Adolescência em Situação de Risco Educação Social em Luanda SIMÃO JOÃO SAMBA



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Transcrição:

Adolescência em Situação de Risco e ae Educação Social em Luanda SIMÃO JOÃO SAMBA

Conselho Editorial Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2014 Simão João Samba Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. Sa44 Samba, Simão João. Adolescência em Situação de Risco e a Educação Social em Luanda/Simão João Samba. Jundiaí, Paco Editorial: 2014. 172 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-304-7 1. Educação Social 2. Luanda 3. Adolescência 4. Situação de Risco I. Samba, Simão João. CDD: 300 Índices para catálogo sistemático: Ciências Sociais 300 Educação - Pedagogia 370 Sociologia da Educação 370.19 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

À memória da minha sempre querida mãe Jacinta Pedro e dos meus inesquecíveis avós maternos, Pedro Kitoco e Luzia Mavando António, que me ensinaram a trilhar os caminhos da verdade e do bem e são presenças constantes em minha trajetória de vida. Às crianças e aos adolescentes angolanos que buscam um sentido para suas vidas, e aos educadores das diferentes áreas e instituições que, através do trabalho que desenvolvem, constroem um futuro melhor para nossos jovens. À minha esposa Meline e aos nossos anjinhos, Pedro e Natânia.

Agradecimentos Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e pelos momentos tão significativos de superação e conhecimentos que tem proporcionado em minha trajetória pessoal e acadêmica. Agradecimentos especiais à profa. dra. Maria Carmelita Yazbek que, como orientadora, soube acompanhar com dedicação e sabedoria o estudo que deu origem a este livro, principalmente nos momentos de discussão e partilha de ideias que nortearam a essência desta obra. Gostaria também de Parabenizá-la pelo profissionalismo e, de modo particular, pelo maravilhoso trabalho e empenho na formação de profissionais e pesquisadores competentes e qualificados neste país. À minha família, principalmente à minha mãe Conceição, aos meus irmãos: Pereira, Domingos, Luzia, Elias, Henriqueta, Aninhas, Maria João, Lito Francisco, Ana e todos os sobrinhos que aceitaram a longa ausência e me incentivaram a caminhar com firmeza nos momentos de desânimo e saudades. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico por ter proporcionado as condições financeiras através da concessão de bolsa de estudo para a materialização deste livro. Aos professores e alunos da Faculdade de Serviço Social do Centro UNISAL, Unidade de Americana, pelo incentivo, acolhida, apoio e amizade ao longo desta trajetória, particularmente aos professores, José Eduardo Roselino, Neusa Penati, Padu, Izalene, Camilo, Sylmara, que contribuíram financeiramente para o pagamento da matricula. Agradecimentos especiais à professora Leny pela amizade e por ter disponibilizado tempo para a revisão final do estudo. À professora e sempre amiga Izalene Tiene, pela amizade, companheirismo e pela presença constante em quase todos os momentos da minha estadia aqui no Brasil. Obrigado por tudo que fizestes para que eu pudesse terminar com êxito esta etapa acadêmica. Aos professores doutores do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: Maria Lúcia Martinelli, Evaldo Vieira, Maria Lúcia Carvalho da Silva, Mariângela, Raquel, Maria Lúcia Barroco, Marta Campos, Maria Lúcia Rodrigues, Myrian Veras Baptista, que me acolheram com carinho e me foram verdadeiros mestres. Às professoras doutoras Silvia Antunes de Freitas e Adélia Cohen, do Instituto Superior João Paulo II, em Angola, que apesar do volume de trabalho que tinham disponibilizaram tempo para fazerem a pesquisa de campo através dos grupos focais com educadores e entrevistas com os adolescentes.

