UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA LUANA LAÍS FONSÊCA DE MEDEIROS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA LUANA LAÍS FONSÊCA DE MEDEIROS LONGEVIDADE DOS LAMINADOS CERÂMICOS MINIMAMENTE INVASIVOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NATAL/RN 2015

2 LUANA LAÍS FONSÊCA DE MEDEIROS LONGEVIDADE DOS LAMINADOS CERÂMICOS MINIMAMENTE INVASIVOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Odontologia da UFRN como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Cirurgiã-dentista. Orientadora: Prof(a). Dr(a) Isauremi Vieira de Assunção. NATAL/RN 2015

3 LUANA LAÍS FONSÊCA DE MEDEIROS LONGEVIDADE DOS LAMINADOS CERÂMICOS MINIMAMENTE INVASIVOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Odontologia da UFRN como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Cirurgiã-dentista. Aprovada em / / Prof. Dra. Isauremi Vieira de Assunção Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientadora Prof. Dra. Maria Ângela Fernandes Ferreira Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro Prof. Msc. Giovanna de Fátima Alves da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro

4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 7 2 METODOLOGIA... 10 3 RESULTADOS... 11 4 DISCUSSÃO... 13 REFERÊNCIAS... 18

4 LONGEVIDADE DOS LAMINADOS CERÂMICOS MINIMAMENTE INVASIVOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Luana Laís Fonseca de Medeiros, Graduanda, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Brasil- Av. Senador Salgado Filho 1787, CEP 59056-000 Isauremi Vieira de Assunção, Dra, Professora Associada, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Brasil- Av. Senador Salgado Filho 1787, CEP 59056-000 Giovanna de Fátima Alves da Costa, Msc, Professora auxiliar Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Brasil- Av. Senador Salgado Filho 1787, CEP 59056-000 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Avenida Senador Salgado Filho, 1787 - Lagoa Nova- Natal/RN (84) 32154100

5 RESUMO Com o advento dos laminados cerâmicos, uma nova perspectiva restauradora surgia paralelamente as tradicionais resinas composta. Essa revisão sistemática de literatura objetivou analisar a longevidade dos laminados cerâmicos, realizados com preparos minimamente invasivos. Foram realizadas buscas nas bases de dados PUBMED, WEB OF SCIENCE E SCOPUS, utilizando os descritores: dental veneers AND dental porcelain AND dental laminates AND survival AND survivorship OR longevity AND follow-up studies. Foram selecionados estudos do tipo Ensaio Clínico Controlado e Randomizado, in vivo e com dentes que tivessem a mínima preparação dental (sem preparo à preparos até 1mm de espessura). Os laminados cerâmicos são bem aceitos pela comunidade científica e pela maioria dos pacientes que fazem uso dessa técnica restauradora, e sua sobrevida já atinge patamares consideráveis conforme descrevem os estudos. Palavras-Chave: Facetas dentárias; Porcelana dentária; Laminados cerâmicos; Sobrevida; Longevidade.

6 ABSTRACT With the advent of the ceramic laminate, a new approach emerged restorative parallel traditional resins composed. This systematic literature review aimed to analyze the longevity of ceramic laminates, performed with minimally invasive preparation. Searches were conducted in PUBMED, WEB OF SCIENCE AND SCOPUS, using the keywords "dental veneers" AND "dental porcelain" AND "dental laminates" AND "survival" AND "survivorship" OR "longevity" AND "follow-up studies ". We selected studies of the type Randomized Controlled Clinical Trial, in vivo and teeth that had minimal dental preparation (without preparation to preparation up to 1mm thick). Ceramic laminates are well accepted by the scientific community and the majority of patients who use this restorative technique, and their survival has already reached considerable heights as describing the studies. Keywords: Dental veneers; Dental porcelain; Ceramic laminates; Survival; Longevity.

