...o Brasil como forma bizarra de amálgama de público e privado. Fabricio Muriana / Revista Bacante



Documentos relacionados
VELEIDADES TROPICAES Trechos principais de críticas recebidas, seguidos dos recortes de onde foram extraídos.

MIRE VEJA Trechos principais de críticas recebidas, seguidos dos recortes de onde foram extraídos.

ESTRUTURAS NARRATIVAS DO JOGO TEATRAL. Prof. Dr. Iremar Maciel de Brito Comunicação oral UNIRIO Palavras-chave: Criação -jogo - teatro

Selecionando e Desenvolvendo Líderes

Dia_Logos. café teatral

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

1. Quem somos nós? A AGI Soluções nasceu em Belo Horizonte (BH), com a simples missão de entregar serviços de TI de forma rápida e com alta qualidade.

Currículo Referência em Teatro Ensino Médio

7º ano - Criação e percepção - de si, do outro e do mundo

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011 A IMPORTÂNCIA DAS ARTES NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Blog + dinheiro + mulheres + sucesso social (mini e-book grátis)

f r a n c i s c o d e Viver com atenção c a m i n h o Herança espiritual da Congregação das Irmãs Franciscanas de Oirschot

Desvios de redações efetuadas por alunos do Ensino Médio

contribuição previdenciária de aposentados e pensionistas, e a PEC 63, que resgata o ATS.

Entusiasmo diante da vida Uma história de fé e dedicação aos jovens

No E-book anterior 5 PASSOS PARA MUDAR SUA HISTÓRIA, foi passado. alguns exercícios onde é realizada uma análise da sua situação atual para

AS MAIS DE DUZENTAS MENSAGENS DE UM OTIMISTA

Relaxamento: Valor: Técnica: Fundo:

Desafio para a família

GRITO PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

A economia criativa movimenta R$ 40 bilhões por ano na Capital (10% do PIB), segundo a Prefeitura de São Paulo

25 de Abril de 2015 Comemoração dos 41 anos da Revolução dos Cravos

como a arte pode mudar a vida?

BRINCAR É UM DIREITO!!!! Juliana Moraes Almeida Terapeuta Ocupacional Especialista em Reabilitação neurológica

Rousseau e educação: fundamentos educacionais infantil.

estão em evidência hoje?

Informativo G3 Abril 2011 O início do brincar no teatro

Entre em sintonia com o sucesso Lições de uma orquestra e um maestro para empresas, gestores, líderes e colaboradores

1 O número concreto. Como surgiu o número? Contando objetos com outros objetos Construindo o conceito de número

Caro programador: Polichinelo sensibiliza para a diferença, para o respeito pelo outro. Uma peça de teatro que estimula a imaginação e a criatividade

Programa do Serviço Educativo. 2.º Semestre 2008

Vamos fazer um mundo melhor?

SONHO BRASILEIRO // O JOVEM BOX 1824 JOVENS-PONTE

FILOSOFIA BUDISTA APLICADA A EMPRESA:

Morro da Favella. Fatos e lendas da primeira favela do Brasil

Gestão da Informação e do Conhecimento

Consumidor e produtor devem estar

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

O papel do CRM no sucesso comercial

Os pequenos nadas. Uma criação de Anton Coimbra e Nuno Pinto. Produçao de Último Comboio.

g r u p o X I X d e t e a t r o

DILMA MARIA DE ANDRADE. Título: A Família, seus valores e Counseling

Introdução. A educação ar0s2ca é essencial para o crescimento intelectual, social, 9sico e emocional das crianças e jovens.

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

Atividade: Leitura e interpretação de texto. Português- 8º ano professora: Silvia Zanutto

35 anos. Raça Cia de Dança. Venha fazer parte da nossa história!

Lúmini Art Centro de Pesquisa, Cultura e Ação Social. O Projeto Social Luminando

Avaliação da aprendizagem... mais uma vez

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

3º Bimestre Pátria amada AULA: 127 Conteúdos:

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

Encontrando uma tábua de salvação, 13 O exercício do luto, 17 A folha de bordo cor de prata: uma pequena história, 19

A Dança é a arte de mexer o corpo, através de uma cadência de movimentos e ritmos, criando uma harmonia própria. Não é somente através do som de uma

Hiperconexão. Micro-Revoluções. Não-dualismo

1. De que modo a imagem coopera na. 2. O texto Pruébala durante um mês. Si

Como fazer contato com pessoas importantes para sua carreira?

