CONSIDERAÇÕES FINAIS



Documentos relacionados
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PRÓ-REITORIA DE RECURSOS HUMANOS DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL DIVISÃO DE APOIO AO DOCENTE

(1) HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, Cap. 10: O que os historiadores devem a Karl Marx?

Festa de Nossa Senhora da Abadia no município de Jataí/GO: uma expressão cultural

Este Plano de Curso poderá sofrer alterações a critério do professor e/ou da Coordenação.

JUSTIFICATIVA VISÕES DO LUGAR: REPRESENTAÇÃO DE MEMÓRIA E DE HISTÓRIA DE CATALÃO EM PESQUISAS

JOSÉ DE ALENCAR: ENTRE O CAMPO E A CIDADE

PLANO DE DISCIPLINA. Período: Carga Horária: 60 h

Disciplina: Metodologia da Pesquisa Prof.Dr. Genilda D Arc Bernardes e Prof.Dra. Mirley Luciene dos Santos Carga Horária: 60h/a Créditos:

UNIDADE Escola de Ciência da Informação CARGA TEÓRICA PRÁTICA TOTAL CRÉDITOS HORÁRIA ANO LETIVO

DIVISÃO DE ASSUNTOS ACADÊMICOS Secretaria Geral de Cursos PROGRAMA DE DISCIPLINA

MODERNIZAÇÃO E CULTURA POLÍTICA NOS CICLOS DE ESTUDOS DA ADESG EM SANTA CATARINA ( ) Michel Goulart da Silva 1

O RÁDIO COMO INSTRUMENTO DE PERPETUAÇÃO DA CULTURA DOS POVOS ÉTNICOS DE IJUÍ

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Autor e imagens na Revista Brasileira de Psicanálise ( )

Mito, Razão e Jornalismo 1. Érica Medeiros FERREIRA 2 Dimas A. KÜNSCH 3 Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP

Educação Patrimonial Centro de Memória

Os precursores da Sociologia. Pressupostos teóricos e metodológicos do pensamento sociológico clássico.

A emergência da ideologia, da história e das condições de produção no. prefaciamento dos dicionários

Faculdade da Alta Paulista

A Escola Livre de Teatro e O alfabeto pegou fogo Vilma Campos dos Santos Leite Preâmbulo

A HISTORIOGRAFIA SEGUNDO ROGER CHARTIER (1945-)

A PEDAGOGIA COMO CULTURA, A CULTURA COMO PEDAGOGIA. Gisela Cavalcanti João Maciel

A LITERATURA DE CORDEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTIMULO, LEITURA E APRENDIZAGEM

XIX Encontro Regional de História da ANPUH São Paulo

4. O Comunicador da Sustentabilidade

MEMÓRIA E IDENTIDADE SOCIAL EM IMAGENS DA CULINÁRIA NORDESTINA. Construções Identitárias em diversos gêneros da mídia nordestina'', desenvolvido no

Atualidade e crítica dos processos comunicacionais Natureza: Obrigatória CH: 60 Horas Créditos: 4 Turno: Matutino

INTEGRAÇÃO DO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO: PERCEPÇÕES DE ALUNOS DO IFPA (CAMPUS CASTANHAL/PA) Ana Maria Raiol da Costa UFPA Agência Financiadora: SEDUC/PA

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

Ano letivo de Curso de 2º ciclo em Comunicação e Jornalismo. Diretor Prof. Doutor Carlos Camponez

EMENTÁRIO E BIBLIOGRAFIA DE DISCIPLINAS OFERTADAS EM TERESINA/ HISTÓRIA

NOTAS SOBRE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO BRASIL (Um clássico da Sociologia da Educação entre nós)

IMPORTÂNCIA DOS CONTOS INFANTIS PARA EDUCAÇÃO

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NUMA ESCOLA DO CAMPO

MICHEL FOUCAULT: CINISMO E ARTE NA PERSPECTIVA DA ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática

Cultura: diferentes significados

PROGRAMA DA DISCIPLINA

PROGRAMA DE COMPONENTES CURRICULARES

Mídia Kit Você é nosso convidado a mudar a forma como se relaciona com os seus clientes

Reordenamento do acolhimento institucional através da formação

Disciplinas do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais - Doutorado (PPGIPC). Documento Capes

PROJETO TÉCNICO. Associação ou federação comunitária Ponto de cultura

PO 06: Uma historiografia da Escola Normal Paraense na ótica da disciplina Matemática

EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: O QUE DIZEM AS INVESTIGAÇÕES E PRODUÇÕES TEMÁTICAS NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS?

