ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO DO CAPITAL E AS NOVAS ESPACIALIDADES URBANAS: O COMÉRCIO DE AUTO-SERVIÇO EM UBERLÂNDIA (MG)



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Transcrição:

GEISA DAISE GUMIERO CLEPS ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO DO CAPITAL E AS NOVAS ESPACIALIDADES URBANAS: O COMÉRCIO DE AUTO-SERVIÇO EM UBERLÂNDIA (MG) Rio Claro (SP) 2005

1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO DO CAPITAL E AS NOVAS ESPACIALIDADES URBANAS: O COMÉRCIO DE AUTO-SERVIÇO EM UBERLÂNDIA (MG) Geisa Daise Gumiero Cleps Orientador: Prof. Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho Tese de Doutorado elaborada junto ao Curso de Pós-Graduação em Geografia - Área de Concentração em Organização do Espaço, para obtenção do Título de Doutor em Geografia. Rio Claro (SP) 2005

G330.971681 Cleps, Geisa Daise Gumiero C628c Estratégias de reprodução do capital e as novas espacialidades urbanas: o comércio de auto- serviço em Uberlândia MG / Geisa Daise Gumiero Cleps. Rio Claro : [s.n.], 2005 317 f. : il., gráfs., tabs., fots., mapas Tese (doutorado) Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Pompeu Figueiredo de Carvalho 1. Geografia comercial Brasil. 2. Comércio. 3. Hipermercados. 4. Novas centralidades. 5. Espaço urbano. 6. Cidades I. Título. Ficha Catalográfica elaborada pela STATI Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP

2 COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr Pompeu Figueiredo de Carvalho (Orientador) Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares Profa. Dra. Silvia Aparecida Guarniere Ortigoza Prof. Dr. Roberto Braga Prof. Dr. José Francisco - aluno(a)- Geisa Daise Gumiero Cleps Rio Claro, 05 de maio de 2005 Resultado:

3 Ao JOÃO, companheiro e amigo, com todo o meu carinho. Ao meu querido e pequeno rapazinho, JOÃO GABRIEL, presente do paizinho do céu, razão do meu viver que, na sua pureza de coração, ensinou-me a admirar o orvalho da manhã e o pôr- do- sol, fazendo-me acreditar num amanhã melhor do que hoje. Mesmo sabendo que este trabalho jamais compensará minhas ausências, às vezes nos momentos mais importantes da nossa convivência, esta dedicatória vale também como um pedido de desculpa e de demonstração do meu amor.

4 AGRADECIMENTOS À minha família pela compreensão e paciência em todos os momentos em que me ausentei do lar enquanto mãe, mulher, filha e irmã. Ao João, companheiro e amigo, que desde o mestrado incentivou-me e ajudou-me em todas as horas, especialmente nas mais difíceis. Mais do que companheiro de jornada, pai e colega de trabalho, ele sempre esteve presente nas pesquisas e na busca de materiais que pudessem me ser útil. Aos meus pais, Antonio e Angelina, que sempre me apoiaram e que vêem na conclusão deste trabalho a realização de um sonho de infância. Obrigado pelo carinho, pelos constantes incentivos, pela formação e pelo amor com que vocês me criaram. Ao meu irmão José Luis que, durante todo este período, tem procurado suprir minha ausência junto aos nossos pais. Em especial, quero agradecer ao Prof. Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho pelo estímulo intelectual, pela confiança depositada em nosso trabalho, pela compreensão demonstrada num momento de extrema dificuldade, quando nos ensinou um novo caminho: o da amizade e da tolerância, os quais nos proporcionaram um amadurecimento não só científico, mas, acima de tudo, de respeito ao próximo. Obrigada, professor, pelas importantes sugestões durante o exame de qualificação, pela eficiente e paciente orientação, pela sua dedicação e cavalheirismo tão difícieis de encontrar nos dias de hoje. Agradeço todo o esforço e empenho da Profa. Dra. Lucia Helena Gerardi que assumiu nossa orientação por um determinado tempo, curto, mas suficiente para mostrarnos o verdadeiro sentido da palavra amizade, respeito e confiança. Aproveito para agradecer também ao Prof. Dr. Adler Viadana que, mesmo sem conhecer-nos o suficiente, também contribui para que o processo de doutoramento tivesse continuidade.

