BOLETIM AMBIENTAL CONTINENTAL

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Transcrição:

Africa-EU Partnership VIGILÂNCIA DO AMBIENTE E DA SEGURANҪA EM ÁFRICA Da Observaҫão da Terra à Formulaҫão de Políticas Avanҫando o Desenvolvimento Sustentável em África BOLETIM AMBIENTAL CONTINENTAL DESTAQUES Períodos extensos de seca durante as fases críticas de cultivo e forragem na África Austral. Espera-se uma reduҫão significativa da produҫão agrícola e de forragem. O fraco desenvolvimento das pastagens em partes do Senegal e Mauritânia durante a estaҫão chuvosa de 2014 leva à transumância precoce a partir dessas regiões. 15 2 10 Abril de 2015 O atraso significativo e o início irregular das chuvas são susceptíveis de reduzir a expectativa de rendimento ao longo do Zimbabué, Malawi, Botsuana e países vizinhos; e partes da Etiópia e Quênia. A região sofreu um período de secas anormalmente prolongado, devido à sucessão de um fim precoce da primeira estação chuvosa e um início tardio da temporada atual. Isso pode afetar negativamente o desenvolvimento de culturas e pastagens. 11 Condiҫões de Crescimento da Vegetaҫão Muito más 9 12 6 8 3 7 O fraco desenvolvimento das pastagens em partes do Níger e Burquina Faso durante a estaҫão chuvosa de 2014 leva à transumância precoce a partir dessas regiões De março a maio precipitações acumuladas abaixo do normal estão previstas para a Guiné e Serra Leoa, as quais podem exercer impacto negativo sobre o estabelecimento e o crescimento de culturas anuais. Más Muito boas Abundância de peixes Potencial reduҫão 1 13 14 Houve um início que vai de precoce a normal da longa estaҫão chuvosa nos países do Golfo da Guiné, com algumas chuvas fortes observadas localmente. Potencial aumento Inundaҫões 16 Figura 1: Mapa dos eventos principais 4 17 5 O aumento da produҫão primária na costa oeste da África tem o potencial de aumentar a abundância das principais espécies nos centros de ressurgência Conteúdo Panorâmica do Clima Áreas Protegidas Agricultura Culturas e Pastagens Recursos Pesqueiros Sobre o Programa MESA O aumento da produҫão primária na costa oeste da África tem o potencial de aumentar a abundância das principais espécies nos centros de ressurgência Fortes chuvas localizadas, durante o período entre dezembro e janeiro levaram a inundaҫões em Madagáscar, Malawi, Moҫambique e Zimbabué.

AVALIAҪÃO DE PRECIPITAҪÃO PANORÂMICA E PERSPECTIVAS DO CLIMA Em 2014 (Figura 2) precipitaҫão acima da média foi observada em alguns países do Chifre da África, África Central e Austral. Défices na precipitaҫão foram observados como indicado no mapa. Para os meses de janeiro, fevereiro e marҫo de 2015 (Figura 3) a precipitaҫão na África Austral e Oriental está abaixo da média, e bem abaixo da média nas áreas em vermelho. Precipitaҫão acima e bem acima da média também foi observada como indicado no mapa. Figura 2: Precipitaҫão anual como % da média de longo prazo (1981-2010) para 2014 (Fonte: NOAA/NCEP/CPC/CAMS-OPI) CONDIҪÕES E PERSPECTIVAS RECENTES DE TEMPERATURA DA SUPERFíCIE DO MAR Oceano Pacífico: Desde setembro, temperaturas da superfície do mar (SST) próximas à média ou acima da média, persistiram na a maior parte do Pacífico Equatorial (Região ENOS El Niño Oscilaҫão Sul), o que exerce grande influência nas condiҫões climáticas da África.Resultados do modelo e pareceres de peritos indicam que há grande probabilidade de El Niño de intensidade fraca a moderada nos próximos meses Na maioria das vezes essa condiҫão é associada a condiҫões de precipitaҫão abaixo do normal na África Ocidental, África Austral e Etiópia, e a condiҫões de precipitaҫão acima da média na maior parte da África Oriental. Atlantic Ocean: Temperaturas da superfície do mar que vão de próximas à média a abaixo da média foram observadas em regiões do norte tropical e regiões de média latitude do Atlântico, de fevereiro a marҫo de 2015. A maior parte dos resultados dos modelos e pareceres de peritos indica condições abaixo da média durante os próximos meses. Na região tropical do Atlântico Sul condiҫões quentes têm sido observadas em fevereiro de 2015. Espera-se que esse padrão continue nos próximos meses. Essa condiҫão poderá