Carga horária total: 80 horas. Coordenadoras Meire Cristina dos Santos Dangió Yaeko Nakadakari Tsuhako

Leituras rebeldes: a presença de Maria Helena Souza Patto na História da Psicologia e da Educação

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO

A PRESENÇA DA ARTE NO PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO

P L A N ODE C U R S O LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO: CIÊNCIAS DA NATUREZA - CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DISCIPLINA ANTROPOLOGIA CAMPONESA

Regulação Bimestral do Processo Ensino Aprendizagem 3º bimestre Ano: 2º ano Ensino Médio Data:

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOS ANNALES PARA O ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE CINEMA E HISTÓRIA. Veruska Anacirema Santos da Silva

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AS TECNOLOGIAS ASSSITIVAS E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NAS ESCOLAS DE NOVA IGUAÇU/RJ

Desafiando o preconceito: convivendo com as diferenças. Ana Flávia Crispim Lima Luan Frederico Paiva da Silva

Objetivos 1. Oferecer subsídios para problematizar a relação entre o jornalismo e o campo de produção artística e cultural;

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ppged@ce.ufrn.br. Pesquisa Práticas Pedagógicas e Currículo. ivysandrade@hotmail.

Daniele Renata da Silva. Maurício Carlos da Silva

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 2º SEMESTRE DE 2015

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA DA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA UFPA: REPERCUSSÕES OBSERVADAS NA ESTRUTURA CURRICULAR

Profa. Ma. Adriana Rosa

O SIGNIFICADO DA PRÁTICA: A DANÇA TEATRAL E AS ACADEMIAS PARTICULARES DE GOIÂNIA ( ).

Apresentação. Capítulo 3 Gramsci e o Serviço Social

O Pantanal Sul-Mato-Grossense sob o olhar de Augusto César Proença.

Onde vamos desenvolver o PELC? Qual problema queremos superar ou qual demanda queremos atender? Quais os atores envolvidos com o PELC?

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO E INSTITUIÇÕES DO SISTEMA DE JUSTIÇA PPGDIR

EMENTÁRIO. Princípios de Conservação de Alimentos 6(4-2) I e II. MBI130 e TAL472*.

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

Plano de Aula A construção sócio-histórica do Racismo brasileiro Objetivo Geral O objetivo da aula é fazer com que os(as) estudantes compreendam, a

Dicionário. Conceitos. Históricos

Curso de Pedagogia. Sociologia: - - Afro-Ásia - Cadernos adenauer - Ciência e trópico - Ciências sociais UNISINOS

Palavras-chave: Historiografia; Paraná; Regime de Historicidade; História Regional

Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Formação Profissional Coordenação-Geral de Formação

RESUMO: A QUESTÃO DA SECULARIZAÇÃO DOS CEMITÉRIOS PÚBLICOS DA CIDADE DE CUIABÁ 1864 a 1901

THE CONSTRUCTION OF IDENTITIES OF SCIENCE IN GALILEU MAGAZINE

Habitação Social e Cidadania: a experiência do programa Morar Feliz em Campos/RJ

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

Direito a inclusão digital Nelson Joaquim

Trabalho apresentado no VI Congresso Internacional sobre as Festas do Divino Espírito Santo Winnipeg/Canadá 11 a 15 de junho 2014

APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO POPULAR: REFLEXÃO A PARTIR DA DISCIPLINA DE ARTES NO PRÉ-UNIVERSITÁRIO OUSADIA POPULAR

Folclore Brasileiro: Uma possibilidade de se ensinar o conceito de número na Educação Infantil em um espaço não-formal de aprendizagem.

O(s) Uso(s) de Documentos de Arquivo na Sala de Aula

A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NA ESCOLA: REFLEXÕES A PARTIR DA LEITURA DOCENTE

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

por Brígida Carla Malandrino * [brigidamalandrino por Ênio José da Costa Brito ** [brbrito

Palavras chaves: Literatura infanto Juvenil ; autores indígenas, leitura.

Revista Nova Escola:texto original

Elaboração de Projetos

AS ABORDAGENS DA RELIGIÃO NA GEOGRAFIA CULTURAL. META Compreender como abordamos a religião nos estudos de Geografi a Cultural.