CAPTAÇÃO DE RECURSOS ATRAVÉS DE PROJETOS SOCIAIS. Luis Stephanou Fundação Luterana de Diaconia

Insígnia Mundial do Meio Ambiente IMMA

DANIEL EM BABILÔNIA Lição Objetivos: Ensinar que devemos cuidar de nossos corpos e recusar coisas que podem prejudicar nossos corpos

OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

DISCURSO SOBRE LEVANTAMENTO DA PASTORAL DO MIGRANTE FEITO NO ESTADO DO AMAZONAS REVELANDO QUE OS MIGRANTES PROCURAM O ESTADO DO AMAZONAS EM BUSCA DE

A Sociologia de Weber

LÍDER: compromisso em comunicar, anunciar e fazer o bem.

CURSOS PRECISAM PREPARAR PARA A DOCÊNCIA

TIPOS DE BRINCADEIRAS E COMO AJUDAR A CRIANÇA BRINCAR

Os Quatros Elementos Ter, 02 de Dezembro de :12

COMO ESCREVER UM LIVRO INFANTIL. Emanuel Carvalho

A nossa missão profissional é eternizar a sua história e o nosso desejo pessoal é conhecer aquela parte incrível que mora em você.

Família. Escola. Trabalho e vida econômica. Vida Comunitária e Religião

Suas palestras são personalizadas de acordo com o evento e perfil do público, sempre interativas e provocando reflexões sobre temas diversos

É POSSÍVEL EMPREENDER MEU SONHO? Vanessa Rosolino People Coaching & Desenvolvimento Organizacional

Como motivar Millennials. Gerencie seus benefícios! Faça um teste em convenia.com.br/free

Fundamentos para uma prática pedagógica: convite de casamento

Eletiva VOCÊ EM VÍDEO

atuarte jovens ativos na inclusão pela arte

Um espaço colaborativo de formação continuada de professores de Matemática: Reflexões acerca de atividades com o GeoGebra

PROJETO: TEATRO NA EDUCAÇÃO FÍSICA - MULTIPLICIDADE DE MOVIMENTOS E SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES. INTRODUÇÃO

Os fundos de pensão precisam de mais...fundos

Especial Online RESUMO DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO. Design ISSN

Lista de Recuperação de Arte 6º ANO

DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

INFORMATIVO BASE MUNDIAL DE MISSÕES DE SÃO PAULO

Prefeitura Municipal de Santos ESTÂNCIA BALNEÁRIA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO PEDAGÓGICO

RELATO DE EXPERIÊNCIA: A PERCEPÇÃO DE LUZ E SOMBRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Palavras-chave: Conhecimentos físicos. Luz e sombra. Educação Infantil.

6 PASSOS PARA A PROSPERIDADE FINANCEIRA

CURSOS INGLÊS RÁPIDO Liberdade de Escolha

5 DICAS DE GESTÃO EM TEMPOS DE CRISE. Um guia prático com 5 dicas primordiais de como ser um bom gestor durante um período de crise.

REFLEXÕES SOBRE OS CONCEITOS DE RITMO

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

Título do Case: Diversidades que renovam, transformando novas realidades

ORREVUA DANI PASCOALETO (RJ)

1. Você já conhecia a praça Roosevelt? sim não

A origem dos filósofos e suas filosofias

O nascer do sol é um espetáculo que se repete todos os dias, mas sempre é diferente. Assistir a isso no melhor lugar do mundo é um privilégio de quem

DESIGN DE MOEDAS ENTREVISTA COM JOÃO DE SOUZA LEITE

Resenha do livro Sobre fotografia, de Susan Sontag

8. O OBJETO DE ESTUDO DA DIDÁTICA: O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

Ociosidade Física no Prédio Legislativo X A falta de espaços para Cultura e Lazer que Compromete o futuro dos nossos jovens.