implicar em precipitaҫão abaixo do normal nas partes costeiras do países do Golfo da Guiné e da África Ocidental. Indian Ocean: As temperaturas da superfície do mar na maior parte do Oceano Índico estiveram acima da média de janeiro a março de 2015. Os resultados do modelo e das avaliações de especialistas indicam a persistência de temperaturas da superfície do mar acima da média durante os próximos meses. Essa situaҫão é favorável para chuvas nos países da costa leste da África e nas ilhas do Oceano Índico. Dadas estas anomalias da SST, temperatura, padrões e tendências do meio abaixo da superfície, além do conhecimento e da compreensão da variabilidade sazonal do clima na África, e de produtos de previsões de longo alcance de Centros Globais de Produҫão para as Previsões de Longo Alcance; as seguintes perspectivas são fornecidas para abril-maio-junho 2015: Figura 3: Precipitaҫão como % da média de longo prazo (1981-2010) para Janeiro - Fevereiro Marҫo 2015 (Fonte: NOAA/NCEP/CPC/CAMS-OPI) AVALIAҪÃO DA TEMPERATURA Anomalias anuais de temperatura entre 1 e 3 C (maior que a média de longo prazo de 1961 a 1990) foram observadas durante 2014 em pelo menos a metade da África (Figura 4). As menores anomalias de temperatura entre -1 a -3 foram observadas na parte sul de Madagáscar. Um défice na precipitaҫão é muito provável Figura 5: Previsão Sazonal de Precipitaҫão para abril, maio e junho de 2015, publicada em 31 de marҫo de 2015 Acima da média: % probabilidade de precipitaҫão acima da média (1981-2010) Próxima da média: % probabilidade de precipitaҫão dentro da média (1981-2010) Abaixo da média: % probabilidade de precipitaҫão menor que a média (1981-2010) Figura 4: Anomalias anuais de temperatura ( C) para a África para 2014 em relaҫão a 1961-1990; baseadas em dados estimados pelo conjunto de dados CAMS (Fonte de dados: NOAA/NCEP/CPC/CAMS) Precipitaҫão abaixo da média é muito provável de abril a junho de 2015 nas três zonas mostradas na Figura 5. 2 Boletim Ambiental Continental de MESA

Foi reconhecida a necessidade de se mapear e monitorar sítios de importância para a conservaҫão, incluindo as áreas protegidas (PA) (Scholes et al., 2012). A monitorizaҫão regular dos sítios permite com que problemas sejam identificados e soluҫões sejam rapidamente desenvolvidas. ÁREAS PROTEGIDAS estaҫão, de marҫo a maio, comeҫou tardiamente com precipitaҫão abaixo da média durante 30 dias. Esses dois eventos, juntamente com o período seco intermediário usual de janeiro fevereiro irão reduzir a disponibilidade de forragem nas áreas protegidas afetadas - Samburu NP, Shaba NR, Buffalo Springs NR, Masai Mara NR, Kidepo NP etc. Isso contribui diretamente para o planejamento de conservaҫão e a avaliaҫão de prioridades. No entanto, a monitorizaҫão, incluindo a avaliaҫão da integridade dos parques ainda está em falta em várias partes do globo. A monitorizaҫão da eficácia das aҫões no terreno, incluindo a proteção formal, não é apenas essencial para a gestão dos parques, como também será necessária para analisar o progresso em direҫão a uma área fundamental de Aichi meta 11, que está relacionada à gestão de áreas protegidas. Na África Oriental a estaҫão curta das chuvas, de setembro a dezembro de 2014, era normalmente caracterizada por um bom comeҫo da estaҫão e um encerramento precoce do ciclo de vegetaҫão (Figura 6a). A atual Na África Austral, apesar do bom comeҫo de estaҫão na parte sul da região (Botsuana, Namíbia, Sul de Moҫambique), a maior parte da estaҫão foi afetada por um período seco longo e significativo, de janeiro a marҫo, com um défice de precipitaҫão de até 50% (figura 7) Essa situaҫão exerceu impacto negativo no desenvolvimento da vegetaҫão nas áreas protegidas da região: Parque Nacional do Kalahari Central, Gemsbok, etc. Como resultado dessa situaҫão prevalecente, os potenciais impactos poderão incluir conflitos entre seres humanos e a vida selvagem, tais como a destruiҫão de culturas e a presenҫa de gado dentro dos parques, e crescente pressão sendo colocada nos parques pela populaҫão localizada nas redondezas das áreas protegidas. a b c d Rain LT AVG Figura 6:. Série cronológica do NDVI e de precipitaҫão (a) e (b): representantiva da África Oriental. (c) e (d): representantiva da África Austral. Figura 7: Anomalias Relativas de Precipitaҫão para marҫo de 2015 Figura 8: Anomalias Relativas de Vegetaҫão para os primeiros dez dias (dekad) de abril de 2015 Abril de 2015 3