7 1 INTRODUÇÃO Com o advento das resinas compostas por Bowen em 1958, aliado aos trabalhos de Fusaiana em 1978 e posteriormente Nakabayashi em 1982, tornou-se possível a utilização de ácido e adesivo, o que por sua vez mostraria resultados efetivos em virtude da adesividade conseguida. Na sequência, foi dado o passo decisivo para o sucesso dos laminados cerâmicos, que condicionados por ácido através da técnica desenvolvida por Rochette em 1973, transformou a adesão em realidade [1]. Com a crescente demanda por tratamentos restauradores em dentes anteriores, viu-se a necessidade de utilizar materiais que atendessem as necessidades estéticas e funcionais dos pacientes. Pois as tradicionais resinas compostas, apesar de possuírem uma técnica simples, de baixo custo e estética satisfatória, apresenta resistência e estabilidade de cor inferiores às porcelanas dentárias. Portanto, uma nova perspectiva restauradora surgia paralelamente com as tradicionais resinas composta. Assim, os laminados cerâmicos, por caracterizarem-se como restaurações indiretas, passariam a ser utilizados como materiais que pudessem restabelecer alterações de cor, forma ou posição através dos recobrimentos das superfícies vestibulares [2]. Assim, por volta da década de 80, as facetas de porcelana passaram a merecer lugar de destaque na odontologia estética. E grandes avanços foram surgindo no âmbito dos laminados cerâmicos. Novos métodos de preparo com o mínimo de desgaste dental ou até mesmo sem desgaste ficaram conhecidos como lentes de contato dental. Dessa forma, oferecendo uma alternativa mais conservadora de tratamento restaurador quando comparada as coroas e as facetas de porcelana tradicionais, que exigem como protocolo um maior desgaste de estrutura dentária [2]. Porém, é preciso indicar o tratamento adequado para os diferentes tipos de pacientes, visto que, nem todos estão aptos ao uso de laminados cerâmicos, e em especial as lentes dentais. Exemplificando, uma das limitações seriam os pacientes que precisam de transformações dentárias muito extensas ou que tenham hábitos parafuncionais. Todavia, em casos de dentes manchados, descoloridos, fraturados, desalinhados, com diastemas ou

8 com sinais de envelhecimento, fica a possibilidade de utilizar as lentes dentais como material restaurador [3]. Sendo assim, para se conseguir uma boa adesividade desses materiais e consequentemente maior sobrevida, o ideal é que tais fragmentos estejam com a maior área de contato possível com estrutura de esmalte [4], portanto, quando se pensa em conseguir boa retenção a longo prazo, recomenda-se deixar no mínimo 50% do substrato em esmalte. Todavia, se a porcentagem de esmalte for inferior a 50%, o paciente deverá ser informado sobre os riscos e as chances desse laminado cerâmico vir a descolar ou sofrer infiltrações [5]. E além disso, que tais preparos se encontrem localizados preferencialmente a nível supragengival [6] [7]. Desse modo, para evitar que as facetas dentárias sofram algum tipo de descolamento, estudos têm sido realizados para se determinar a espessura adequada que deverá ser removida. Assim, o preparo da estrutura dentária para receber as lentes de contato na face vestibular, deverá variar de (0,3mm à 0,5mm) de espessura, podendo também ser reduzida na porção cervical do dente, em virtude da delgada espessura de esmalte nesta região [8]. As lentes dentais estão sendo utilizadas há pouco tempo e ainda são poucos os relatos na literatura que venham a comprovar sua longevidade clínica. Dessa forma, este trabalho objetiva, portanto, fazer uma revisão sistemática da literatura a respeito da longevidade dos laminados cerâmicoslentes dentais com o mínimo desgaste de estrutura dentária, para trazer ao leitor um maior esclarecimento sobre o tema, e assim, poder avaliar a existência de evidência científica para esta técnica restauradora.

9 3 METODOLOGIA Questão central: A questão central abordada nesta revisão foi: Qual a longevidade dos laminados cerâmicos minimamente invasivos?. Estratégia de busca: PubMed/Medline, Web of Science, Scopus e Cochrane foram as bases de dados pesquisadas para identificar os estudos relevantes. A estratégia utilizou os seguintes descritores: Dental veneers AND dental porcelain AND dental laminates AND survival AND survivorship OR longevity AND follow-up studies AND coorte AND log-rank AND kaplan-meier Critérios de inclusão: Ensaios clínicos, estudos do tipo coorte, in vivo e dentes que tivessem a mínima preparação dental (com até 1mm de espessura) e artigos publicados na língua inglesa, portuguesa e espanhol. Critérios de exclusão: Dentes com preparação além de 1mm.

