PROJETO ALÉM DAS RODAS: a prática do handebol em cadeira de rodas em Maceió - Alagoas



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Transcrição:

PROJETO ALÉM DAS RODAS: a prática do handebol em cadeira de rodas em Maceió - Alagoas Lucas Roberto dos Santos 1 ; Maria Natálha Gomes da Silva 2 ; Renato Vitor da Silva Tavares 3 ; Flávio Anderson Pedrosa de Melo 4 RESUMO Eixo Temático: Práticas Educativas e Inclusão O trabalho em questão tem o objetivo de apresentar e descrever o Projeto Além das Rodas, como uma iniciativa para a prática do Handebol em Cadeira de Rodas (HCR) na cidade de Maceió-AL. O projeto visa promover a prática do HCR numa perspectiva inclusiva. Percebendo a importância que o HCR adquiriu dentro das modalidades adaptadas, e o fato de ser uma modalidade dinâmica e de fácil aprendizagem, fez com que esta modalidade fosse escolhida para ser desenvolvida. O trabalho em questão se trata de um relato de experiência, que traz consigo o processo de implementação de um projeto de esporte adaptado, o qual exige planejamento, organização, estudo e busca por parcerias convergentes, sobretudo quando as dificuldades emergem também do poder público. São variadas as adversidades para o desenvolvimento de projetos dessa natureza. No entanto, foi possível implantar a modalidade, bem como identificar evoluções apesar da brevidade do projeto. Palavras chave: Handebol em Cadeiras de Rodas; Inclusão; Esporte Adaptado. INTRODUÇÃO Os esportes adaptados podem ser entendidos como esportes modificados ou criados para suprir as necessidades especiais de pessoas com deficiência (PCD), sendo adotado, inicialmente, como uma tentativa de colaborar no processo terapêutico das mesmas, possibilitando, através da atividade física, a interação das PCD na sociedade, de forma que suas capacidades sejam evidenciadas. O esporte adaptado vai além da reabilitação, pois se desenvolve dentro de uma perspectiva que engloba a educação, o lazer, o rendimento, a autonomia, a inclusão, a diversidade, dentre outros aspectos (ARAÚJO, 1997; WINNICK, 2004; GORGATTI et al, 2008). O surgimento do esporte adaptado se deu após as duas grandes guerras mundiais, principalmente após a segunda guerra. Nesse período a principal finalidade era a reabilitação física e social de soldados que retornavam com lesões medulares, amputações e outras 1 lucas.santos@cedu.ufal.br Universidade Federal de Alagoas UFAL. 2 natalha.gomes@hotmail.com Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas UNCISAL. 3 renato_thavares@hotmail.com Universidade Federal de Alagoas UFAL. 4 flavioedf06@yahoo.com.br Instituto Federal de Alagoas IFAL / Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

sequelas. Existem registros anteriores, mas o reconhecimento da atividade física e esportiva como forma de reabilitação e recuperação de pessoas com deficiência passou a ser mais utilizado com a intervenção do médico alemão Ludwig Guttmann (ITANI; ARAÚJO, ALMEIDA, 2004). No Brasil, o esporte adaptado começou a ser difundido em 1958, por meio de Robson Almeida Sampaio e Sérgio Serafin Del Grande, ambos com deficiência física. Eles puderam observar a prática esportiva para PCD nos Estados Unidos da América, logo após viajarem para tratamentos de reabilitação no país. Sabendo da existência de comunidades para PCD que fazem uso de cadeira de rodas no Brasil, trouxeram o basquetebol em cadeira de rodas (BCR) para suas cidades, cada um em sua capital, Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente (CPB, 2010; MELLO; WINKLER, 2012). Em Alagoas, o histórico do esporte adaptado encontra-se atrelado às iniciativas isoladas advindas de pessoas comprometidas com a causa, bem como de instituições especializadas no atendimento às pessoas com deficiências (MELO; FUMES, 2013). Embora no estado de Alagoas ainda sejam incipientes a quantidade de esportes adaptados praticados, são amplas as possibilidades devido ao número de modalidades esportivas existentes no mundo. São variadas as modalidades esportivas adaptadas existentes, dentre as quais se encontra o Handebol em Cadeira de Rodas (HCR), essa é uma modalidade genuinamente brasileira, que se encontra em ascendência no Brasil e no mundo. Tal modalidade tem seu histórico atrelado a dois momentos distintos: o primeiro ocorreu na década de 90, onde as primeiras iniciativas da modalidade ocorreram na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) por meio de projetos de extensão, naquele momento a modalidade tinha como finalidade o caráter lúdico e pedagógico. No segundo momento, no ano de 2005, na Universidade Paranaense (Unipar) em Toledo-PR, o HCR passou a ganhar o enfoque competitivo, onde a modalidade passou a ser sistematizada e as regras serem estabelecidas (OLIVEIRA; MUNSTER, 2013;). Para que o HCR fosse classificado enquanto esporte, foi produzido um estudo exploratório que além de identificar as iniciativas que já existiam nessa modalidade, buscou estabelecer os parâmetros norteadores e um referencial teórico-técnico visando à implementação e evolução da modalidade no âmbito do Movimento Paralímpico (GORLA; CALEGARI; ARAÚJO, 2010). O HCR é um esporte adaptado dinâmico, de fácil aprendizagem e relativamente novo em comparação com outras modalidades, contendo gestos técnicos específicos capazes de atender pessoas com diferentes tipos de deficiências, com graus leves e elevados de comprometimento, que necessitem do auxílio da cadeira de rodas e/ou outras órteses ou próteses para se locomover. Esta modalidade também possibilita a participação de pessoas que não são incluídas para a prática de outras modalidades em cadeira de rodas. Os aspectos supracitados foram decisivos para a escolha do HCR como mais uma modalidade a ser desenvolvida no município de Maceió-AL, entendendo-a como mais uma possibilidade de inclusão social e esportiva, visando proporcionar a prática de uma modalidade diferenciada e inovadora no estado, fazendo com que as pessoas com deficiência física possam desenvolver suas capacidades gerais, desde as habilidades motoras até seu desenvolvimento pessoal. O projeto não visa somente a formação de atletas, com enfoque no rendimento esportivo, tem-se também a finalidade de promover uma prática inclusiva, na qual a PCD possa ter prazer em praticá-la, podendo melhorar suas capacidades físicas, mentais e sociais. Além de obter ensinamentos acerca dos valores passados para seu cotidiano, em busca de darlhes ferramentas para encarar as dificuldades de maneira a superar as barreiras impostas pela sociedade. Diante do exposto, surge a necessidade de apresentação de novas iniciativas para a prática esportiva da pessoa com deficiência física na capital de Alagoas. Sendo assim, o

