Trabalho Portuário e Modernização dos Portos



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ED WILSON ARAÚJO, THAÍSA BUENO, MARCO ANTÔNIO GEHLEN e LUCAS SANTIGO ARRAES REINO

Transcrição:

Trabalho Portuário e Modernização dos Portos Empobrecimento e Riqueza no mesmo Contexto Eder Dion de Paula Costa

Conselho Editorial Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2015 Eder Dion de Paula Costa Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. C8383 Costa, Eder Dion de Paula. Trabalho Portuário e Modernização dos Portos: Empobrecimento e Riqueza no mesmo Contexto /Eder Dion de Paula Costa. Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 332 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-489-1 1. Direito do trabalho 2. Direito portuário 3. Trabalho avulso 4. Modernização dos portos I. Costa, Eder Dion de Paula. CDD: 340 Índices para catálogo sistemático: Direito do trabalho 341.6 Portos Transporte 337.1 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

...Um homem se humilha Se castram seu sonho Seu sonho é sua vida E vida é trabalho... E sem o seu trabalho O homem não tem honra E sem a sua honra Se morre, se mata... (Guerreiro Menino, Gonzaguinha)

5 Agradecimentos Esta obra é resultado da colaboração de muitas pessoas. A minha família foi o grande suporte para que eu pudesse vencer os obstáculos no decorrer do trabalho. A Fabíola, minha esposa, Alice e Gabriel, meus filhos, são a razão e o sentido de minha vida. As reflexões presentes neste livro surgiram em razão de ter exercido a atividade profissional de advogado da classe trabalhadora, com a colaboração dos amigos e advogados Alexandre Duarte Lindenmeyer e Milton Luis Xavier Gabino (in memorium) e atuar como professor de Direito do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande - FURG. As histórias relatadas por aqueles trabalhadores e a sua faina diária, suas aventuras e desventuras, esperanças e desesperanças no mundo do trabalho nos permitiram com base nos referenciais teóricos inferir aspectos relevantes daqueles que vivem da sua força de trabalho. Aos trabalhadores portuários devo esta possibilidade de reflexão. Agradeço ao meu orientador no doutorado, Wilson Ramos Filho (Xixo), integrante do escritório de advocacia defesa da classe trabalhadora, a inspiração e orientação no presente trabalho. Agradeço ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná, na pessoa dos professores José Antônio Peres Gediel, Luis Edson Fachin e Aldacy Rachid Coutinho a oportunidade de me aprimorar e desenvolver o presente trabalho. Na trajetória do trabalho foi inestimável os diálogos com os amigos e professores Carlos Andre Birnfeld, Everton das Neves Gonçalves, Francisco Quintanilha Veras Neto, Sheila Stolz, Antônio Graça Neto e Joaquim Shiraishi Neto. Outros amigos colaboraram de forma significativa para a conclusão desta obra, como os

6 Eder Dion de Paula Costa doutores Paulo Ricardo Opuszka e José Ricardo Caetano Costa. Muitas outras pessoas faltaram neste agradecimento, mas temos a clareza de que só foi possível concluir este trabalho em razão da colaboração destes muitos amigos.

Sumário Prefácio...11 Introdução...15 Capítulo I Categoria trabalho na sociedade capitalista...21 1. O trabalho como categoria central da sociedade...21 2. A concepção de Estado e poder...31 3. A globalização no mundo do trabalho...36 4. A sujeição do trabalhador na atividade flexível e multifuncional...49 5. As práticas modernas nos navios...62 6. As práticas modernas nos portos...68 Capítulo II Classe trabalhadora no Brasil: a formação do trabalho portuário avulso...73 1. A formação da classe trabalhadora...73 2. O trabalho livre no Brasil: sua origem e desenvolvimento...76 2.1 Os imigrantes no Brasil...83 2.2 A arregimentação do trabalhador nacional...87 2.3 A recuperação do trabalhador nacional...91 3. A Ideologia do Trabalhismo...97 4. A formação dos trabalhadores portuários...104 4.1 A particularidade do trabalho portuário avulso...108 4.2 O Sistema de trabalho ocasional...113 4.3 O controle do mercado de trabalho...115

