UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE AS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO. Por: Ivanilde Gelli Perin



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE AS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO Por: Ivanilde Gelli Perin Orientador Profa. Dra. Maria da Conceição Maggioni Poppe São José do Rio Preto 2009

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE AS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Saúde da Família Por: Ivanilde Gelli Perin

3 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos meus familiares, amigos que contribuíram para este trabalho.

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Cecília pela sua coragem, dedicação e abnegação... uma grande mulher...

5 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo a realização de estudo bibliográfico sobre as vantagens e importância do aleitamento materno e os mecanismos que possibilitem o sucesso da amamentação. Em linhas gerais, os resultados da pesquisa bibliográfica apontam para a importância do aleitamento materno em caráter exclusivo até os 06 meses de vida da criança e complementar até dois anos de idade como alimento mais adequado e completo para o crescimento e desenvolvimento da criança e tem sido retratada, difundida e referenciada pela comunidade científica, Ministério da Saúde (MS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan- Americana da Saúde (OPAS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Neste sentido, o aleitamento materno proporciona uma gama de vantagens e benefícios para os bebês, como a imunização, prevenção contra doenças infecciosas e crônico-degenerativas, provê uma nutrição perfeita, aumenta a inteligência. A prática da amamentação protege o bebê de diversas doenças, como: otites, alergias, vômitos, diarréias, pneumonias, bronquiolites e meningites. Nas mães os benefícios também são significativos, pois preveni contra o câncer de mama, útero e ovários. Para que o incentivo a prática da amamentação obtenha sucesso em caráter prolongado é fundamental criar as seguintes condições favoráveis: iniciar a amamentação nas primeiras horas de vida da criança; amamentação exclusiva, ou seja, a criança recebe apenas leite materno, sem nenhum outro alimento ou líquido, nem mesmo água; que a amamentação aconteça sob demanda, ou seja, todas as vezes que a criança quiser, dia e noite e finalmente não utilizar mamadeiras nem chupetas.

6 METODOLOGIA O trabalho será desenvolvido com estudo de revisão integrativa de literatura. A amostra coletada dispõe de publicações apontando para os últimos 20 anos até os dias atuais, que retratam as vantagens e importância do aleitamento materno. A busca foi realizada em artigos de revistas científicas, relatórios técnicos, monografias, publicações, dissertações de mestrado, teses e artigos extraídos via Internet, buscados nos bancos de dados da MEDLINE, LILACS e SciELO, além do site do Ministério da Saúde, Organização Panamericana da Saúde, UNICEF. Também foram incluídos para análise, dados referentes a programas e projetos do Ministério da Saúde e organismos internacionais (OMS, OPAS, UNICEF e outros) com intuito de apontar as diretrizes nacionais e internacionais relacionadas ao aleitamento materno. As informações foram pesquisadas em um período aproximado de sessenta dias, de 01 de Dezembro de 2008 a 30 de Janeiro de 2009. Foram localizados em torno de cento e trinta publicações (artigos, monografias, dissertações de mestrado, teses, documentos oficiais do Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde e Fundo das Nações Unidas para a Infância) e após o refino, setenta trabalhos foram selecionados. Deu-se prioridade a publicações em português que retratassem a situação da amamentação no território nacional. As palavras-chave utilizadas foram: amamentação, aleitamento materno, aleitamento materno exclusivo, lactente, alimentação infantil, gestação, puericultura e puerpério.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO 1 ALEITAMENTO MATERNO 11 CAPÍTULO 2 VANTAGENS 17 CAPÍTULO 3 SEMANA MUNDIAL DE AMAMENTAÇAO 23 CAPÍTULO 4 COMPROMISSOS E AÇÕES FACILITADORAS 28 CONCLUSÃO 44 BIBLIOGRAFIA 45 ANEXO 54 ÍNDICE 55

8 INTRODUÇÃO Os órgãos oficiais responsáveis pela elaboração das políticas públicas no Brasil o Ministério da Saúde (MS) e em caráter mundial no continente americano - a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS); e no mundo - a Organização Mundial da Saúde (OMS), bem como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) têm dedicado especial atenção às questões da importância e valorização do aleitamento materno. As vantagens do aleitamento materno exclusivo até os seis meses é um fato amplamente reconhecido pelos gestores e profissionais de saúde, porquanto, o leite materno representa o melhor e mais completo alimento para o bebê. A Organização Mundial da Saúde (OMS), as instituições governamentais e órgãos não-governamentais que estudam e divulgam o assunto são unânimes em sua orientação: apoiar a prática do aleitamento materno exclusivo até seis meses e complementado até dois anos de idade visando a qualidade de vida, redução da desnutrição, da mortalidade infantil e as doenças crônicas não transmissíveis na idade adulta. Estudos do UNICEF calculam que o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida pode evitar, anualmente, em termos mundiais, o equivalente a 1milháo e trezentas mil mortes de crianças menores de 05 anos (UNICEF, MS, 2007, p.34). O leite materno possui propriedades nutricionais e antiinfecciosas que fortalece o sistema imunológico do bebê, repercutindo na redução da mortalidade infantil. Cerca de 13 a 15% de todas as mortes de crianças abaixo de cinco anos em todo o Mundo, sendo 50% por doenças respiratórias e 66% por diarréia, poderiam ser prevenidas com o aleitamento materno (UNICEF, MS, 2007, p.35). Neste sentido, o fenômeno objeto de estudo na monografia caracterizase como tema central A prática do aleitamento materno como contribuição

9 à saúde do bebê apontando para a garantia deste direito e a responsabilidade de todos na promoção, proteção e apoio à amamentação. Ao longo do trabalho integra como destaque a abordagem do aleitamento materno, sua importância, vantagens e os benefícios para o bebê, a mãe, a família e a sociedade como um conjunto articulado e interligado. Os recentes estudos científicos (OMS, 2007, p.60) argumentam a importância do incentivo, promoção e apoio ao aleitamento materno como prática universal, contribuindo de maneira significativa e fundamental para a saúde, desenvolvimento e bem estar dos bebês e suas mães. As ações voltadas ao aleitamento materno devem ter atuação conjunta e parceria de profissionais da saúde, instituições governamentais e não governamentais, entre outros, buscando a assistência integral durante o prénatal, o pré-parto, o nascimento, o retorno à consulta do puerpério e o atendimento em puericultura do bebê. Segundo orientação principal da Organização Mundial da Saúde (OMS), na 54ª. Assembléia Mundial da Saúde em maio de 2001 o aleitamento materno é importante até os dois anos de idade ou mais e deve ser o único alimento até os seis meses. Depois dos seis meses, além de leite materno, a criança necessita receber alimentos inócuos e adequados (OMS, 2001, p.72). Baseado nesta diretriz da OMS, o objetivo geral da monografia é captar referências científicas em literatura que evidenciam a importância do incentivo ao aleitamento materno das gestantes e puérperas, promovendo a amamentação exclusiva até os seis meses e complementada até os dois anos de vida ou mais.