5 Ao Prof. Dr. Roberto Braga, do Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento, da Unesp de Rio Claro, pelas importantes sugestões durante a realização do exame de qualificação. Aos colegas do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia que nos incentivaram, em especial à Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares, pelas sugestões de leituras, pelas importantes discussões sobre o urbano e pelas longas conversas que tanto contribuíram para a realização do trabalho; ao Prof. Dr. Willian Rodrigues Ferreira pelos esclarecimentos sobre as políticas públicas praticadas no urbano de Uberlândia. Ao Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues, colega com o qual dividimos a sala de trabalho e que, por tantas vezes, ouviu lamentações, partilhou de dúvidas e, no final do trabalho, auxiliou-nos na impressão de mapas. Ao Prof. Ms. Sylvio Luiz Andreozzi pelas contribuições e o apoio prestado, principalmente durante sua estadia em Rio Claro. À amiga, Profa. Dra. Silvia Aparecida Ortigoza, do Departamento de Geografia da Unesp de Rio Claro, que muito contribuiu nas discussões sobre o tema, sobretudo na indicação de leituras e obras. À Universidade Federal de Uberlândia, na pessoa do pró-reitor de pós-graduação, Prof. Dr. Eduardo Nunes Guimarães, pelo auxílio na confecção dos exemplares do trabalho. À Lúcia, Janete e Mizmar, do Instituto de Geografia, pelo carinho e atenção durante todos esses anos e, ainda, pela colaboração na realização de ligações telefônicas, envio de correspondências e fax, pelos cafezinhos e fornecimento de materiais de consumo que tanto nos ajudaram na realização da pesquisa. Aos técnicos da seção de Pós-Graduação que sempre nos auxiliaram, especialmente à Valéria e à Eliana pela atenção e competência demonstrada durante os anos de mestrado e doutorado. Às bibliotecárias: Moema, Mônica, Nilza e Márcia pela ajuda toda vez que foram por nós requisitadas.

6 Ao Rodrigo pela paciência demonstrada frente às nossas exigências no processo de confecção dos mapas, ao Guilherme (o Gui) que tantas vezes nos ajudou a resolver os problemas de informática e elaborou conosco as páginas iniciais de alguns capítulos; à Jureth e ao Eduardo pelo auxílio na montagem de várias figuras que ilustram o trabalho; e ao Eduardo Moraes, do setor de Divisão Gráfica da UFU, pela preciosa ajuda na montagem dos exemplares. À Profa. Sonia Maria Guimarães de Oliveira que, desde o processo de qualificação do mestrado, tem contribuído com indispensáveis sugestões, correções gramaticais e ortográficas que auxiliam o entendimento e a leitura de nossos trabalhos. A todos os empresários, gerentes de marketing, diretores executivos e funcionários das redes varejistas que atuam no Brasil, principalmente em Uberlândia, agradeço a atenção dispensada, os esclarecimentos e as informações prestadas. Quero destacar a preciosa colaboração da Rede Valor, pertencente ao Grupo Peixoto, especialmente ao Sr. Paulo Henrique Dini que, com extenso conhecimento e experiência, deu-nos uma verdadeira aula sobre o varejo brasileiro. Ao Engenheiro Rogério, da Secretaria de Trânsito e Transporte, à Ivone, Maria Cristina e Gilmar, da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Uberlândia, pelos esclarecimentos e pelo fornecimento de mapas, fotos e figuras que tanto contribuíram para a análise das transformações do espaço urbano uberlandense. À Isabella que conosco partilha a paixão pelo tema. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, confiaram na realização deste trabalho, deixo registrado o meu muito obrigada.

7 O PORTAL O homem, ao elaborar um objeto arquitetônico, confina-se com muros e espaços até então inexistentes: encerra uma parcela abstrata do cosmos infinito, criando um universo significante e finito. A soleira da porta é a fronteira que delimita estes mundos e representa o ponto de passagem do natural para o particular. O portal é um momento energético que celebra o ato de entrada do fora para o dentro, do vazio para o contido e é o local mágico onde se conjugam os mistérios próprios da natureza e com aqueles produzidos pelos sentimentos do homem em seus domínios. Sabe-se que a excelência de ambos os ambientes será sempre um fator determinante na formação físico/espiritual do ser humano. Qual deles influi, fundamentalmente, na qualidade da sua vida? O espaço externo, representado pela natureza, ou o espaço interno da arquitetura, criado pelo homem? A tentativa de dar uma resposta a esta indagação se revela na observação sensível do poeta persa Dijalal al- Rumi, escrita no início do século XIII. Ele relata a história de uma princesa. É primavera. A nobre e sábia senhora, parada na soleira da porta de seu palácio, contempla os seus jardins. Um servo se aproxima respeitosamente e exclama: Alteza, olhe lá fora a beleza da paisagem, é um milagre feito por Deus! Ela então replica: Estou de acordo, mas olhe para dentro e verás onde Ele mora. Casé, Paulo. A cidade desvendada: reflexões e polêmicas sobre o espaço urbano.rio de Janeiro: Ediouro, 2000, p.18.