Capítulo III Porto Organizado e Instalações Portuárias...131 1. Concepção de Serviço Público...132 2. O porto organizado...139 3. Das Instalações Portuárias...144 4. Da Administração do Porto: Autoridade Portuária...150 4.1 Modalidades de Autoridades Portuárias...151 5. O sistema portuário português...158 Capítulo IV O trabalho no sistema jurídico brasileiro...165 1. Concepção de sistema jurídico...165 2. Aspectos da Constituição Federal de 1988...168 3. A Convenção nº 137 da OIT...171 3.1 A Recomendação nº 145 da OIT...181 3.2 Análise crítica das deliberações da OIT...185 3.3 Perspectiva crítica dos direitos humanos e organismos internacionais...189 3.4 Da recepção das convenções no ordenamento jurídico brasileiro...196 4. Os valores sociais do trabalho...198 4.1 O princípio do direito ao trabalho...199 Capítulo V O trabalho avulso: distinção com outras formas de trabalho...205 1. O trabalho avulso como forma de trabalho específica...205 2. O trabalho avulso e a sua distinção em relação ao vínculo empregatício...209

2.1 Da pessoalidade...212 2.2 Da onerosidade...214 2.3 Da não eventualidade...216 2.4 Da subordinação...218 3. O trabalhado avulso e a sua distinção da empreitada...227 4. O trabalho avulso e a sua distinção do eventual...229 5. O trabalho avulso e a sua distinção do contrato de equipe...233 6. O trabalho avulso e a sua distinção do trabalho temporário...234 Capítulo VI O trabalho portuário avulso na lei de modernização dos portos...237 1. Da Modernização Portuária...237 2. Inovações da Lei de Modernização dos Portos (Lei 8630/93)...240 3. Da multifuncionalidade no setor portuário...246 4. Do órgão gestor de mão de obra...255 5. O modelo português de gestão de mão de obra...271 6. A contratação coletiva de trabalho...284 7. A requisição de trabalhador portuário com vínculo empregatício...288 8. As cooperativas de trabalhadores portuários avulsos...302 9. Avulso-portuário: uma forma de trabalho tipificada...311 Conclusões...315 Referências...317 Glossário...329

11 PREFÁCIO A classe trabalhadora vive, de certa forma, uma escravidão às avessas, onde o trabalhador, que foi alijado dos meios de produção, vê-se forçado, para poder se sustentar, a implorar uma forma de trabalho na condição de subordinado, de obedecer às regras e à disciplina do patrão empregador. Esta situação do trabalhador que o obriga a se submeter a uma escravidão consentida, ou melhor, a um contrato de trabalho subordinado, tem a sua origem no Brasil com o advento do trabalho livre. Esse é só o começo da obra do Prof. Eder Dion de Paula Costa, a qual tenho a honra e o privilégio de prefaciar. Fruto de sua Tese de Doutoramento, no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná, a obra reflete seu criador: autêntica, crítica, engajada nos movimentos sociais, fruto da práxis do seu criador. É necessário que se diga que o Prof. Dr. Eder Dion de Paula Costa, catedrático associado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande (FADIR/FURG), ministra a cadeira de Direito do Trabalho na graduação desta Instituição, estando desde sempre comprometido com a luta dos trabalhadores, especialmente quando participa ativamente do ANDES-SINDICATO. O livro que ora vem à tona, navegando pelos mares do Sul, analisa arguta, critica e historicamente a Lei nº 8.630/93, que buscou a modernização dos portos no Brasil, bem como a Lei nº 12.815/13, atualmente em vigor. Todavia, o autor não faz uma análise estanque e positivista, tão comum aos juristas em suas incursões pelo mundo do Direito, eis que analisa o processo histórico destas mudanças, especialmente na utilização dos traba-

