Comunicação CONSTRUINDO CONHECIMENTOS ATRAVÉS DE IMAGENS CULTURAIS: A OBRA DE ARTE COMO FERRAMENTA DE ESTUDO NA EDUCAÇÃO



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Transcrição:

Comunicação CONSTRUINDO CONHECIMENTOS ATRAVÉS DE IMAGENS CULTURAIS: A OBRA DE ARTE COMO FERRAMENTA DE ESTUDO NA EDUCAÇÃO Palavras-Chave: Arte, Educação e cultura. Carline Schröder Arend 1 Amarildo Luiz Trevisan 2 RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo discutir a formação continuada do professor, tendo como ferramentas a releitura de imagens, tais como: obras de arte, publicitárias e informativas. Em vista que, diariamente somos bombardeados com propagandas e signos que nos dizem o que devemos consumir. Nesse sentido, propõem-se a busca de novas alternativas para a prática pedagógica, procurando atentar para uma leitura crítica e reflexiva diante do condicionamento mercadológico e da racionalização da sociedade atual. Para viabilizar esse propósito estamos desenvolvendo com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vicente Farencena de Santa Maria/RS, palestras, mini-cursos e oficinas didático-pedagógicas. Utilizando-se das teorias e dos enfoques metodológicos de autores como Adorno, Habermas, entre outros, para subsidiar as ações pedagógicas do trabalho de pesquisa. Sendo assim, acreditamos que o mundo imagético pode servir de elo na comunicação com o mundo da vida, se soubermos cultivá-lo com o poder reflexivo emanado da decodificação das imagens, signos, símbolos e ícones da cultura visual. Essa leitura se torna possível com o apoio da hermenêutica filosófica, a fim de que os sujeitos possam compreender o sentido ético e estético da vida, repensando seus conceitos, atitudes e valores frente ao mundo que se apresenta. INTRODUÇÃO A sociedade atualmente, está utilizando-se de novas tecnologias de informação para chamar a atenção do público, entre elas destacam-se, as imagens culturais. Nesse sentido, percebemos que dia após dia vemos as imagens cada vez mais presentes nos espaços familiares e sociais, interferindo nas nossas opiniões e formas de agir e pensar. Encontramo-nos em um mundo imediatista e imagético. Como afirma Trevisan: Na prática cotidiana, a emergência da cultura da imagem faz com que diariamente, sejamos bombardeados por imagens de todos os tipos, formas e cores que produzem uma mudança na maneira como nossas sensações percebem o real. (TREVISAN, 2003, p.37). Para tanto, é de extrema importância à reflexão e análise destas imagens, para que consigamos uma melhor compreensão 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia CE/UFSM - ruivinha1986@gmail.com 2 Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria e pesquisador do CNPq - amarildoluiz@terra.com.br

do que elas realmente pretendem nos transmitir, sem deixar que elas interfiram nas nossas opiniões e maneiras de ser e agir. A mídia e suas propagandas, apenas nos induzem a consumir determinados produtos, trazendo à tona o termo que Adorno se utiliza para se referir a esta cultura consumista que nos é imposta diariamente, indústria cultural. Segundo ela, ao adquirirmos o que está sendo oferecido poderemos ser aceitos na sociedade em que nos encontramos, sem contar na felicidade que este produto estará nos proporcionando. Para uma melhor compreensão deste mundo imagético, faz-se necessário, partir em busca de alternativas, procurando interpretar essas imagens, pois elas apenas nos iludem com suas propagandas, nos tornando meros objetos, como nos diz Adorno: O consumidor não é rei, como a indústria cultural gostaria de fazer crer, ele não é o sujeito dessa indústria, mas o objeto. (ADORNO, 1971, p.288). Portanto, as imagens sempre procuram nos fazer crer que, ao consumir determinado produto, sentirá que, além de ser inserido na sociedade, atingirá a plenitude da vida. A televisão e os demais meios de comunicação, muitas vezes exercem grande influência sobre a opinião das pessoas e, principalmente, das crianças e dos adolescentes. O culto ao corpo perfeito que vemos nas revistas, na cultura do espetáculo, podem induzir o individuo na formulação de sua opinião. Os adolescentes e as crianças, principalmente, por crescerem vendo essas imagens, criam à falsa impressão de que esse é o ideal. Segundo Trevisan, fazemos parte da civilização da imagem, em que as mais diferentes naturezas imagéticas tornaramse os elementos motores dessa nova forma de mundo exterior, totalmente artificial, que se construiu a nossa volta e que se constituiu como uma cultura (TREVISAN, 2002, p.96). Essa é vista como uma cultura a ser seguida. É nesse ponto, que o educador pode agir buscando fazer seu aluno compreender que, por trás dessa cultura, há uma grande intenção de venda e manipulação. Segundo Habermas, esse agir do educador, efetiva-se através da dialogicidade, a qual permite perceber que, por trás dos produtos culturais manipulados, se esconde outro falante que está passando uma mensagem. Esta, ao ser decodificada enquanto tal, possibilita que não nos tornemos objetos e sim sujeitos, mudando o rumo deste diálogo. Esse outro sentido que os sujeitos podem atribuir à imagem é possível, desde que os indivíduos estejam suficientemente abastecidos da matriz cultural projetada. Na qual o educador, que compreende e