8 SUMÁRIO ÍNDICE... 09 ÍNDICE DE TABELAS... 11 ÍNDICE DE QUADROS... 12 ÍNDICE DE GRÁFICOS... 15 ÍNDICE DE MAPAS... 17 ÍNDICE DE FIGURAS... 19 RESUMO... 21 ABSTRACT... 22 INTRODUÇÃO... 23 CAPÍTULO I O COMÉRCIO NO CONTEXTO DAS CIDADES E DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA... 35 CAPÍTULO II - O COMÉRCIO, O CONSUMO E A DISTRIBUIÇÃO: AS RELAÇÕES COM A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NO CAPITALISMO... 70 CAPÍTULO III AS ESTRATÉGIAS DAS PEQUENAS REDES DE VAREJO FRENTE À EXPANSÃO E À CONCENTRAÇÃO DOS GRANDES GRUPOS DE DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL... 110 CAPÍTULO IV UBERLÂNDIA E A FORMAÇÃO DA REDE URBANA DO TRIÂNGULO MINEIRO... 160 CAPÍTULO V O COMÉRCIO DE UBERLÂNDIA E AS NOVAS ESPACIALIDADES URBANAS... 195 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 272 REFERÊNCIAS... 279 ANEXOS... 292

9 ÍNDICE INTRODUÇÃO... 23 CAPÍTULO I - O COMÉRCIO NO CONTEXTO DAS CIDADES E DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA... 35 1.1. A PRODUÇÃO DA CIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES... 36 1.2. O ESPAÇO URBANO E O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA... 48 1.3. A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO URBANO E A ATIVIDADE COMERCIAL NAS METRÓPOLES... 53 1.4. AS CIDADES E OS LUGARES DO COMÉRCIO... 60 CAPÍTULO II - O COMÉRCIO, O CONSUMO E A DISTRIBUIÇÃO: AS RELAÇÕES COM A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NO CAPITALISMO... 70 2.1. O DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO NAS CIDADES... 72 2.2. A LÓGICA SOCIAL DO CONSUMO... 80 2.3. O COMÉRCIO E A DISTRIBUIÇÃO... 84 2.4. AS NOVAS FORMAS DE DISTRIBUIÇÃO: OS SUPERMERCADOS E OS HIPERMERCADOS... 86 2.5. A EXPANSÃO E A DINÂMICA ATUAL DOS HIPERMERCADOS NO BRASIL... 92 CAPÍTULO III - AS ESTRATÉGIAS DAS PEQUENAS REDES DE VAREJO FRENTE À EXPANSÃO E À CONCENTRAÇÃO DOS GRANDES GRUPOS DE DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL... 110 3.1. AS PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS COMERCIAIS E EMPRESARIAIS DOS GRANDES GRUPOS DE AUTO-SERVIÇO QUE ATUAM NO BRASIL... 112 3.2. OS PRINCIPAIS GRUPOS DE HIPERMERCADOS E A FORMAÇÃO DE REDES... 130 3.2.1. Rede Wal-Mart... 130 3.2.2. Grupo Pão de Açúcar... 131 3.2.3. Grupo Carrefour... 137 3.2.4. Rede Sonae... 143 3.2.5. Rede Bompreço... 147 3.2.6. Hipermercados Sendas... 149 3.3. O MOVIMENTO DAS PEQUENAS EMPRESAS DO AUTO-SERVIÇO NO CONTEXTO ATUAL... 151

10 CAPÍTULO IV - UBERLÂNDIA E A FORMAÇÃO DA REDE URBANA DO TRIÂNGULO MINEIRO... 160 4.1. A ATIVIDADE COMERCIAL E A FORMAÇÃO REGIONAL DO TRIÂNGULO MINEIRO... 161 4.1.1. O Abastecimento das Gerais e o Surgimento do Comércio... 161 4.1.2. O Desenvolvimento do Comércio na Região do Triângulo Mineiro 165 4.2. A INFLUÊNCIA DE UBERLÂNDIA NO DESENVOLVIMENTO DA REDE URBANA DO TRIÂNGULO MINEIRO... 171 4.3. A FORMAÇÃO DE UBERLÂNDIA E A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO ATACADISTA... 190 CAPÍTULO V - O COMÉRCIO DE UBERLÂNDIA E AS NOVAS ESPACIALIDADES URBANAS... 195 5.1. O SETOR TERCIÁRIO NA CIDADE DE UBERLÂNDIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES... 196 5.2. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE UBERLÂNDIA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PLANEJAMENTO... 205 5.3. O DESENVOLVIMENTO ATUAL DO COMÉRCIO DE UBERLÂNDIA E A FORMAÇÃO DE NOVAS ESPACIALIDADES URBANAS... 222 5.3.1. As Formas de Abastecimento e os Atuais Estabelecimentos do Comércio Varejista da Cidade de Uberlândia... 222 5.3.2. Supermercados Irmãos Bretas: Um Exemplo de Localização Estratégica... 234 5.3.3. O Pratic Center, o Griff Shopping e o CDN: Precursores de Novas Espacialidades... 239 243 5.4 AS REDES DE ASSOCIAÇÕES DE SUPERMERCADOS EM UBERLÂNDIA... 5.4.1. A Rede Smart de Supermercados... 246 5.6.2. A Rede Valor de Supermercados... 252 5.5 O COMPLEXO CENTER SHOPPING E A CONCENTRAÇÃO DO COMÉRCIO E 259 DOS SERVIÇOS EM UBERLÂNDIA... 272 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 279 REFERÊNCIAS... 292 ANEXOS... ANEXO I PLANILHA DOS BAIRROS INTEGRADOS POR SETORES, PMU 2005... 293 ANEXO II SEDUR: DIVISÃO DE PLANEJAMENTO SOCIAL; DADOS POPULACIONAIS ESTIMATIVA/ 2003 ZONA URBANA... 295 ANEXO III PLANO DIRETOR DE UBERLÂNDIA, LEI COMPLEMENTAR Nº 078 DE 27/04/1994... 301 ANEXO IV NÚMERO DE VEÍCULOS QUE CIRCULAM PELOS PRINCIPAIS CRUZAMENTOS EXISTENTES NA AVENIDA JOÃO NAVES DE ÁVILA, NO ENTORNO DO COMPLEXO CENTER SHOPPING E CENTRO ADMINISTRATIVO... 317