trabalho em questão tem como objetivo: Apresentar e descrever o Projeto Além das Rodas como uma iniciativa para a prática do Handebol em Cadeira de Rodas na cidade de Maceió AL. METODOLOGIA O trabalho em questão é caracterizado como um relato de experiência. As informações aqui expostas surgem a partir das vivências obtidas por meio do processo de implantação do HCR em meio ao desenvolvimento do projeto em questão. O projeto possui como público alvo, jovens e adultos, de ambos os gêneros, com deficiência física, mais especificamente, comprometimento de membros inferiores. Os encontros ocorrem uma vez por semana, com duração média de duas horas. Como critérios de participação têm-se: possuir deficiência física e comprometimento de membros inferiores; estar apto à prática de exercícios físicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Projeto Além das Rodas tem como finalidade desenvolver atividades esportivas adaptadas para pessoas com deficiência física, promovendo a perspectiva inclusiva na prática do Handebol em Cadeira de Rodas (HCR). Busca-se com o projeto possibilitar aos participantes: independência nas situações do cotidiano e nas ações em sociedade, prevenção de doenças secundárias, valores educacionais, e também, quiçá o alto desempenho esportivo, por meio da participação em competições esportivas. O projeto surgiu a partir do interesse de três jovens acadêmicos das áreas de Educação Física e Enfermagem, após participação em um curso ocorrido na Conferência Universitária do Esporte de Alagoas realizada em dezembro de 2014. Desde então, buscou-se informações e possibilidades para realização do projeto. Assim, o projeto teve início no dia 18 de Julho de 2015, e desde então as práticas vêm sendo realizadas uma vez por semana. O início e o desenvolvimento do projeto tem sido possível em decorrência do estabelecimento de uma parceria com a Associação Atlética Anthares, a qual tem promovido a prática de esportes adaptados no município de Maceió. A entidade tem disponibilizado o local, bem como os materiais e equipamentos necessários para a realização das práticas inerentes a modalidade. Além da parceria com essa associação, há também a colaboração de professores parceiros com maiores experiências nas áreas da Educação Física, Esportes Adaptados e Educação Especial, oferecendo suporte técnico, teórico e prático, contribuindo com a estruturação e implantação do projeto. Os treinos são elaborados a partir do embasamento teórico adquirido e através do conhecimento da modalidade (GORLA; CALEGARI; ARAÚJO, 2010). A estrutura utilizada para os treinamentos foi assim estabelecida em busca da organização do processo de aprendizagem, a partir uma formatação de planejamento das aulas de Educação Física bastante comum (Introdução, Desenvolvimento e Volta à calma) com adequações. Assim, dividiu-se em: alongamento e/ou aquecimento, atividades técnico-táticas específicas e conversa final. São utilizados nos treinos fundamentos do HCR, tais como: arremesso, recepção, condução da bola, manejo da cadeira e etc., podendo utilizar-se de jogos prédesportivos e situacionais, objetivando desenvolver as habilidades específicas da modalidade, utilizando-se de materiais esportivos específicos, bem como de outras modalidades. Dentre os materiais e equipamentos necessários para a prática da modalidade, com características oficiais, precisa-se de: cadeiras de rodas esportivas, bolas de handebol e placas de redução das traves, que medem 3 m x 40 cm (GORLA; GALEGARI; ARAÚJO, 2010). Atualmente, o projeto não possui, ainda, as placas citadas, utilizando-se de elásticos como forma de adaptar e delimitar a diminuição das traves. O espaço físico utilizado é adequado