realiza a releitura imagética, poderá auxiliar o educando, abrindo caminho para as interpretações e compreensões a respeito desse mundo imaginal. Dialogando, questionando e, principalmente, instigando o aluno a pensar a respeito dessas questões. Ainda segundo Habermas, Os atos comunicativos servem para a transmissão do saber culturalmente acumulado: a tradição cultural se reproduz, como temos determinado, através do meio da ação orientada ao entendimento. (HABERMAS, 1999, p.93). Ao refletir sobre determinadas questões, ampliamos nossas concepções a respeito da sociedade, das imagens, do estético, esses elementos que dão formato, cor e sentido a indústria cultural. Essas conclusões as quais chegamos, é que nos fazem ter uma opinião, a chamada opinião pública, que para Habermas: (...) assume um significado diferente conforme reinvindique para si a condição de uma instância crítica em relação à publicidade normativamente imposta da execusão do poder político e social, ou sirva como uma instância receptiva em relação à publicidade manipulativamente difundida de pessoas e instituições, bens de consumo ou programas. Na esfera pública ambos os tipos de publicidade estão presentes, mas a opinião pública é sua destinatária comum trata-se então de examiná-la em busca de seus traços específicos. (HABERMAS, 1971, p.187) Portanto, faz-se necessário repensar e refletir sobre as imagens culturais, pois elas podem exercer grandes influências na formação da opinião pública dos sujeitos. Tornado-os meros objetos, facilmente manipulados. Sujeitos reféns dessa indústria cultural. Tomamos como exemplo, a utilização de um determinado produto ou marca de grande veiculação na mídia, associado a um artista popular. A utilização deste produto pela massa, poderá estar atribuído a valores e conceitos estereotipados pela indústria cultura. Como afirma Habermas: (...) o grau em que uma opinião tem caráter público é medido tendo em conta a extensão em que ela deriva de esfera pública organizacionalmente enquadrada de um público de membros da organização; e em até que ponto essa esfera pública organizacionalmente inserida se comunica com uma esfera pública externa, que se forma no comércio político entre organizações sociais e instituições estatais através dos mass media. (HABERMAS, 1971, p.199). Para viabilizar essas questões, estamos realizando oficinas, mini-cursos e reuniões com professores da Escola Municipal Vicente Farencena de Santa Maria (RS). Nestes encontros, trabalhamos com a releitura de imagens culturais, buscando

interpretá-las e refletir sobre como estas poderão influenciar, tanto na opinião dos professores e da sociedade em geral, como na forma de agir das pessoas frente à indústria cultural. Nessa escola, trabalhamos com a releitura da obra de arte Os Retirantes de Cândido Portinari. Levando em consideração que essa obra foi pintada na década de 40, ela instigou-nos a refletir sobre a condição humana que se encontravam, de onde estavam retirando-se e porquê? Para onde estavam indo? Em busca de que? Estas foram algumas questões que surgiram na análise da obra. A partir destas reflexões, foram levantadas algumas questões do cotidiano de muitos sujeitos que vivem marginalizados e excluídos da sociedade. Inicialmente a impressão era de distanciamento da realidade, mas está realidade retratada por Portinari em sua obra é muito próxima das encontradas em muitas cidades. A partir desta obra é possível a realização de um trabalho de interpretação e compreensão das imagens culturais e assim, segundo Trevisan, traduzir uma preocupação que oportuniza a possibilidadede se constituir uma Pedagogia atenta às mudanças na cultura contemporânea (TREVISAN, 2002, p.146). Acredita-se que, trabalhar a decodificação das imagens publicitárias com professores, é uma forma de tentar mudar esta cultura na qual estamos inseridos, uma cultura de aparências, na qual deseja-se resultados imediatos. A indústria cultural nos faz pensar dessa forma, por exemplo, para a mulher ter o corpo tido como ideal, não vai realizar exercícios físicos, procurar ter uma alimentação mais adequada, pois isso, leva um certo tempo para ter resultado. Ela vai consumir um produto que inibe o apetite, que queima as gorduras, e que faz perder peso em poucas semanas, ou seja, o resultado desejado é visível imediatamente. E as pessoas se deixam iludir com essas propagandas. Para Barbosa: (...) o desenvolvimento crítico para a arte é o núcleo fundamental para a capacidade crítica de desenvolver através do ato de ver, associado a princípios estéticos, éticos e históricos ao longo de quatro processos, distinguíveis mas interligados: ver, descreve: observar analisar dar significado a obra, interpretar. (BARBOSA, 2005, p.43) Ao trabalhar com a releitura de imagens em sala de aula e com professores, deve-se considerar que, não se trata de uma simples decodificação da imagem, ver