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

Biodanza. Para Crianças e Jovens. Manuela Mestre Robert

O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo

Seminário Interno Anderson da Silva Ramos 24 de Março de Reformular a apresentacao para o envio do site

PLANO DE CURSO. *Obs: alguns textos podem ser alterados durante o curso.

DIVERSIDADE E INCLUSÃO: O ÍNDIO NOS CURRÍCULOS ESCOLARES

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional em Saúde Mestrado em Educação Profissional em Saúde

Objetivo geral - Promover a integração social através da Recreação/Lazer entre crianças, jovens, adultos e idosos.


CENTRO HISTÓRICO EMBRAER. Entrevista: Eustáquio Pereira de Oliveira. São José dos Campos SP. Abril de 2011

Transcrição:

CONSIDERAÇÕES FINAIS Procuramos descrever e analisar três olhares distintos sobre a cultura popular: partimos dos debates entre folcloristas e acadêmicos, durante a consolidação das Ciências Sociais no Brasil, entre 1945/64; acompanhamos um pouco da imprensa escrita de Uberlândia, no período 1980-2002, que, ao tentar legitimar uma identidade cultural local para a cidade, utilizou-se do ritual da Folia de Santos Reis, e, por fim, penetramos no universo dos próprios devotos de Santos Reis, do distrito de Martinésia, e vimos como estes têm, no catolicismo popular, uma das mediações do cotidiano de suas relações sociais nos espaços de trabalho, de lazer e de religiosidade. O fio condutor foi a busca da unidade na diversidade, em duas perspectivas: a cultura popular como objeto de discursos e poderes a ela externos, e a cultura popular como os saberes e as práticas do cotidiano das classes subalternas, em suas idéias, crenças e conflitos. As principais dificuldades que enfrentamos foram neste sentido, um constante pensar e repensar das trilhas que ligam um debate ao outro, um capítulo ao outro. Tais tensões percorrem toda a dissertação. Apesar destas dificuldades, acreditamos que conseguimos alcançar alguns elos de ligação, a partir das conclusões específicas de cada capítulo. No primeiro capítulo, compreendemos como os saberes de dois tipos de intelectuais brasileiros percorreram, num ponto de partida teórico comum, caminhos diferentes, desencadeando as figuras do intelectual erudito, polivalente e não especialista dos folcloristas das décadas de 1940/60, e vinculados ao Estado; e, do outro lado, a emergência do intelectual universitário, não comprometido com os interesses do Estado, que trouxe de sua experiência acadêmica novos saberes e práticas de pesquisa para renovações no campo das Ciências Sociais do Brasil. O pano de fundo destes debates e confrontos foram tanto o das idéias quanto o da política de consolidação institucional de seus saberes. O resultado foi a criação de uma tradição crítica aos folcloristas brasileiros, vistos como ideológicos no plano intelectual, descritivos no plano da pesquisa de campo e ecléticos (sem rigor) no campo da teoria antropológica, histórica e sociológica. Por fim, são debates e confrontos que criaram uma tradição que pode ser renovada, se olharmos, hoje, para alguns autores clássicos da história da cultura, principalmente da cultura popular. Questão controversa e polêmica.

169 No segundo capítulo, vimos que o olhar dos folcloristas possui relações com o senso comum sobre a cultura popular, que, em caráter implícito, traz à tona uma idéia de povo, de identidade cultural e de passado negando a existência deste popular como sujeito cultural, social e político, porque recusa e/ou oculta as suas dinâmicas contemporâneas, os seus conflitos e suas experiências. A imprensa fora compreendida, portanto, como um dispositivo de mediação entre a ideologia das elites locais de Uberlândia e a população da cidade. O terceiro capítulo trouxe, justamente, a possibilidade de encontrarmos na cultura popular o seu caráter criativo, transformador e contemporâneo, a partir dos saberes e das práticas em vivências comunitárias e conflitos presentes na prática ritual da Folia de Santos Reis do distrito de Martinésia. Podemos então notar que o método folclórico ou olhar folclorizante sobre a cultura popular, presente mais explicitamente nos dois primeiros capítulos, como senso comum, não deixa de estar inscrito, sob outra natureza, no próprio simbolismo reproduzido pelos devotos de Santos Reis, em concepções de tempo e de destino presentes no catolicismo popular, donde conflitos e transformações do cotidiano são ocultadas para dar entrada ao sentimento de unidade, identidade comunitária e relações sociais mais harmônicas. Quanto às lacunas que deixamos ao longo da pesquisa, a necessidade de melhor penetração no campo dos conflitos de interesses políticos e institucionais que se desenrolaram nos embates e debates entre folcloristas e acadêmicos, bem como uma contextualização mais aprofundada deste momento (1940-1960) na história do pensamento social brasileiro, e da história do Brasil como um todo. No segundo capítulo não alcançamos as micro relações políticas entre o jornal Correio de Uberlândia e as elites locais, deixando questões como: a que grupo pertence o jornal Correio? Como ele dialoga com as elites, os partidos, os poderes executivo e legislativo e o setor empresarial da cidade? Que tipo de interesses envolvem a cultura popular? Quem são os leitores do jornal, como e por quê o lêem? Sobre a Folia de Santos Reis de Martinésia, e do distrito como um todo, há possibilidade de leitura mais próxima ao seu cotidiano de trabalho e de lazer, bem como de suas três diferentes Folias (da Sede, que pesquisamos, da Mata, e a fora de época ou dos pobres ). Será que elas revelam outras facetas da diversidade social, cultural e religiosa do distrito? Que tipos de conflitos e de relações elas possuem entre si?