Ao salesiano Pe. Gilberto Pierobom, que apoiou financeiramente a impressão e a encardenação deste estudo. Às professoras Maria Lúcia Martinelli e Myrian Veras Baptista, que leram o projeto e os primeiros capítulos deste estudo no exame de qualificação, sou grato pelo carinho e, principalmente, pelas sugestões e ideias que contribuíram de forma significativa para a qualidade da obra ora apresentada. Agradecimentos especiais aos professores Luis António Groppo e Ada, pela atenção, carinho e companheirismo. Agradeço também por dedicarem tempo para a leitura do projeto na fase da elaboração inicial que trouxe contribuições enriquecedoras antes do processo de seleção. Groppo, obrigado por me acompanhar de perto, desde as primeiras ideias do projeto, e pelo incentivo. Agradecimentos especiais à professora Maria Terezinha Rondelli, pela amizade, companheirismo e por ter aceito a responsabilidade de tutela durante estes dois últimos anos, que permitiu a minha permanência no Brasil para o mestrado. À Kátia, que tem sido a alma deste Programa, sempre acolhedora. Obrigado pela tua amizade sincera e verdadeira, pelo seu jeito simples e humilde e pelas mãos estendidas nos momentos de necessidades. À professora Myrian Faury, que foi a arquiteta de toda esta trajetória. Obrigado pela amizade e pelo incentivo. Ao meu sobrinho Simão Pedro Vieira (Kito), pela tradução do resumo em inglês, e à amiga Jeanine Silveira (Jany), pelo financiamento da primeira revisão deste texto. Ao Projeto Candengues Unidos, que por meio da sua coordenação, educadores e adolescentes abriu as portas para que pudesse realizar a pesquisa de campo. Obrigado pela carinhosa atenção empreendida ao logo do processo investigativo. Aos sempre e inesquecíveis amigos: Chambal, António, Basílio, Cássia, Lucas, Mariana, Joubert e suas famílias, pelo companheirismo, amizade e momentos partilhados. Agradeço ainda aos amigos de Guaianazes, Stela, Maria, Dona Antonieta, sr. Miguel, Fabrício, Pámela, dona Silvia, Fernanda, Filipe. Agradeço a Ana Zagatti e Maria Emília pela amizade e, especialmente, a Silvia Losacco e Marcos Veltri pelo companheirismo, amizade e pelas contribuições ao longo do percurso do mestrado que me ajudaram significativamente. Agradecimentos especiais a todos que, de uma forma ou de outra, me apoiaram para que pudesse terminar com êxito mais esta etapa de formação acadêmica e profissional.

Abreviaturas e Siglas AEA Associação Angolana para a Educação de Adultos. CIES Centro de Informazione e Educazione allo Sviluppo (Centro de Informação e Educação para o Desenvolvimento). CCF Christian Children s Fund. CFESS Conselho Federal de Serviço Social. CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. FNLA Frente Nacional de Libertação de Angola. GOAL É um termo na língua inglesa que significa golo, isto para significar atingir o objectivo. ICCO Organização Intereclesiática para a Cooperação ao Desenvolvimento. INAC Instituto Nacional da Criança. ISUP Instituto Superior João Paulo II. JVA Juventude Vida Associativa. MINARS Ministério da Assistência e Reinserção Social. MPLA Movimento Popular de Libertação de Angola. NAFTA Tratado Norte Americano de Livre Comércio. PAM Programa Alimentar Mundial. PIB Produto Interno Bruto. PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. UNITA União Nacional para Independência Total de Angola. UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância. UNISAL - Centro Universitário Salesiano de São Paulo. USP - Universidade de São Paulo.

Sumário Prefácio...11 Apresentação...13 Considerações Preliminares...19 CAPÍTULO I Angola e o Cenário da Economia Globalizada: nossas histórias...23 1. Os Processos da Globalização e suas Consequências na Contemporaneidade...23 2. Conceituando Pobreza, Desigualdade e Exclusão Social...31 3. Contextualização de Angola...38 4. Caracterização da cidade de Luanda...54 CAPÍTULO II Educação Social e Riscos na População Infanto-Juvenil em Angola...57 1. Educação Social e Vínculos Familiares...57 2. Infância e Adolescência de Risco...75 3. Caracterização da Infância e Adolescência em Situação de Rua...90 CAPÍTULO III O Processo de Educação Social e seus Significados na Visão dos Educadores e Adolescentes...107 1. Metodologia da Pesquisa...107 2. Caracterização do campo de pesquisa...110 3. Análise de Resultados dos Grupos Focais com os Educadores...119 4. Análise das Entrevistas com os Adolescentes...144 Considerações Finais...151 Referências...157