10 Na continuidade do trabalho é destacado o enfoque dos objetivos específicos, analisando estudos referente à participação de profissionais, gestantes, puérperas e familiares na Campanha Educativa realizada anualmente denominada Semana Mundial da Amamentação. Os determinantes em estabelecer compromissos nacionais e internacionais para a promoção do aleitamento materno conceberão em 1992 por intermédio da Aliança para Ação em Aleitamento Materno (WABA), a Semana Mundial da Amamentação com a participação de cento e vinte países apontando para uma campanha social de projeção mundial pactuando em suas metas o aumento dos índices de aleitamento materno, importante forma de garantir um crescimento e desenvolvimento saudável para a criança, garantindo ao bebê proteção contra infecções, alergias e outras doenças, reduzindo a desnutrição e a mortalidade infantil mundial. Em relação à atuação e mobilização dos profissionais, o objetivo específico direciona para a importância das equipes de saúde em desenvolver a promoção da amamentação por intermédio de práticas educativas visando à implantação de grupos de apóio á amamentação, acessíveis as gestantes, mães e familiares descrevendo as vantagens do aleitamento materno, além da difusão e apoio a adesão de gestantes ao atendimento pré-natal até o puerpério. No primeiro capítulo destacam-se idéias sobre o aleitamento materno, a sua importância e as maneiras corretas para o sucesso da amamentação. O segundo capítulo trata das vantagens da amamentação e os benefícios para os bebês, as mães, a família, o meio ambiente e a sociedade. A seguir, no terceiro capítulo é detalhada a importância das atividades da Semana Mundial da Amamentação.

11 E finalmente no quarto capítulo são descritos os compromissos e ações facilitadoras ao incentivo a amamentação, entre elas: Alojamento Conjunto, o método "Mãe-Canguru, a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, além dos projetos Carteiro Amigo da Amamentação e Bombeiros da Vida, a aprovação em 1988 pelo Ministério da Saúde e publicada no Diário Oficial da União sob a lei federal de nº. 11.265 de 03 de janeiro de 2006 que trata das Normas para Comercialização de Alimentos para Lactentes.e a criação dos Bancos de Leite Humano.

12 CAPÍTULO 1 ALEITAMENTO MATERNO O UNICEF e a OMS recomendam a amamentação exclusiva até cerca de seis meses de idade do bebê seguida de amamentação sustentada e uso de alimentos complementares. A utilização dessa recomendação apontou os muitos benefícios à saúde do bebê, incluindo a redução na incidência e gravidade de doenças tais como infecções respiratórias agudas e diarréia. Para as mães alguns dos benefícios do aleitamento natural incluem menores taxas de anemia, de câncer de mama na pré-menopausa e de câncer do epitélio ovariano, de fraturas por osteoporose e intervalos interpartais mais longos. Aleitamento materno compreende um processo natural e eficaz, cujo sucesso depende de fatores históricos, sociais, culturais e psicológicos da puérpera e do compromisso e conhecimento técnico-científico dos profissionais de saúde envolvidos na promoção, incentivo, apoio e assistência ao aleitamento materno. Segundo o UNICEF (2008, p.49) o leite materno é um alimento vivo, completo e natural, adequado para quase todos os recém-nascidos, salvo raras exceções. As vantagens do aleitamento materno são múltiplas e já bastante reconhecidas, quer a curto, quer a longo prazo, existindo um consenso mundial de que a sua prática exclusiva é a melhor maneira de alimentar as crianças até aos 6 meses de vida. O leite materno tem um efeito protetor sobre as alergias, nomeadamente as específicas para as proteínas do leite de vaca; o leite materno faz com que os bebês tenham uma melhor adaptação a outros alimentos. Para a fase adulta, podemos referir também a importância do aleitamento materno na prevenção do diabetes e de linfomas.

13 Segundo O UNICEF (2008, p.52) estudos relacionados ao aleitamento indicam que os bebês até os seis meses não precisam de chás, sucos, outros leites, nem mesmo de água. Após essa idade, deverá ser dada alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais. Estudo realizado em Porto Alegre e Pelotas, no Rio Grande do Sul, mostraram que as crianças menores de um ano não amamentadas tiveram um risco quatorze vezes maior de morrer por diarréia e quase quatro vezes maior de morrer por doença respiratória, quando comparadas com crianças da mesma idade alimentadas exclusivamente ao seio (Victora, 1998, p.35). Mesmo as crianças que recebiam, junto com o leite materno, outro tipo de leite, estavam mais protegidas quanto ao risco de morrer do que as não amamentadas. Essas crianças tiveram um risco quatro vezes maior de morrer por diarréia e quase o dobro de morrer por doença respiratória, em relação às crianças exclusivamente amamentadas. A proteção do leite materno contra mortes por diarréia foi máxima nos dois primeiros meses de vida (Victora, 1998, p.37). Amamentar os bebês imediatamente após o nascimento pode reduzir consideravelmente a mortalidade neonatal aquela que acontece até o 28º dia de vida nos países em desenvolvimento. No Brasil, do total de mortes de crianças com menos de 1 ano, 65,6% ocorrem no período neonatal e 49,4% na primeira semana de vida (UNICEF, 2008, p.89). O aleitamento materno na primeira hora de vida é importante tanto para o bebê quanto para a mãe, pois, auxilia nas contrações uterinas, diminuindo o risco de hemorragia. E, além das questões de saúde, a amamentação fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho (UNICEF, 2008, p.96). Segundo Lana (2001, p.10) após o nascimento do bebê, é necessário que os adultos façam tudo por ele por muito tempo. Os adultos mantêm as funções que o útero desempenhava: proteção, nutrição e calor. A