o que está explícito, mas principalmente o que está implícito, o que há por trás dessa manifestação visual. Qual o intuito de divulgar tal imagem. Para tanto, utilizando-se da hermenêutica filosófica, parte-se para a análise compreendendo o contexto social, a época histórica em que foi retratada ou criada, trazê-la para a nossa realidade. Estes são alguns elementos que devem ser analisados na releitura. A finalidade consiste em formar um processo de entendimento interativo sobre a indústria cultural, relacionando a realidade em que vivemos, a fim de repensar melhores estratégias de formação pública. A tomada desse caminho se justifica em função de que, segundo Habermas, A hermenêutica se preocupa com a interpretação como uma realização excepcional (Ausnahmeleistung), que só se torna necessária quando relevantes setores do mundo da vida (Lebenswelt) ficam problemáticos, quando certezas do fundo culturalmente ensaiado se rompem e os meios do entendimento falham. (HABERMAS, 1987, p.86). Logo, a hermenêutica permite uma abordagem que emerge de um contexto situado, possibilitando a constituição dos horizontes de interpretação e entendimento dos problemas vivenciados, a fim de edificar uma cultura da sensibilidade, da cientificidade, da solidariedade, da cooperação e do respeito às diferenças. É aqui que se insere o sentido da investigação, na busca da aceitação do argumento do outro e de suas diferenças. Para Habermas, a hermenêutica filosófica afirma uma conexão interna entre significação e validade. Assim, compreender uma manifestação simbólica significa saber sob que condições sua pretensão de validade poderia ser aceita. Compreender uma manifestação simbólica não significa, porém, aceitar sua pretensão de validade sem levar em consideração o contexto (HABERMAS, 1987, p.94). Os professores ao questionarem e procurarem compreender as imagens e, principalmente a releitura que se faz delas, poderão utilizar-se dessas nas suas aulas, despertando em seus alunos, o interesse pela criticidade, e a sede pelo conhecimento implícito. Os estimulando a pensar e criar suas hipóteses a respeito das mais variadas situações. Além disso, estimular a criatividade, pois, um indivíduo que não pensa, acaba não sendo criativo.

A decodificação realizada com imagens de obras de arte poderá proporcionar grandes reflexões, pois elas, muitas vezes, trazem a tona reflexões, críticas, a realidade na qual vive-se, todas são questões que podem muito bem ser trabalhadas tanto com os professores, para melhor formação, como com os alunos para estes estarem preparados para compreender e não se tornarem apenas reprodutores de uma opinião da qual decidiram se apossar, pois a indústria do consumo deseja que os indivíduos aceitem tudo pronto, sem questionamento algum. Deixando os consumidores bem confortáveis em relação ao pensar, tudo vem pronto, apenas aceitar. Porque questionar? Porque pensar? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ADORNO, T. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel. (Org.). Comunicação e indústria cultural: Leituras de análise dos meios de comunicação na sociedade contemporânea e das manifestações de massa nessa sociedade. São Paulo: Cia. Editora Nacional Ed. da USP, 1971. BARBOSA, Ana Mãe. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva S.A. São Paulo: 2005. HABERMAS, J. Comunicação, opinião pública e poder. In: COHN, G. Comunicação e indústria cultural: leituras de análise dos meios de comunicaçãona sociedade contemporânea e das manifestaçõesde massa nessa sociedade. São Paulo, Companhia Editora Nacional e Editora da USP, 1971..Dialética e hermenêutica. Para a crítica da hermenêutica de Gadamer. Porto Alegre: L&PM, 1987.Teoría de la Acción Comunicativa, I: Crítica de la Rázon Funcionalista. Madrid: Taurus, 1999. TREVISAN, A. L., Imagem e razão comunicativa. In: SILVEIRA, A. C. M., Comunicação e cultura midiática. Santa Maria: UFSM, 2003.. Pedagogia das imagens culturais: da formação cultural à formação da opinião pública. Ijuí: Ed. da UNIJUÍ, 2002.