170 No campo teórico, deixamos lacunar a problemática dos desafios de se historiar um rito que, por sua natureza, parece recusar as transformações, as rupturas, e por conseguinte, os diálogos e perspectivas de uma história antropológica e de uma antropologia histórica. FONTES

171 ACERVO PARTICULAR: Fotografias do distrito de Martinésia. Fotografias da Folia de Santos Reis de Martinésia. DOCUMENTOS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA: Catálogo Tradições Culturais. Secretaria Municipal de Cultura, 2001/2002. Folhetim Uberlândia Acontece. Prefeitura Municipal, poder executivo, março de 2004. DOCUMENTO DO GOVERNO FEDERAL: Carta das Culturas Populares. Brasília, 26 de fevereiro de 2005. ENTREVISTAS: Alda de Fátima Vieira, 59 anos, proprietária de fazenda em Martinésia. Foi festeira na passagem 2003/2004. Entrevista realizada em 03/05/2005. Antônia Ferreira Pires, 45 anos, migrante, já morou em vários lugares, vive em Martinésia há aproximadamente vinte anos. Figura exemplar do catolicismo popular, analfabeta, possui saberes de benzedeira, parteira e da medicina popular. Moraem casa simples, em terreno doado, aonde cria galinhas e cultiva algumas hortas. Recebe doações de moradores para complemento de sua subsistência. Vive com João Pereira dos Santos, 57 anos, marido de Dona Antônia (sem casamento institucional), trabalhador rural, motorista de caminhão. Entrevista realizada em 10/04/2004. Maria Esmeraldina de Almeida, 54 anos, é dona de casa, morou em Martinésia e até hoje mantêm sítio no distrito, mais para lazer do que produção. É irmã de Dona Alda e foi festeira na passagem 1995/1996. Entrevista realizada em 03/05/2005. Oswandir Antônio Januário, 50 anos, nasceu e sempre morou em Martinésia. Trabalhador rural, pratica várias funções, mas principalmente no trato da silagem, na qual se diz professor. Faz a quinta voz na Folia de Reis, a mais aguda, o choro ao final. Participa de Folia de Reis desde criança, tendo promessa realizada em virtude de doença de sua esposa. Foi festeiro em Folia fora de época. Já foi terceira e quarta voz, bem como alferes de bandeira. Nas festas juninas, diz que é o encarregado da montagem da fogueira e da fabricação dos foguetes. Entrevista realizada em 17/04/2004. JORNAIS: Acervo pessoal de transcrições da pesquisadora e Profa. Dra. Maria Clara Tomaz Machado - UFU/CDHIS.

172 Correio de Uberlândia, 1980-2002 (meses de janeiro e dezembro), Arquivo Público Municipal. Primeira Hora, 1983-1985 (meses de janeiro e dezembro), Arquivo Público Municipal. MEMORIALISTA: ARANTES, Jerônimo. Distrito de Martinópolis (Martinésia). In: Cidade dos Sonhos Meus. Uberlândia: Edufu, 2003, p.114-118. OUTROS: Acontecendo. Guia Turístico de Uberlândia. Uberlândia Convention & Visitors Bureau. Dados Censitários: Uberlândia e Distritos, In: <<www.uberlandia.mg.gov.br>>, acesso em setembro de 2002. BIBLIOGRAFIA ABREU, Mauro William de. Fé e Resistência das Tradições Religiosas Populares Entranhadas nas Ondas do Progresso e da Modernidade de Uberlândia (1980/97). Monografia (História), Uberlândia: UFU, 1999.