Prefácio Maria Carmelita Yazbek Professora e vice-coordenadora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUC-SP. Pesquisadora do CNPq. Mestre e doutora em Serviço Social pela mesma universidade e pós-doutorada em Fundamentos Políticos das Ideias Contemporâneas no Instituto de Estudos Avançados da USP. Este livro revela-se uma importante contribuição no processo de desvendamento do mundo de crianças e adolescentes angolanos, particularmente daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco, na rua. Esta temática que acompanha a produção intelectual do jovem assistente social, Simão Samba, desde sua graduação em Serviço Social quando, em seu trabalho de conclusão do curso, buscou conhecer em profundidade trajetórias de vida de crianças e adolescentes no contexto de rua em Luanda. O livro, originalmente a dissertação de mestrado de Simão Samba, apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUC-SP, é uma expressão dessa busca de construir um olhar profissional do Serviço Social acerca desse universo e, especialmente, buscar caminhos para enfrentar esta dolorosa consequência da questão social. Assim sendo, coloca como objeto de análise a experiência da organização Candengues Unidos, instituição angolana que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco em Luanda. Nesse sentido, o livro desenvolve importante análise acerca do processo de educação social desenvolvido por esta instituição, evidenciando seu relevante papel na construção das identidades dos educadores e das crianças e adolescentes nela atendidas, e ainda, como afirma o autor, em seu papel de dar visibilidade às formas pelas quais se operacionalizam os processos de socialização, emancipação, autonomia, formação da consciência crítica para a leitura crítica da sociedade onde os mesmos estão inseridos. Nestas páginas, conhecemos adolescentes e educadores que nos colocam diante da situação de crianças e jovens sem proteção, que encontram no saber acumulado pelas práticas educativas um suporte para enfrentar o presente e o futuro. Simão nos fala em justiça, em construir outra forma de sociedade, em construir políticas voltadas ao atendimento de necessidades humanas e especialmente das necessidades protetivas e educativas na Angola. É importante assinalar que este livro é resultado de rigorosa pesquisa bibliográfica e empírica, que abrangeu uma cuidadosa investigação envolvendo aspectos históricos, sociais, econômicos e culturais da realidade angolana. 11

Simão João Samba Na busca de aproximação a esse universo, emerge outro aspecto importante deste livro, expresso na escolha metodológica para a construção do trabalho que procurou delinear um conhecimento mais de perto dos educadores e dos adolescentes usuários dos Candengues Unidos. Assim, entendo que o recurso à coleta de depoimentos e o trabalho de tecê-los revelou-se caminho fértil para alcançar os objetivos a que o autor se propunha e ir mais além: mostrar uma condição social, uma cultura e um tempo histórico, expressando uma realidade social e coletiva. Essa é, sem dúvida, uma contribuição inestimável do estudo de Simão. Em síntese, estamos diante do livro de um jovem e promissor intelectual do Serviço Social angolano, texto instigante e mobilizador, escrito com paixão pela justiça, que enfrenta desafios, polêmicas, e nos leva a levantar novas questões, tratando-se de leitura obrigatória para todos que buscam conhecer um pouco melhor a realidade angolana. Como livro, interessa também a todos que defendem que cabe ao Estado garantir a vida com dignidade à população, cujo direito mais universal é o da sobrevivência Leitura imprescindível para todos os que buscam enfrentar e minimizar as injustiças do tempo presente pela mediação de políticas públicas. 12