AGRICULTURA CULTURAS E PASTAGENS O período de referência deste boletim vai de setembro de 2014 ao início de abril de 2015. Essa é a estaҫão de cultivo para a África Austral e Oriental, e a época de colheita para a África Ocidental. ÁFRICA AUSTRAL (Figura 1, áreas 1/3/4/5/6/13/14) a África Austral a temporada está chegando ao fim. O início da estaҫão das chuvas foi marcado por uma performance mista durante essa estaҫão. De outubro até o início de dezembro, recebeu-se baixa precipitaҫão. A baixa precipitaҫão foi associada ao início tardio e irregular das chuvas em mais de 30 dias. As área mais afetadas fazem fronteira com Zâmbia, Zimbabué, Moҫambique, região sul de Madagáscar e Malawi (Áreas 5 e 6). Essa área é parte das principais áreas de cultivo da África Austral. Moreover, given the normal to below normal rainfall forecast for most parts of the region for the April-May-June period (SARCOF March 2015), crop and vegetation recovery is highly unlikely. a b Figura 10: Série cronológica do NDVI e de precipitaҫão (a) esquerda: representantiva da Área 6 (Moҫambique). (b) direita: representantiva das Áreas 1 e 2 (Botsuana). O início irregular das chuvas foi seguido quase que imediatamente de chuvas muito fortes que caíram do período que vai dos segundos 10 dias (dekad) do mês de dezembro até o início do mês de janeiro. Isso levou a inundaҫões em Madagáscar, Malawi, Moҫambique e Zimbabué, devido às chuvas fortes e intensas. (Áreas 13 e 14). No distrito da Zambesia de Moҫambique chuvas que excedem 175 mm (um valor que equivale aproximadamente a três vezes a média de longo prazo do dekad ou período de 10 dias) foram registradas durante o período que engloba os segundos 10 dias de janeiro (segundo dekad) (Figura 10a). A grande quantidade de água recebida durante um período relativamente curto de tempo não ofereceu auxílio significante às culturas e pastagens. Entre janeiro e meados de-marҫo, a maior parte de Botsuana, Lesoto, Namíbia e África do Sul, região sul de Angola, região sul de Moҫambique, Zâmbia Ocidental, região sul de Zimbabué e região norte da Tanzânia (Áreas 1, 3 e 4) foi afetada por um período seco. Esse período consiste na fase mais crítica de floraҫão da maioria das culturas. Esse período seco combinado a uma alta temperatura levou à grave reduҫão da humidade do solo, e por conseguinte, acarretou a murchidão das culturas. Consequentemente, espera-se uma reduҫão nos rendimentos das colheitas nessas áreas. Em Botsuana a metade ocidental do país é a mais afetada. Essa área é predominantemente de pastagens, o período seco exercerá um impacto negativo sobre a quantidade de pastos disponíveis para o gado durante a estaҫão seca. Além disso, o fato de que a vegetaҫão tenha tido bom início mas tenha secado mais rapidamente (Figura 10b) talvez venha a aumentar o risco de incêndios durante a estaҫão seca, o que exercerá um impacto ainda maior na quantidade de forragem disponível para o gado. Apesar das boas condiҫões de precipitaҫão de meados de marҫo, não se espera melhoria das condiҫões de culturas e pastagens no fim da estaҫão. ÁFRICA ORIENTAL (Figura 1, áreas 7/8) Na África Oriental, há dois regimes sazonais de precipitaҫão. O fim da estaҫão unimodal para os países do norte (Eritreia, Sudão, Djibuti, Norte da Etiópia, Norte da Somália) é em outubro. Na parte equatorial da África do Leste (Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, norte da Tanzânia, sul da Etiópia, Sudão do Sul, sul da Somália); a estaҫão curta vai de setembro a dezembro, e a estaҫão longa das chuvas vai de marҫo a maio, com uma estaҫão seca no meio (janeiro e fevereiro). Geralmente, a estaҫão anterior que vai de junho a outubro na parte norte da África Oriental era caracterizada por precipitaҫão de nível normal a acima do normal (em duraҫão e magnitude), o que favorecia o bom desenvolvimento das culturas e pastagens (Figura 11b). A primeira estaҫão na área equatorial foi particularmente marcada por um fim precoce da estaҫão em algumas áreas como Quênia Oriental, sul da Somália e norte da Tanzânia (Área 7). Para a atual estaҫão, a maioria dos países da África do Leste em questão sofreram um atraso de 15 a 30 dias no início da estaҫão, as chuvas comeҫaram nos últimos 10 dias (dekad) de marҫo. A região registrou um período seco anormalmente longo devido à sucessão dos seguintes eventos: o fim precoce da primeira estaҫão das chuvas e o início tardio da estaҫão atual. Isso pode afetar de forma negativa o desenvolvimento das culturas e pastagens (Figura 11a). 