14 amamentação ajuda a transição atual do bebê de dentro para fora da barriga, transição gradual esta que é de máxima importância tanto para o bebê quanto para a mãe. A proposta de organização das práticas de saúde centradas na família e na comunidade, pressupõe preocupação com os indivíduos, valorizando seus vínculos culturais e sociais, num movimento dialético que, enquanto os reafirma como sujeitos do processo saúde-doença, valoriza seus vínculos como membros de grupos que vão da família à sociedade. Além disso, os próprios profissionais de saúde devem se situar numa posição diferente: não mais um conjunto de individualidades encerradas em seu próprio saber e, segundo este, hierarquizadas; mas uma equipe interdisciplinar solidária e disposta ao intercâmbio de conteúdos e tarefas (Ministério da Saúde, 1997, p.105). O sucesso do aleitamento pode ser determinado pela qualidade da interação entre mãe e bebê, durante a mamada, pois este proporciona a oportunidade de contato físico e visual e a vivência da cooperação mútua entre a mãe e o bebê. Labboy et al. (1996, p.39) indica a importância em ofertar ao recémnascido somente leite no peito, sem nenhum outro alimento ou bebida, a não ser o que está clinicamente indicado. O colostro e o leite materno são os únicos alimentos fisiologicamente apropriados para o recém-nascido, já que cobrem suas necessidades durante este período e lhe proporcionam fatores imunológicos que o protegem. O leite materno contém os nutrientes indispensáveis para a criança até 6 meses. E por causa de suas características físico-químicas tem fácil digestão e absorção. Além disso, é rico em anticorpos, principalmente IgA, assim como macrófagos, linfócitos e polimorfonucleares. Contém ainda fatores de crescimento que promovem a digestão e absorção dele próprio no intestino imaturo dos lactantes (BRASIL, 2001, p.26).

15 Resende (2001, p.03) aponta que o leite das primeiras mamadas, o colostro, não é calórico, porém é rico em proteína. Podendo durar aproximadamente 15 dias, dependendo da idade gestacional da criança. Logo, quanto mais prematuro for o bebê, mais tempo durará o colostro. Segue-se o leite de transição e posteriormente o maduro. O leite materno sofre alterações em sua composição mediante a hora do dia, os dois dias depois do parto e no decorrer da mesma mamada. Nesta ultima condição, tem-se o leite anterior e posterior, sendo o ultimo o mais rico em gorduras (BRASIL, 2001, p.29). Campestrini (2006, p.10) acrescenta e descreve informações importantes e necessárias a serem observadas para o sucesso da amamentação: A pega correta e vigorosa do mamilo e da aréola favorece a mamada com até 80 sucções por minuto; Oferecer o peito ao bebê, na sala de parto, assim que ele nascer; Deixar o bebê mamar em cada mama, quantas vezes ele quiser. Não existe hora para amamentar, embora seja bom observar o tempo da mamada: no 1º dia 5 minutos; no 2º dia 7 minutos; no 3º dia 10 minutos. A partir do 4º dia deixar o bebê mamar à vontade, porém sem ultrapassar o tempo de 20 minutos em cada mama; Escolher uma posição confortável para amamentar; Limpar o peito com o próprio leite, seguindo as orientações: retirar, com a mão, um pouco de leite para amaciar a aréola; pegar o mamilo e esfregar entre os dedos; Colocar o bebê com a barriga encostada na barriga da mãe; Direcionar a boca do bebê para o mamilo; Posicionar o mamilo e grande parte da aréola dentro da boca do bebê; Cuidar para que a mama não tape o nariz do bebê;

16 Amamentar o bebê oferecendo as duas mamas. Começar sempre pelo peito mais cheio; Retirar o mamilo da boca do bebê, após a mamada, introduzindo o dedo mindinho pelo canto da boca do bebê; Fazer o bebê eructar (arrotar). Deitá-lo de lado ou de barriga para baixo; Esgotar o leite que o bebê não mamou e guardá-lo na geladeira. A mesma autora Campestrini (2006, p.18.) aponta para crenças e mitos que os pais acabam adotando que se constituem em práticas contrárias à alimentação de seus bebês. O fracasso da amamentação é imediato. Os exemplos mais comuns e que funcionam como rivais do aleitamento materno são: A crença de que o chá, a chupeta e outros bicos acalmam a cólica do bebê. Na verdade, estes irão atrapalhar a amamentação. A criança é enganada e perde o interesse pelo peito. Além disso, a água não contém substâncias nutritivas e muito menos as imunoglobulinas. A forte cultura da mamadeira. É comum a pressão de familiares quanto ao uso de chupetas. Eles desconhecem que as chupetas e as mamadeiras podem causar inúmeros danos como: deformidade na arcada dentária, cáries dentárias, dificuldade na fala; transmissão de doenças como monilíase oral (sapinho), amigdalite (dor de garganta), otite (dor de ouvido), diarréia, verminoses, alergias e muitas outras doenças. O tabu do peito caído. Convém lembrar que os peitos não existem apenas para embelezar; que exercida ou não sua principal finalidade amamentação a mulher poderá ter peitos bonitos, mas nunca iguais como antes do primeiro filho. As mulheres devem ser ensinadas que: nenhuma mulher fica debilitada por amamentar seu filho. A debilidade é devida à má alimentação, ao estilo de vida, à falta de exercícios físicos, a fatores genéticos e ao não uso de sutiã desde a meninice.