Apresentação Luís Antonio Groppo Professor do Programa de Mestrado em Educação do UNISAL. Pesquisador do CNPq. Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Simão, grande ser humano, gente em plenitude. Como corresponder ao desafio de apresentar o livro desta pessoa tão especial? Sim, quando eu e toda esta imensa quantidade de pessoas que têm o Simão como amigo pensam nele, pensamos primeiro no Simão ser humano. O cidadão angolano que se fez, de coração e de direito, também gente brasileira, o aluno do curso de Serviço Social lá naquelas salas tão cordiais do antigo campus Divino Salvador do UNISAL (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), na Americana do nosso querido Brasil, aluno que se fez nosso professor de posturas, de ideias, de presença. Educando-e-educador ativo, pesquisador, inquiridor, engajado, mobilizador e carismático. Tenho um longo convívio com o ser humano, cidadão angolano de coração brasileiro, educador-e-educando Simão. Como amigo, tantas conversas, convívios, narrativas. A ele apresentei meus pais, meus filhos, meus outros amigos. Mas ainda que não houvesse tudo isto, haveria a grande admiração ao assistente social e pesquisador. No mundo acadêmico, tive o privilégio de com ele trocar ideias ao longo de seu processo de formação como pesquisador: para o trabalho de conclusão de curso na graduação em Serviço Social em que ele deu início às investigações sobre o tema que dá norte a este livro, em cuja banca de defesa tive a alegria de participar; para sua dissertação de mestrado em Serviço Social, na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo); e para sua tese de doutorado, sempre em Serviço Social, na mesma PUC-SP em cuja banca de defesa tive a honra de participar como membro da comissão avaliadora. É este o grande Simão que retornou a seu país natal, que tanto ama, a Angola, que deseja libertar-se dos traumas de guerra, das agruras socioeconômicas e dos desatinos dos poderosos. Lá, tenho por certo que muito ele faz pelos seus como professor, pesquisador, assistente social, educador social e cidadão. Ele, cuja casa já tinha virado uma espécie de biblioteca aberta para seus estudantes, tão generoso em compartilhar o que sua terra ainda vem acumulando, ensinando que o saber é algo que só cresce ao se repartir, desconstruindo a aritmética que serve melhor a outros cálculos. Cá neste livro, Simão fala das meninas e meninos em situação de rua em uma região da capital de Angola. Também, da educação social que se volta para estas crianças, em especial a proporcionada pela organização Candengues Unidos. 13

Simão João Samba Ao falar sobre seu livro, desejo começar pelo fim. Nas considerações finais, Simão destaca aquilo que norteou toda a obra: trata-se da sua concepção de educação social. Ela é distinta daquela concepção de educação social que vem se cristalizando no Brasil e que está muito presente nas falas dos próprios educadores da Candengues Unidos. Distinta porque mais completa. A concepção que vem se fazendo predominante trata a educação social como uma intervenção socioeducativa que tem o objetivo de promover a inclusão (dos excluídos ) e a socialização (de crianças e adolescentes em situação familiar ou pessoal vulnerável ). Mas, para Simão, a educação social também tem a ver com a emancipação, a autonomia e a formação da consciência crítica. Vê-se lá nas considerações finais um bonito quadro ou esquema que inclui as quatro grandes metas da educação social: na parte de baixo, o que a concepção hegemônica de educação social compartilha com ele, ou seja, a organização e gestão da vida quotidiana e o fortalecimento de vínculos familiares e sociais ; na parte de cima, contudo, o que Simão permite acrescentar, a saber, a autonomia dos sujeitos e a emancipação social. De modo sábio, em outros momentos do livro, Simão trata também do objetivo de promover a cidadania. Na verdade, a concepção predominante de educação social também costuma apresentar a autonomia, a emancipação e a própria cidadania como seus objetivos. Contudo, investigando o que dizem a respeito deles, seus discursos muitas vezes são vagos, por vezes vazios. Outras vezes, quando falam em cidadania, deslocam-na do seu sentido mais pleno: a cidadania deixa de ser um conjunto de direitos e torna- -se tão somente civilidade e bons modos. Sobre a cidadania, Simão deixa claro que se trata dos direitos do cidadão e, justiça seja feita, esta noção aparece com relevância nos relatos de vários educadores da Candengues Unidos. Quanto à autonomia e à emancipação, Simão procura dar conteúdos mais claros aos termos, e procura indicar como eles podem ser promovidos, para além de apenas incluir os jovens na família e no mundo do trabalho. Ele fala da importância de investir na formação mais plena dos educadores, inclusive com a colaboração mais efetiva das instituições de ensino superior, da necessidade de reconversão da vontade política do Estado que deveria fazer das crianças e adolescentes sua prioridade, com uma forte política social e da urgência de formar uma consciência coletiva da população favorável ao cuidado com as crianças e adolescentes. Penso que ele traçou um bom caminho, desejando uma aproximação mais plena entre educação social e transformação social para além da mera mudança local ou transformação individual mesmo diante de relatos em que educadores pouco transcendiam a dimensão do pessoal e insistiam que sua principal meta era a promoção da autoestima dos seus educandos. Apesar deste significativo esforço do Simão, penso que ainda fica o desafio de dar mais substância a estes objetivos ou 14

