PRÁTICAS PIBIDIANAS: UMA REFLEXÃO SOBRE OS CAUSADORES DO AFASTAMENTO DE PROFESSORES DA SALA DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 INTRODUÇÃO



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Transcrição:

PRÁTICAS PIBIDIANAS: UMA REFLEXÃO SOBRE OS CAUSADORES DO AFASTAMENTO DE PROFESSORES DA SALA DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL Autora: Milene Benites Pontes Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Co Autora: Profª. Msc. Percila Almeida Universidade Estadual do Rio Grande do Sul 1 INTRODUÇÃO O professor é um agente fundamental no processo de formação da escola e de seus alunos, pois ele é o responsável por mediar o conhecimento ao aluno. Para tanto, é necessário que ele esteja em condições adequadas para que ocorra de maneira eficaz o processo de ensino-aprendizagem. O cotidiano escolar dos professores que trabalham com o ensino fundamental, é geralmente corrido, e desgastante, pois eles atendem em média duas ou mais escolas por dia, em um curto período de intervalo para o deslocamento de uma escola para a outra, o que acaba por desgastar, e cansar mais o dia-a-dia desse docente. As condições de trabalho e a sobrecarga de tarefas podem contribuir como uns dos fatores que agravam para o afastamento de docentes da prática. Em muitos casos, o tempo que ele teria de lazer e descansar, ele tem de planejar aulas, corrigir provas, passar notas para caderno de chamada, estudar conteúdos entre outras atividades extraclasses. Desse modo Manuel Esteve fala que devido às transformações da sociedade que vem ocorrendo, o papel do professor esta sendo designado como um totalitário responsável pela educação da criança, cada vez mais, são atribuídas responsabilidades aos professores, e ele tende a adequar-se a esta nova realidade. Os professores, sobrecarregados pelo acelerar das mudanças sociais, deparavam com problemas novos nas suas aulas, aos quais não sabiam fazer frente. De forma mais ou menos confusa, descobriam a necessidade de adaptar o seu papel profissional a uma realidade social e institucional em constante mudança. (Esteve 2002, p.5). O ambiente escolar é um local onde, deve ser um espaço prazeroso, confortável, de socialização de saberes entre a relação do professor e aluno. Neste sentido, o professor deve estar com sua saúde boa, para que consiga realizar e renovar suas formas metodológicas, bem como orientar, estimular e instigar para a construção do conhecimento do aluno. 1

Para que o professor tenha uma prática que o motive, ele deve sentir prazer no que realiza satisfação, reconhecimento e valorização da ação docente. Esses são uns dos fatores que contribuem para a qualificação da práxis. Segundo Freire: A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. O desrespeito com a educação, aos educandos, aos educadores e ás educadoras corrói ou deteriora em nós, de um lado, a sensibilidade ou a abertura ao bem querer da própria prática educativa, de outro, a alegria necessária ao que - fazer docente. (FREIRE, 1996, p.142). O processo de ensino-aprendizagem fica comprometido a partir do momento que o professor não estiver em condições cabíveis para o exercício da docência, a qual pode comprometer a qualidade no ensino. Esta pesquisa propõe conhecer quais são os principais causadores que levam ao afastamento de professores do ensino fundamental da sala de aula. A mesma pretende corroborar no sentido de viabilizar a atenção para os motivos pelas quais os professores estão deixando de exercer a sua prática profissional devido às condições de trabalho que nelas permeiam. 1.2 JUSTIFICATIVA Este trabalho surgiu através de reflexões em momentos de reuniões pedagógicos e desabafos de docentes, no horário de intervalo das aulas, na escola a qual realizo as práticas do PIBID Projeto Institucional de Iniciação a Docência. Durante as práticas do projeto PIBID, pude perceber que os professores traziam suas inquietações e inconformidades da sala de aula, para conhecimento de outros professores e da direção escolar. Com isso, esta pesquisa pretende contribuir para a constituição de momentos de reflexão que possam ocasionar a diminuição do afastamento escolar e de poder ajudar professores a enfrentar as dificuldades no exercício da docência. Nossa questão norteadora se desenvolveu então em descobrir: Quais são os motivos causadores encontrados na prática docente que levam o afastamento de professores de uma escola dos Anos Iniciais no Município de Alegrete. Partindo do ponto de vista, de que para o professor realizar uma prática de qualidade, necessariamente precisará estar bem com sua saúde, com condições hábeis para a eficácia do ensinar. Nesse sentido, é que se ressalta a importância do bem-estar do professor, ou seja, um 2

professor que está desmotivado, sentindo-se incapaz, desvalorizado, prejudicará o ensinoaprendizagem de seus alunos. Desta forma, faz-se necessário conhecer e compreender os motivos que envolvem a prática educativa dos professores que se afastam da sala da aula, a fim de contribuir para diminuir o número de docentes desta escola. 1.3 OBJETIVO GERAL Compreender quais são os causadores que levam ao afastamento dos professores da prática dos Anos Inicias em uma Escola Estadual do Município de Alegrete, a fim de propor a melhoria das relações de trabalho. 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compreender quais foram os motivos que levaram o afastamento de docentes da sua prática profissional; Analisar como está sendo o cotidiano dos professores; Verificar como os professores trabalham com essas dificuldades no dia-a-dia da sala de aula; Contribuir para amenizar, ou diminuir o número de docentes afastados da atuação profissional por meio de oficinas para discussão e socialização das tensões vividas da sala de aula, como também exporem suas inquietações e inconformidades com a docência. 2 METODOLOGIA Esta pesquisa é de abordagem qualitativa, que vai considerar observações informais, um questionário em nível de identificação e análise de entrevistas semi- estruturadas, que serão realizadas na Escola onde são realizadas as práticas do PIBID, com os professores dos Anos Iniciais, que já estiveram afastados do exercício da docência a partir de dois mil e treze á dois mil e quatorze, bem como com a equipe pedagógica da instituição. Obtido os dados da pesquisa, será realizada a interpretação e análise por meio de categorias, que serão selecionadas após a entrevista. 3

