Análise de déficit de trabalho decente Empresa Hotel Tropical



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Transcrição:

1 SEDE NACIONAL Rua Dona Brígida 299 - Vila Marina São Paulo/ SP Fone: (+ 55 11) 3105-0884 / Fax: (+ 55 11) 3107-0538 observatorio@os.org.br www.os.org.br Análise de déficit de trabalho decente Empresa Hotel Tropical RELATÓRIO DA 1ª FASE DE PESQUISAS SÃO PAULO MARÇO 2012 1

2 Instituto Observatório Social DIRETORIA EXECUTIVA CUT Aparecido Donizeti da Silva Vagner Freitas de Moraes João Antônio Felício ValeirErtle Maria Inês Barreto DIRETORIA EXECUTIVA CEDEC DIRETORIA EXECUTIVA UNITRABALHO Carlos Roberto Horta DIRETORIA EXECUTIVA DIEESE João Vicente Silva Cayres CONSELHO DIRETOR CUT Rosane da Silva Aparecido Donizeti da Silva Denise Motta Dau Quintino Marques Severo Vagner Freitas de Moraes Jacy Afonso de Melo João Antônio Felício Valeir Ertle CONSELHO DIRETOR DIEESE Maria Luzia Feltes João Vicente Silva Cayres CONSELHO DIRETOR UNITRABALHO 2

3 Francisco José Carvalho Mazzeu Silvia Araújo TulloVigevani Maria Inês Barreto CONSELHO DIRETOR - CEDEC CONSELHO FISCAL EFETIVO Alci Matos Araújo Manoel Messias Nascimento Melo Antônio Sabóia Barros Junior CONSELHO FISCAL SUPLÊNCIA José Celestino Lourenço Adeílson Ribeiro Telles Eduardo Alves Pacheco COORDENAÇÃO TÉCNICA Coordenador institucional: Amarildo Dudu Bolito Coordenadora de pesquisa: Lilian Arruda EQUIPE TÉCNICA Hélio da Costa Juliana Sousa Vicente Gomes Macedo Neto 3

4 Sumário Introdução... 6 Metodologia de indicadores de Trabalho Decente... 7 1. Oportunidades de emprego... 8 2. Trabalho inaceitável... 8 3. Salários adequados e trabalho produtivo... 9 4. Jornada Decente... 9 5. Estabilidade e garantia no trabalho... 10 6. Equilíbrio entre trabalho e vida familiar... 11 7. Tratamento justo no emprego... 11 8. Trabalho seguro... 12 9. Proteção social na empresa... 13 10. Diálogo social... 14 11. Trabalho doméstico... 14 1. Panorama do Setor Hoteleiro..... 14 1.1 Introdução... 15 1.2 Dados do mercado hoteleiro nacional no Brasil...16 1.3 Total de hotéis no Brasil 2011...18 1.4 Ranking das cadeias hoteleiras...18 1.5 Receita média por apartamento...19 1.6 Número de trabalhadores e trabalhadoras empregadas na hotelaria no Brasil...20 1.7 Demanda ao ano...21 1.8 Participação do setor na economia nacional...22 1.9 Principais segmentos...23 1.10 Distribuição regional...26 1.11 Perspectiva do segmento hoteleiro no Brasil...28 2. Perfil da empresa 0 Hotel Tropical...30 2.1. História da empresa... 30 2.2. Responsabilidade social e ambiental... 30 2.3. Relação da empresa com o sindicato...33 3. Análise de déficit de Trabalho Decente... 33 4

5 3.1. Oportunidade de emprego... 34 3.2 Trabalho inaceitável... 34 3.3 Salários adequados e trabalho produtivo... 34 3.4 Jornada decente... 39 3.5 Estabilidade e garantia de trabalho... 35 3.6 Equilíbrio entre trabalho e vida familiar... 35 3.7 Tratamento digno no emprego... 36 3.8. Trabalho seguro... 37 3.9 Proteção social na empresa... 38 3.10 Diálogo social... 38 Considerações finais... 39 5

6 Introdução O Instituto Observatório Social (IOS) tem adotado a Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho (liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva, eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, abolição efetiva de trabalho infantil, e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação) e as Convenções da OIT nelas incluídas como principais referências para a construção de seus indicadores e metodologia. Mas a própria OIT fixou como seu objetivo central a promoção de um trabalho decente para todos os homens e mulheres em qualquer parte do mundo, combinando quatro pilares estratégicos: a promoção de emprego com proteção social, respeito aos Direitos Fundamentais do Trabalho (DFTs) e com diálogo social. Trabalho Decente é definido como "oportunidades a que mulheres e homens possam obter um trabalho digno e produtivo em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana" 1. O Observatório Social, neste trabalho, amplia o escopo de abordagem em suas pesquisas, adotando o conceito de Trabalho Decente desenvolvido pela OIT. Neste sentido, o desafio do IOS foi adaptar os indicadores para o nível da empresa e incluir dimensões até então ausentes na referência de análise. Para isso, criou um conjunto de indicadores que norteiam o trabalho de pesquisa, a confecção desses indicadores está assentada nas convenções da OIT. A construção de indicadores tem o objetivo de monitorar o déficit de Trabalho Decente mediante pesquisas, comparar realidades distintas no que se refere às condições de trabalho, disponibilizar mais uma ferramenta para a ação sindical e, simultaneamente ao processo de pesquisa, difundir o conceito de trabalho decente entre trabalhadores e organizações sindicais. 1 ILO, Decent Work: Report of the Director General, International Labour Conference, 87 th Session. 6

7 Os indicadores são divididos em 10 temas, de acordo com o conceito de Trabalho Decente: oportunidades de emprego, trabalho inaceitável, salários adequados de trabalho produtivo, jornada decente, estabilidade e garantia de trabalho, equilíbrio entre trabalho e vida familiar, tratamento digno no emprego, trabalho seguro, proteção social, diálogo social. O tema, contexto socioeconômico, embora faça parte do conceito de Trabalho Decente, não está entre os temas abordados pelos indicadores do IOS, uma vez que não é aplicável ao nível da empresa, condiciona, contudo, os outros aspectos que compõem o conceito de Trabalho Decente. Este estudo faz parte de um projeto desenvolvido com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) que tem o objetivo, permeando formação sindical e pesquisa, de estabelecer uma plataforma de negociação coletiva. Nesse sentido, a execução do projeto é uma parceria entre as seguintes entidades da CUT: Secretaria Nacional de Formação (SNF), Secretaria de Relações de Trabalho (SRT) e Instituto Observatório Social (IOS) com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT). As empresas a serem estudados foram escolhidas juntamente com os ramos e sindicatos dos setores a serem estudados: construção civil, hotelaria, têxtil e calçados, trabalho doméstico. Metodologia de indicadores de Trabalho Decente A construção de indicadores de Trabalho Decente foi um trabalho coletivo dos pesquisadores do IOS, baseado em convenções da OIT. A partir dos indicadores foram construídas as ferramentas da pesquisa, questionários para dirigentes sindicais e trabalhadores, com a colaboração a SNF e SRT e, posteriormente, com a colaboração de dirigentes sindicais presentes nos módulos de formação. As convenções da OIT foram utilizada de acordo com os temas abordados: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao tema: 7