17 Alterações no tamanho e turgescência dos peitos associam-se mais ao número de gravidez e à idade do que à amamentação. Os peitos são sustentados por ligamentos à base de colágenos, que funcionam como suspensórios naturais. Mas em apenas 3% das mulheres eles são completos de fato e prendem a pele aos músculos. Essa minoria terá peitos firmes sempre. As outras 97% estão sujeitas à perda da elasticidade da pele, pelo envelhecimento e variações de pelo. Para prevenir, recomenda-se o uso de sutiã firme. Portanto, toda a família deve ser ajudada a superar suas crendices, garantindo desta forma a amamentação segura e duradoura. Teixeira (2005, p.23) salienta a importância de sugestões referentes a alternar a posição do bebê durante a amamentação. Desse modo, a mãe previne as fissuras nos mamilos e garante que todo o leite produzido na mama seja liberado para o bebê. Destaca três formas de amamentar: 1.1. FORMAS DE AMAMENTAR 1.1.1. Da maneira tradicional A mãe fica sentada e apóia a cabeça do bebê sobre a dobra do cotovelo. É dessa maneira que a maioria das mulheres prefere amamentar. Uma dica é colocar um travesseiro ou uma almofada sob o corpo da criança, mantendo-a ainda apoiada no braço. Desse modo, mãe e filho ficam mais confortáveis. 1.1.2. Invertendo o bebê Essa posição é bastante indicada em caso de cesarianas ou o bebê não consegue abocanhar toda a aréola. O corpo dele é encaixado sob o braço

18 da mãe, que permanece sentada. A criança pode fazer uma boa pega porque fica de frente para o peito. Assim é possível drenar melhor o leite que fica no quadrante da mama localizado próximo às axilas. 1.1.3. Na cama Mãe e bebê deitam frente a frente. Com a cabeça apoiada no travesseiro, ela oferece o peito do lado que está deitada. O bebê pode ficar com a cabeça apoiada no antebraço da mãe, todo envolvido por ela, ou deitado na cama, com as costas apoiadas por ela na hora da pega. Nessa posição, a mulher precisa estar acompanhada para não correr o risco de dormir. Isso porque ela pode se virar ou o bebê fazer algum movimento perigoso. Moorhead (2005, p.55) destaca a importância do posicionamento na amamentação na perspectiva de criar condições que sejam simultaneamente relaxantes para a mãe e para o bebê. Afirma que ambos têm que estar em posição o mais confortável possível. Indica algumas formas de posicionamento para amamentar o bebê: 1.2. FORMAS DE POSICIONAMENTO 1.2.1. Posição da bola de futebol Esta posição é útil para as mães que foram submetidas a uma cesariana, que tiveram gêmeos ou que estão a amamentar bebês pequenos. A mãe deverá sentar-se em uma cadeira de braços confortável colocando uma almofada ao seu lado para ajudá-la a apoiar o braço e a erguer o bebê. Manter o bebê numa posição semi-sentada, voltado para a mãe. O braço da mãe que estiver mais próximo do bebê deverá apoiar as costas do bebê enquanto que a mão deverá apoiar o pescoço e a cabeça. 1.2.2. Posição de berço

19 Esta posição é a ideal quando o bebê conseguir coordenar os movimentos da cabeça e do pescoço e tiver, pelo menos, algumas semanas de idade. Nesta posição, a cabeça do bebê fica apoiada no antebraço direito quando o amamentar da mama direita. 1.2.3. Posição deitada de lado Esta posição é mais conveniente caso a mãe se sinta desconfortável na posição de sentada, se o bebê estiver dormindo durante a mamada ou quando é amamentado durante a noite. Neste Caso, tanto a mãe como o bebê estarão deitados de lado, barriga com barriga. A forma mais frequente de fazer o bebê arrotar consiste em levantá-lo encostado ao ombro da mãe batendo-lhe ligeiramente nas costas. Outro método consiste em colocar o bebê sobre os joelhos da mãe, de barriga para baixo, e esfregar ou bater ligeiramente nas suas costas. Poderá também sentar o bebê no colo da mãe, apoiando com uma mão o seu peito e cabeça enquanto bate ligeiramente nas costas do bebê com a outra mão. materno. A seguir no capítulo 2, é destacado as vantagens do aleitamento

20 CAPÍTULO 2 VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO A mãe que amamenta se sente mais segura e menos ansiosa, proporciona mais rapidez na diminuição do volume do útero e evita a hemorragia no pós-parto, uma das principais causas de mortalidade materna, no Brasil. Estudos de Rea (2004, p.s142) sobre as vantagens da amamentação para a mãe indicam que há uma relação positiva entre amamentar e apresentar menos doenças como o câncer de mama, certos cânceres ovarianos e certas fraturas ósseas, especialmente coxofemoral, por osteoporose. Indaga-se também sobre o efeito da amamentação no menor risco de morte por artrite reumatóide. Muitos estudos foram publicados mostrando como a amamentação se relaciona à amenorréia pós-parto e ao conseqüente maior espaçamento intergestacional. Outros benefícios para a mulher que amamenta são o retorno ao peso pré-gestacional mais precocemente e o menor sangramento uterino pós-parto (conseqüentemente, menos anemia), devido à involução uterina mais rápida provocada pela maior liberação de ocitocina. Neste sentido podemos destacar que: A amamentação exclusiva protege contra anemia (deficiência de ferro). Já que as mulheres amamentando exclusivamente demoram mais tempo para menstruar, sua reserva de ferro não é diminuída com sangramento mensal, além de ajudar o útero a recuperar seu tamanho normal, reduzindo o risco de hemorragia. A amamentação ajuda a retardar uma nova gravidez.

21 De acordo com Rea (2004, p.s145) para que a mulher utilize a amamentação como prática contraceptiva, ela deve: (1) estar nos primeiros 06 meses pós-parto; (2) não ter menstruado; e (3) amamentar exclusivamente ou quase exclusivamente. Essas recomendações continuam se apoiando no assim chamado Consenso de Bellagio, de 1988, baseado na revisão de todos os estudos sobre o tema publicados ate aquela época. Segundo o Consenso, a amamentação fornece mais de 98% de proteção contra a gravidez nos primeiros 6 meses depois do parto se a mulher não tiver menstruado depois do 56º dia e se estiver amamentando exclusiva ou quase exclusivamente. A amamentação estimula a produção de oxitocina, que estimula as contrações que vão diminuir o tamanho do útero e expulsar a placenta. Essas contrações também agem nos vasos sanguíneos da mulher diminuindo o sangramento contrair câncer de mama, do ovário e do endométrio. A amamentação diminui o risco de osteoporose e diabetes à longo prazo. Amamentar ajuda a mulher voltar ao peso normal, com maior rapidez da forma física. Amamentar é prático, não é trabalhoso, está pronto, não necessita de preparo e é econômico. O leite materno constitui o método mais barato e seguro de alimentar o bebê. O aleitamento materno por sua praticidade torna conveniente as viagens e as mamadas noturnas. O aleitamento materno reduz a possibilidade de depressão pós parto. O leite materno está sempre pronto para servir a qualquer hora do dia ou da noite, sem precisar fazer a criança esperar, na temperatura certa para ser bebido. Estudos do UNICEF (2007, p.32) indicam as vantagens do aleitamento para o bebê. O leite materno é a primeira vacina de um bebê. Ajuda a protegê-lo contra diarréia, infecções no ouvido e no pulmão, além de outras doenças. A proteção é ainda maior quando a criança é exclusivamente amamentada durante os seis primeiros meses de vida ou a amamentação