4 Boletim Ambiental Continental de MESA

AGRICULTURA CULTURAS E PASTAGENS Além disso, tendo em conta que a previsão sazonal para o período que vai de marҫo a maio de 2015 (fonte: ICPAC GHACOF39) não antevê uma melhoria em algumas regiões como Quênia Oriental, região sudeste do Sudão do Sul, sul da Etiópia (Área 8), região sudeste de Ruanda, região nordeste de Burundi, e Somália, um acompanhamento rigoroso da situaҫão é recomendado. Entretanto, a forte precipitaҫão observada (Figura 12d) pode ter causado inundaҫões que poderiam, por sua vez, prejudicar certas culturas. A previsão sazonal de marҫo, abril, maio indicou uma precipitaҫão acumulada abaixo do nível normal para a Guiné e Serra Leoa (Área 10). Isso pode exercer um impacto negativo no estabelecimento e no crescimento das culturas anuais. a a b b Figura 11: Série cronológica do NDVI e de precipitaҫão (a): representantiva da Área 7 (Quênia). (b): representativa do Sudão.do Sul ÁFRICA OCIDENTAL (Figura 1, áreas 2/9/10) A África Ocidental é caracterizada por uma zona norte com um regime de precipitaҫão monomodal (maio a outubro-novembro), e por uma zona ao sul do Golfo da Guiné com um regime de precipitaҫão bimodal (marҫo a meados de agosto e setembro, a novembro-dezembro). Em 2014, a região do Sahel registrou muitos períodos secos prolongados em junho e julho (Áreas 2 e 9, Figura 12a), que resultaram num fraco desenvolvimento das culturas e pastagens. Além do mais, o período magro para o gado foi estendido nas partes ocidentais da Mauritânia e Senegal (Área 2) bem como em algumas áreas do Mali, Níger e Chade. Em consequência, a transumância comeҫou cedo nessas áreas. A inseguranҫa devido a conflitos no norte do Mali, ao redor do Lago Chade e da República Central Africana talvez cause alguns distúrbios à transumância e, por conseguinte, coloque certa pressão nos recursos pastorais locais. Ademais, em áreas onde queimadas tenham ocorrido, a disponibilidade de forragem será reduzida. Por exemplo, no Níger, uma área de 100 mil hectares de pastagens foi queimada. c A estaҫão longa das chuvas de 2015 do Golfo da Guiné comeҫou cedo, com períodos secos mais curtos que a média na maioria das regiões. Isso foi previsto durante o Fórum Regional da Previsão Climática para os países do Golfo da Guiné (PRESAGG02), em marҫo de 2015 (Áreas 11 e 12). As condiҫões de precipitaҫão têm sido até o momento favoráveis à instalaҫão e ao desenvolvimento de cultivos anuais, como demonstrado pelos índices de vegetaҫão que encontram-se dentro da média ou acima da média (Figura 12 b,c) Figura 12: (a) : Série cronológica do NDVI durante a estaҫão das chuvas de 2014 na região Louga do Senegal. O polígono vermelho representa a perda cumulativa de precipitaҫão de 1⁰ de maio de 2014 a abril de 2015. (b, c):série cronológica do NDVI e de precipitaҫão, de maio de 2014 a abril de 2015, em regiões selecionadas do Golfo da Guiné da África do Oeste. (d): Mapa de anomalia de precipitaҫão para marҫo de 2015 na região da África do Oeste. Fonte TAMSAT. d Abril de 2015 5