8 1. Oportunidades de emprego - Convenio 88 sobre el servicio de empleo - Convenio 122 sobre la política del empleo, 1964 - Recomendación 122 sobre la política del empleo, 1964 - Recomendación 169 sobre la política del empleo (disposiciones complementarias), 1984 - Convenio 181 sobre las agencias de empleo privadas, 1997 - Recomendación 188 sobre las agencias de empleo privadas, 1997 - Convenio 142 sobre desarrollo de los recursos humanos, 1975 - Recomendación 195 sobre el desarrollo de los recursos humanos, 2004 Os indicadores relativos à existência de oportunidades de emprego para todos que procurem trabalho, referem-se às informações sobre emprego/participação entre mulheres, jovens (15 a 24 anos) no emprego assalariado. Além disso, verifica a presença de trabalhadores terceirizados e informais. As informações são comparadas com a média do setor e, se necessário, da região. 2. Trabalho inaceitável As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao tema: - Convenio 29 sobre el trabajo forzoso, 1930 - Convenio 105 sobre la abolición del trabajo forzoso - Convenio 138 sobre la edad mínima, 1973 - Recomendación 146 sobre la edad mínima, 1973 - Convenio 182 sobre las peores formas de trabajo infantil, 1999 - Recomendación 190 sobre las peores formas de trabajo infantil, 1999 A OIT identificou duas formas de trabalho inaceitáveis: trabalho escravo e 8

9 trabalho infantil. Estas sugestões não se aplicam ao nível da empresa, sendo necessário partir das reflexões que o IOS já acumulou para construir os indicadores. É possível, porém, encontrar tais formas de trabalho na cadeia produtiva e na cadeia de fornecedores. Pode haver também, situações de trabalho de menores de idade em condições, penosas, periculosas e insalubres. 3. Salários adequados e trabalho produtivo As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao tema: - Convenio 131 sobre la fijación de salarios mínimos, 1970 - Recomendación 135 sobre la fijación de salarios mínimos, 1970 - Convenio 140 sobre la licencia pagada de estudios, 1974 - Convenio 95 sobre la protección del salario, 1949 - Recomendación 85 sobre la protección del salario, 1949 Estes indicadores referem-se ao trabalho que garanta rendimentos e assegure o bem estar do trabalhador e de seus familiares. O trabalho deve assegurar o aspecto dinâmico da continuidade da garantia de remuneração, por exemplo, o da melhoria do trabalho futuro via treinamento e escolarização. 4. Jornada Decente As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao tema: - Convenio 47, sobre las 40 horas, 1935 - Convenio 14 sobre el descanso semanal (industria), 1921 - Convenio 89 sobre el trabajo nocturno (mujeres) (revisado), 1948 - Protocolo de 1990 relativo al Convenio (revisado) sobre el trabajo nocturno (mujeres), 1948 - Convenio 106 sobre el descanso semanal (comercio y oficinas), 1957 9

10 - Recomendación 103 sobre el descanso semanal (comercio y oficinas), 1957 - Convenio 132 y Convenio 52 sobre las vacaciones pagadas (revisado), 1970- - Convenio 171 sobre el trabajo nocturno, 1990 - Recomendación 178 sobre el trabajo nocturno, 1990 - Convenio 175 sobre el trabajo a tiempo parcial, 1994 - Recomendación 182 sobre el trabajo a tiempo parcial, 1994 - Recomendación 116 sobre la reducción de la duración del trabajo, 1962 Três aspectos do TD estão relacionados à jornada decente: horas excessivas de trabalho (jornada excessiva) e jornada atípica podem ser prejudiciais à saúde física e mental e impedem o equilíbrio entre trabalho e vida familiar; jornada excessiva é um sinal de salário inadequado; jornada de curta duração (jornada insuficiente) pode indicar oportunidades de emprego inadequadas. 5. Estabilidade e garantia no trabalho tema: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao - Convenio N. 44, sobre el desempleo; Recomendación N. 44, sobre el desempleo y - - Recomendación N. 176, sobre el fomento del empleo y la protección contra el desempleo. - Convenio N. 158, sobre la terminación de la relación de trabajo; Recomendación N. 166, sobre la terminación de la relación de trabajo. - Recomendación 198 sobre la relación de trabajo, 2006 Aqui se trata de estabilidade e segurança do emprego, considerado um dos mais importantes aspectos do TD. A perda do emprego afeta os custos econômicos, a acumulação de capital humano, os sistemas e o acesso a benefícios e pensões, bem como a vida pessoal. Podem ser analisados os seguintes aspectos: duração do emprego inferior a um ano; emprego temporário, percepção da segurança no emprego no futuro. 10

11 6. Equilíbrio entre trabalho e vida familiar tema: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao - Convenio 156 sobre los trabajadores con responsabilidades familiares, 1981 - Recomendación 156 sobre los trabajadores con responsabilidades familiares, 1981 Esta conciliação é uma preocupação das políticas públicas em muitos países, é basicamente uma questão de gênero. O cuidado das crianças e de outros familiares é central para se alcançar as Metas do Milênio da ONU. O princípio da OIT (C. 156) é que as pessoas que tenham responsabilidades familiares possam obter emprego, sem serem discriminadas. As responsabilidades familiares não devem ser motivo para a demissão. Questões gerais relativas às políticas de emprego neste sentido: proteção do emprego para empregados que tenham que se ausentar do trabalho para atender contingências familiares (maternidade e cuidado de filhos); políticas por parte das empresas para que trabalhadores conciliem trabalho e vida familiar. 7. Tratamento justo no emprego tema: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao - Convenio 111 sobre la discriminación (empleo y ocupación), 1958 - Recomendación 111 sobre la discriminación (empleo y ocupación), 1958 - Convenio 100 sobre la igualdad de remuneración, 1951 - Recomendación 90 sobre igualdad de remueneración, 1951 - Convenio 159 sobre la readaptación profesional y el empleo 11