10 4 RESULTADOS Feita as buscas nas bases de dados Pubmed, Web of Science e Scopus, foram encontrados 194 artigos e a busca por registros adicionais através de outras fontes resultou em 3 artigos. Após a leitura de seus títulos e resumos com a remoção de duplicatas, resultou em 6 artigos. Após a leitura do texto completo, avaliado por elegibilidade resultou ainda em 6 artigos. Apenas 1 artigo foi excluído e 5 foram incluídos na síntese qualitativa. O artigo excluído se deu pelo fato de não estar dentro dos critérios de inclusão referente ao preparo dental, até 1mm de desgaste (Figura 1, tabela 1 e tabela2). No estudo de Dumfhart (2000) [9], observou-se que apenas 4% dos laminados cerâmicos tiveram falhas durante todo o período de acompanhamento, que foi correspondente a 10 anos. Quanto ao aspecto de coloração, 3 restaurações cerâmicas (2%) apresentaram pequena diferença entre os dentes adjacentes. Já a adaptação marginal, mostrou excelentes resultados, e 99% dos laminados foram classificados como satisfatórios pelos pacientes. No entanto, foi observado uma taxa de 17% para descoloração marginal e de 31% para as falhas envolvendo recessão gengival. Porém, não se observou casos que houvessem cáries secundárias e perda de vitalidade dos dentes. Essa recessão gengival foi justificada pelo fato das restaurações cerâmicas terem sido cimentadas ao nível gengival e a nível subgengival [9]. Concluindo, portanto, que houve longevidade satisfatória de 91% dos laminados cerâmicos com mínimo desgaste dentário, variando de 0,3-0,5mm. No estudo de Nordb (1994) [10], que acompanhou por 3 anos 135 laminados dentais, cimentados em 41 pacientes, foram notificados apenas 7 casos de falhas, nas quais, 5 foram corrigidas com acabamento e polimento, e as outras 2 exigiram completa substituição da restauração cerâmica. Além de que, outros 3 casos mostraram um certo desgaste incisal. Não se observaram falhas relacionadas a coloração marginal, nem a cáries secundárias. E os problemas de recessão gengival não foram considerados significantes [10]. O que mais uma vez demonstra resultados satisfatórios com laminados cerâmicos de mínimo desgaste dental (0,3-0,5mm). No trabalho de Aykor (2009) [11], que acompanhou por 5 anos 300 laminados cerâmicos com até 0,75mm de desgaste dental, obteve resultados

11 muito positivos, isso porque a adaptação marginal e a descoloração tiveram resultados relativamente insignificantes, em torno de 2% de falhas. Sensibilidade pós-operatória foi notificada em 12 dentes que após aplicação do agente de união desapareceu. E quanto a resposta gengival, 98% dos casos mostraram resultados satisfatórios. Após 5 anos de acompanhamento a taxa de satisfação dos pacientes atingiu o equivalente a 98%. Apenas 2% dos resultados mostraram taxas relacionadas ao tecido gengival como sendo insatisfatórias, sugerindo que o tipo de preparação dental esteve a nível subgengival [11]. No trabalho de Smales (2004) [12], que acompanhou por 7 anos 50 pacientes, a taxa de sobrevida dos laminados cerâmicos com mínimo desgaste dental foi de 85%. As falhas encontradas ocorreram principalmente pelo descolamento ou fraturas das estruturas cerâmicas. Os 110 laminados cimentados em seus dentes resultaram em apenas 6 falhas. Tais falhas e descolamentos das restaurações cerâmicas estiveram intimamente relacionados à fadiga e ao estresse oclusal, juntamente com a incorreta seleção dos pacientes e às falhas ocorridas durante o procedimento clínico. E mesmo os resultados de Smales sendo favoráveis a esse tipo de preparação dental, mais estudos ainda são necessários que corroborem essa afirmativa [12]. Durante o período de acompanhamento de 2,5 anos por Meijering (1998) [13], observou-se apenas 11 falhas de um total de 180 laminados cerâmicos com menos de 1mm de preparação, o equivalente a uma taxa de 6% de fracasso. E afirma também que as maiores falhas estão relacionadas à fratura dos laminados cerâmicos. A sobrevida dos mesmos mostrou efeitos positivos quando se envolve dentes ainda com vitalidade, e afirma também que o projeto de preparação e os fatores que envolve o operador não estão relacionadas as diferentes taxas de sobrevivência [13]. Analisando os resultados encontrados nos cinco trabalhos selecionados, pode-se concluir que existe longevidade em laminados cerâmicos que justifiquem seu uso. E que, com o advento dos laminados cerâmicos pela técnica do mínimo preparo (até 1mm), pode-se obter estética e longevidade para além de 10 anos conservando estrutura dentária sadia.