11 ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 BRASIL: PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS NO FATURAMENTO DO AUTO-SERVIÇO, 2002-2003 (%)... 108 TABELA 2 CLASSIFICAÇÃO DAS DEZ MAIORES EMPRESAS DO SETOR DE AUTO-SERVIÇO QUE ATUAM NO BRASIL 2004... 119 TABELA 3 BRASIL: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS DO AUTO-SERVIÇO POR ESTADOS 2004... 122 TABELA 4 BRASIL: EVOLUÇÃO DAS REDES E ASSOCIAÇÕES DE SUPERMERCADOS, 2000-2003... 153 TABELA 5 UBERLÂNDIA: POPULAÇÃO ABSOLUTA, POPULAÇÃO URBANA E POPULAÇÃO RURAL, 1940-2000... 188 TABELA 6 UBERLÂNDIA: RELAÇÃO PERCENTUAL DAS TAXAS DE URBANIZAÇÃO, 1970-2000... 189 TABELA 7 LOCALIZAÇÃO DAS REGIONAIS E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS À REDE VALOR 2004... 254

12 ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 1 BRASIL: PRIMEIROS SUPERMERCADOS IMPLANTADOS NAS UNIDADES FEDERATIVAS... 95 QUADRO 2 BRASIL: EMPRESAS LÍDERES DO SETOR SUPERMERCADISTA, POR FATURAMENTO BRUTO 2004... 107 QUADRO 3 PRINCIPAIS FUSÕES E AQUISIÇÕES EMPRESARIAIS DO AUTO-SERVIÇO BRASILEIRO (1997-2004)... 113 QUADRO 4 LOCALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS REDES DE HIPERMERCADOS QUE ATUAM NO BRASIL, POR ESTADOS EM 2004... 116 QUADRO 5 CLASSIFICAÇÃO DAS DEZ MAIORES EMPRESAS DO SETOR DE AUTO-SERVIÇO LOCALIZADAS NA REGIÃO SUDESTE 2003... 120 QUADRO 6 CLASSIFICAÇÃO DAS DEZ MAIORES EMPRESAS DO SETOR COM SEDE EM MINAS GERAIS 2003... 123 QUADRO 7 TRIÂNGULO MINEIRO ALTO PARANAÍBA: CLASSIFICAÇÃO DAS MELHORES EMPRESAS SUPERMERCADISTAS NO RANKING DA ABRAS, EM 2003... 124 QUADRO 8 LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS DA REDE WAL-MART 2002... 131 QUADRO 9 LOCALIZAÇÃO DAS LOJAS DA REDE PÃO DE AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO 2004... 133 QUADRO 10 LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS DO GRUPO CARREFOUR 2004, POR MODALIDADE... 139 QUADRO 11 LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE HIPERMERCADOS CARREFOUR NO BRASIL 2004... 141 QUADRO 12 LOCALIZAÇÃO, NÚMERO DE LOJAS E BANDEIRAS DO GRUPO SONAE 2004 144