12 (personas inválidas), 1983 - Recomendación 99 sobre la adaptación y la readaptación profesionales de los inválidos, 1955 - Recomendación 168 sobre la readaptación profesional y el empleo (personas inválidas), 1983 Este tópico refere-se principalmente às Convenções 100 e 111 da OIT. Além delas, o significado de Tratamento Justo no Emprego compreenderia trabalho sem assédio ou exposição à violência, autonomia no trabalho, existência de mecanismos justos de solução de conflitos ou de tratamento de queixas (estes últimos relacionados à existência de diálogo social). Entre os indicadores sugeridos estão a 1) segregação ocupacional por sexo e 2) o percentual de mulheres em cargos de gerência e administração. Entre outros indicadores já mencionados em itens anteriores, os principais referem-se à participação das mulheres no emprego, diferenciais salariais em ocupações selecionadas. Duas outras considerações para futuro desenvolvimento: Segregação por outros motivos (religião, etnia, origem nacional etc.) e Assédio. 8. Trabalho seguro tema: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao - Convenio núm. 121 y Recomendación núm. 121 - Convenio 81 sobre la inspección del trabajo, 1947 - Recomendación 81 sobre la inspección del trabajo, 1947 - Convenio 120 sobre la higiene (comercio y oficinas), 1964 - Recomendación 120 sobre la higiene (comercio y oficinas), 1964 - Convenio 155 sobre seguridad y salud de los trabajadores, 1981 - Protocolo de 2002 del Convenio sobre seguridad y salud de los trabajadores. 1981 - Recomendación 164 sobre seguridad y salud de los trabajadores, 1981 - Convenio 161 sobre los servicios de salud en el trabajo, 1985 - Recomendación 171 sobre los servicios de salud en el trabajo, 1985 12

13 - Convenio 167 sobre seguridad y salud en la construcción, 1988 - Recomendación 175 sobre seguridad y salud en la construcción, 1988 - Convenio 187 sobre el marco promocional para la seguridad y salud en el trabajo, 2006 - Recomendación 194 sobre la lista de enfermedades profesionales, 2002 - Recomendación 197 sobre el marco promocional para la seguridad y salud en el trabajo, 2006 O tema segurança e saúde no trabalho está relacionado com condições que preservem e promovam a integridade física e psicológica do trabalhador. Algumas questões devem ser abordadas: número de acidentes ocorridos em determinado período; incidência de doenças ocupacionais; avaliação da atuação da CIPA. 9. Proteção social na empresa tema: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao - Convenio 103, sobre la protección de la maternidad - Convenio 102 sobre la seguridad social (norma mínima), 1952 - Convenio núm. 102 - Convenio núm. 130 y Recomendación núm. 134 - Convenio núm. 168 y Recomendación núm. 176 - Convenio núm. 128 y Recomendación núm. 131 Proteção contra as contingências da vida, tais como doenças, envelhecimento e deficiência física e mental, bem como da pobreza. Em estudos sobre empresas, o grau com que estas se preocupam com a seguridade dos seus empregados poderia ser medido através de normas e sistemas como: fundos privados de aposentadoria e pensão, plano de saúde, licença maternidade (e paternidade). Sobre a licença maternidade, duas dimensões importantes são a duração da licença em relação ao previsto em lei e a garantia do emprego após o retorno ao 13

14 trabalho. 10. Diálogo social tema: As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao - Resolución N 52 sobre los derechos sindicales y su relación con las libertades civiles (adoptada el 25 de junio de 1970), - Convenio 87 sobre la libertad sindical y la protección del derecho de sindicación, 1948 - Convenio 98 sobre el derecho de sindicación y negociación colectiva, 1949 - Convenio 135 sobre los representantes de los trabajadores, 1971 - Recomendación 143 sobre los representantes de los trabajadores, 1971 - Convenio 151 sobre las relaciones de trabajo en la administración pública, 1978 - Recomendación 159 sobre las relaciones de trabajo en la administración pública, 1978 - Convenio 154 sobre la negociación colectiva, 1981 - Recomendación 91 sobre los contratos colectivos, 1951 - Recomendación 163 sobre la negociación colectiva, 1981 - Convenio 144 sobre la consulta tripartita (normas internacionales del trabajo), 1976 - Recomendación 152 sobre la consulta tripartita (actividades de la Organización Internacional del Trabajo), 1976 - Recomendación 113 sobre la consulta (ramas de actividad económica y ámbito nacional), 1960 Considera-se neste tópico o quanto os trabalhadores podem se expressar no âmbito da empresa em assuntos relativos ao seu trabalho e participar nas decisões sobre as condições de trabalho. Distinguem formas de participação individual e coletiva, através de representantes eleitos. Os indicadores estão relacionados com organização sindical e à negociação coletiva, referem-se ao respeito aos acordos e convenções coletivas, livre exercício da ação sindical e dos trabalhadores, presença da organização no local de trabalho, 14

15 interlocução constante com a empresa. Neste caso, os indicadores abordam as especificidades do trabalho doméstico: jornada excessiva, acúmulo de atividades e desvio de funções, o domicílio da família é o local de trabalho. 11. Trabalho doméstico Por fim, para subsidiar a pesquisa sobre emprego doméstico foram utilizadas as seguintes convenções da OIT: - Convenção (No 189); - Recomendação (No 201) sobre Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos de 2011. Neste caso, os indicadores abordam as especificidades do trabalho doméstico: jornada excessiva, acúmulo de atividades e desvio de funções, o domicílio da família é o local de trabalho. 1. Panorama do Setor Hoteleiro no Brasil 1.1 Introdução As perspectivas para o mercado hoteleiro no Brasil, desde 2010, são bastante favoráveis do ponto de vista da indústria da hotelaria. Tendo em vista a expansão da demanda, ao passo que se projeta ampliação restrita da oferta, o incremento das diárias deve ser impulsionado progressivamente, o que resultará na elevação da margem de lucro dos hotéis. Gerando rendimentos crescentes, o investimento hoteleiro torna-se cada vez mais atrativo e as incorporadoras estão optando preferencialmente em desenvolver esse tipo de empreendimento, num cenário macroeconômico caracterizado pela disponibilidade de crédito, de financiamentos pelo BNDES por meio do 15