Transcriça o da Entrevista

Transcrição:

Companhia do Feijão críticas trechos Transcrição de trechos das principais críticas sobre o trabalho e os espetáculos da Companhia do Feijão, seguido dos recortes de onde foram extraídos. VELEIDADES TROPICAES [grupo] formado por gente que afia o talento com muito estudo () e não deixa de lado a técnica do trabalho do ator o grupo fecha sua primeira década contaminado pela ira cívica e expressando de modo eloquente essa paixão insalubre. Não há dúvida de que a opção estilística mais adequada ao civismo irado é a esculhambação, sobretudo quando os objetos de escárnio não poupam o cidadão. Estamos numa democracia - reconhecem os autores - logo, somos todos, eleitores, congressistas e barnabés, responsáveis pelas bandalheiras institucionais. os dramaturgos () recorreram ao cabedal amealhado no contato reverente e íntimo com a literatura brasileira. A paródia inteligente, que estabelece vínculos entre temas e formalizações e não se contenta em ironizar as semelhanças aparentes é, no texto, o equivalente ao experimentalismo dos escritos mais irreverentes dos modernistas. Para ferir fundo é preciso atacar sem piedade as formas consagradas () e essa lição primordial da vanguarda modernista exige em contrapartida o domínio técnico das convenções que pretende demolir. Boa parte da graça de um espetáculo que remexe na angústia e deplora a inatividade dos cidadãos diante da corrupção institucional se deve ao manejo a um só tempo hábil e refinado da sátira. Não é uma mistura fácil, porque o grotesco pareceria um verniz mais apropriado e, em geral, é a essa coloração forte que recorre a arte, cuja missão primeira é vergastar os poderes constituídos. Mariangela Alves de Lima / O Estado de S.Paulo A Companhia do Feijão, com uma longa tradição de bons espetáculos, é um desses grupos que insistem em fazer do teatro o lugar [da] reflexão coletiva. Um acerto de contas radical com a situação política brasileira. ainda há vida inteligente na cena teatral brasileira. Walter Cezar Addeo / APCA Associação Paulista de Críticos de Arte A Cia. do Feijão () retoma o fio de uma meada brutalmente cortada, o teatro político por excelência. um grande espetáculo, satírico, alegórico, a um só tempo divertido e dolorido. Beth Néspoli / O Estado de S.Paulo o Brasil como forma bizarra de amálgama de público e privado. Fabricio Muriana / Revista Bacante a peça corre todos os riscos [e] sai bem de todos eles. Matheus Pichonelli / Revista Bacante uma obra que definitivamente não opta pelo meio-termo e escancara tudo o que pode () Não há concessão. Juliene Codognotto / Revista Bacante

PÁLIDO COLOSSO Pálido Colosso nos faz rir das próprias tragédias. Ana Luisa Vieira / Carta Capital Há temas e subtemas interessantíssimos em Pálido Colosso. não há dúvida de que este trabalho espelha uma vocação genuína para a investigação dos dilemas contemporâneos. Mariangela Alves de Lima / O Estado de S.Paulo Cada olho voltado para o palco () mostra um brilho particular de quem viveu, de alguma maneira, aquela história. São olhares de quem concorda e de quem discorda, de quem viveu e de quem leu nos livros do colégio, de quem agiu exatamente da mesma maneira que o personagem e de quem batia nas pessoas que agiam daquela maneira tudo, menos olhar de espectador puro e indiferente. Juliene Codognotto / Revista Bacante NONADA A Companhia do Feijão vem criando trabalhos que estão entre os mais importantes na cena paulistana dos últimos anos Kil Abreu / Bravo! Do cordão umbilical à corda no pescoço, a talentosa Companhia do Feijão fabula a tragédia brasileira Valmir Santos / Folha de S.Paulo [A Companhia do Feijão em poucos anos] adquiriu prestígio e cativou espectadores. [Nonada é] inovação melancólica, quase desesperada, da trivialidade do sofrimento. Mariangela Alves de Lima / O Estado de S.Paulo Tomando o ângulo do Zé-Ninguém, o espetáculo recaptura de forma sintética um pedaço importante da literatura brasileira. Inventa uma maneira de representar tanto o Zé- Ninguém quanto o desconcerto moral da classe mais abonada. Roberto Scharwz / Folha de S.Paulo A Companhia do Feijão religa o fio das narrativas que brotam do limite entre a vida e a morte e leva a um curto-circuito de classes. Contrapõe à figuração da vida dos despossuídos uma análise ferina da esfera patronal, implicando uma coisa à outra, o paradigma do patrão Brás Cubas e, no outro pólo, o filho Natimorto da escrava fugida. José Antônio Pasta Jr. / Folha de S.Paulo Um dos maiores méritos de Nonada é seu poder de síntese. [A Companhia do Feijão conseguiu] fazer o que o teatro brasileiro vem procurando e experimentando desde o Arena. Iná Camargo Costa / Internet

