Guião do Professor :: 2.º e 3.º Ciclo ALIMENTAÇÃO. um mundo de perguntas. Tema 4 :: Afinal, porque é que existem tantas pessoas com excesso de peso?



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Transcrição:

Guião do Professor :: 2.º e 3.º Ciclo ALIMENTAÇÃO :: Afinal, porque é que existem tantas pessoas com excesso de peso?

Guião do Professor Como explorar ALIMENTA ÇÃO Após ter lido, no centro de saúde, um folheto sobre o problema da obesidade no mundo, a Catarina (de 14 anos) apercebe-se de que também à sua volta existem muitas pessoas obesas. Provavelmente, pessoas próximas. Talvez os avós, os pais, mas também colegas da escola, já que o problema tem vindo a alastrar-se pelos grupos etários mais jovens. A apresentação procura responder à dúvida lançada no início: - Afinal, porque é que existem tantas pessoas com excesso de peso? Contudo não se detém apenas nas causas da obesidade, abordando também o próprio conceito, bem como as consequências, a evolução e os números mais significativos. A apresentação termina com a indicação de algumas das medidas que estão a ser tomadas, a nível nacional, europeu e mundial, para combater o problema. Propostas de desenvolvimento Conceitos (slides 2 e 3) Para melhor compreenderem toda a problemática, os alunos devem, em primeiro lugar, interiorizar os conceitos mais importantes: o que é a obesidade, o que é a energia (no contexto da nutrição), o que são calorias, o que é o balanço energético ( saldo entre energia ingerida e energia gasta), o que é o IMC (uma fórmula usada para calcular o índice de excesso de peso ou obesidade). O diagnóstico de excesso de peso e de obesidade em função do IMC em crianças e adolescentes não é aplicável com as regras do adulto, devido às características dinâmicas dos processos de crescimento e de maturação que ocorrem durante a idade pediátrica. Contrariamente aos adultos, em que é possível definir exactamente a pré-obesidade e a obesidade, na criança e adolescente, com as velocidades de crescimento que registam, existe uma enorme variabilidade inter e intraindividual, pelo que, nesta faixa etária, não é possível. 1

Gráficos das curvas de percentis Curvas de percentis : Para as raparigas dos 2 aos 20 anos. ALIMENTA ÇÃO Idade (anos) Curvas de percentis : Para os rapazes dos 2 aos 20 anos. Fonte: www.obesidade.on-line.pt Idade (anos) 2

Com o valor de IMC calculado, e atendendo à idade da criança / adolescente considera-se: Normal: uma criança que esteja entre o percentil 5 e 85; Magreza: uma criança que esteja abaixo do percentil 5; Sobrepeso: uma criança que esteja entre o percentil 85 e 95; Obesidade: uma criança que esteja acima do percentil 95. Causas (slides 4 e 5) As causas da obesidade relacionam-se, em grande parte, com as mudanças sociais profundas que ocorreram durante os últimos 50 anos. Para melhor compreenderem o que mudou, os alunos podem fazer um exame comparativo da vida da sua geração e da dos seus avós (e bisavós). Como trabalhavam? Como se divertiam? Como cozinhavam? O que comiam? Poderá sugerir-se o preenchimento da ficha de actividades, que propõe uma pequena pesquisa familiar sobre o tema. Consequências (slide 6) Para desenvolver o tema, poder-se-á sugerir aos alunos que se organizem em grupos de trabalho e que façam uma pesquisa mais aprofundada sobre as doenças mais comummente causadas pela obesidade. Exemplos: porque está a diabetes relacionada com o excesso de peso? Porque é mais provável pessoas mais gordas terem um ataque cardíaco? Qual a relação entre o excesso de peso e os problemas musculares ou das articulações? A pesquisa pode ser feita antes e a informação recolhida ser apresentada por cada grupo no momento de utilização deste slide (número 6). Números (slide 7) A obesidade em PORTUGAL A informação pode ser complementada com mais alguns dados. - Segundo dados de 2005, 38,6% dos portugueses sofre de excesso de peso (mais de um terço) e 13,8%, de obesidade; - A partir dos 50 anos, as taxas são ainda mais altas, pois cerca de 50% das pessoas avaliadas sofrem de excesso de peso e 20% de obesidade; - A prevalência da obesidade é maior entre os portugueses com baixa escolaridade e é também maior entre as classes sociais mais desfavorecidas; - Do ponto de vista geográfico, as regiões mais afectadas são o interior norte e o centro do País. Fonte: Prevalência da Obesidade em Portugal, Carmo, I.; Santos, O.; Camolas, J.; Vieira, J.; Carreira, M.; Medina, L.;Reis, L.; Galvão-Teles, A. - Obes Rev. 2006 Agosto;7:233-237 3