16 Programa BNDES Pró-Copa Turismo, bem como pelas possibilidades decorrentes da realização dos eventos esportivos no país Rio +20 em 2012, Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016 2. Diante do cenário de crescimento acelerado e dos ganhos de competitividade do turismo no Brasil, segundo o Ministério do Turismo o mercado interno poderá alcançar, em 2014, o patamar de 500 milhões de postos de trabalho nas atividades características do turismo, com 35,4 mil estabelecimentos hoteleiros, 78 milhões de desembarques domésticos e 7 milhões de turistas estrangeiros, com impacto de US$ 9 bilhões em divisas internacionais. Nesse sentido, as redes hoteleiras e as instituições governamentais têm centrado atenção à disponibilidade de unidades habitacionais nas cidades-sede da Copa. Há a expectativa, conforme anunciou o Ministério do Turismo, de que os investimentos privados somem R$ 8 bilhões na hotelaria brasileira entre 2010 e 2014 3. 1.2 Dados do mercado hoteleiro nacional No Brasil, apesar de várias instituições oficiais serem responsáveis pelo desenvolvimento do turismo nacional como Embratur, Ministério do Turismo, e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), há grande dificuldade de encontrar dados estatísticos sobre o número de hotéis de pequeno e grande porte instalados em território nacional. Segundo, dados levantados pela Hotel On Line 4, até 31 de dezembro de 2006, o Brasil tinha 9.162 estabelecimentos de hospitalidade. Este número representou um total de 417.415 quartos comercialmente operacional em base diária durante todo o ano em mais de 5.000 localidades (cidades, distritos e áreas turísticas) nos 27 estados do Brasil. 2 Fonte: Hotel Invest. Panorama da Hotelaria Brasileira Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Curitiba e Porto Alegre, 2010/2011. 3 MELLO, Gustavo; GOLDENSTEIN, Marcelo. Perspectivas da Hotelaria no Brasil. BNDES Setorial 33, 2011: p. 29. 4 Agência Hotel On Line, responsável pela publicação de notícias e bancos de dados sobre o setor hoteleiro brasileiro desde de 1996. Os presentes dados foram publicados em http://www.globaltrade.net/f/market-research/text/brazil/travel-tourism-food-service-activities-hotel- Infrastructure-in-Brazil.html, acessado em 18/11/2011. 16

17 Os estabelecimentos principais, que formam complexos hoteleiros no Brasil, estão relacionados a vários segmentos do turismo, tais como: negócios, lazer, esportes, religioso, rural e assistência médica. As principais cadeias hoteleiras internacionais que atuam no Brasil são Accor, Best Western, Sol Meliá, Hilton, Starwood, Granada, Club Med, Posadas, Marriott, Orient Express, Bass e Choice 5. Ainda de acordo com a agência entre 2003 e 2007 o número de estabelecimentos criados passou de 711 para 903, o que representa um crescimento de 27% em quatro anos. O número de hotéis operados por grandes redes aumentou aproximadamente 12,3% nos últimos anos. As redes hoteleiras nacionais e internacionais entre 2007 e 2008 eram as responsáveis pela administração de apenas 903 hotéis, resorts e flats, enquanto 8.373 estabelecimentos eram caracterizados enquanto independentes. Este estudo revelou que as redes nacionais tiveram maior crescimento do número de hotéis operados em comparação às redes internacionais. O crescimento do número de estabelecimentos administrados pelas redes nacionais passou de 520 unidades em 2006 para 610 em dezembro 2007, caracterizando um crescimento de 17,31%. Em contrapartida, o crescimento das redes internacionais foi mais modesto, com a administração de 284 meios passaram a operar 293 unidades durante o mesmo período, representando um crescimento de 3,17%. Já o número de participação das bandeiras estrangeiras no mercado hoteleiro também foi menor em comparação às nacionais. Em 2007 a participação das primeiras era de 3,15%, enquanto das brasileiras cresceu de 5,68% em 2006 para 6,58% no mesmo ano. No ranking das dez maiores empresas hoteleiras no país, a Accor Hospitality permanece no topo com maior número de unidades, operando 139 hotéis até dezembro de 2007. As redes Atlantica International Hotels e a Blue Tree Hotels ficaram na 5 http://www.bndes.gov.br/sitebndes/export/sites/default/bndes_pt/galerias/arquivos/conhecimento/seto rial/get4is19.pdf, acessado em 11/11/2011. 17

18 segunda e terceira posições, operando 58 e 27 unidades respectivamente. Em 2003 apenas a Sol Meliá ocupava o terceiro do ranking com a direção de 26 estabelecimentos. Quanto ao número de unidades habitacionais em 2007, a Accor permanece como a principal das redes, oferecendo 21.195 apartamentos, em seguida aparece a Atlantica com 9.205 e a Blue Tree com 5.575 UHs. No âmbito do desempenho das empresas nacionais, a Blue Tree Hotels lidera o ranking com 27 empreendimentos em dezembro de 2007, seguida pelas empresas Hotéis Othon S/A (26) e rede Nacional Shelton Inn (21). A lógica do ranking também não se altera ao analisar as unidades habitacionais oferecidas: a Blue Tree com 5.575, Othon com 3.258 e a Nacional Shelton Inn com 2.647. De modo geral, o estudo aponta que tanto no número de hotéis operados, quanto na quantidade de empresas atuando em rede neste mercado apontam para o crescimento 6. 1.3 Total de hotéis no Brasil em 2011 A tabela 1 a seguir apresenta uma estimativa do número de hotéis e flats no Brasil em 2011, considerando-se os hotéis administrados por cadeias hoteleiras nacionais e internacionais, além dos hotéis independentes os hotéis pertencentes a cadeias hoteleiras nacionais com menos de 600 quartos também foram considerados como hotéis independentes. O percentual de empreendimentos independentes é bastante expressivo sendo o mercado hoteleiro brasileiro pouco concentrado somando 92,3% do total de hotéis no Brasil, abrangendo 73,2% dos quartos disponíveis. Já com relação aos empreendimentos vinculados a cadeias, embora as redes nacionais possuam maior número de hotéis do que as redes internacionais (370 e 365, respectivamente), as cadeias internacionais apresentam maior número de quartos, englobando 15,0% do total, enquanto as cadeias nacionais representam 11,8%. 6 http://www.portodenoticias.com.br/noticia.asp?id=2102, acessado em 18/11/2011. 18

19 Tabela 1: Total de hotéis e flats no Brasil em 2011* Total de hotéis e flats no Brasil Hotéis % Quartos % Hotéis e flats de cadeias nacionais 370 3,9 53.137 11,8 Hotéis e flats de cadeias internacionais 365 3,8 67.150 15,0 Hotéis independentes com até 20 quartos 3.488 36,5 38.545 8,6 Hotéis independentes com mais de 20 quartos 5.341 55,8 290.040 64,6 Total 9.564 100,0 448.872 100,0 Fonte: Jones Lang. LaSalle Hotels. Hotelaria em Números. Brasil 2011, p. 7. *Inclui hotéis inaugurados até julho de 2011. 1.4 Ranking das cadeias hoteleiras A partir da tabela 2 visualizamos o ranking das cadeias hoteleiras nacionais e internacionais, bem como da rede independente. No topo do ranking está a rede Accor, francesa que agrega uma série de hotéis dentre esses, Novotel e Ibis, que possui 142 hotéis no Brasil e detém 23.569 quartos no país, ou cerca de duas vezes e meia o número de quartos oferecidos pela segunda colocada, a Choice. Tabela 2: Ranking das cadeias hoteleiras nacionais e internacionais no Brasil* 2011 Cadeia hoteleira Número de quartos Nº de hotéis Independente 96.089 1.307 1 Accor 23.569 142 2 Choice 9.374 62 3 Louvre Hotels 5.278 27 4 Blue Tree 4.172 25 5 Nacional Inn 3.985 34 6 Transamérica 3.523 21 7 IHG 3.124 13 8 Windham 3.090 15 9 Windsor 2.819 10 10 Slaviero 2.772 20... 38 Tropical 850 3 39 Hilton 846 2 Fonte: Jones Lang. LaSalle Hotels. Hotelaria em Números. Brasil 2011, p. 7. *Inclui hotéis inaugurados até julho de 2011. 1.5 Receita Média por Apartamento (RevPAR) 19

