JOGOS E BRINCADEIRAS COM DEFICIENTES INTELECTUAIS



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JOGOS E BRINCADEIRAS COM DEFICIENTES INTELECTUAIS Resumo Juliana Silva Cristina 1 - UFU Maria Clara Elias Polo 2 - UFU Grupo de Trabalho Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento Atividades físicas, esportivas e de lazer tem sido cada vez mais utilizadas para melhorar a qualidade de vida e reabilitação de pessoas com deficiência e o direito a essa participação vem sendo assegurado nas políticas públicas nacionais para essa área. Nesse contexto instituições de ensino superior (IES) públicas criam programas que aliam extensão, ensino e pesquisa envolvendo esse segmento populacional. Esses programas objetivam estimular docentes a desenvolverem propostas voltadas à promoção da integração entre universidade e sociedade. Com essa finalidade, é desenvolvido desde 1982, um Programa Extensão denominado Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD), em conformidade com o Plano Nacional de Extensão (PNEx) e com as ações da Pró-Reitoria de extensão, cultura e assuntos estudantis (PROEX) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Esse Programa constituise de vários Projetos relacionados às atividades física, esportiva e de lazer e o presente trabalho apresenta a experiência no Projeto Jogos e brincadeiras com deficientes intelectuais em um dos projetos do PAPD e que tem o apoio do Programa de Extensão Integração UFU - Comunidade (PEIC). Seu objetivo é desenvolver jogos e brincadeiras com adolescentes com deficiência intelectual, bem como ampliar a participação de discentes do curso de educação física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, contribuindo para a sua formação inicial. As aulas são ministradas no Campus Educação Física da Faculdade de Educação Física, duas vezes por semana com duração de cinquenta minutos, em diferentes espaços como campos de futebol, ginásios esportivos, ginásio equipado para a psicomotricidade, pista de atletismo e piscinas. Foi possível constatar que as práticas corporais por meio de jogos e brincadeiras contribuem no processo de reabilitação, interação social e melhoria da qualidade de vida de crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiência intelectual e a vivência dos acadêmicos e bolsistas com o referido grupo proporcionou o debate e conhecimentos fundamentais para formação inicial de professores. Palavras-chave: Deficiência intelectual. Formação inicial. Educação física adaptada. 1 Graduanda em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (FAEFI-UFU). Monitora bolsista Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD). E- mail: julianasilvacristina@yahoo.com.br 2 Graduanda em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (FAEFI-UFU). Monitora bolsista Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD). E- mail: mcepolo@gmail.com ISSN 2176-1396

10918 Introdução Atividades físicas, de lazer, esportivas estão cada vez mais relacionadas com a promoção da qualidade de vida bem como a reabilitação de pessoas com deficiência. O direito ao lazer, por exemplo, é constitucional e a participação dessas pessoas é assegurada por políticas públicas nacionais que visam democratizar o acesso à projetos de atividades físicas, e esportes. A utilização das atividades físicas, de lazer e esportivas com finalidade de inclusão social de pessoas com deficiência, no Brasil, faz parte de um movimento que se iniciou nos anos 1980 e adquiriu força a partir dos anos 1990. Conforme Carmo (2001) o trabalho que a área da Educação Física desenvolve com essas pessoas, desde essas duas décadas, oportunizou a abertura de novos campos de trabalho e pesquisas bem como, propiciou maior acesso e participação nas atividades físicas, esportivas e de lazer, reflexo disso, também foi o aumento do número de atletas com deficiência nos esportes adaptados e paralímpicos e a visibilidade que eles alcançaram na mídia. As instituições de ensino superior (IES) públicas realizam programas que objetivam estimular docentes e técnicos administrativos a desenvolverem propostas de extensão voltadas para promover a integração entre universidade e sociedade, em qualquer âmbito, seja na comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio ambiente, saúde, tecnologia/produção e trabalho, pautando precisamente na perspectiva da inclusão social. Nesse contexto, a Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (FAEFI-UFU), desenvolve há 33 anos o Programa de Atividade Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD), o qual envolve todos os tipos de deficiência e transtorno global de desenvolvimento. O PAPD oferece várias modalidades de atividades físicas, sociais e recreativas, como: atividades aquáticas, jogos, brincadeiras, futsal e atletismo, pilates e psicomotricidade, musculação, com intuito de garantir melhorias a partir da prática regular da atividade física. Esse programa oferece bolsas para monitorias para que haja o incentivo ao interesse do discente pela carreira do magistério superior, além de proporcionar a cooperação entre o corpo discente e o corpo docente, colaborar com o professor coordenador do programa na execução das tarefas didáticas, ajudar e orientar os alunos em seus estudos. O PAPD está coerente com as ações da Pró-Reitoria de extensão, cultura e assuntos estudantis (PROEX) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e com as Diretrizes do