REIS DE FUMAÇA [A Companhia do Feijão é] incansável em seu trabalho de pesquisa das raízes brasileiras. Um dos grandes méritos de Reis de Fumaça é esse fomentar do diálogo entre a arte e o espaço público. Depois de assistir ao espetáculo é possível que, pelo menos alguns de nós, comecemos a perceber os personagens reais que preferimos manter invisíveis porque os encarando a sensação de miséria humana incomoda. Michel Fernandes / Aplauso Brasil MIRE VEJA Um espetáculo de linguagem inovadora, desenvolvida antes de tudo para servir a seu conteúdo, que une despojamento e profundidade. Deslumbrante. Um belo desafio para a ousada Companhia do Feijão: um texto (eles eram muitos cavalos) inviável em teatro para as inviáveis vidas anônimas de São Paulo. O fato desse princípio de risco ter se tornado um espetáculo muito bem-sucedido foi escolhido pela crítica como a melhor entre as estréias do recente Festival de Curitiba prova a incrível fé no taco desse grupo, que já vinha se destacando desde O Ó da Viagem e que agora se consagra. Dura e terna homenagem da Companhia do Feijão à São Paulo descalça, sedutora e temerosa pelo dia após o outro. A Companhia do Feijão chega ao ápice, com um buquê de flores do caos urbano. Pequenas epifanias urbanas. A Companhia do Feijão estabelece o painel da sobrevivência em São Paulo. Um teatro de enormes recursos: os atores da Companhia do Feijão. Sergio Salvia Coelho / Folha de S.Paulo Há crescimento e maturação visíveis nos trabalhos da Companhia do Feijão. Impelidos pela simplicidade, adotando o despojamento como estilo, dispensando cenário e maquinarias, a equipe investe em uma ação teatral centrada na solidez das idéias, na qualidade do texto e no trabalho do ator, que dá o norte de todo o processo e estabelece as premissas estéticas dentro das quais o espetáculo se configura. A direção levou o elenco a ocupar o espaço de forma plástica e intensa, alternando expressivos solos dos cinco atores com coreografias que recriam o vibrante burburinho da cidade sem recorrer a chavões e a soluções gestuais batidas. Há frescor e novidade no tratamento corporal que os intérpretes de Mire Veja imprimem ao trabalho. E o talento dos diretores expressa-se mais em pequenos detalhes que em grandes ações. Mire Veja permanece na lembrança e aos poucos a gente vai se dando conta de como a simplicidade de Pires e Pessoa é rica em minúcias, em pequenos efeitos, em sutilezas que dão conta do quanto de invenção e experimentação foi investido na montagem.