20 O desempenho das unidades e dos parques hoteleiros demonstra-se pela variável RevPAR, que resulta da multiplicação da taxa de ocupação do hotel pela tarifa média cobrada, representando, desse modo, a receita bruta média diária de cada unidade habitacional (quarto) do hotel. A próxima tabela (tabela 3) informa acerca da receita média por apartamento registrada em 2008 por algumas capitais brasileiras, comparativamente a outras cidades de referência no mundo: Tabela 3: Receita média por apartamento (RevPAR) de cidades brasileiras: Jan-Jul/2009 Jan-Jul/2010 São Paulo 94,92 117,22 Rio de Janeiro 172,58 191,82 Porto Alegre 111,25 128,84 Florianópolis 82,87 79,35 Belo Horizonte 104,70 127,31 Fortaleza 91,65 109,60 Salvador 115,01 121,22 Brasília 112,15 135,74 Vitória 104,07 115,36 Curitiba 75,10 89,23 Fontes: FOHB e Senac com base em amostra de 223 hotéis. Elaboração: BNDES Setorial 33: 2011, p. 27. A receita média por apartamento na soma dessas cidades foi de R$ 106,43 entre Janeiro e Julho de 2009, sendo a maior receita média observada no Rio de Janeiro, R$ 172,58, o maior valor verificado nas cidades observadas. No mesmo período de 2010, a receita média nacional dessas cidades subiu para R$ 121,57 e a equivalente ao Rio de Janeiro elevou-se para R$ 191,82, crescimentos de aproximadamente 14% e 11%, respectivamente, com relação ao mesmo período do ano anterior. Em Fortaleza, cidade que atrai inúmeros turistas brasileiros e do exterior, a receita média por apartamento foi de R$ 91,65 de Janeiro a Julho de 2009 e de R$ 109,60 no mesmo período de 2010, com expansão significativa de 19,6%. 1.6 Número de trabalhadoras e trabalhadores empregados na hotelaria no Brasil 20

21 Uma empresa de consultoria para investimentos em hotelaria realizou cálculo do número de trabalhadoras e trabalhadores por apartamento disponível, que atuaram no setor hoteleiro no Brasil em 2010, segundo o tamanho (flat ou hotel) e a categoria (expressa pelo valor médio da diária) da hospedagem, conforme verificamos na tabela abaixo (tabela 4): Tabela 4: Número de funcionários por apartamento disponível em 2010 Diária média acima de R$ 285 Hotéis Diária média entre R$ 165 - R$ 285 Diária média abaixo de R$ 165 Brasil - Departamento Flats Média Apartamentos 0,31 0,22 0,15 0,18 0,18 Alimentos e bebidas 0,36 0,22 0,08 0,03 0,10 Telefone 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 Outros Deptos Operacionais 0,02 0,01 0,01 0,01 0,01 Administração 0,12 0,07 0,03 0,03 0,04 Marketing e Vendas 0,04 0,02 0,01 0,01 0,01 Manutenção 0,06 0,04 0,01 0,02 0,02 Outros 0,01 0,02 0,01 0,01 0,01 Total 0,93 0,60 0,30 0,30 0,38 Fonte: Jones Lang. LaSalle Hotels. Hotelaria em Números. Brasil 2011, p. 13. Com relação ao primeiro item apresentado na tabela, Apartamentos em que estão incluídos os serviços de recepção, governança, reservas e portaria, assim como serviços de limpeza e lavanderia, dentre outros 7 observamos que os hotéis com diárias acima de R$ 285,00 disponibilizam 0,31 funcionário por apartamento, o que equivale a um funcionário responsável por mais de 3 quartos. Já no que se refere às hospedagens com diária entre R$ 165,00 e R$ 285,00, há um funcionário para atendimento a de 4,55 quartos e, quanto às hospedagens com diária abaixo de R$ 165,00, um funcionário é responsável por serviços a 6,67 quartos. A média no 7 Assumimos esses tipos de serviço em virtude dos esclarecimentos disponíveis no glossário do documento, que explica que os custos e despesas com os apartamentos envolvem: salários e encargos da recepção, governança, reservas e portaria. Outras despesas incluem material de limpeza, lavanderia, enxoval, amenidades para hóspedes, uniformes, despesas com reservas, comissão aos agentes de viagens, TV a cabo, etc. Fonte: Jones Lang. LaSalle Hotels. Hotelaria em Números. Brasil 2011, p. 19. 21

22 Brasil, considerando-se hotéis e flats, é de atendimento a 5,56 quartos para cada funcionário. 1.7 Demanda ao ano De acordo com o relatório Panorama da Hotelaria Brasileira publicado pela HVS empresa de consultoria especializada no ramo os principais mercados que compreendem o setor hoteleiro no Brasil estão localizados basicamente em três estados: Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. Segundo o relatório, a demanda de alguns segmentos de hotéis Top (diária acima de R$ 360) no Rio de Janeiro entre os anos 2007 e 2008 sofreu tanto com os impactos de ordem estrutural, como econômica, dentre elas a crise no sistema de transporte aéreo brasileiro, aumento das diárias em dólar e taxas de câmbio desfavoráveis, a qual foi responsável pela inibição do turismo receptivo no país. Em 2008, além da elevação do câmbio, a demanda foi impactada com o surto de dengue no Estado e pela crise financeira internacional, o que fez que o número de hóspedes estrangeiros de perfil corporativo fosse reduzido. Em São Paulo há maior número parque hoteleiro do país. Diferentemente do Rio de Janeiro que recebe mais turistas estrangeiros em temporada de lazer, 90% dos turistas que vem a metrópole paulista são a negócios e eventos, e em média a estadia na cidade é de uma a duas noites. A demanda por hotéis classificados como UPS (diária de R$300,00 a R$600,00) entre 2007 e 2008 cresceu moderadamente devido às próprias limitações ocasionadas pela sazonalidade de mercado, ou seja, na cidade há uma sazonalidade semanal em razão das empresas realizarem seus negócios e eventos durante os dias úteis, bem como o número de procura das mesmas ser reduzido nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Já em Salvador a demanda durante o mesmo período por hotéis UPS (de R$150,00 a R$600,00) passou por ligeira retração devido ao crescimento de ofertas no 22