Medidas (slide 8) A informação pode ser complementada com mais alguns dados Sobre as medidas da Organização Mundial da Saúde. A OMS lançou o grito de alerta durante a década de 90, divulgando uma série de estudos sobre a dimensão da obesidade no mundo. A OMS considera a obesidade um problema de ordem essencialmente social e ambiental. Ou seja, apesar de existir alguma tendência genética, o excesso de peso está sobretudo associado a hábitos alimentares e de vida. A posição da OMS tem sido a de desenvolver estratégias para tornar mais claras as escolhas alimentares da população e para incentivar hábitos de vida mais activos entre todos os grupos etários. Em Maio de 2004, a Assembleia da OMS aprovou um programa de prevenção em grande escala, a chamada Estratégia Mundial para a Alimentação, Actividade Física e Saúde. Sobre as medidas da UE. A estratégia seguida pela UE tem sido a de procurar uma actuação conjunta de todas as partes interessadas. Exemplos: - Plataforma da Acção Europeia em matéria de Regimes Alimentares, Actividade Física e Saúde Lançada em Março de 2005, esta plataforma é constituída por representantes da Indústria Alimentar, da restauração, da publicidade, assim como representantes dos consumidores, das ONG s do sector da saúde e ministérios do desporto de toda a UE. O objectivo é catalizar acções voluntárias de todos estes sectores. - Em Maio de 2006, o Parlamento Europeu aprovou novas regras para os alimentos enriquecidos e critérios de rotulagem mais criteriosos permitindo que os consumidores façam escolhas mais acertadas, sabendo exactamente as quantidades de sal, gorduras e fibras que estão a consumir. - Livro Branco: Uma estratégia europeia para as questões de saúde relacionadas com a Nutrição, Excesso de Peso e Obesidade A Comissão Europeia adoptou, em Maio de 2007, o Livro Branco que assegura uma série de propostas de acções a adoptar em toda a União Europeia. O Livro Branco sublinha a importância de levar os consumidores a escolher de uma forma informada, assegurando que há opções saudáveis disponíveis e incentiva a Indústria Alimentar a fazer um esforço para reformular as receitas, nomeadamente no que diz respeito à redução dos níveis de sal, açúcar e gorduras. Sobre as medidas que estão a ser implementadas em Portugal: Em Portugal, o problema da obesidade está a ser combatido, essencialmente, através do Programa Nacional de Combate à Obesidade (PNCO), lançado em 2004 e com fim previsto para 2010. 4

O PNCO assenta na cooperação e parceria entre o sector público, privado e não governamental, convidando à participação das autarquias, das escolas e das empresas. O objectivo principal deste programa é o de promover um peso saudável na população portuguesa, dando prioridade a grupos de risco, nomeadamente o das pessoas com diabetes do tipo II e das pessoas com doenças cardiovasculares, que se consideram mais propensos a evoluir para um cenário de obesidade. Exemplos de estratégias de intervenção: - Estabelecer orientações no sentido de incluir a medição do IMC e do perímetro abdominal nos exames de saúde (aplicável só aos adultos); - Desenvolver consultas hospitalares específicas de obesidade; - Promover, junto do Ministério da Segurança Social e do Trabalho, das empresas e das escolas, a criação de condições para a disponibilidade de refeições equilibradas; - Produzir materiais de apoio para a população pré-obesa, obesa e ex-obesa; - Desenvolver parcerias multisectoriais com vista à criação de um observatório da obesidade; - Monitorizar os ganhos de saúde resultantes da acção do PNCO. A Plataforma contra a obesidade A Plataforma Nacional contra a Obesidade é uma medida estratégica, assumida politicamente a nível nacional, que visa criar sinergias intersectoriais, a nível governamental e a nível da sociedade civil. A Plataforma conta com a colaboração de representantes do Ministério da Saúde, da Educação, da Economia, da Agricultura, da Associação Nacional de Municípios e das associações da sociedade civil. A finalidade da Plataforma é diminuir a incidência e a prevalência da pré-obesidade e da obesidade através da adopção de medidas integradas de prevenção primária, prevenção secundária e prevenção terciária. Objectivos: 1. Reduzir a incidência da pré-obesidade; 2. Reduzir a incidência da obesidade; 3. Diminuir a prevalência da obesidade e da pré-obesidade nas crianças e nos adolescentes; 4. Diminuir a prevalência da obesidade e da pré-obesidade na população adulta; 5. Reduzir o número de recidivas dos obesos tratados. 5

Ficha Técnica AUTOR Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) EDIÇÃO E COORDENAÇÃO Sair da Casca DESIGN Winicio REVISÃO TÉCNICA DE CONTEÚDOS ISBN Edição de Maio de 2008 978-972-8513-99-3