O elenco age com a finura e precisão de um quinteto de música de câmara. () Os intérpretes executam a partitura coletiva com perfeição. E atingem alto rendimento nos solos. Não há exageros dramáticos. Retratos nítidos, mas contidos, das personagens, são a regra. Quase ninguém levanta a voz em cena. Não há arroubos nem gritos estridentes. E, no entanto, o povo de São Paulo está ali, e à mostra abrem-se abismos sociais que separam as classes, os moradores das várias cidades que convivem numa só, um caleidoscópio atordoante que os intérpretes desenham com paixão e habilidade. Se a idéia de trabalho atoral coletivo já pode ser usada em alguma montagem, sem dúvida alguma é nesta. Assim, o aplauso ao elenco tem de ser, necessariamente, coletivo. Mire Veja é por todos esses motivos um espetáculo indispensável, urgente. A montagem confirma a Companhia do Feijão como um dos grupos jovens mais consistentes de pesquisa da linguagem teatral em ação hoje no Brasil. Alberto Guzik / Aplauso Brasil montagem feliz e bem-vinda. Um dos grandes méritos de Mire Veja é justamente saber incitar a imaginação por meio de expedientes mínimos, centrados unicamente na potencialidade dos atores. Das teorias que acercam e norteiam o grupo, concretizou-se o que se deve classificar aqui de espetáculo de câmara surpreendente: contido, minimalista e de um ritmo que está a favor da fruição da platéia. Helio Ponciano / Bravo! A Companhia do Feijão tem mostrado a determinação de propor, através dos seus espetáculos, que prestemos atenção nas pessoas, nos objetos e nas relações entre eles. Parece óbvio, mas um dos paradoxos da modernidade é o de nos forçar a totalizações. Diante da experiência fragmentada ou da ilimitada abertura para o cosmo, a cultura se esforça para abarcar as coisas por meio de abstrações. Com uma paciência verdadeiramente filosófica, esse grupo teatral vem mostrando que para reconstituir um todo é preciso atravessar a experiência prática do despedaçamento e da separação. Mariangela Alves de Lima / O Estado de S.Paulo um espetáculo imperdível. um espetáculo inventivo e intenso. Maria Lúcia Candeias / A Gazeta Mercantil Jefferson Del Rios / DCI Espírito de revolta e maturidade artística são virtudes à mostra neste montagem da Companhia do Feijão. Folha de S.Paulo / Caderno Mais A transposição [do livro] para o palco é hábil, ganhando autonomia expressiva como forma teatral. Espetáculo ágil, com momentos que tocam emocionalmente a platéia ao estabelecer a contracena do humano com o social, mostra eficiência e comunicabilidade. Macksen Luiz / Jornal do Brasil Mire Veja une a crítica social a uma linguagem contemporânea de rara pertinência estética. Pablo Pires / O Tempo

ANTIGO 1850 A seriedade e o talento da Cia. do Feijão são indiscutíveis. O trabalho criterioso do grupo merece atenção da platéia. Não é todos os dias que uma jovem trupe teatral atinge com rapidez tal nível de qualidade. E o trabalho do elenco é primoroso. Os ótimos integrantes da equipe estão afinados em um conjunto coeso. Alberto Guzik / Jornal da Tarde Em pouco tempo de criação a Companhia do Feijão vem articulando uma trajetória de pesquisa artística conseqüente, inspirada na idéia de um teatro preocupado com as contradições sociais brasileiras. As soluções teatrais, inventivas, amparam-se no chão comum da coringagem de personagens entre os atores e na cativante direção musical. Kil Abreu / Folha de S.Paulo É uma experiência de teatro reivindicativo sem lamúrias. Não é fácil, mas 'os feijões' esperam manter o sentido de humor e poesia em suas criações. Bravo! O que a Companhia do Feijão faz melhor é dar relevo ao sentimento das situações que observa e representa. É inteligente e funcional a organização das cenas; são simples os recursos de caracterização; e pungentes, pela beleza e pela capacidade de síntese, os poucos objetos utilizados para simbolizar a estreiteza material do mundo das crianças maltratadas. Mas é, sobretudo, um espetáculo afinado com a sensibilidade. Mariangela Alves de Lima / O Estado de S.Paulo O Ó DA VIAGEM Um espetáculo envolvente, instigante, que lança sobre o Brasil e à figura de Mário de Andrade um olhar carinhoso e crítico. Alberto Guzik / Jornal da Tarde Uma caderneta de campo em forma de espetáculo. O caráter informativo desse espetáculo talvez seja indicativo de uma nova e necessária forma de reaproximação entre as regiões do País. Na sua austeridade melódica e rítmica, as músicas do espetáculo nos lembram que há uma outra possibilidade estética, a do rigor construtivo e da economia. Mariangela Alves de Lima / O Estado de S.Paulo