23 litoral norte de Salvador e aumento da busca por destinos internacionais por parte da demanda doméstica motivada pela valorização do real frente ao dólar. 8. 1.8 Participação na economia nacional (%) Nos últimos três anos o setor hoteleiro começou a apresentar sinais de recuperação em resposta ao ritmo da demanda gerada com o crescimento da economia. Segundo o caderno Economia & Negócio do jornal Estadão, para atender a tal efeito estão previstos R$40 bilhões em investimentos nos próximos dez anos 9. Segundo a empresa de consultoria HVS Global, ao contrário do que se costuma atribuir ao evento da Copa de 2014 o panorama da hotelaria brasileira segue em ritmo de crescimento já há alguns anos, graças a um conjunto de fatores, dentre eles o controle da inflação que conseqüentemente atraiu investidores estrangeiros anos atrás. Paralelamente, o Ministério do Turismo promoveu investimentos para a melhoria e ampliação de alguns serviços e mudanças na oferta e estrutura de transportes aéreo e rodoviário 10. Contudo, com a crise financeira internacional, os investimentos estrangeiros tendem a ser mais cautelosos, e como no Brasil há dificuldades para obter financiamentos, foram criados fundos de investimento imobiliário exclusivo para hotéis. Especificamente para os eventos da Copa de 2014, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou uma nova linha de crédito nomeada de ProCopa Turismo no valor de R$ 1 bilhão para reforma, ampliação e construção de novos empreendimentos, que fazem parte do pacote de medidas a serem implantadas pelo governo federal. Até o momento R$ 210,9 já foram destinados a essas iniciativas 11. 8 http://www.hvs.com/content/2823.pdf, acessado em 10 /Nov/2011. 9 http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,setor-hoteleiro-investira-r-40-bi-em-dezanos,59060,0.htm, acessado em 10 /Nov/2011. 10 http://www.hvs.com/content/2823.pdf, acessado em 10 /Nov/2011. 11 http://www.valor.com.br/empresas/1016638/ha-demanda-para-hoteis-mas-credito-continua-dificil-nobrasil, acessado em 10 /Nov/2011. 23

24 De acordo com uma pesquisa realizada pelo SEBRAE ainda em 2006: Meios de Hospedagem Estrutura de Consumo e Impactos na Economia revela que 90% das empresas de hospedagem são micros e pequenos estabelecimentos. O setor também é um grande consumidor de bens industriais, pois necessitam que haja troca de alguns equipamentos pelo menos uma vez ao ano, como televisores, aparelhos elétricos e eletrônicos, roupas de cama e banho, acabando por movimentar as economias dos estados e municípios. Estima-se que os empreendimentos com menos de 19 empregados sejam responsáveis pela aquisição de mais da metade do estoque de 615 mil unidades de TVs. Os empreendimentos com mais de 100 funcionários detêm 46 mil desses equipamentos. Quando comparado a outros setores, o setor de hospedagem é capaz de internalizar mais intensamente os efeitos multiplicadores na região em que se localiza, com implicações positivas no desenvolvimento nacional. As estimativas dos impactos setoriais dos gastos em alojamento sugerem que entre 50% (no caso de valor da produção) e 25% (no caso de emprego) dos efeitos totais repercutem nos demais setores da economia. A pesquisa mostra ainda que a geração de riquezas está mais concentrada nas regiões Sudeste e, principalmente, Nordeste Apesar de ser responsável pela absorção de 24,5% de todo o pessoal ocupado no País, o Nordeste absorve somente 20,6% do pessoal ocupado na cadeia produtiva do setor de hospedagem, o que sugere maior produtividade média da mão de obra ocupada na cadeia produtiva do setor. O setor é responsável por cerca de 300 mil postos de trabalho. O custo da geração de emprego na hotelaria é um dos mais baixos da economia brasileira, exigindo um valor de produção de R$ 16 mil. Se compararmos com outros setores como o da construção civil ou o têxtil, observa-se que o valor para gerar emprego requer quase o dobro (cerca de R$ 28 mil). O setor da siderurgia é outro exemplo, apresentando um custo quatro vezes maior (R$ 68 mil) 12. 12 http://www.sebrae.com.br/setor/turismo/empresas/hotel-epousada/gestao/integra_bia/ident_unico/3864, acessado em 18/11/2011. 24

25 1.9 Principais segmentos De acordo com o relatório publicado pela HVS a divisão de segmentos dos serviços oferecidos pela indústria hoteleira é distinta de acordo com as finalidades: negócios, lazer e convenções/eventos, contudo, a classificação do padrão de serviço oferecido varia de acordo com as principais capitais onde tem maior demanda: Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, e sobre as quais se debruça a análise a seguir. No Rio de Janeiro, o segmento negócios é predominante tanto em termos de demanda quanto de geração de receita. Atualmente a tendência de crescimento é impulsionada pela implantação de empresas na região da Barra da Tijuca e pelas descobertas de poços de petróleo no litoral do Estado. O segmento lazer é o segundo mais procurado, contudo, em termos de receitas é menor que outros segmentos. Já o segmento de convenções nos últimos anos foi incrementado com a criação de dois centros: o hotel Windsor, localizado na Barra da Tijuca e o Centro de Convenções Rio Cidade Nova, no centro da cidade. As categorias de hotéis existentes no Rio de Janeiro estão presentes e são classificas de acordo com sua diária média estimada: Top (acima de R$360) ; UPSupscale (de R$271 a R$360); MID midscale (de R$141 a R$270); ECO economy (de R$90 a R$140) ; BUD budget (abaixo de R$90). O relatório ressalta que nos últimos anos, houve certa mobilidade entre os segmentos de mercado no Rio de Janeiro devido à reforma de muitos hotéis, perda de atratividade de algumas localizações e pressões cambiais sobre as diárias. A demanda em São Paulo está concentrada em 90% no segmento de negócios e eventos, amplamente motivada pela importância econômica da cidade e do calendário de eventos como a Formula 1, o Salão do Automóvel, a Fashion Week, e outros acontecimentos dos ligados a diversos setores. O segmento lazer é pouco significante na cidade e gera apenas 10% da demanda por hospedagem. Um dos motivos dessa baixa representatividade ocorre porque os 25