10919 Plano Nacional de Extensão (PNExt) e contribui com a inserção da dimensão acadêmica da extensão na formação dos estudantes e na construção do conhecimento. Além de possibilitar uma formação acadêmica diferenciada, a PROEX tem como objetivos ampliar a participação de discentes da UFU em atividades de extensão, com caráter formativo, evidenciando a indissociabilidade entre extensão, pesquisa e ensino, contribuindo, assim, para a formação profissional e para o exercício da cidadania. Uma das ações da PROEX/UFU é o Programa de Extensão Integração UFU - Comunidade (PEIC), que tem como enfoque estimular a realização de projetos que integrem diferentes áreas do conhecimento, além de incentivar o envolvimento de discentes da UFU nas ações de extensão, mediante apoio com bolsas de extensão aos acadêmicos dos cursos de graduação. O presente trabalho apresenta a experiência vivenciada em um projeto PEIC desenvolvido dentro do PAPD com pessoas com deficiência intelectual (DI). Objetivo Geral Desenvolver jogos e brincadeiras com adolescentes com deficiência intelectual, bem como ampliar a participação de discentes do curso de educação física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, contribuindo para a sua formação inicial. Deficiência Intelectual De acordo com a American Association of Mental Retardation (AAMR) (2006), a deficiência intelectual (DI) corresponde a um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média e é caracterizada por uma inadequação da conduta adaptativa e pode se manifestar até os dezoito anos de idade. Segundo a AAMR, não se deve utilizar a divisão de DI leve, moderada, grave ou profunda, para designar os graus da deficiência, bem como, não se deve basear somente em testes de QI, mas considerar as dificuldades adaptativas do indivíduo. Essa nova concepção, sem divisões e sem basear-se apenas em testes de skills, implica alterações importantes no plano de serviços e centra a atenção para as habilidades adaptativas, considerando-as como uma adequação entre as capacidades dos indivíduos e as do meio em que vivem. Devido ao fato de que as pessoas com DI demonstram pouca habilidade e dificuldades no que tange generalização de aprendizagens, pesquisadores problematizaram a questão e a

10920 partir disto criou-se a hipótese que a DI não baseia-se no déficit estrutural, e sim sobre uma capacidade funcional de inteligência (SCHARNOST E BUCHEL, 1990). Figueiredo e Gomes (2007) relatam que os processos de aprendizagem da leitura escrita por alunos com deficiência intelectual são semelhantes em muitos aspectos aos dos alunos que não possuem deficiência, como no letramento, na dimensão desejante, nas expectativas do entorno e nas interações escolares. Segundo Vigotski (1989), a pessoa com DI tem dificuldade de generalizações que requerem maior abstração da situação, das relações de fantasias, conceitos e do irreal. Para ele as pessoas com DI possuem uma boa memória para os fatos concretos, mas ao mesmo tempo seu pensamento está desprovido de imaginação. Outra característica em relação à capacidade funcional da inteligência das pessoas com DI se relaciona ao pensamento abstrato. Vigotski (1991) mostra que pessoas com DI tem maior dificuldade de ter pensamento abstrato, sendo necessário que a abstração seja ensinada a elas e com maior tempo. Segundo dados do IBGE 1,4% da população brasileira são pessoas com deficiência intelectual. Caracterizada pela redução no desenvolvimento cognitivo, ou seja, no QI, normalmente abaixo do esperado para a idade cronológica da criança ou adulto, acarretando muitas vezes um desenvolvimento mais lento na fala, no desenvolvimento neuropsicomotor e em outras habilidades. Tabela 1 Percentual de pessoas com DI, 2010. Sexo Percentual de pessoas com DI (%) Homens 1,5 Mulheres 1,2 TOTAL 1,4 Fonte: IBGE (2010) Essa deficiência não é considerada um transtorno psiquiátrico ou uma doença, e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro (HONORA; FRIZANCO, 2008). A deficiência intelectual é vista, não como um traço que resulta apenas do corpo físico, da pessoa em si, e sim como uma expressão do impacto funcional da interação entre a pessoa e o ambiente que a cerca. Lomba (1999), ressalta a existência de uma variedade de capacidades, incapacidades, áreas positivas e áreas que geram resultados negativos, mencionando quatro destas que a