RECURSOS PESQUEIROS Aumento da produҫão primária ao largo da costa oeste da África, e condiҫões mais quentes que o normal ao redor das ilhas do Oceano Índico e no leste de Madagáscar. As principais regiões de ressurgência e áreas de pesca nos Oceanos Atlântico e Índico sofreram várias mudanҫas na temperatura da superfície do mar. Em geral, o período que vai de setembro de 2014 a marҫo de 2015 esteve mais frio que a média de 2002 a 2014 para a maior parte da região leste do Atlântico e do Canal de Moҫambique (Figura 13). Houve um crescimento correspondente da concentraҫão de Clorofila-a (Chl-a) em algumas plataformas costeiras e continentais na costa oeste da África. Mas este não foi o caso da região ao largo da costa leste da África, a qual mostra anomalias de baixa concentraҫão de Chl-a. (Figura 14). Figura 13: Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar de set 2014 a mar 2015 ÁREA COSTEIRA DO NOROESTE (Figura 1, área 15) Na área costeiras do noroeste da África, a alta concentraҫão de Chla observada nos últimos seis meses sugere um possível aumento do número de peixes. Nessa região, a indústria de pesca artesanal, que é responsável por mais de 90% dos desembarques totais de pequenos pelágicos (peixe da superfície superior do oceano), tem como alvo as espécies que incluem sardinhas, gorazes e pargos. Espera-se que essas espécies, que são distribuídas nestes principais centros e ecossistemas costeiros de ressurgência, aumentem significativamente, principalmente ao longo da costa de Senegal-Mauritânia, onde as temperaturas da superfície e concentraҫões de Chl-a estiveram ideais. Nos próximos meses espera-se que o aumento das temperaturas da superfície do mar (SST) esteja abaixo da média, o que pode resultar numa distribuiҫão reduzida desses pequenos pelágicos (Figura 15). As SSTs estiveram mais quentes do que as condiҫões médias ao largo da costa do Gana até o Sul do Gabão, o que sugere a existência de um baixo nível de nutrientes na região para poder promover a produҫão primária. Anomalias de concentraҫão de Chl-a para esta área mostra níveis baixos de produҫão primária. Figura 14: Anomalia da Concentrҫão de Clorofila de set 2014 a mar 2015 Essa observaҫão era esperada já que o período em discussão foi caracterizado por uma temperatura mais elevada da superfície. Durante essas condiҫões, as pescas artesanais têm como meta principal a captura de anchovas. CORRENTE DE BENGUELA (Figura 1, área 16) Anomalias na concentraҫão de Chl-a na corrente de Benguela sugerem condiҫões favoráveis para o crescimento de peixes. Na região norte de Benguela uma importante espécie de peixe, o Carapau do Cabo, é amplamente distribuída e desova de setembro a maio. Os peixes adultos são o alvo de traineiras que operam em águas intermédias - na Namíbia essa é a maior pescaria em matéria de peso- enquanto que os jovens são capturados por cercadores com redes de cerco com retenida, para serem utilizados em comida de peixe e óleo. Os níveis de SST observados de setembro a dezembro de 2014 estavam dentro de limites ideais de distribuiҫão de larvas para esta espécie. Espera-se uma intensificaҫão da ressurgência de Benguela pois a previsão é de que a SST diminua nos próximos meses (Figura 16). Essa condiҫão é geralmente ideal para a maioria das espécies de peixe na região. Figura 15: Série cronológica da SST para a região das Canárias de abril de 2014 a marҫo de 2015 6 Boletim Ambiental Continental de MESA Figura 16: Série Cronológica de SST para a região de Benguela de abril de 2014 a marҫo de 2015

O CANAL DE MOҪAMBIQUE (Figura 1, área 17) RECURSOS PESQUEIROS No Canal de Moçambique, as temperaturas de superfície estiveram mais frias do que as habituais. Esta região de águas frias estava conectada à corrente de Agulhas, com um trecho de águas frias na plataforma continental que continua ao longo da corrente Circumpolar Antárctica. Em contraste com as condições normais, a concentração de Chl-a está mais baixa do que o habitual no Canal de Moçambique. A tendência de SST no Canal de Moçambique mostra temperaturas mais frias do que o normal. O período de janeiro a fevereiro foi significativamente mais frio, o que indica uma condição possivelmente melhorada para produção primária. A SST deverá diminuir no próximo mês, mas não se espera que isso resulte significativamente em qualquer aumento na produção primária (Figura 17). As regiões ao redor de Maurício e Seychelles, no Oceano Índico, têm registrado condições mais quentes do que as usuais de temperatura da superfície do mar durante o verão, em comparação com a média sazonal. Essas temperaturas quentes registradas podem ter sido causadas pela Corrente Sul Equatorial, oriunda do leste do Oceano Índico, que se move ao