26 turistas motivados pelas construções históricas, museus, casas de show e restaurantes geralmente se hospedam em casas de parentes ou amigos. O padrão da oferta no segmento de negócios e eventos (convenções) é bastante diversificado de acordo com a qualidade e sofisticação. As categorias dos hotéis foram classificadas de acordo com estrutura física, serviços oferecidos e a diária média diária anual estimada, tais como: BUD budget (diárias até R$95); ECO econômico (entre R$95 e R$155); MID - midscale (entre R$130 e R$180); UP-MID upper-midscale (entre R$170 a R$300); UP upscale (entre R$300 a R$600); TOP (acima de R$600). O mercado hoteleiro em São Paulo se caracteriza por ser o maior, mais competitivo e profissionalizado do Brasil. Devido à grande concorrência entre os segmentos intermediários da hotelaria da cidade, existem intersecções de diárias entre as categorias ECO, MID e UP-MID, pois em decorrência do aumento de ofertas de unidades habitacionais entre os hotéis dessas categorias houve o aumento ou a diminuição de diárias (por estratégia de mercado) com relação aos padrões médios de cada faixa de mercado. Em Salvador a demanda é motivada também por três grupos principais: lazer, negócios e eventos. O segmento lazer é composto por turistas nacionais e estrangeiros, e se caracteriza como o principal destino turístico do nordeste. A busca por hospedagem se dá em diversas categorias, desde econômicas até as mais luxuosas. O público está dividido entre os hotéis da capital e no norte da cidade. A demanda do público de negócios também é significativa, tendo em vista a proximidade de pólo industrial de Camaçari a poucos quilômetros da capital. Geralmente esse grupo é formado por empresários, técnicos e outros funcionários. Esse segmento ganhou corpo nos últimos anos em paralelo ao crescimento econômico local, sendo responsável pela movimentação massiva do parque hoteleiro regional. Já o segmento de eventos também é forte em Salvador, impulsionado pela demanda de grupos empresariais com a finalidade de promover treinamentos, viagens de incentivo e congressos. 26

27 Os hotéis da região são classificados em apenas três categorias de acordo com a diária média estimada: TOP hotéis de charme (diárias acima de R$300); UPS upscale (de R$150 a R$ 299); e ECO econômico (abaixo de R$150) 13. 1.10 Distribuição regional De acordo com a ABH (Associação Brasileira na Indústria de Hotéis), as unidades de hospedagem se concentram mais na região sudeste, que tem São Paulo e Rio de Janeiro como dois dos principais destinos turísticos. Em segundo lugar entra a região nordeste. Esse cenário pode ser confirmado segundo o gráfico abaixo, de acordo com a distribuição dos meios de hospedagem, em seus diferentes estratos, estão distribuídas de acordo com as macrorregiões do país: Gráfico X: Meios de hospedagem por macrorregiões do Brasil (*) Fonte: ABIH Nacional/ 2011 Elaboração: IOS (*) Números arredondados 13 http://www.hvs.com/content/2823.pdf, acessado em 10 /Nov/2011. 27

28 Historicamente, a rede hoteleira, no Brasil, é composta por hotéis de pequeno e médio porte, em sua maioria de gestão e propriedade familiares. Sua expansão, em meados da década de 1970, adveio pela expansão do número de viagens, devido à expansão da infra-estrutura de transportes aéreo e rodoviário. O crescimento econômico da época e incentivos ao setor de turismo pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), bem como a criação e destinação de linhas de financiamento de bancos oficiais do setor (como o BNDES) também contribuíram para a expansão da indústria hoteleira. Foi típico nesse período a entrada no Brasil de grandes cadeias internacionais, como a Hilton International Corporation, primeira a se inserir no mercado nacional em 1971, na Avenida Ipiranga em São Paulo; em 1974, iniciaram suas operações as redes Holiday Inn (Campinas), Sheraton (Rio de Janeiro) e Intercontinental (Rio de Janeiro); no ano seguinte, foram inaugurados o Le Méridien (Rio de Janeiro) e o Club Med (Itaparica) e, em 1977, o Novotel (Morumbi). Parte da década é caracterizada por um período de estagnação na área hoteleira, tendo os principais centros econômicos, como Rio de Janeiro e São Paulo, como referências às grandes redes, sobretudo, internacionais. Com a melhora econômica, como a estabilização da moeda, na década de 90, possibilitou-se a expansão e diversificação da rede hoteleira, redundando em melhoras na infra-estrutura, no número de viagens domésticas, aumento das viagens de turistas estrangeiros e reorganização da rede ao longo do território nacional. Dentro desta perspectiva, cabe destacar a criação de pólos turísticos, como exemplo pode ser citado o complexo da Costa do Sauípe, na Bahia. Nessa época, os fundos de pensão entram no segmento hoteleiro como investidores em empreendimentos no país, seja na construção, administração e aquisição de imóveis. Entre os quais, podem ser citados o Hotel Sol Meliá, em São Paulo, em 1996; o Transamérica Morro do Conselho em Salvador; do Meliá Maceió; dos hotéis das redes Marriott, Accor e Superclub Breezer no complexo Costa do Sauípe. Além disso, o período é marcado pela construção e operação de vários hotéis de luxo no Brasil. Foram inaugurados em São Paulo o Meliá, Inter-Continental, Renaissance e Sofitel; em Belo Horizonte, o Ouro Minas; em Porto Alegre, o Sheraton; 28

29 em Pernambuco o Blue Tree Cabo de Santo Agostinho e Sumer Vill; no Rio de Janeiro, o Marriott Copacabana. Vale registrar a presença dos resorts no país. Em sua maioria, estão concentrados no Nordeste, tendo o Costa do Sauípe, um exemplo significativo do caso. 1.11 Perspectivas do Segmento Hoteleiro no Brasil A tabela a seguir (tabela 5) apresenta informações sobre a necessidade de expansão da oferta de serviços de alojamento para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, por cidade-sede dos jogos. Apresenta a oferta atual de leitos (UHs) por cidadesede e a necessidade de leitos adicionais para alcançar o índice de 30% da capacidade de público do estádio local o critério que estabelece o índice de 30% da capacidade de público do estádio local para balizar a oferta de quartos em cada cidade-sede da Copa do Mundo é adotado pela Fédération Internationale de Football Association (Fifa). Tabela 5: Necessidade de expansão da oferta de serviços de alojamento para a Copa do Mundo de 2014, por cidade sede Serviço de alojamento (mil leitos) Cidade sede Estádio (mil assentos) Oferta atual* Necessidade 2014 (leitos) Projeção** Adicional Adicional (%) Belo Horizonte 70 24,7 21,0 - - Brasília 71 30 21,3 - - Cuiabá 43 4,3 12,9 8,6 198,8 Curitiba 41,3 18 12,4 - - Fortaleza 66,7 25,7 20,0 - - Manaus 47,5 10,3 14,3 4,0 38,8 Natal 45 26 13,5 - - Porto Alegre 60 13,0 18,0 5,0 38,4 Recife 46 12 13,8 1,8 15,0 Rio de Janeiro 82 49 24,6 - - Salvador 55 50 16,5 - - São Paulo 62,8 68 18,8 - - Fonte: Valor (jun. 2010). Elaboração: BNDES Setorial 33: 2011, p. 30. *Utilizado o fator de conversão 1,75 leito/quarto. ** 30% da capacidade de assentos do estádio local. 29