10921 criança com DI pode apresentar de maneira diferente quando comparada à outras. A área motora, cognitiva, da comunicação e a sócio-educacional. As causas da DI são desconhecidas de 30 a 50% dos casos. Estas podem ser genéticas, congênitas ou adquiridas. Dentre as quais as mais conhecidas são: Síndrome de Down, Síndrome alcoólica fetal, intoxicação por chumbo, Síndromes neurocutâneas, Síndrome de Rett, Síndrome do X-frágil, malformações cerebrais e desnutrição proteico-calórica. Entre as causas conhecidas, dividem-se em pós-natais, perinatais e pré-natais. Como causas pré-natais podem-se considerar infecções como rubéola, malária, caxumba, citomegalovírus, sífilis, estas que acometem a gestante principalmente nos três primeiros meses de gestação, momento em que há o processo de maturação de tecidos como o sistema nervoso central. Álcool, drogas, radiações também se encaixam nas causas pré-natais. Como causas perinatais estão anóxia ou hipóxia no parto ou parto de fórceps estão entre as maiores causas perinatais de deficiência intelectual. Já as causas pós-natais, considera-se: moléstias desmielinizantes como sarampo e caxumba, além do fator de privação econômica, familiar e cultural, no que concerne estimulação motora, pedagógica, influências emocionais resultantes da estrutura familiar, por exemplo. (GREGUOL; COSTA, 2013). O profissional de educação física, ao lidar com alunos com DI deve identificar em que grau de desenvolvimento cognitivo ele se encontra para que seja possível criar condições favoráveis ao seu processo de interação em aula. Deve também, realizar uma análise detalhada de desenvolvimento pautada nos contextos institucionais, de modo que a proposta de trabalho se torne compatível com o indivíduo. Moreira (2004) enfatiza que o aluno deve ser o centro do processo de ensino aprendizagem e as aulas de educação física proporcionam e possibilitam o aluno no centro, auxiliando-os em transformações e lhes dando autonomia em escolhas quando se trata de jogos e brincadeiras. Para o grupo de deficientes intelectuais, isto não seria diferente. Os alunos são posicionados como centro e o professor é o mediador entre o conhecimento e o aluno, porém, de uma forma lúdica e extrovertida. Conforme Zanella (2012), é muito comum, crianças com deficiência intelectual possuírem o mesmo nível de deficiência, contudo, apresentando características, níveis adaptativos e comportamentos diferentes. Isso ocorre devido ao fato de que o nível de deficiência abrange de forma linear e evolutiva, os diversos campos da existência humana, como social, cognitivo, motor e afetivo.

