CONFERÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO A CRISE FINANCEIRA E ECONÓMICA MUNDIAL E O SUL: IMPACTO E RESPOSTAS Data: 17-18 de Maio de, 2012 Local: Dakar, Senegal Apelo a Candidaturas Dentro do quadro da segunda fase de três anos do Africa/Asia/Latin America Scholarly Collaborative Program, a Associação Asiática de Estudos Internacionais e Políticos (APISA), o Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e o Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África (CODESRIA) têm o prazer de anunciar o apelo a candidaturas e participação numa conferência de investigação intitulada: A Crise Financeira e Económica Mundial e o Sul: Impacto e Respostas. A conferência será realizada em Dakar, no Senegal, a 17 e 18 de Maio de 2012. Espera-se que esta conferência venha a contribuir para o avanço do pensamento comparativo e de redes inter-regionais entre as diferentes gerações de académicos do Sul. Os participantes, que serão oriundos dos três continentes, serão expostos aos contextos socio-históricos de outras regiões do Sul. Esses contextos irão, por seu turno, servir como contribuição para alargar as perspectivas analíticas e para melhorar a qualidade global do engajamento científico dos académicos do Sul. Em 2008 o mundo testemunhou uma das crises financeiras mais graves desde a grande depressão dos anos 1930. A crise financeira global que começou a mostrar os seus efeitos nos meados de 2007, e continuou em 2008, levou à queda das bolsas de valores, e ao colapso e falência de grandes instituições financeiras nos Estados Unidos e na Europa. Em resposta, os governos, até mesmo nas 1
nações mais ricas tiveram que criar pacotes de auxílio, incluindo o socorro aos seus próprios sistemas financeiros. Devido ao papel crítico que os bancos jogam no actual sistema de mercado, as crises nos grandes bancos levaram a uma situação na qual não só os mais riscos, mas literalmente todos, sofreram. Com um sistema globalizado, a trituração do crédito alastrou-se por toda a economia muito rapidamente, tornando uma crise financeira global numa crise económica global. Aquilo que muitos diziam ser um desequilíbrio temporário do sistema financeiro internacional acabou por se tornar numa crise real do sistema capitalista mundial; ou, tal como o diz Samir Amin, parte do desdobramento da longa crise de um capitalismo envelhecido. Com o derretimento financeiro, todas as outras dimensões da crise a crise energética, a crise alimentar e a crise ambiental do sistema vieram à superfície. O desenvolvimento mais importante que ocorreu na esteira da crise bancária é a transmissão da crise para o resto da economia, resultando isso numa crise económica mais geral e mais profunda. Uma questão crítica aqui é o início da recessão. Os problemas económicos que emanam das recessões e das crises normalmente deixam impactos sociais e estruturais em importantes sectores da sociedade. Eles afectam os padrões de vida e constrangem as necessidades das pessoas nesses sectores. As repercussões sociais da crise financeira global são também amplamente espalhadas e muitas vezes levam à deterioração dos padrões de vida de milhões de pessoas, especialmente nos países pobres. A Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) indicou que cerca de 1 bilião de pessoas está afectada pela fome. Do mesmo modo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) reportou que mais de 200 milhões de pessoas estão desempregadas. Mesmo em países ou regiões que mostraram alguns sinais de desenvolvimento positivo, a recuperação da crise financeira global permanece um desafio muito grande. Isto levou a investimentos enormes nos países ocidentais, bem como a um aumento do investimento estrangeiro na Ásia, principalmente do Ocidente. No entanto, esta crise mostrou que num mundo cada vez mais interconectado há sempre efeitos em cadeia e, consequentemente, a Ásia tinha uma maior exposição aos problemas derivados do Ocidente. Os produtos e serviços asiáticos são também procurados mundialmente, e um desaceleramento nos países mais ricos significa maiores chances de um desaceleramento na Ásia, resultando em perdas de emprego e problemas associados, tais como as convulsões sociais. De entre os problemas persistentes relacionados com a crise económica contam-se o alto nível de desemprego, mais dívida e fraco crescimento nos países desenvolvidos, bem como maiores dificuldades de acesso a financiamentos para os países em desenvolvimento. Para além disso, os preços dos alimentos em 2011 eram voláteis e quase alcançaram o seu pico de 2008, e milhões de pessoas no Corno de África e na região do Sahel estão encontram-se numa necessidade urgente de assistência como consequência da seca devastadora, de conflitos e de deslocações. As consequências e os efeitos da crise económica variaram de um país para o outro, e de uma região para a outra, dependendo de toda uma série de factores, incluindo capacidades financeiras e demografia. Por exemplo, no mundo árabe, esses efeitos negativos, juntamente com outros factores jogaram um grande papel nos eventos políticos que varreram a região desde 2010. Nos primeiros anos da crise económica, alguns académicos argumentaram que por causa da sua fraca integração com o resto da economia global, os países africanos poderiam não ser afectados 2