22 continua até o seu segundo ano de vida ou mais. Nenhum outro alimento oferece tal proteção. Bebês que são amamentados normalmente recebem mais atenção e são mais estimulados do que aqueles que são alimentados por mamadeiras. A atenção faz com que as crianças cresçam, desenvolvam-se e se sintam mais seguras (UNICEF, 2007, p.45). O leite materno é o único alimento de que o bebê precisa durante os seis primeiros meses de vida. Nenhum outro alimento, nem mesmo água, é necessário durante esse período. O leite materno é o melhor alimento que um bebê pode ter. Leite de outros animais, fórmulas, leite em pó, chás, bebidas com açúcar, água e cereais são inferiores ao leite materno. O leite materno é de fácil digestão para o bebê. Também é responsável por promover um melhor crescimento e desenvolvimento, além de proteger contra doenças. Mesmo em ambientes quentes e secos, o leite materno supre as necessidades de líquido de um bebê. Água e outras bebidas não são necessárias durante os primeiros seis meses. Dar ao bebê outro alimento, que não o leite materno, aumenta o risco de diarréia ou outra doença. Sobre o crescimento de crianças alimentadas com leite materno exclusivo nos primeiros meses de vida, Marques et al (2004, p.100), colocam, que no início da vida, o leite humano é indiscutivelmente o alimento que reúne as características nutricionais ideais, com balanceamento adequado de nutrientes, além de desenvolver inúmeras vantagens imunológicas e psicológicas, importantes na diminuição da morbidade e mortalidade infantil.

23 Os substitutos do leite materno que possuem uma composição nutricional equivalente são caros. Por exemplo, para alimentar um bebê durante um ano, são necessários 40 kg (aproximadamente 80 latas) de leite em pó. Os profissionais de saúde devem informar o custo gerado por tal medida a todas as mães que estejam considerando o uso de substitutos. Se a pesagem freqüente mostrar que um bebê alimentado exclusivamente com leite materno não está se desenvolvendo, então: A criança pode estar precisando ser amamentada com maior freqüência. Pelo menos 12 mamadas por um período de 24 horas podem ser necessárias. O bebê deve mamar por pelo menos 15 minutos. O bebê pode precisar de ajuda para colocar o peito de forma adequada na boca. O bebê pode estar doente e precisar de cuidados médicos. A ingestão de água ou outro líquido pode estar diminuindo a quantidade de leite que está tomando. A mãe não deve oferecer outro líquido, a não ser o leite materno. Qualquer criança com mais de seis meses precisa de outros alimentos e líquidos. O aleitamento deve continuar até que a criança complete dois anos ou mais. O melhor alimento para uma criança que não pode ser amamentada é o leite de sua própria mãe, extraído de outra forma, ou o leite de outra mulher saudável. O leite materno deve ser dado ao bebê em um copo limpo e aberto. Mesmo os recém-nascidos podem ser alimentados com um copo aberto, que pode ser facilmente limpo. Abaixo transcrevemos a técnica do copo aberto (copinho): Lavar as mãos. Segurar o bebê no colo, na posição sentada ou com tronco o mais elevado possível. Neste momento é importante a interação com o bebê, face a face, com a mãe ou com o profissional de saúde. Colocar gaze não-estéril ou babador abaixo do queixo do bebê.

24 Aproximar o copinho dos lábios do bebê, mantendo o nível do leite apenas tocando os lábios. A estimulação sensorial, geralmente seguida por atividade visível da língua. O leite deve ser oferecido vagarosamente, com pausas, para facilitar a deglutição, devendo o bebê impor o ritmo da alimentação. Repetir todo o processo até que toda a dieta seja oferecida. Evitar ao máximo o extravasamento do leite, visto que provoca desconforto para o bebê, além de prejudicar a ingesta hídrica e calórica, bem como o ganho ponderal. Ao término, colocar o bebê para eructar (arrotar). O aleitamento materno é indicado como grande benefício ao bebê promovendo melhor desenvolvimento neuro-psicomotor infantil e cognitivo, aumenta o QI, promove melhor padrão cardiorespiratório durante a alimentação, melhor resposta às imunizações e melhor equilíbrio emocional. O leite materno protege o bebê contra doenças alérgicas, diversos tipos de câncer, desnutrição, diabetes mellitus, doenças digestivas, doenças crônicas como osteoporose, doença cardiovascular e arteriosclerose, obesidade, meningites, sarampo e outras doenças infecciosas, doenças respiratórias e otites, doenças do trato urinário e cáries. A tabela abaixo foi elaborada pela Organização Mundial da Saúde (2003, p.49) e demonstra as diferenças entre leite materno, animal e artificial:

25 Diferença entre os leites: Materno, Animal e Artificial Leite Materno Leite Animal Leite Artificial Proteínas Quantidade adequada e fácil de digerir. Excesso, difícil de digerir. Parcialmente modificado. Lipídeos Suficiente em ácidos graxos essenciais, lipase para digestão. Deficiente em ácidos graxos essenciais, não apresenta lipase. Deficiente em ácidos graxos essenciais, não apresenta lipase. Vitaminas Suficiente. Deficiente de A e C. Vitaminas adicionadas. Minerais Quantidade adequada. Excesso. Parcialmente correto. Ferro Pouca quantidade, boa absorção. Pouca quantidade, má absorção. Adicionado, má absorção. Água Suficiente. Precisa de mais. Pode precisar de mais. Propriedades antiinfecciosas Fatores de Crescimento Fonte: OMS/CDR/93.6 Presente. Ausente. Ausente. Presente. Ausente. Ausente. De fundamental importância para as famílias mais carentes é o fator econômico. O gasto médio mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primeiros seis meses de vida varia de 23% a 68% do salário mínimo. A esse gasto devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas. Destacando no contexto social, as funções primordiais da família moderna: provedora das necessidades básicas de alimentação e habitação, ou seja, funções de sobrevivência e proteção dos perigos externos, a matriz do desenvolvimento de vínculos afetivos e sociais, modeladora dos papéis sexuais. Ou seja, as funções primordiais da família o asseguramento da sobrevivência física e de socialização, possibilitando o desenvolvimento da

26 identidade e da individualidade de seus membros (A VEZ DO MESTRE, Módulo I, 2008, p.05). Rego (2006, p.36) destaca que o ato de amamentar transcende o prisma biológico da promoção nutricional e de adaptação da criança. O momento da amamentação supre desde o inicio as necessidades emocionais, o contato pele a pele, olhos nos olhos entre dois seres, tornando a mãe a primeira professora de amor de seus filhos. Deve-se levar em consideração de que a amamentação não é tão somente um ato para saciar a fome do bebê e satisfazer suas necessidades nutricionais, vai muito além, este contato pele a pele, da mãe com o bebê, oportuniza experiências essenciais para a sobrevivência física e psicológica, pois alivia as angústias que o bebê sente e transmite segurança tanto para o bebê quanto para a mãe, tornando-se assim íntimos e conhecendo um ao outro (Rego, 2006, p.42). Segundo Ciampo (2004, p.22) transmite substâncias psíquicas que vão compor a personalidade da criança e cria uma imunidade contra alguns males emocionais, pois fortalece a psique da criança. E como a personalidade do bebê é formada? Ela se forma através do jogo entre fatores externos e internos ou endógenos e exógenos, entre o bebê e a mãe (pilar fundamental no desenvolvimento da criança), através das experiências vivas por ambos. Para Ciampo (2004, p. 26), todos os sentimentos experimentados pela mãe (alegria, tristeza, frustração...) entram em contato com os sentimentos do bebê e acabam por formar um campo emocional muito intenso e que se insere no psiquismo do bebê de forma também intensa, e com isso há uma troca de emoções que serão carregadas pela vida a fora, tanto no relacionamento familiar como no mundo que o cerca. O real impacto social do aleitamento materno é difícil de ser quantificado. Sabe-se que as crianças que recebem leite materno adoecem

27 menos, necessitando de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, além de menos faltas ao trabalho dos pais. Como resultado, a amamentação pode beneficiar não somente as crianças e suas famílias, mas também a sociedade como um todo. A sociedade que investe na amamentação exclusiva e duradoura usufruirá de inúmeros benefícios a curto e a longo prazo. Assim: as pessoas e o meio ambiente serão protegidos do excesso de lixo. O leite vai da mãe para o filho, não acumula lixo, não provoca desperdício, reduz a quantidade de lixo inorgânico. Amamentar é um ato ecológico, pois contribui para a diminuição dos gastos e da produção de lixo (papel, alumínio, plásticos, borracha e silicone). Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS, 2008; p.01), divulgada no início de julho de 2008, mostrou dados positivos: 43% das crianças são amamentadas na primeira hora de vida no Brasil, 99% são amamentadas no primeiro dia de vida e 40% das crianças menores de seis meses recebem exclusivamente o aleitamento materno. O capítulo 03 analisa a Semana Mundial de Amamentação e seu impacto enquanto ação internacional ao incentivo da prática do aleitamento materno.

28 CAPÍTULO 3 SEMANA MUNDIAL DE AMAMENTAÇÃO A Semana Mundial de Aleitamento Materno faz parte de uma história mundial focada na Sobrevivência, Proteção e Desenvolvimento da Criança.. A Organização Mundial de Saúde, desde sua criação em 1948, tem entre suas ações aquelas voltadas à saúde da criança, absorvendo a grande preocupação com a mortalidade infantil. Em 1990, a partir de um encontro organizado pela OMS e UNICEF o qual resultou um documento adotado por organizações governamentais e não governamentais, assim como, por defensores da amamentação de vários países, entre eles o Brasil. O documento chamado Declaração de Innocenti apresentou quatro objetivos operacionais: Estabelecer um comitê nacional de coordenação da amamentação; Implementar os "10 passos para o sucesso da amamentação" em todas as maternidades; Implementar o Código Internacional de Comercialização dos Substitutos do Leite Materno e todas as resoluções relevantes da Assembléia Mundial de Saúde; Adotar legislação que proteja a mulher que amamenta no trabalho. A Declaração de Innocenti aponta que o aleitamento materno é um processo único e uma atividade que, mesmo tomada isoladamente, é capaz de: reduzir a morbilidade infantil ao diminuir a incidência de doenças infecciosas; proporcionar nutrição de alta qualidade para a criança, contribuindo para o seu crescimento e desenvolvimento; contribuir para a saúde da mulher, reduzindo

29 riscos de certos tipos de câncer e de anemia e ampliando o espaçamento entre partos, proporcionar benefícios econômicos para a família e a nação; quando bem adaptado, proporcionar satisfação à maioria das mulheres. E que pesquisas demonstram que: estes benefícios aumentam com a exclusividade do aleitamento materno na infância e com a manutenção do aleitamento na época de introdução da alimentação complementar; intervenções programadas podem resultar em mudanças positivas de comportamento em relação ao aleitamento materno. Em 2005, ocorreu a 1ª revisão e atualização da Declaração de Innocenti, direcionando a seguir as principais conclusões com o título O que todos deviam saber sobre a amamentação : 1. O leite materno é o único alimento e bebida que o bebê necessita para os primeiros seis meses. Nenhuma outra comida ou bebida, nem sequer água, é necessária durante este período. 2. Os recém-nascidos devem ser mantidos junto das mães e iniciarem a amamentação durante a primeira hora após o nascimento. 3. A amamentação frequente provoca a produção de mais leite. Quase todas as mães conseguem amamentar com sucesso. 4. A amamentação ajuda a proteger os bebês e crianças jovens contra doenças perigosas. Também cria laços especiais entre a mãe e a criança. 5. A amamentação artificial pode levar as doenças e em ultimas conseqüências à morte. Se a mulher não conseguir amamentar o bebê, deverá à mesma alimenta-lo com o seu próprio leite ou com um substituto do leite materno utilizando um copo limpo. 6. A partir do sexto mês, os bebes necessitam de mais variedade na alimentação, mas a amamentação deve continuar até ao segundo ano de idade e posteriormente. 7. Uma trabalhadora afastada da sua casa pode continuar a amamentar a sua criança se amamentar o maior número de vezes possível nas alturas em que está com a criança.