13 QUADRO 13 LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS BOMPREÇO NO BRASIL 2004, POR MODALIDADES... 147 QUADRO 14 CLASSIFICAÇÃO DAS REDES E ASSOCIAÇÕES DE NEGÓCIOS, POR FATURAMENTO BRUTO-2004... 154 QUADRO 15 IMPLANTAÇÃO DAS PRINCIPAIS REDES DE CIRCULAÇÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO, 1958-2004... 169 QUADRO 16 MESORREGIÃO GEOGRÁFICA TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA - CLASSES DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA DOS MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO URBANA SUPERIOR A 10 MIL HABITANTES: 1980-1991/ 1991-2000 174 QUADRO 17 HIERARQUIA URBANA DO TRIÂNGULO MINEIRO: REGIÃO DE INFLUÊNCIA DE UBERLÂNDIA... 180 QUADRO 18 REDE URBANA BRASILEIRA 1999... 181 QUADRO 19 BRASIL: POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL, POR ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE, 1980/1991/2000... 184 QUADRO 20 CIDADES MINEIRAS: PARTICIPAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS NO PIB PER CAPITA 2003... 190 QUADRO 21 BRASIL: MAIORES EMPRESAS DO SETOR ATACADISTA, POR FATURAMENTO BRUTO EM 2004... 193 QUADRO 22 UBERLÂNDIA: TOTAL DE EMPRESAS FORMAIS POR SUB-SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA, 1997-2002... 197 QUADRO 23 UBERLÂNDIA: ESTRUTURA BANCÁRIA EXISTENTE EM 2003... 200 QUADRO 24 UBERLÂNDIA: BAIRROS INTEGRADOS, POR SETORES 2004... 213 QUADRO 25 UBERLÂNDIA: DADOS POPULACIONAIS DOS BAIRROS INTEGRADOS, POR SETORES 2004... 214

14 QUADRO 26 ZONAS DE PLANEJAMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA 1991 219 QUADRO 27 PRINCIPAIS EMPRESAS VAREJISTAS DE UBERLÂNDIA (MG), 2003-2004... 225 QUADRO 28 IRMÃOS BRETAS: LOCALIZAÇÃO DAS REGIONAIS E LOJAS DE ABRANGÊNCIA 2004... 236 QUADRO 29 PRATIC CENTER PRINCIPAIS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E DE SERVIÇOS 2005... 239 QUADRO 30 NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS Á REDE SMART, POR ESTADO E PÓLOS REGIONAIS 2004... 247 QUADRO 31 REDE SMART: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS, PÓLO TRIÂNGULO MINEIRO 2004... 250 QUADRO 32 REGIONAL MINAS GERAIS: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS À REDE VALOR, EM 2004... 251 QUADRO 33 CENTER SHOPPING PRINCIPAIS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E DE SERVIÇOS 2005... 267

15 ÍNDICE DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 PARTICIPAÇÃO DAS REGIÕES SOBRE O FATURAMENTO DAS LOJAS, 2003 (EM %)... 114 GRÁFICO 2 PARTICIPAÇÃO DAS REGIÕES SOBRE O NÚMERO DE LOJAS - 2003 (EM %)... 115 GRÁFICO 3 BRASIL: NÚMERO DE LOJAS DE AUTO-SERVIÇO EM OPERAÇÃO, 1994-2003 (EM MIL UNIDADES)... 125 GRÁFICO 4 BRASIL: EVOLUÇÃO DA ÁREA DE VENDAS DO SETOR DE AUTO-SERVIÇO, 1994-2003 (EM MILHÕES DE M2)... 125 GRÁFICO 5 BRASIL: FATURAMENTO DO SETOR DE AUTO-SERVIÇO VAREJISTA 1990-2003 (EM BILHÕES DE DÓLARES)... 126 GRÁFICO 6 AUTO-SERVIÇO: PRINCIPAIS FORMAS DE PAGAMENTO, 2001-2003 (%)... 127 GRÁFICO 7 BRASIL: EVOLUÇÃO DAS VENDAS DE PRODUTOS DE MARCA PRÓPRIA,1990-2003 (EM %)... 127 GRÁFICO 8 BRASIL: COMPARATIVO ENTRE O NÚMERO DE LOJAS DO AUTO-SERVIÇO E DE SUPERMERCADOS, 1990-2003 (EM MIL LOJAS)... 128 GRÁFICO 9 BRASIL: EVOLUÇÃO DAS VENDAS DOS HIPERMERCADOS, 1994-2003 (EM BILHÕES DE DÓLARES)... 129 GRÁFICO 10 BRASIL: LOCALIZAÇÃO DAS SEDES DAS REDES E ASSOCIAÇÕES DE AUTO- SERVIÇO, POR ESTADOS 2004 (EM %)... 156 GRÁFICO 11 REDES E ASSOCIAÇÕES: PARTICIPAÇÃO SOBRE AS VENDAS, POR ESTADOS 2003 (EM %)... 157 GRÁFICO 12 BRASIL: NÚMERO DE LOJAS DE AUTO-SERVIÇO ASSOCIADAS EM 2003, POR ESTADOS (EM %)... 157 GRÁFICO 13 PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE NA POPULAÇÃO TOTAL DO BRASIL 1970/1980/1991/2000... 185

16 GRÁFICO 14 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE UBERLÂNDIA (MG), 1900-2004 (EM MILHÕES DE HABITANTES)... 187 GRÁFICO 15 UBERLÂNDIA: PARTICIPAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS NO PIB 2000 (EM %)... 197 GRÁFICO 16 UBERLÂNDIA: PARTICIPAÇÃO DO PESSOAL OCUPADO POR SETORES DA ECONOMIA, 1960-1999 (EM%)... 198 GRÁFICO 17 PARTICIPAÇÃO DOS SEGMENTOS ECONÔMICOS NA ARRECADAÇÃO DO ICMS 2001... 199 GRÁFICO 18 EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO DOS SUPERMERCADOS IRMÃOS BRETAS, 1996-2003 (EM MILHÕES DE REAIS)... 238