173 ALEM, João Marcos. Representações coletivas e história política em Uberlândia. In: História & Perspectivas. Uberlândia, nº4, jan./jun. 1991, p.79-102. ALMEIDA, Renato. A Inteligência do Folclore. Rio de Janeiro: Editora Americana / Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1974. AMARAL, Amadeu. O Dialeto Caipira. São Paulo: Hucitec / Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976.. Tradições Populares. São Paulo: Hucitec / Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976. ANTONACCI, Maria Antonieta. Tradições de oralidade, escritura e iconografia na literatura de folhetos: nordeste do Brasil, 1890/1940. In: Projeto História, n.º22, junho 2001, p.105-138. ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular. São Paulo: Brasiliense, 1985. ARANTES, Jerônimo. Distrito de Martinópolis (Martinésia), In: Cidade dos Sonhos Meus. Uberlândia/MG: Edufu, 2003. ARAÚJO, Alceu Maynard. Festas do Solstício de Verão. In: Folclore Nacional. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p.129-188. AYALA, Marcos & AYALA, Maria Ignez Novais. Cultura Popular no Brasil. São Paulo: Ática, 1987. BALANDIER, Georges. Antropo-lógicas. São Paulo: Editora Cultrix/Edusp, 1977. BASTOS, Élide Rugai. Florestan Fernandes e a construção das Ciências Sociais. In: Florestan ou o sentido das coisas. MARTINEZ, Paulo Henrique (org.) São Paulo: Boitempo Editorial / Maria Antonia USP, 1998, p.143-155. BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. A aventura da modernidade. São Paulo: Cia das Letras, 2005. BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. BOSI, Eclea. O Tempo Vivo da Memória. Ensaios de psicologia social. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. BRANDÃO, Carlos R. A Folia de Reis de Mossâmedes. Rio de Janeiro: Funarte, 1977.. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 1982.. Os Mestres da Folga e da Folia. In: Casa de Escola. Cultura Camponesa e Educação Rural. Campinas: Papirus, 1983, p.11-110.. De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e rituais do catolicismo popular em Goiás. Goiânia: Editora UFG, 2004.

174 BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna. São Paulo: Cia das Letras, 1989.. História e teoria social. São Paulo: Editora Unesp, 2002. CANDIDO, Antonio. Os Parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo: Livraria Duas Cidades/Editora 34, 2001. CASCUDO, Luis da Câmara. Literatura Oral no Brasil. São Paulo: Editora Itatiaia / EDUSP, 1984.. Geografia dos mitos brasileiros. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1983. CEVASCO, Maria Elisa. Para Ler Raymond Williams. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2001. CHARTIER, Roger. À Beira da Falésia: a história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002. CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Editora Moderna, 1982.. Conformismo e Resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1989.. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1989. DÂNGELO, Newton. Vozes da Cidade: progresso, consumo e lazer ao som do rádio Uberlândia 1939/1970. Tese (doutorado em História), São Paulo: PUC, 2001.. Radiofonia, cultura material e sonoridades urbanas, In: MACHADO, Maria Clara T. & PATRIOTA, Rosangela (orgs). Histórias & Historiografia. Perspectivas contemporâneas de investigação. Uberlândia/MG: Edufu, 2003, p.317-345. DARNTON, Robert. Histórias que os camponeses contam: os significados de Mamãe Ganso. In: O grande Massacre de Gatos e outros episódios da História Cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal, 1986, p.21-101.. História e antropologia. In: O Beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia das Letras: 1990, p.284-303. DAVIS, Natalie Zemon. Culturas do povo: sociedade e cultura no início da França moderna. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2003. FERNANDES, Florestan. O Folclore em Questão. São Paulo: Editora Hucitec, 1978. FILHO, Melo Moraes. A Véspera de Reis. In: Festas e Tradições Populares do Brasil. São Paulo: Livraria Itatiaia Editora/EDUSP, 1979, p.57-68.