para as práticas, embora o mesmo seja compartilhado entre duas modalidades esportivas. Os materiais utilizados não são ainda os ideais para a prática, necessitando de reparos e aquisição de outros, porém o fato de tê-los possibilita a realização do projeto. Em meio ao processo de desenvolvimento do projeto, tem-se encontrado algumas dificuldades que acabam por interferir no melhor desenvolvimento do mesmo, podendo destacar como principal a escassez ou a insuficiência de políticas públicas voltadas as PCD no esporte adaptado, que implica na carência de subsídios suficientes para a implementação, manutenção e evolução das práticas esportivas adaptadas no estado, fatores já identificados por outros estudos (MELO; FUMES, 2013). Somado a decorrência disso, a quantidade de participantes é reduzida, além dos fatores inerentes à acessibilidade nas vias públicas e de transporte (público e institucional). Nesse sentido, Lopes et al. (2008), relata que Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais e/ou municipais) traçam para alcançar o bem estar da sociedade e o interesse público. Diante da inexistência destas, a sociedade se encontra com poucas ferramentas para solicitar ao governo ações contínuas. Assim, surge a necessidade de criação de políticas que tornem possíveis os direitos dos cidadãos à prática de exercícios físicos e de lazer, bem como à acessibilidade. Embora tenham surgido problemáticas para implementação e desenvolvimento da modalidade, tem sido possível realizar as atividades de maneira planejada sem grandes prejuízos. No entanto, isso se deve ao suporte dado pelos parceiros e idealizadores abnegados pela causa, os quais necessitam de apoio governamental e da criação de políticas públicas para promoção do esporte adaptado no município de Maceió e no Estado de Alagoas. CONCLUSÃO Pode-se concluir que ainda são poucas as possibilidades de difusão do esporte adaptado, devido às dificuldades como as antes mencionadas. Tendo em vista que a realidade das instituições e pessoas que promovem o esporte adaptado não são favoráveis, esse trabalho tenta relatar as experiências vivenciadas para a implementação de mais um esporte adaptado, compreendendo ser importante o diálogo em busca de novas alternativas para o fortalecimento de tais discussões. Diante disso, mesmo com as variadas dificuldades, buscarse-á propagar a modalidade e o projeto por meio de uma maior divulgação pelos diversos meios de comunicação, objetivando alcançar o maior número de pessoas, a fim de atingir as perspectivas estipuladas para o projeto. Apesar das dificuldades encontradas e da brevidade do projeto, já foi possível identificar evoluções, uma vez que há pouco tempo era apenas uma ideia. Esse crescimento irradia motivação e impulsiona para o enfrentamento dos obstáculos que é desenvolver o esporte adaptado em Maceió AL. REFERÊNCIAS ARAÚJO, P. F. Desporto Adaptado no Brasil: origem, institucionalização e atualidade. 1996. 140 p. Tese (Doutorado em Educação Física e Adaptação) Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997. COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO (CPB). Movimento Paraolímpico. Disponível em: <http://www.cpb.org.br/movimento-paralimpico/>. Acesso em: 22 nov. 2015. GORGATTI, M. G. et al. Tendência competitiva no esporte adaptado. Arquivos Sanny de Pesquisa e Saúde, Santos, v.18, n.1, p.18-25, 2008. GORLA, J. I.; CALEGARI, D. R.; ARAÚJO, P. F. Handebol em cadeira de rodas: regras e treinamento. São Paulo: Phorte, 2010, 120p.

ITANI, D. E.; ARAÚJO, P. F.; ALMEIDA, J. J. G. Esporte adaptado construído a partir das possibilidades: handebol adaptado. Revista Digital EFDeportes, 2004. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd72/efcurs.htm>. Acesso em: 21 nov. 2015. LOPES, B; AMARAL, J. N; CALDAS, R. W. Políticas Públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae-MG, 2008, 48p. MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte Paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012, 254p. MELO, F. A. P.; FUMES, N. L. F. O Esporte Adaptado no Município de Maceió/Al: (des)caminhos traçados pelas políticas públicas. Revista da Sobama, Marília, v. 14, n. 2, p.41-48, mar. 2013. OLIVEIRA, A. C. S.; MUNSTER, M. A. V. Análise da evolução de habilidades motoras relacionadas aos fundamentos do Handebol em Cadeiras de Rodas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.21, n.1, p.139-150, 2013. WINNICK, J. Educação física e esportes adaptados. 3. ed. Barueri: Manole, 2004, 552 p.