30 8. A amamentação materna exclusiva pode dar à mulher 98% de proteção contra uma gravidez nos seis meses posteriores ao nascimento mas apenas se não tiver os seus períodos mensais, se o seu bebê for amamentado freqüentemente durante o dia e a noite, e se não for dado outro alimento ou bebida ao bebê, chucha ou boneco. 9. Existe um risco de a mulher com HIV passar o vírus para o bebê através da amamentação, especialmente quando a amamentação não for exclusiva. As mulheres infectadas devem ser aconselhadas por um profissional de saúde nos benefícios e riscos de todas as opções de alimentação do bebê e devem ser ajudadas nas decisões de alimentação ao bebê que tomaram. Com o objetivo de seguir os compromissos assumidos pelos países com a assinatura do documento da Declaração de Innocenti foi fundada em 1991 a Aliança Mundial de Ação pró-amamentação WABA. Essa organização criou no ano de 1992 a Semana Mundial de Aleitamento Materno, para promover as metas da Declaração de Innocenti. A Semana Mundial é considerada como veículo para promoção da amamentação. Ocorre em 120 Países e, oficialmente, é celebrada de 1 a 7 de agosto. A WABA define, a cada ano, o tema a ser trabalhado na Semana, lançando materiais que são traduzidos em 14 idiomas. Entretanto, a data e o tema podem ser adaptados em cada país a fim de que seja obtido mais e melhores resultados do evento. O Ministério da Saúde, no Brasil coordena a Semana Mundial de Aleitamento Materno desde 1999, sendo responsável pela adaptação do tema para o nosso país e elaboração e distribuição de cartaz e folder. Tem o apoio de Organismos Internacionais, Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Hospitais Amigos da Criança, Sociedades de Classe e ONGs.

31 Os temas escolhidos desde o ano de 1992, apontam a preocupação permanente com amamentação, celebrados anualmente com a Semana Mundial de Aleitamento Materno divulgados pela WABA e adaptados no Brasil: 1992 - Amamentação - Hospitais Amigos da Criança. 1993 - Amamentação - Direito da Mulher no Trabalho. 1994 - Amamentação - Fazendo o Código Funcionar. 1995 - Amamentação - Fortalece a Mulher. 1996 - Amamentação - Responsabilidade de Todos. 1997 - Amamentar é um Ato Ecológico. 1998-Amamentação:-Amamentar é um barato! O melhor Investimento. 1999 - Amamentar: Educar para a Vida. 2000 - Amamentar é um Direito Humano. 2001 - Amamentação na Era da Informação. 2002 - Amamentação: Mães Saudáveis, Bebês Saudáveis. 2003 - Amamentação: Trazendo Paz num Mundo Globalizado. 2004 -Amamentação Exclusiva: Satisfação, Segurança e Sorrisos. 2005 - Amamentação e introdução de Novos Alimentos a partir dos 06 meses de Vida. Alimentação complementar: do peito à comida caseira. 2006 - Amamentação: Garantir este direito é responsabilidade de todos e sua proteção é lei no Brasil. Código: 25 anos de proteção à amamentação. 2007 - Amamentação na Primeira Hora, Proteção sem Demora. 2008 Amamentação: Apoio às mães: Conquistar a medalha de ouro. No Brasil, em todo o território nacional, na Semana Mundial de Amamentação, são direcionados esforços visando reforçar a consciência da necessidade e da importância de apoiar a mulher na amamentação: disseminar informação atualizada sobre como apoiar a mulher na amamentação e incentivar a criação de condições de excelência para apoiar a mulher.

32 Como exemplo a cidade de Ribeirão Preto, localizada no Estado de São Paulo, anualmente durante o mês de outubro em suas Unidades de Saúde, Escolas Municipais, Banco de Leite, Maternidades e outras instituições de Ribeirão, implementam e desenvolvem ações voltadas à promoção e estímulo ao Aleitamento Materno: palestras, orientações e vídeos para profissionais e população; divulgação de material educativo e apresentação de peça teatral. Com o tema de 2008 - Amamentação: Apoio às mães: Conquistar a medalha de ouro, Ribeirão Preto Ribeirão Preto através de suas instituições públicas e privadas de saúde e de ensino, promoverão a XVII Semana Mundial da Amamentação, objetivando: Divulgar os recursos disponíveis no município para promoção e apoio ao Aleitamento Materno; Promover maior interação entre as instituições visando melhoria a assistência materno infantil; Disponibilizar o acesso aos serviços de saúde proporcionando informações, orientações e apoio a gestantes e mães sobre amamentação; Estimular mudança no pensamento público, de forma que o. direito a amamentação seja protegido, facilitado e garantido nos níveis das famílias, comunidades e governo; Ressaltar o aleitamento materno como investimento para redução da morbi-mortalidade infantil. No próximo capítulo, são abordados os compromissos e ações facilitadoras do aleitamento materno.