longo da costa leste da África e termina no norte do oceano. A anomalia de concentração de Chl-a para este período indica que condições normais prevalecem. Os valores de concentração de clorofila, que estavam abaixo da média, representam um baixo nível da produção primária. Um valor de concentração baixo, o que resulta diretamente na baixa produção de plâncton, pode sugerir possível diminuição na abundância de peixes em regiões de baixa concentração de clorofila. Figura 17: Séries cronológicas de SST para a região do Canal de Moçambique de abril de 2014 a março 2015 Figura 18: Climatologia da SST média com base em dados de 2002 a 2015 para os meses de setembro [9] a março [3] Abril de 2015 7

Africa-EU Partnership O PROGRAMA MESA MESA utiliza dados espaciais e in-situ para permitir uma melhor gestão do ambiente e da segurança alimentar a nível continental, regional e nacional em África. MESA consolida e amplia os serviços ambientais operacionais desenvolvidos no programa AMESD (Vigilância Africana do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável), e é uma contribuição para a iniciativa GMES-África da Estratégia Comum UE-África. O objetivo do programa MESA é aumentar a capacidade na gestão da informação, tomada de decisão e planejamento de instituições continentais, regionais e nacionais africanas mandatadas para o ambiente, o clima e a segurança alimentar. Esse objetivo será alcançado através de uma melhoria no acesso a informações e a dados terrestres, marinhos e climáticos confiáveis, pontuais e precisos para a África. MESA está explorando dados e tecnologias de Observação da Terra (OT) para promover o progresso socioeconômico, a fim de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A UTILIZAҪÃO DA OBSERVAҪÃO DA TERRA PARA A ANÁLISE AMBIENTAL Este boletim baseia-se na análise de indicadores ambientais derivados de imagens por satélite, permitindo um acompanhamento economicamente viável da situação ambiental a nível continental. Esses indicadores incluem NDVI e outros indicadores de vegetação (http://land.copernicus.eu/global); produtos RFE de Precipitação (http://earlywarning.usgs.gov/fews/africa); e produtos de clorofila-a e SST (http://oceancolor.gsfc.nasa.gov). Esses indicadores de observação da Terra são complementados por previsões climáticas sazonais e outras fontes de informação. O boletim é produzido duas vezes ao ano. O sistema EUMETCast fornecido pela EUMETSAT distribui rotineiramente dados de observação da Terra através de radiodifusão por satélite, e assim aborda a questão da recepção de dados em áreas com fraca conexão de internet. Ambos a recuperação dos dados de observação da Terra a partir da estação de recepção EUMETCast, e o cálculo dos indicadores ambientais são executados automaticamente pela Environmental Station (Estação Ambiental), ou estation, um software desenvolvido pelo Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia. O estation é um software de sensoriamento remoto abrangente distribuído a todos os países da África Subsaariana nas Estações AMESD e Mesa, no quadro dos programas AMESD e MESA. Agradecimentos: Este boletim é o resultado da cooperação entre os Centros Regionais e Continentais de Implementação de MESA (ACMAD, BDMS / SADC-CSC, CICOS, AGRHYMET, ICPAC, MOI, a Universidade do Gana), a Sede de MESA na Comissão da União Africana, e o Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia. O programa MESA é financiado pelo 10.º Fundo Europeu de Desenvolvimento da Comissão Europeia. Para mais informações sobre este boletim, por favor entre em contato através do email info@hd-mesa.org Aviso: Este boletim foi produzido com o apoio financeiro da União Europeia. O conteúdo deste boletim é de exclusiva responsabilidade de MESA e este não pode, em circunstância alguma, ser considerado como um documento que reflita a posição da União Europeia. A sua reprodução está autorizada desde que a fonte seja citada. Esta publicação foi traduzida seguindo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Sede da UA-MESA, Comissão da União Africana, P.O.Box 3243, Adis Abeba, Etiópia Tel: (251) 11 5517700 ext 4473. E-mail: info@hd-mesa.org Website: http://mesa.au.int