17 ÍNDICE DE MAPAS MAPA 1 BRASIL: LOCALIZAÇÃO DOS HIPERMERCADOS DA REDE PÃO DE AÇÚCAR 2004... 134 MAPA 2 LOCALIZAÇÃO DOS HIPERMERCADOS DA REDE PÃO DE ACÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO 2004.... 136 MAPA 3 BRASIL: LOCALIZAÇÃO DOS HIPERMERCADOS CARREFOUR 2004... 140 MAPA 4 BRASIL: LOCALIZAÇÃO DAS LOJAS DO GRUPO SONAE 2004.... 145 MAPA 5 BRASIL: LOCALIZAÇÃO DAS LOJAS DA REDE BOMPREÇO 2004.... 148 MAPA 6 MESORREGIÃO GEOGRÁFICA TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA... 166 MAPA 7 MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA E SUL GOIANO: PRINCIPAIS EIXOS VIÁRIOS... 170 MAPA 8 ÁREA DE INFLUÊNCIA DA CIDADE DE UBERLÂNDIA (MG) E A HIERARQUIA URBANA REGIONAL 2004... 177 MAPA 9 REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA: ÁREA SE INFLUÊNCIA DA CIDADE DE UBERLÂNDIA (MG) 2004... 189 MAPA 10 MINAS GERAIS: LOCALIZAÇÃO DAS CIDADES COM POPULAÇÃO SUPERIOR A 50 MIL HABITANTES, EM 2000... 186 MAPA 11 SETOR CENTRAL DE UBERLÂNDIA: PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS URBANOS, DÉCADA DE 1950... 208 MAPA 12 UBERLÂNDIA MG: DIVISÃO EM SETORES... 212 MAPA 13 LOCALIZAÇÃO DAS LOJAS DE AUTO-SERVIÇO EM UBERLÂNDIA (MG) 2004, (POR BAIRROS)... 229

18 MAPA 14 IRMÃOS BRETAS FILHOS E CIA. LTDA.: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS- 2004... 235 MAPA 15 BRASIL: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS À REDE SMART 2004... 248 MAPA 16 LOCALIZAÇÃO DAS LOJAS ASSOCIADAS À REDE SMART, PÓLO TRIÂNGULO MINEIRO 2004... 249 MAPA 17 BRASIL: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS À REDE VALOR- 2004... 253 MAPA 18 LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS À REDE VALOR EM MINAS GERAIS 2004... 255 MAPA 19 UBERLÂNDIA: LOCALIZAÇÃO E NÚMERO DE LOJAS ASSOCIADAS À REDE VALOR 2004... 257 MAPA 20 UBERLÂNDIA MG: MAPA DE USO E OCUPÇÃO DO SOLO 1984... 260 MAPA 21 UBERLÂNDIA MG: MAPA DE USO E OCUPÇÃO DO SOLO 2004... 261

19 ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 HIPERMERCADO CARREFOUR DE UBERLÂNDIA (MG)-VISTA LATERAL... 142 FIGURA 2 HIPERMERCADO MERCADORAMA, AVENIDA SÃO PAULO MARINGÁ (PR)... 146 FIGURA 3 HIPERMERCADO BIG, AVENIDA TUIUTI MARINGÁ (PR)... 146 FIGURA 4 REGIÃO DO ENTORNO DO SHOPPING CENTER 2004... 202 FIGURA 5 FOTO AÉREA DA CIDADE DE UBERLÂNDIA EM 1940... 206 FIGURA 6 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS URBANOS IMPLANTADOS NO SETOR CENTRAL DA CIDADE... 209 FIGURA 7 UBERLÂNDIA: ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA MOGIANA CONSTRUÍDA EM 1941... 210 FIGURA 8 ANTIGO LEITO DA ESTRADA DE FERRO MOGIANA AV. FLORIANO PEIXOTO COM JOÃO NAVES DE ÁVILA... 210 FIGURA 9 EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO URBANA PLANO DIRETOR DE UBERLÂNDIA PMU, 1994... 216 FIGURA 10 ESTRUTURAÇÃO URBANA PROPOSTA PELO PLANO DIRETOR DE UBERLÂNDIA PMU, 1994... 217 FIGURA 11 PLANTA DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE NOVA VIA DE TRANSPORTE SOBRE A AVENIDA RONDON PACHECO E AVENIDA JOÃO NAVES 2005... 221 FIGURA 12 VISTA PARCIAL DA LOJA MAKRO DE UBERLÂNDIA 2004... 223 FIGURA 13 CENTRAL DE ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS UNIDADE UBERLÂNDIA... 230