30 A cidade de Manaus, assim como Porto Alegre, necessitará de uma oferta adicional de 40% em termos dos leitos atualmente disponíveis para receber expectadores da Copa do Mundo em 2014. Nesse sentido, o estudo do BNDES aponta que outras soluções terão de ser propiciadas e exemplifica citando a experiência de Parintins, em Manaus, com a disposição de alojamentos em grandes embarcações fluviais durante a Festa do Boi. Particularmente em Cuiabá, Mato Grosso, haverá desafio a fim de atender à demanda estimada por serviços de hospedagem no evento. As principais linhas de crédito orientadas ao segmento da hotelaria e ao setor de turismo são os bancos oficiais Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Banco da Amazônia (Basa), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal e BNDES. OS investimentos hoteleiros certamente serão impulsionados pela Copa do Mundo de 2014, porém, por si só o evento não garantirá a sustentabilidade para expansões muito expressivas da oferta desses serviços nas cidades-sede que ainda não dispõem da capacidade adequada. Os eventos esportivos internacionais configuram em excelentes oportunidades para alavancar o turismo de negócios no Brasil, impactando positivamente o setor hoteleiro. Haverá, no entanto, evoluções distintas nos diferentes segmentos do mercado hoteleiro: o turismo interno deverá influenciar sobretudo os hotéis três estrelas, enquanto ao turismo internacional deverão se mostrar mais sensíveis os resorts e os hotéis cinco estrelas 14. 2. Perfil da Empresa: Hotel Tropical 2.1 História A Rede Tropical de Hotéis foi criada no Brasil em 20 de agosto de 1959, como Realtur S/A Hoteleira ligada à Real S/A Transportes Aéreos. O empreendimento iniciou suas atividades com o Hotel das Cataratas, localizado em Foz do Iguaçu, no Paraná. Após arrendar do governo baiano o Hotel da Bahia, foi fundada a marca Tropical Hotels & Resorts Brasil em 9 de outubro de 1967. Atualmente, além da matriz 14 MELLO, Gustavo; GOLDENSTEIN, Marcelo. Perspectivas da Hotelaria no Brasil. BNDES Setorial 33, 2011: p. 30-31. 30

31 situada no Rio de Janeiro, a rede hoteleira dispõe de três hotéis localizados em importantes cidades e destinos turísticos do país: Manaus (Amazonas), Tambaú (em João Pessoa, Paraíba) e Oceano Praia (em Porto Seguro, Bahia). No total, o empreendimento oferece mais de 840 acomodações e está comprometido em proporcionar serviços de luxo e de primeira linha a hóspedes de todo o mundo em viagens de negócios ou lazer, assim como recepcionar eventos de negócios ou conferências. Tropical Hotels & Resorts Brasil - Portfólio Unidade Localização Nº apartamentos Tropical Manaus Floresta Amazônica, às margens do Rio 594 Negro. Tropical Tambaú Praia de Tambaú, em João Pessoa (PA) 175 Tropical Oceano Praia Praia de Taperapuã, em Porto Seguro 83 (BA) Fonte: Tropical Hotels & Resorts Brasil. 2.2 Responsabilidade social e ambiental Em seu termo de responsabilidade corporativa, a Tropical Hotels & Resorts Brasil afirma estar comprometida em garantir qualidade a hóspedes, associados, parceiros e às comunidades do país, em regiões onde estão situados seus hotéis. Complementa: É preciso pensar no futuro do planeta e dos seres humanos; deste modo, nossa missão também enfoca a integridade e os direitos ambientais e humanos. À exceção da promoção de eventos, não foram encontradas no sítio da empresa, entretanto, informações pormenorizadas explicando quais são os procedimentos efetivamente adotados pela rede no intuito de promover ações orientadas pelo princípio da responsabilidade socioambiental 15. 15 Entre 23 e 26 de março de 2011 foi realizado o 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade no Hotel Tropical Manaus, que promoveu encontro entre lideranças nacionais e internacionais do campo da política, empresarial ambiental, interessadas em discutir o tema. Dentre as personalidades estiveram o ex-presidente estadunidense Bill Clinton, o ex-governador da Califórnia e ator Arnold Schwarzenegger, o fundador e presidente do Grupo Virgin, Richard Branson. Como debatedores, estiveram presentes o ambientalista Paul Hawken, o ativista ambiental Adam Werbach e o chefe de Desenvolvimento 31

32 O Hotel Tropical Manaus foi notificado pelo Instituto Ambiental do Estado do Amazonas (IPAAM) por um vazamento de óleo no Rio Negro, cuja mancha foi fotografada em 18 de outubro de 2011, nas proximidades do hotel. Após a vistoria, a equipe de técnicos do IPAAM suspeitou da possibilidade de vazamento de resíduos de óleo provenientes do abastecimento de aeronaves em um hangar no trecho fiscalizado. Nas proximidades do local onde o vazamento foi verificado estão o Tropical Manaus, o Porto de Itacal, a orla da Ponta Negra, o condomínio Jardim das Américas e a Área Militar do Exército Brasileiro. O Comando Militar da Amazônia (CMA) informou, em nota, que o vazamento de óleo não foi originado pela Organização Militar do Exército (OME) ou pelo Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA). Por sua vez, o Hotel Tropical assegurou que o hangar não pertence ao resort e que desconhece o vazamento de óleo que causou a mancha no Rio Negro 16. Em comunicado à imprensa, a Tropical Hotel reafirmou desconhecer o conteúdo da reportagem do G1 sobre o vazamento no Rio Negro e que não havia sido notificada pelo órgão fiscal competente. Além disso, a empresa assinalou que: atua com amplas e efetivas políticas de cunho ambiental e social em todas as suas unidades (...). A empresa ressalta ainda que a água do tratamento dos efluentes da unidade hoteleira de Manaus (AM) é tratada por órgão competente da cidade e que não faz uso de óleo diesel em suas dependências, nem mesmo nas caldeiras. (Fonte: Tropical Hotels & Resorts Brasil. Comunicado à Imprensa. Enviado em 25/10/2011) Sustentável e de Regeneração das Olimpíadas de Londres de 2012. O evento foi promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais). Outro evento para debater a sustentabilidade ambiental foi realizado em 23 e 24 de novembro de 2011, também no Hotel Tropical Manaus, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, a Fundação Alexandre de Gusmão, o Governo do Estado do Amazonas e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), com apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus e do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (SUFRAMA). O seminário Desafios e Oportunidades da Cooperação Amazônica teve como objetivo conferir maior visibilidade à OTCA e colaborar para seu fortalecimento institucional. Fontes: Tropical Hotels & Resorts Brasil. Sala de Imprensa. 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade acontece em Manaus (25/02/2011). Disponível em: <http://www.tropicalhotel.com.br>. Acesso em 23/02/2012. Tropical Manaus. Sala de Imprensa: Hotel Tropical sedia seminário Desafios e Oportunidades da Cooperação Amazônica (07/11/2011). Disponível em: <http://www.tropicalhotel.com.br>. Acesso em 23/02/2012. 16 Fonte: G1 Amazonas. IPAAM diz que notificará hotel após possível vazamento no Rio Nego (22/10/2011). Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em 23/02/2012. 32