12 Eder Dion de Paula Costa lhadores avulsos neste novo contexto de modernização dos portos no Brasil. É neste sentido que afirma o autor que a livre contratação de mão-de-obra é o que reivindica o capital ante a corporação autônoma dos trabalhadores avulsos, os quais com suas lutas conquistaram garantias que resultaram na igualdade de direitos com os trabalhadores com vínculo de emprego. Os trabalhadores avulsos ao estabelecerem uma escala de serviços em que a oportunidade de trabalho é distribuída em forma de rodízio, inclusive para mestres e contramestres (caso dos estivadores), num contingente definido de trabalhadores, permitiu que se construísse uma organização de trabalho autônomo diferenciado das antigas corporações de ofício e não subordinado ao capital, embora sob a égide deste sistema. Para a análise desta complexidade o autor utiliza, como referenciais teóricos, a obra marxiana e vários autores marxistas, de modo a identificar, segundo o autor, os atores sociais envolvidos neste processo, a perspectiva histórica das relações, os conflitos e o próprio meio ambiente em que ocorre esta luta do trabalhador em face do capital. Neste cenário, o autor analisa a concepção de porto organizado, fazendo um contraponto ao sistema portuário português, o que reflete na organização dos trabalhadores portuários e em novas relações sociais entre capital-trabalho. É justamente neste ponto, acreditamos, resida a maior contribuição desta singular obra que ora chega ao público: as novas formas de contratação dos trabalhadores portuários, diante das orientações trazidas pelos organismos internacionais, em um mundo globalizado em que o poder do capital se sobrepôs aos valores do trabalho digno. Esse novo contexto, analisado pelo Prof. Eder Dion, torna-se fundamental a análise da nominada multifuncio-

Trabalho Portuário e Modernização dos Portos 13 nalidade, diante da perspectiva da extinção do trabalhador especializado, o que aumenta um exército industrial de reserva, para utilizar a linguagem marxiana, ocasionando um aumento da taxa de lucro dos capitalista. Sugere o autor que os Sindicatos dos Trabalhadores Portuários devem se reorganizar para o enfrentamento destas investidas, apontando como uma das saídas a criação de cooperativas de trabalhadores portuários. Acreditamos fielmente que esta obra auxilia na reflexão deste singular momento histórico enfrentado pelos trabalhadores portuários, buscando a garantia e manutenção das conquistas e avanços duramente conseguidos por esta categoria. Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Doutor em Serviço Social pela PUCRS e Professor da Faculdade de Direito da FURG

15 INTRODUÇÃO Os portos estão passando por um processo de modernização, fruto das novas necessidades de atendimento das grandes e modernas embarcações, bem como do crescente e intenso comércio internacional, que tem o transporte marítimo como uma importante via no sistema de produção e circulação de mercadorias. Hoje, além do transporte de matérias-primas, como grãos e minérios, ou de produtos acabados, como calçados e automóveis, é frequente a remessa de peças e equipamentos para serem montados os produtos finais num determinado país, e, de lá exportados para o resto do mundo. O que se tem verificado de novo na divisão internacional do trabalho (DIT) atual, é que ela já não se caracteriza pela individualidade das empresas capitalistas identificadas com determinada nação ou Estado, e que visam disputar no mercado internacional a colocação e venda de seus produtos. A DIT é hoje mais determinada por companhias transnacionais, que operam simultaneamente suas transações internacionais no seio de seu grupo, de modo que as grandes empresas têm à sua disposição uma rede internacional de departamentos de sua propriedade 1. A categoria dos trabalhadores portuários avulsos 2, por sua vez, com a lei de modernização dos portos, teve uma 1. Benko, 1999, p. 71. 2. Os TPAs trabalhadores portuários avulsos, segundo o artigo 26, da Lei nº 8.630/93, são os que exercem as atividades de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, vigilância de embarcações e bloco. Pela Lei nº 12.815/13, por sua vez, restou garantido em seu art. 40, além dos trabalhadores avulsos, restou também permitido o exercício destes labores por trabalhadores com vínculo empregatíco por prazo indeterminado.