20 FIGURA 14 VISTA PARCIAL DO SHOPPING CENTER SUL LOCALIZADO NA AVENIDA FERNANDO VILELA COM A AVENIDA ARTHUR BERNARDES, BAIRRO MARTINS (SETOR CENTRAL)... 232 FIGURA 15 SHOPPING CENTER SUL: VISTA LATERAL - AVENIDA ARTHUR BERNARDES... 232 FIGURA 16 UBERLÂNDIA: LOJAS DA REDE SE SUPERMERCADOS BRETAS... 237 FIGURA 17 VISTA PARCIAL DO TERMINAL CENTRAL... 240 FIGURA 18 VISTA PARCIAL DO SHOPPING POPULAR AVENIDA JOÃO PESSOA... 240 FIGURA 19 ENTRADA PRINCIPAL DO PRATIC CENTER AVENDA JPÃO NAVES DE ÁVILA... 240 FIGURA 20 ENTRADA PRINCIPAL DO GRIFF SHOPPING AVENIDA RONDON PACHECO... 242 FIGURA 21 VISTA PARCIAL DO CENTRO DE NEGÓCIOS CDN (BUSINESS CENTER )... 242 FIGURA 22 EMPÓRIO VIDA: SUPERMERCADO DE VIZINHANÇA ASSOCIADO À REDE SMART, BAIRRO SANTA MÔNICA, SETOR LESTE, UBERLÂNDIA (MG), 2004... 251 FIGURA 23 SUPERMERCADO LISBOA: ASSOCIADO À REDE SMART, SANTO ANASTÁCIO (SP), 2005... 251 FIGURA 24 SUPERMERCADO DANYELLA ASSOCIADO À REDE VALOR (SETOR OESTE)... 256 FIGURA 25 VISTA AÉREA DA CIDADE DE UBERLÂNDIA 1979... 263 FIGURA 26 VISTA AÉREA DA CIDADE DE UBERLÂNDIA 2004... 264 FIGURA 27 COMPLEXO CENTER SHOPPING: HOTEL PLAZA SHOPPING, CENTER CONVENTION E O HIPERMERCADO CARREFOUR 269 FIGURA 28 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS URBANOS LOCALIZADOS NAS AVENIDAS JOÃO NAVES DE ÁVILA E RONDON PACHECO 2005... 271

21 RESUMO Estudando a história do comércio vemos que a localização sempre foi considerada como um pré-requisito para a sua instalação. Por isso, o comércio sempre ocupou um lugar estratégico no espaço das cidades. Atualmente, em função das importantes transformações que têm ocorrido com o sistema produtivo mundial, têm-se novas modalidades comerciais que necessitam de grandes áreas para se instalarem. Na busca de novos espaços, antes considerados periféricos, as grandes redes de comércio criam novas espacialidades urbanas, novas centralidades ligadas à natureza das trocas de mercadorias, valorizam áreas no seu entorno. Como manifestação das necessidades de diferentes sociedades e em diferentes momentos, o desenvolvimento do comércio varejista deu-se de forma espontânea. De uma função social a uma função econômica, o comércio foi inventando e adotando novas técnicas, expandindo, incorporando e promovendo mudanças nas relações de troca e, principalmente, no espaço onde elas ocorrem. Nesse sentido, este trabalho propõe-se a analisar as novas espacialidades urbanas criadas a partir da instalação de grandes superfícies comerciais, em especial dos hipermercados, no Brasil e na cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Considerada como uma cidade média, com mais de 578 mil habitantes, no início de 2005, após a instalação do Hipermercado Carrefour e do Shopping Center, a cidade passou a apresentar um novo centro comercial, de consumo, de serviços, de idéias, de lazer, de valores sociais e culturais. Palavras-chave: comércio, hipermercados, novas espacialidades, espaço urbano, Uberlândia (MG).

22 ABSTRACT Studying the history of commerce, we note that the localization has invariably been a prerequisite for its installation. Because of this, commerce has always occupied a strategic place in city space. Nowadays, due to important changes that have taken place in the global production system, new commercial concepts have arisen that requires large areas for their installation. In search of new areas, previously considered as outlying, large commercial networks create new urban spaces, increase the value of surrounding land and new centers that are appropriate for the nature of the enterprise. Demonstrating the needs of different societies and on different occasions, the developments of retail commerce came about spontaneously. From social to economic functions, commerce invented and adopted new commercial techniques, expanding, incorporating and promoting changes in exchange relationship and principally, in the areas where these changes occur. Within this aspect, this study proposes to analyze the new urban spaces that have been created as a result of large commercial areas, especially the hypermarkets in Brazil and in the city of Uberlândia, Minas Gerais. Classified as a medium-sized town having more than 578.000 inhabitants. At the beginning of the year 2005, after the establishment of the Hypermarket Carrefour and the Shopping Center, the town has presented a new commercial center for consumption, technical assistance, ideas, recreation and social and cultural values. Key words: commerce, hypermarkets, new centers, urban space, Uberlândia (MG).