175 FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens Livres na Ordem Escravocrata. São Paulo: Editora Unesp, 1997. GALVÃO, Gilberto N. Folia de Reis. In: Artistas e Festas Populares. Série Cena Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1977, p.59-66. GINZBURG, Carlo. Prefácio à edição italiana. In: O Queijo e os Vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Cia das Letras, 1987, p.15-34. GOMES, Núbia P. M., PEREIRA, Edmilson de Almeida. Do Presépio à Balança. Representações sociais da vida religiosa. Belo Horizonte: Mazza edições, 1995. GRAMSCI, Antonio. Obras escolhidas. São Paulo: Martins Fontes, 1978. GUIMARÃES, Eduardo. A transformação econômica do Sertão da Farinha Podre: o Triângulo Mineiro na divisão inter-regional do trabalho. In: História e Perspectivas, Uberlândia: Edufu, 1991, nº4, p.07-37. HALL, Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: UNESCO, 2003. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e Fronteiras. São Paulo: Cia das Letras, 1994. JACKSON, Luiz Carlos. A Tradição Esquecida. Os Parceiros do Rio Bonito e a sociologia de Antonio Candido. Belo Horizonte: Editora da UFMG / São Paulo: FAPESP, 2002. JÚNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil Contemporâneo Colônia. São Paulo: Publifolha, 2000. LE GOFF, Jacques. Escatologia. In: Enciclopédia Einaudi, volume I: Memória- História. Portugal: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1984, p.425-457. LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasileiro. História de uma ideologia. São Paulo: Ática, 1992. LIMA, Rossini Tavares de. Folia dos Santos Reis. In: Folguedos Populares do Brasil. São Paulo: Ricordi, 1962, p.101-149.. Abecê do Folclore. São Paulo: Ricordi, 1972. MACHADO, Maria Clara Tomaz. Muito aquém do paraíso: ordem, progresso e disciplina em Uberlândia. In: História & Perspectivas. Uberlândia, nº4, jan./jun. 1991, p.37-77.. Folia de Reis: Liturgia do povo que recria o mistério da vida. In: MACHADO, Maria Clara Tomaz. PATRIOTA, Rosangela (orgs). Histórias & Historiografia. Perspectivas contemporâneas de investigação. Uberlândia: Edufu, 2003, p.33-54.

176 MARTIN-BARBERO, Jesús. Dos Meios às Mediações. Comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997. MARTINS, José de Souza. Capitalismo e Tradicionalismo. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1975. NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. In: Projeto História. São Paulo: PUC/SP, n.º10, dezembro de 1993, p.07-28. PORTELLI, Alessandro. História oral como gênero. In: Projeto História. São Paulo: PUC/SP, nº22, junho, 2001, p.09-36.. História oral e memórias, (entrevista). In: História & Perspectivas. Uberlândia, n.º25/26, jul./dez.2001, jan./jun.2002, p.27-54. PORTO, Guilherme. As Folias de Reis no Sul de Minas. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. O Campesinato Brasileiro. São Paulo: Editora da USP; Rio de Janeiro: Vozes, 1973. RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Cia das Letras, 1999. SEIXAS, Jacy Alves de. Comemorar entre Memória e Esquecimento: reflexões sobre a memória histórica. In: História: Questões e Debates. Curitiba: UFPR, nº32, jan/jun, 2000, p. 75-95.. Halbwachs e a memória reconstrução do passado: memória coletiva e história. IN: História. São Paulo: Editora Unesp, nº20, 2001, p.93-108.. Percursos de memórias em terras de história: problemáticas atuais. In: BRESCIANI, M. S. M. & NAXARA, Márcia (orgs.) Memória e (Res)sentimento: indagações sobre uma questão sensível. Campinas: Editora da Unicamp, 2001, p. 37-57. SOARES, Rosemary Dore. Gramsci, o Estado e a escola. Ijuí/RS: Editora Unijuí, 2000. THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Editora Polis, 1982. THOMPSON, E. P. Costumes em Comum. São Paulo: Cia das Letras, 1998.. Folclore, antropologia e história Social. IN: As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Campinas/SP: Editora da UNICAMP, 2001, p.227-267.. Educação e experiência. In: Os Românticos. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2002. VEYNE, Paul. A escrita da história / Foucault revoluciona a história. Brasília: Editora da UnB, 1982. VILHENA, Luís Rodolfo. Projeto e Missão: o movimento folclórico brasileiro (1947-1964). Rio de Janeiro: FGV, 1997.

WILLIAMS, Raymond. Marxismo e Literatura. São Paulo: Zahar, 1979.. Cultura. São Paulo: Civilização Brasileira, 2000.. O Campo e a Cidade: na história e na literatura. São Paulo: Cia das Letras, 2000..Tragédia e tradição. In: Tragédia moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2002, p.33-68. 177