10922 Em relação aos recursos que podem ser utilizados para atrair a atenção, utiliza-se da mudança no tom de voz principalmente em explicações, apresentação de desafios e novidades geralmente contribuem para a manutenção da atenção -, o emprego de materiais coloridos ou que emitam sons de modo geral. Como também, quando se nota um maior comprometimento na compreensão de algum aluno, deve-se fazer o uso de frases claras e concisas além de utilizar diferentes canais sensoriais, estímulos táteis, com visuais e auditivos. As atividades do PEIC Jogos e brincadeiras com Deficientes Intelectuais, alvo deste trabalho, procuram estimular o tempo de reação simples em tarefas que envolvem respostas rápidas, timing coincidente, presente em tarefas que impliquem a necessidade de ajustar os movimentos do corpo, agilidade, controle de força, equilíbrio. Metodologia O projeto PEIC é realizado na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (FAEFI/UFU) desde fevereiro de 2015 com final previsto para dezembro de 2015. Participam cinquenta crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiência intelectual, vinculados ao Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD). O grupo de DI é composto por indivíduos que apresentam grau de limitação moderado, leve, e limítrofe. Compõe a equipe executora uma professora do Curso de Graduação em Educação Física que atua como coordenadora do projeto, duas acadêmicas bolsistas e aproximadamente cinco acadêmicos da disciplina Projeto Integrado da Prática Pedagógica em Educação Física Adaptada (PIPE 5). São planejados e desenvolvidos jogos e brincadeiras em meio aquático e terrestre, duas vezes por semana em aulas com duração variando entre cinquenta minutos e 1h40min. São utilizados espaços físicos da Faculdade de Educação Física (FAEFI), como campos de futebol, ginásios de esportes, pista de atletismo, ginásios equipados para psicomotricidade e piscinas. Os materiais e equipamentos utilizados são adequados às necessidades de desenvolvimento dos alunos, para que possibilitem otimizar as atividades propostas, como bolas, arcos, pranchas, flutuadores, brinquedos pedagógicos, cama elástica.

10923 Resultados e Discussão Pessoas com deficiência intelectual apresentam problemas associados ao sistema nervoso central, dessa forma, é de se esperar que haja um grande comprometimento de capacidades motoras, influenciando drasticamente na realização de atividades físicas ou recreativas (FREITAS, 2005). A partir da vivência e observação em cinco meses, foi possível notar grandes mudanças no desenvolvimento de aspectos físicos, motores e cognitivos de participantes que compunham o grupo de deficientes intelectuais. Ao observar um dos grupos de alunos com DI, composto por quinze pessoas, foi possível notar que há o comprometimento de funções motoras em brincadeiras como correcotia mãe gansa e coelhinho sai da toca. De forma geral, houve um maior desenvolvimento dos participantes no aspecto cognitivo, como por exemplo, a memória e a capacidade de relacionar movimentos com outros fatores: chutar a bola é parecido com o pêndulo do relógio. De acordo com Greguol e Costa (2013), outra forma fundamental de aprendizado, corresponde à associação entre processo e produto de execução, sendo considerado um fator facilitador para o processo de ensino. Para melhor entender este fator, o exemplo chutar a bola explicita que: ao chutar a bola, é fundamental que o indivíduo associe que quando chuta a bola, ela tende a subir. Desta forma, a aprendizagem torna-se clara, abrangendo padrões motoras, respostas sensório-motoras e atividades reflexivas. Conforme estudos de Santana (2008) e Almeida (1997) que a atividade física para deficientes como fim terapêutico, pois visam ampliar as capacidades físicas para aprimorar a condição de saúde, levando em consideração o sedentarismo. Desta forma, recomenda-se trabalhos relacionados à flexibilidade e à resistência muscular, além de estímulos com brincadeiras de velocidade. O grupo de DI é composto por indivíduos que apresentam grau de limitação moderado, leve, e limítrofe. Dessa forma, as atividades propostas foram aderidas pelos deficientes, por terem certa facilidade em ajustar-se socialmente ainda que possuam dificuldades em exercer tarefas de raciocínio lógico e problemas motores. Observou-se também, em um dos grupos, problemas relativos à indisciplina que comprometia a realização das atividades, pois dispersava a atenção dos alunos. A acadêmica que ministrava as aulas teve dificuldades em liderar o grupo o que ocasionou na desorganização e desorientação dos participantes. Faltou em sua atuação a criação de