33 CAPÍTULO 4 COMPROMISSOS E AÇÕES FACILITADORAS AO INCENTIVO A AMAMENTAÇÃO O Ministério da Saúde (2007, p. 01) divulgou em 05 de Dezembro de 2007, compromisso de atuação com políticas públicas de saúde ampliando diretrizes sistematizadas no Plano de Ação para o período de 2008 a 2011, intitulado PROGRAMA MAIS SAÚDE - DIREITO DE TODOS, estruturado em 04 pilares básicos e estratégicos: 1- Promoção e atenção à saúde: a família no centro da mudança; 2- Gestão, trabalho e controle social; 3- Ampliação do acesso com qualidade; 4- Produção, Desenvolvimento e Cooperação em Saúde. O primeiro envolve ações de saúde para toda a família, desde a gestação até os idosos. O segundo, qualifica os profissionais e gestores, forma recursos humanos para o SUS e garante instrumentos para o controle social e fiscalização dos recursos. O terceiro reestrutura a rede, cria novos serviços, amplia e integra a cobertura no Sistema Único de Saúde. O quarto trata a saúde como um importante setor de desenvolvimento nacional, na produção, renda e emprego. A política do aleitamento materno é contemplada no pilar referente a Promoção e atenção à saúde, com estímulo a política de aleitamento materno até os 06 meses de idade da criança, ampliação da licença maternidade até o seis meses de idade da criança e o esforço para atingir o número de 304 bancos de leite humano, com um crescimento anual de 15% ao ano. Está prevista também a capacitação de profissionais para o monitoramento de gestantes e crianças de 0 a 6 anos. Além da criação do Centro de Referência Latino-Americano para pasteurização do leite Humano.

34 Entre as ações de aleitamento materno realizadas com sucesso no país, pode-se citar o Alojamento Conjunto, o método Mãe-Canguru, a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, os projetos Carteiro Amigo e Bombeiros Amigos da Amamentação, Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras e a criação dos Bancos de Leite Humano. Estes programas e projetos apresentam papel importante no estímulo ao aleitamento materno. 4.1 - ALOJAMENTO CONJUNTO Segundo o Ministério da Saúde (2007, p.03) Alojamento Conjunto é o sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento, permanece com a mãe, 24h por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar. Este sistema possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde de binômio mãe e filho. Historicamente no Brasil, o Alojamento Conjunto surgiu na década de 70 a partir das necessidades de criar melhores condições para proporcionar um melhor relacionamento entre mãe e filho, desde os primeiros momentos após o parto (FREDERICO et al., 2000, p.65). Conforme consta na Lei Resolução SS- 165, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 14/03/1989, a Sociedade de Pediatria de São Paulo recomendou que fosse implementado o Alojamento Conjunto em todas as unidades de pediatria do Estado, com a finalidade de promover à indissolubilidade da relação mãe-filho, a humanização do atendimento à criança internada, a possibilidade de diminuir o prazo de internação, de reduzir o número de reinternações e a oportunidade de prover a educação em saúde (FREDERICO et al., 2000, p. 39).

35 Segundo Frederico (2000, p.42), o sistema de alojamento conjunto possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde de binômio mãe e filho. O Alojamento Conjunto tem como objetivo a integração mais íntima da mãe com o recém nascido, contribuindo para estabelecer um relacionamento afetivo melhor entre mãe e filho desde o nascimento, além de proporcionar a segurança emocional para os pais quanto aos cuidados com o bebê e incentivar o aleitamento materno diminuindo a incidência de infecções hospitalares (FONSECA et al., 2000, p.302). Quando mãe e recém-nascido são colocados lado a lado no pós-parto, a mulher é estimulada a amamentar e a cuidar de sua criança tão logo quanto possível, o que proporciona e fortalece o vínculo mãe-filho, estimula o aleitamento materno (FREDERICO et al., 2000, p.43), além de proteger a mãe de câncer de ovário e mamas. Durante o tempo de permanência no hospital, é vantajoso que a mãe e o pai participem do cuidado do bebê (FONSECA et al., 2002, p.303), e o Alojamento Conjunto proporciona a ocorrência desta situação. 4.2 - PROGRAMA MÃE-CANGURU O grande número de recém-nascidos prematuros e de baixo peso, as altas taxas de mortalidade infantil, os altos custos hospitalares e as elevadas porcentagens de seqüelas no crescimento e desenvolvimento desses bebês são grandes preocupações da classe médica. Além de ser um atendimento caro, constata-se que ao se colocar o bebê nascido prematuramente numa incubadora, é grande a probabilidade de a mãe desvincular-se emocionalmente da criança. Também o fato de interromper a amamentação leva à desnutrição da criança quando deixa o hospital. Tanto a ausência de incubadoras, principalmente nas regiões mais pobres do País, como a desnutrição e o

36 abandono sofridos pelos bebês prematuros influenciam diretamente os altos índices de mortalidade infantil. Reconhecido como uma ótima alternativa de cuidado neonatal para os bebês nascidos de baixo peso, o Método Mãe-Canguru, também conhecido como contato de pele ou cuidado Mãe-Canguru, foi criado em 1979 por médicos colombianos e trazido ao Brasil em 1991 pelo Hospital Guilherme Álvaro localizado em Santos, São Paulo (VENÂNCIO et al., 2004, p.173). Este método surgiu da necessidade de encontrar soluções para superlotação das unidades neonatais, que muitas vezes encontrava-se com mais de dois recém-nascidos na mesma incubadora (LAMY et al., 2005, p. 660). Segundo Colameo (2006, p.20) a metodologia do Programa "Mãe- Canguru" está baseada em princípios simples e que têm demonstrado grande efetividade no atendimento: 1. o calor, gerado e transmitido pelo corpo da mãe em contato com o bebe fica junto dela durante longos períodos; 2. o leite materno que, além de alimentar o bebê, possui propriedades imunológicas, protegendo o bebê contra infecções; 3. o amor, que estimula o bebê, garantindo-lhe apoio e equilíbrio emocional, fatores indispensáveis para seu bom desenvolvimento. O principal objetivo do Programa "Mãe-Canguru" é humanizar a assistência ao recém-nascido prematuro e/ou de baixo peso, possibilitando a alta precoce, amenizando os efeitos da infra-estrutura inadequada, superlotação e infecção hospitalares. Desse modo, superadas as complicações clínicas características dos primeiros dias de vida dos bebês, independente do peso em que se encontrem, recebem alta, e são atendidos no ambulatório até que se completem as quarentas semanas de gestação normal ou até que o bebê atinja o peso de dois quilos. A alta precoce, além de fortalecer o vínculo do bebê com sua família, favorece a liberação de vagas destinadas a novas