24 INTRODUÇÃO A história atual das sociedades está vinculada à origem das inovações que, gradativamente, foram desenvolvendo-se para responder às necessidades sociais. As redes de informação, as ferrovias, as rodovias, os meios de transportes em geral, a telegrafia, a telefonia e a teleinformática permitiram que ocorresse a redução das distâncias possibilitando uma maior velocidade na circulação de mercadorias, de informações, bem como um maior fluxo de pessoas, de idéias e de consumo. Ao satisfazer as necessidades mais imediatas, sejam elas de sobrevivência, reais ou imaginárias, criam-se outras tantas que se vão ampliando, resultantes de excedentes crescentes desigualmente distribuídos, à medida que as mesmas vão sendo supridas. Como resposta a essas necessidades, surgiram novas formas de organização sócio-econômicas e políticas que promovidos pelo desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção em que, os recursos técnico-científicos constituem uma demanda social que, ao serem introduzidos nas sociedades, transformam processos de interação entre os homens e os objetos. Atualmente, a sociedade encontra-se envolvida num processo dinâmico em que os lugares vão adquirindo novas características e valores e, ao mesmo tempo, vão perdendo outros. Carlos (1996, p. 26) afirma que a produção espacial realiza-se no plano do cotidiano e aparece nas formas de apropriação, de utilização e de ocupação de um determinado lugar, num momento específico que, através de seu uso, revela-se como produto da divisão social e técnica do trabalho e que produz uma morfologia espacial fragmentada e hierarquizada. Sendo o lugar produto das relações entre os homens e a natureza as quais se realizam no plano vivido, torna-se fundamental analisar a sua produção, indissociável da produção da vida que se realiza através da acumulação da técnica. Portanto, a compreensão do lugar está vinculada à análise das relações espaçotempo no mundo moderno. As inovações tecnológicas têm conduzido a profundas transformações no processo produtivo mundial, nas mudanças nos meios de comunicação, na organização e na reorganização dos espaços, na divisão territorial e social do trabalho e, ao mesmo tempo, têm permitido a ligação dos espaços em redes de fluxos cada vez mais densas que ultrapassam as fronteiras. Nesse sentido, ao analisarem-se os modos de produção, identificam-se momentos históricos nos quais o acúmulo e o desenvolvimento de novas

25 técnicas promovem importantes mudanças que (re)produzem e (re)organizam os espaços. As condições tecnológicas, sociais, culturais e científicas, criaram formas políticas e organizacionais que possibilitaram o desenvolvimento das sociedades, principalmente no mundo Ocidental. Mais recentemente, no período que muitos estudiosos denominam de Terceira Revolução Industrial, promoveu-se a implantação de uma nova organização da produção que tem como principais características a homogeneização de valores, de costumes, de hábitos, de padrões de consumo e de comportamento; e a dispersão geográfica da produção, onde as mercadorias passaram a ser produzidas em diferentes etapas e territórios e consumidas em nível mundial. Dessa maneira, a informação e a aceleração da reprodução do capital tornaram-se os principais mentores para o desenvolvimento de tal processo. Harvey (1992) define as transformações na relação espaço-tempo de dinâmica de compreensão espaço/tempo. Segundo ele, o que se busca é a diminuição do tempo do percurso e não do espaço deste que continua sendo o mesmo. Harvey afirma ainda que, mesmo com a redução do tempo, os fluxos materiais e imateriais, ao se deslocarem, percorrem um espaço concreto. Reforça-se a idéia de que o processo de mundialização permitiu a eliminação das fronteiras e das barreiras geográficas para as atividades sócioeconômicas, numa escala mundial. Ou seja, a diminuição das distâncias promoveu o aumento da velocidade relativa da interação social na qual a aceleração dos ritmos econômicos diminuiu as barreiras espaciais através do uso de novas técnicas de informação. A integração de diferentes pontos no território realiza-se por intermédio das novas redes de telecomunicações e se materializa através de estratégias de localização geográfica, promovendo o fortalecimento das vantagens locacionais e a diferenciação dos lugares pelo seu conteúdo, tais como os incentivos fiscais, os recursos naturais, a mão-de-obra, as redes de transportes, de energia, de telecomunicações, entre outros. Considerando que o meio técnico-científico é resultante da produção social, Santos (1997) afirma que a sociedade alcançou uma mudança de relação com a natureza onde o princípio unitário do mundo é a sociedade mundial. Assim, o espaço torna-se único à medida que os lugares mundializamse. Por isso, o lugar revela a essência do mundo uma vez que todos os lugares são suscetíveis aos movimentos da totalidade. A informação, a tecnologia e a ciência interagem com o social. Pode-se dizer que a compreensão de dada forma espacial é um dos elementos de redefinição dos processos