10924 situações em que o comprometimento e falta de atenção dos DI não fossem fator determinante na execução da atividade Constatou-se, também, dificuldades de um dos acadêmicos no relacionamento interpessoal com um dos grupos, o que pode ser atribuído ao fato de essa ser sua primeira experiência com alunos com DI e à sua falta de conhecimento em relação à deficiência. Os acadêmicos demonstraram dificuldades para lidar com a falta de atenção e apatia para de alguns DI. Apenas após cinco meses de atividades, eles notaram que os deficientes intelectuais apresentam atenção seletiva, que é uma dificuldade em prestar atenção nos estímulos mais importantes. Em quase todas as atividades, principalmente no início do projeto, as monitoras bolsistas interviram em relação à estrutura da atividade proposta. Longas filas, alunos que permanecem parados esperando sua vez favorecem comportamento fora daquele esperado, consequentemente gera indisciplina e tumulto na aula. Cabe destacar que de forma geral os acadêmicos apresentam muitas dificuldades em planejar, organizar e registrar suas ideias e diante disso, surgiu a necessidade de formar com os cinco acadêmicos um grupo de estudo, no qual foram estudados e discutidos artigos científicos com temáticas relacionadas à DI e atividade física, os quais deram subsídios para responderem à questões como: o que você mudaria na sua prática com os DI ou quais tipos de jogos e brincadeiras seriam apropriados para o seu aluno? Esses estudos em grupos contribuíram para minimizar essas dificuldades, subsidiaram a realização do planejamento das atividades recreativas e jogos com os DI e a construção dos relatórios relatando a experiência. Foi realizado um trabalho com os DI baseado em jogos e atividades recreativas ao ar livre e pôde-se constatar que houve melhorias nos aspectos motores e cognitivos, sobretudo no desenvolvimento social e afetivo. Considerações Finais O objetivo do Projeto PEIC aqui relatado é desenvolver jogos e brincadeiras com adolescentes com deficiência intelectual, bem como ampliar a participação de discentes do curso de educação física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, contribuindo para a sua formação inicial. Para alcançar esse objetivo, em primeiro lugar os acadêmicos realizaram uma avaliação inicial observaram e conheceram melhor os alunos do programa. Por meio desse

10925 relatório inicial foi possível elaborar um bom planejamento que contribuiu para o processo de reabilitação, interação social e melhoria da qualidade de vida dos alunos com DI. Além disso, outro aspecto fundamental foi a participação de discentes do curso de educação física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, que contribuiu de forma ímpar na formação dos graduandos, uma vez que ampliou os conhecimentos a respeito não só da deficiência intelectual, mas também em todos os setores da educação. Conhecimentos esses adquiridos durante as aulas ministradas, do estudo dos textos que abordam a temática da deficiência intelectual. Foi possível constatar que as práticas corporais por meio de jogos e brincadeiras contribuem no processo de reabilitação, interação social e melhoria da qualidade de vida de crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiência intelectual e a vivência dos acadêmicos e bolsistas com o referido grupo proporcionou o debate e conhecimentos fundamentais que ampliaram a participação de discentes do curso de educação física nessas práticas, colaborando em sua formação inicial para atuar na área da Educação Física Adaptada. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.C. Deficiência e cotidiano: reflexos e reflexões sobre a reabilitação. Revista Terapia Ocupacional, São Paulo, SP. v. 81 n.6, 1997. American Association on Mental Retardation. Mental Retardation: August 2006, Vol. 44, No. 4, pp. 312-314. BRASIL. IBGE. Censo demográfico- Cartilha do censo 2010, pessoas com deficiência. Rio de Janeiro, 2010. CARMO, A. A. Inclusão escolar e a educação física: que movimento é este. In.: MARQUEZINE, al. (Org.). Perspectivas Multidisciplinares em Educação Especial II. Londrina: Editora UEL, 2001. P. 91112. FIGUEIREDO, R. V.; GOMES, A. L. L. A Emergência da leitura e da escrita em alunos com deficiência mental. In: Deficiência Mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. P. 45 68. (Atendimento Educacional Especializado).

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