VELEIDADES TROPICAIS A REPÚBLICA LOTEADA Walter Cezar Addeo O teatro grego clássico sempre teve como tema o homem e sua atuação nos destinos da cidade, na forma de ser governado, portanto sempre foi um teatro político por definição. Pensamento político entendido sempre em seu sentido maior como espaço incontornável do exercício da liberdade humana e da dignidade de viver. Não foi à toa, portanto, que Aristóteles definiu o homem, antes de tudo, como um animal político. Constatar que em São Paulo grupos independentes de teatro cumprem essa missão de fazer da cena teatral novamente um espaço de análise crítica da esfera do político significa que ainda há núcleos de resistência cultural, analisando a sociedade brasileira com inteligência e talento. A Companhia do Feijão, com uma longa tradição de bons espetáculos, é um desses grupos que insistem em fazer do teatro o lugar dessa reflexão coletiva. Veleidades Tropicais, seu último trabalho atualmente em cartaz, prova isso. É uma caleidoscópica paródia pós-moderna sobre o Brasil e nossa absurda realidade política. Uma montagem que dialoga com intertextos diversos, mas principalmente com o teatro de Shakespeare. Afinal foi ele quem colocou em cena as grandes tragédias da luta pelo poder. Estão lá, portanto, as bruxas do prólogo de Macbeth, transformadas em três veleidades tropicais a comandar essa alegoria de um país politicamente em transe cujo centro de poder e instituições parecem ter entrado em entropia total. Ninguém é poupado. Partidos de todos os matizes, de centro, de direita, de esquerda e mais que houver, além de sindicatos, Ongs, sistema judiciário, executivo e legislativo. Nada escapa, tornando o espetáculo quase que um atestado de fim de linha ideológico para toda uma geração que um dia sonhou com mudanças sociais estruturais de longo alcance. O espetáculo apresenta, portanto, um beco sem saída absurdo e sem complacências. Um acerto de contas radical com a situação política brasileira. E faz isso com um ótimo e inteligente humor, evitando ser panfletário. Encontra, inclusive, nas músicas de Caetano Veloso (que por sinal escreveu o livro Verdade Tropical ) sínteses perfeitas do que está a mostrar no palco. Afinal, o tropicalismo foi o primeiro a apontar para essa criança feia e morta que estende a mão no planalto central do país, onde o monumento é de papel crepom e prata, como diz a letra da célebre música. As bruxas, nossas veleidades tropicais, corretamente chamam esse centro de poder que apodrece no planalto central de a charneca do planalto. Elas mexem e remexem esse caldeirão fazendo a autópsia dessas negociatas políticas acontecendo ante os olhares pasmados de toda uma nação. Mas esses problemas são históricos, antigos e eternos, como se a república brasileira tivesse mesmo nascido com um mal congênito que não sabemos curar. Alguma coisa degenerou nesta república brasileira que todos tomam de assalto e onde os partidos políticos chantageiam-se reciprocamente. Portanto, não é um espetáculo fácil, não pode ser digerido facilmente. As citações cruzadas e fartas da cultura brasileira exigem um público inteligente e interessado, disposto a participar desse jogo teatral que expõe com muito humor a patética cena política brasileira. O elenco todo, afinadíssimo, é um espetáculo à parte, e vai tecendo essas alegorias com ótimas surpresas, tirando o máximo proveito de uma cenografia e figurinos engenhosos, provando que ainda há vida inteligente na cena teatral brasileira. VELEIDADES TROPICAIS Elenco da Companhia do Feijão. Texto, direção e iluminação: Pedro Pires e Zernesto Pessoa. Rua Doutor Teodoro Baima, 68, Vila Buarque. F: 3259-9086. Sexta e sábado, 21 h; domingo, 20 h. R$ 20,00 (sáb. e dom.). Grátis (sex.). Até 18 de outubro. Walter Cezar Addeo Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo e membro da APCA Associação Paulista de Críticos de Arte. waddeo@uol.com.br

Reis de Fumaça Incansável em seu trabalho de pesquisa das raízes brasileiras, a Companhia do Feijão apresentou um espetáculo de rua, Reis de Fumaça em que o intimismo dos depoimentos contracenaram com cenas narrativas divertidas, causos dramáticos como da mãe que deixou seu filho com o juiz de menor e não consegue resgatá-lo, além de danças e músicas pertencentes ao domínio público. Apresentado numa praça de Engenheiro Schimidt, cidadezinha conhecida por seus deliciosos doces, próxima a São José do Rio Preto,dentro da Programação do Festival Internacional de Teatro, o espetáculo desperta a atenção àqueles seres maltrapilhos e sujos de fumaça da poluição diária? que, mesmo que esbarremos nas calçadas do centro da cidade de São Paulo, não enxergamos. Um dos grandes méritos de Reis de Fumaça é esse fomentar do diálogo entre a arte e o espaço público. Depois de assistir ao espetáculo é possível que, pelo menos alguns de nós, comecemos a perceber os personagens reais que preferimos manter invisíveis porque os encarando a sensação de miséria humana incomoda. Michel Fernandes Aplauso Brasil, www.ig.com.br/ultimosegundo 20 de julho de 2005