12 5 DISCUSSÃO Laminados cerâmicos são considerados atualmente como uma alternativa para o tratamento de dentes anatomicamente mal formados, com diastemas, fraturados e pigmentados, substituindo muitas vezes procedimentos mais invasivos, como por exemplo, as próteses fixas. Analisando essa revisão sistemática, alguns fatos merecem ser levados em consideração para correta indicação de um laminado cerâmico. Assim, após a leitura dos 5 artigos selecionados, ambos os trabalhos concluíram que existe longevidade para os laminados cerâmicos com mínimo desgaste dental. E que suas principais falhas estão relacionadas à fraturas e descolamentos das porcelanas. Isso porque os pacientes ainda assim, podem apresentar uma oclusão inadequada e vir a gerar uma concentração de tensões ou ainda pelo simples fato da incorreta seleção dos pacientes. Logo, é imprescindível que se faça uma boa anamnese, afim de que se possa estabelecer o melhor protocolo de tratamento para esses pacientes, ou seja, com desgastes maiores ou até 1mm. Por exemplo, pacientes com manchas intrínsecas muito profundas, pacientes fumantes com grandes pigmentações, dentes endodonticamente tratados mal sucedidos e sem resultados positivos para clareamento interno, fica limitado o uso dessas lentes de contato, visto que, em virtude de sua espessura ser ultrafina, não conseguir mascarar tais alterações de cor desses elementos dentários. Ao contrário, dentes com pigmentações superficiais, dentes conóides, com presença de diastemas, torna-se viável a preparações menos invasivas. Apesar do estudo de Dumfahrt (2000) [9] ter obtido resultados mais positivos no período de 10 anos em relação aos outros trabalhos, pode-se confirmar o sucesso de sua técnica, visto que o número de sua amostra foi satisfatório, o desgaste dental variou de 0,3-0,5mm e ainda utilizou o teste de Kaplan-Meier para garantir o sucesso durante todo o período observacional. Portanto, com bases nesses estudos que acompanharam de 2,5 anos a 10 anos, é possível sugerir que a sobrevida desses laminados cerâmicos com mínimo preparo (sem preparo ou até 1mm de espessura) é favorável, o que nos leva a concluir que esta técnica possui longevidade.

13 Registros identificados através das bases de dados 194 Registros adicionais identificados através de outras fontes 3 Depois de removido as duplicatas 6 Selecionados 6 Texto completo avaliados para elegibilidade 6 Texto completo excluído por razão 1 Artigo incluído na síntese qualitativa 5 Figura 1 - Fluxograma dos artigos incluídos

14 Tabela 1- Artigos selecionados Autor/Ano Amostra Desenho do estudo Estudo clínico 135 facetas controlado feldspáticas (0,3- randomizado 0,5mm) Nordb et cimentadas em 41 pacientes sem al.,1994 sobreposição incisal. Acompanhamento 3 anos Principais Resultados 7 laminados sofreram fraturas, mas 5 dessas falhas foram corrigidas com lixamento. Apenas 2 exigiram a troca. Não houve desenvolvimento de cárie, nem problemas gengivais. p valor não informado. Meijerin et al., 1998 180 laminados cerâmicos cimentadas em 112 pacientes (Incisivos superiores centrais e laterais) Estudo clínico controlado randomizado 2,5 anos Foram encontradas falhas apenas em 3 casos. Todas relacionadas com fraturas ou descolamento Desgaste menor que 1mm. Dumfahrt et al.,2000 191 facetas cimentas em 72 pacientes. 92 em esmalte, 99 em dentina. Preparação variando de 0,3-0,5mm Estudo clínico controlado randomizado 10 anos Sobrevida de 97% em 5 anos e de 91% em 10 anos. 99% dos laminados foram satisfatórios aos pacientes; 36% mostrou defeito marginal e 31% teve recessão gengival. p=0,058 Smales RJ et al., 2004 110 facetas feldspáticas cimentadas em 50 pacientes. Desgaste menor que 1mm. Estudo clínico controlado randomizado 7 anos Sobrevida de 85,5% para os dentes minimamente invasivos. Pvalor= 050