Adolescência em Situação de Risco e a Educação Social em Luanda metas de promover a emancipação e a autonomia dos sujeitos, tanto para os próximos escritos do amigo angolano, quanto para outros interessados em enveredar por estes temas tão candentes. Há outros importantes méritos deste livro. A densa pesquisa bibliográfica que o fundamenta é um deles, em que o autor, com maestria, passa do geral ao local, de questões e processos mais amplos, como a globalização, aos mais focalizados, justamente, na vulnerabilidade de meninos e meninas em Sambizanga. Também, a instigante e aprofundada pesquisa empírica com jovens educandos e educadores sociais, por meio de entrevistas individuais e por grupos focais. Nesta, valorizou- -se sobremaneira as experiências e as vozes dos sujeitos, narrando seu cotidiano, valores, metas, realizações e dificuldades. A descrição cuidadosa das estratégias da pesquisa de campo a respeito das trajetórias e histórias de vida de educandos e educadores, feita no início do Capítulo 3, também serve ao leitor como exemplo de uma bela estruturação de investigação empírica, com propostas e soluções que podem contribuir com pesquisas afins. O Capítulo 1, Angola e o Cenário da Economia Globalizada: nossas histórias, trata, com base na bela pesquisa bibliográfica acima registrada, tanto a globalização e o neoliberalismo quanto o modo como a questão social se expressa na trajetória de um dado país, Angola, e de uma cidade em especial, Luanda. Destaca-se tanto a apresentação qualificada das faces desumanas do atual estágio do sistema capitalista mundial, quanto a explicação vinda de alguém que viveu de perto tais processos das agruras de uma Angola cuja guerra civil deixou problemas socioeconômicos e políticos sérios, aos quais se somam novos problemas trazidos por outros desmanches da globalização neoliberal e outros desmandos da gestão nacional. Discussão mais detalhada sobre a educação social é feita no Capítulo 2, Educação Social e Riscos na População Infantojuvenil em Angola, que também destaca a expressão da questão social nas crianças e adolescentes que, em Angola, padecem do desrespeito aos seus direitos. Apresenta-se a educação social como uma intervenção socioeducativa que pode e deve estar presente não apenas no que é chamado de educação formal programas socioeducativos para além da escola mas na própria educação formal e, enfim, na educação informal das famílias e comunidades. Coloca-se a perspectiva da educação social como uma possibilidade de integrar estes vários espaços educativos formal, não formal e informal. Pesquisas sobre a relação entre educação não formal e formal no Brasil, na década passada e atual, têm mostrado o quanto é difícil esta articulação entre a educação formal e a escolar, no que se refere às crianças, jovens e adolescentes das camadas populares. No caso angolano, chama atenção a dificuldade das crianças e adolescentes acessarem a escola pública, e tantas vezes as instituições que oferecem programas socioeducativos externos à escola têm sido o único lugar que acolhe os meninos e meninas que perambulam pelas ruas. 15