pela crise, pelo menos inicialmente. No entanto, os desenvolvimentos recentes mostraram que as esperanças iniciais tinham curta duração. O crescimento económico de África diminuiu devido à crise económica mundial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que o crescimento na África subsaariana diminuiria para 1.5% em 2009, uma cifra que está muito abaixo da taxa de crescimento da população. A maior economia africana, nomeadamente a África do Sul, entrou em recessão pela primeira vez desde 1992 devido ao acentuado declínio nos sectores chave de manufactura e mineração. Apesar do facto de a África ter actualmente as acções mais baixas do mundo do comércio regional e do investimento, há uma forte possibilidade de que o desequilíbrio no fluxo de capital nos últimos anos tenha afectado o continente em termos daquilo que ele tem recebido de fora, tanto em termos de ajuda oficial ao desenvolvimento, como os investimentos directos externos. O FMI prometeu mais empréstimos para a região, desta vez em torno de condicionalidades menos rígidas, o que no passado foi muito prejudicial para a África. Ao longo prazo, pode-se esperar que o investimento externo em África venha a diminuir à medida que as restrições no crédito forem aumentando. Apesar dessa situação, os países africanos podem enfrentar uma pressão cada vez maior para o reembolso da dívida. À medida que a crise se aprofunda e que as instituições internacionais e os bancos do Ocidente que emprestavam dinheiro à África forem precisando de suster as suas reservas, eles poderão pedir mais reembolso das dívidas. Isto poderá, por seu turno, causar ainda mais cortes nos serviços sociais, tais como a saúde e a educação, que foram já reduzidos devido ao impacto de crises e de políticas sombrias de eras anteriores. Uma grande parte da América Latina depende do comércio com os Estados Unidos, o que por si só absorve metade das exportações latino americanas. Vem depois a pergunta: como é que esta região sente o efeito da crise financeira e económica global, mais em particular a crise financeira nos EUA? Para além disso, estão a aumentar as inquietações em relação a uma fragmentação, porque uma série de países latino americanos está a aumentar as barreiras comerciais contra os seus vizinhos à medida que a crise vai apertando cada vez mais. É preciso que todos os países do Sul examinem as opções disponíveis para corrigir cada aspecto da crise económica e criar políticas apropriadas. O desafio que permanece é como encontrar respostas diferenciadas para o impacto desastroso da crise, tendo ao mesmo tempo em mente o interesse global comum do Sul. Apenas algumas medidas políticas podem ser tomadas a nível nacional, especialmente se o país for demasiado pequeno para se apoiar em impulsionar o crescimento interno. Dada esta situação, medidas específicas à região e medidas Sul-Sul são importantes, de entre as quais reformas, acções e cooperação a nível internacional são as mais fundamentais. Uma análise do impacto da crise financeira e económica no Sul é a pré-condição para se definirem políticas de desenvolvimento. A análise deverá ser holística no sentido de que ela tem que incorporar todas as dimensões que possam jogar um papel, nomeadamente as dimensões política, social e cultural. A conferência irá, por conseguinte, encorajar comunicações que consubstanciem um pensamento alternativo em relação à análise da crise financeira e económica. Neste sentido, uma questão de pesquisa relevante, do ponto de vista dos países do Sul, relaciona-se com o papel do Estado para se ultrapassar a crise social que tem piorado graças à crise económica global. Uma análise holística do impacto da crise deverá olhar para o seu impacto sobre a pobreza e para 3
questões relacionadas com a exclusão social, as respostas de movimentos sociais, bem como a questão da governação global. É em relação ao acima mencionado que nós seleccionámos os seguintes temas para discussão: 1. A crise financeira e económica global e o papel do Estado e das políticas públicas; 2. A crise financeira e económica global e o seu impacto na pobreza e exclusão social: alternativas e resistências; 3. A crise financeira e económica global e a estabilidade política; 4. A crise financeira e económica global e a governação democrática; 5. As respostas do Sul à crise. Todos os académicos interessados em apresentar comunicações sobre qualquer um dos temas acima apresentados da conferência (ou quaisquer outras questões relacionadas) são convidados a enviar os seus resumos (abstracts) para a APISA, CACSO ou CODESRIA, o mais tardar a 31 de Março de 2012. Logo depois, os candidatos serão notificados sobre a situação dos seus resumos. Os artigos completos dos resumos que serão aceites para apresentação deverão ser recebidos pelas respectivas instituições o mais tardar a 30 de Abril de 2012 para apreciação antes da confirmação de selecção final. Os candidatos da Ásia deverão enviar as suas candidaturas electronicamente para: APISA Secretariat International Studies Department, De La Salle University Rm. 701, William Hall 2401 Taft Avenue, Manila PHILIPPINES 1004 Email: apisasecretariat@gmail.com Website: www.apisanet.com Os candidatos da América Latina e das caraíbas deverão apresentar electronicamente as suas candidaturas através: CLACSO 2012 South- South Research Conference Latin American Council of Social Sciences (CLACSO) Estados Unidos 1168, C1101AAX, Ciudad de Buenos Aires, Argentina Email: victoria@clacso.edu.ar Website: www.clacso.edu.ar 4
Os candidatos de África deverão enviar as suas candidaturas electronicamente para: CODESRIA BP 3304, CP 18524, Dakar, SENEGAL Tel: (221) 825 9822: Fax: (221) 824 1289 Email: research. conference@codesria.sn Website: www.codesria.org Para mais informações sobre a Conferência de Investigação 2012 e sobre como participar neste evento, por favor contacte: Council for the Development of Social Science Research in Africa (CODESRIA) Avenue Cheikh Anta Diop X Canal IV B.P. 3304, CP 18524, Dakar, Sénégal Tel. (221) 33 825 98 21/22/23 Fax : (221) 33 824 12 89 E-mail: research.conference@codesria.sn Site web: http://www.codesria.org/ Facebook: http://www.facebook.com/pages/codesria/181817969495 Twitter: http://twitter.com/codesria 5