grande) se tornou cheia, o motivo alegado pelos alunos seria a proximidade de um concurso na cidade, que exigia conteúdos Matemáticos do ensino fundamental. Quando ensinamos equação de primeiro grau, tiveram contato com letras e números na mesma expressão, havia muitas dificuldades para os alunos que terminaram ou pararam de estuda a muitos anos, e diziam: Não consigo entende porque existe x,y nas contas, é complicado fazer conta com letras (Aluno 6) Na minha época o meu professor fazia quadradinho no lugar do x, é a mesma coisa? (Aluno 7) Com o tempo foram entendendo o significado das letras com exercícios, apostilas etc. Finalizamos o curso em dezembro com avaliação final tendo como resultado, melhoria na área da Matemática.

376 Referências : D AMBROSIO, Beatriz S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM. Ano II. N2. Brasilia. 1989 CAVALCANTE, Meire; O QUE DÁ CERTO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. NOVA ESCOLA,São Paulo: v. 20, n. 184, ago.2005 MIZUKAMI, M. G. N. Ensino, as abordagens do processo. São Paulo:EPU, 1986 i Nas instituições publicas o cronograma é estabelecido em uma reunião pedagógica (Planejamento Escolar), no inicio do ano, nas instituições privadas este planejamento é estabelecido pela mesma. ii Relacionada a aula que contem a abordagem tradicional, prática educativa caracterizada pela transmissão dos conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo dos tempos. Essa tarefa cabe essencialmente ao professor em situações da sala de aula, agindo independente dos interesses dos alunos em relação aos conteúdos das disciplinas.