15 Aykor et al., 2009 300 facetas foram cimentadas em 30 pacientes (28-54 anos) no arco superior. 10 facetas em cada paciente. A preparação dental atingiu até Estudo clínico controlado randomizado 5 anos Foi observado sensibilidade em 12 dentes no início do estudo, após aplicação do agente de união a sensibilidade desapareceu. E a taxa de satisfação dos pacientes atingiu 98% P>0,05 0,75mm. Tabela 2: Artigo excluído Autor Peumans et al., 2004 14 Critério Dente com preparo do tipo sobreposição incisal.

16 REFERÊNCIAS 1. Benetti AR, Miranda CB, Amore R, Pagani C. Porcelain laminate veneersaesthetic alternative. JBD J Bras Dent Estet 2003; 2: 186-194. 2. Gonzalez MR, Ritto FP, Lacerda RAS, Sampaio HR, Monnerat AF, Pinto BD. Falhas em restaurações com facetas laminadas: uma revisão de literatura de 20 anos. Rev Bras Odontol 2012; 69: 43-48. 3. Figueiredo F. Lentes de contato dental. Uma alternativa estética para dentes anteriores. 2012. 34 folhas. [Monografia]. Instituto de Ciências da Saúde Funorte, Suebrás, Florianópolis; 2012. 4. Aquino APT, Cardoso PC, Rodrigues MB, Takano AE, Porfírio W. Porcelain laminate veneers: esthetic and functional solution. Clin Int J Braz Dent 2009; 5: 142-152. 5. Friedman MJ. Porcelain veneer restorations: a clinician s opinion about a disturbing trend. J Esthet Restor Dent. 2001; 13: 318-327 [PMID 11699584] 6. Lesage B. Establishing a classification system and criteria for veneer preparation. Compend Contin Educ Dent 2013; 34: 104-112 [PMID 23556319] 7. Burk T. Survival rates for porcelain laminate veneers with special reference to the effect of preparation in dentin: a literature review. J Esthet Restor Dent 2012; 24: 257-265 [PMID 22863131] 8. Francci C. Odontologia estética: soluções minimamente invasivas. Rev Fundecto. 2011;(10): 8-9. 9. Dumfahrt H, Schaffer H. Porcelain laminate veneers. A retrospective evaluation after 1 to 10 years of service: Part II. Int J Prosthodon 2000; 13: 9-18 [PMID 11203615] 10. Nordb H. Clinical performance of porcelain laminate veneers without incisal overlapping: 3-year results. J Dent 1994; 22: 342-345 [PMID 7844261] 11. Aykor A, Ozel E. Five-year clinical evaluation of 300 teeth restored with porcelain laminate veneers using total-etch and a modified self-etch adhesive system. Oper Dent, 2009; 34: 516-523 [PMID 19830964 DOI 10.2341/08-038- C] 12. Smales RJ, Etemadi S. Long-term survival of porcelain laminate veneers using two preparation designs: a retrospective study. Int J Prosthodont 2004; 17: 323-326 [PMID 15237880] 13. Meijering AC, Creugers NH, Roeters FJ, Mulder J. Survival of three types of veneer restorations in a clinical trial: a 2.5-year interim evaluation. J Dent 1998; 26: 563-568 [PMID 9754744]

14. Peumans M, Munck J, Fieuws S, Lambrechts P, Vanherle G, Van Meerbeek B. A prospective tem-years clinical trial of porcelain veneers. J Adhes Dent 2004; 6: 65-76 [PMID 15119590] 17