2.1 COMPREENSÕES DOS AUTORES A literatura sobre as condições de trabalho docente ainda é restrita, por ser um tema que esta sendo estudado contemporaneamente. Os autores citados para a revisão bibliográfica, não são clássicos, pois como este assunto é ainda algo novo nas pesquisas sobre docência, buscou-se fundamentar este trabalho com autores que discutem sobre esse tema atualmente. No atual cenário educativo, o professor não tem tido espaço para socialização dos seus problemas da sala de aula, dificuldade encontradas na prática, inconformidades diante das condições de trabalho e entre outros fatores cotidianos da vida do professor. Geralmente nas reuniões de formação pedagógica, os professores discutem conteúdos, elaboração de projetos, atividades para realizar com os alunos, ou seja, a preocupação total é voltada para eles, pois o processo de aprendizagem só é produtivo e satisfatório, quando os mesmo conseguem atingir a meta do professor. Percebe-se que na maioria das vezes, o professor e o seu trabalho, não são discutidos com tal importância como as metodologias utilizadas e conteúdos que serão abordados. Muito se fala sobre aprendizagem, diferentes caminhos metodológicos, dificuldades dos alunos, entre outros, e o professor que intervém e faz a relação do conteúdo com o aluno, é deixado de lado, sem pensarmos ou discutirmos como esta sendo a prática dos professores, quais são as dificuldades e desafios encontrados por eles. O fato de o professor não estar bem consigo mesmo, e estar com sua saúde prejudicada, resulta na dificuldade no ensino-aprendizagem. Nesse sentido, o processo de ensino-aprendizagem acontece a todo o momento, não é só na escola que é produzido o conhecimento, mas também em diversos lugares como ambientes familiares, culturais, religiosos e entre outros. Mas é na escola, que esse conhecimento é formal, e torna-se um objetivo, e o professor é o profissional que irá trabalhar para educar. Vivemos em uma época em que as pessoas estão cada vez mais atarefadas, realizando várias tarefas ao mesmo tempo, pois a sociedade precisa de alguém que de respostas e o mercado de trabalho procurar trabalhadores que façam mil e umas atividades e que tenha em seu currículo uma ampla área de formação para o trabalho. E o professor é o agente responsável pela educação, que realiza várias atividades, trabalha geralmente em mais de uma escola, leva os trabalhos dos alunos para corrigir em casa, planeja aulas, e faz outras atividades fora do horário de trabalho. 4

Segundo Cury, (...) não temos tempo para filosofar sobre a vida, sobre o belo, cada vez mais, nos angustiamos mais com as coisas do passado e do futuro. Nunca a medicina, a psiquiatria e a indústria do lazer desenvolveram-se tanto, no entanto nunca a humanidade esteve tão doente. A indústria dos antidepressivos esta cada vez mais poderosa, porque esperamos as pessoas adoecerem para depois tratar. (Palestra Qualidade de vida no século XXI ). Quando falamos em projeto pedagógico, formação docente, valorização do trabalho do professor, luta do magistério, trazemos vários fatores para que isso aconteça como, a mudança social da profissão docente, políticas institucionais que ampare e acompanhe a formação do professor, valorização no mercado de trabalho, cumprimento do pagamento do piso salarial, entre várias outras medidas de alcance para estes objetivos. Segundo Amorim (2006), os professores representam cerca de dois milhões de trabalhadores no Brasil, sendo que a etapa da educação fundamental é quase que predominante feminina, devido a fatores históricos e que atualmente tem sido afetada por inadequações das condições de trabalho, desvalorização social e salarial da carreira do magistério, e tem afetado a qualidade de seu trabalho e conseqüentemente sua qualidade de vida. No Estado de São Paulo, em 2006, foram quase 140 mil licenças médicas, com duração média de 33 dias. O custo anual para o governo estadual chega a R$ 235 milhões. Segundo Marta Vaneli, a secretária geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação), a recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas), é que 50% da jornada de trabalho seja dedicada para atividades extraclasse. Sendo que atualmente o professor tem um terço da jornada de trabalho para essas atividades. Segundo a LDB (Leis de Diretrizes e Bases), na Lei Federal nº 9394/96, prevê, desde dezembro de 1996, o direito da jornada extraclasse dentro da jornada normal de trabalho, em seu artigo 67, inciso V: Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: V- período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho. 3 RESULTADOS 5

Foram entrevistadas até ao momento três professores. A idade média dos professores em licença é entre 33 e 60 anos. A incidência de licenças por sexo é feminino, e o tempo médio das licenças é de quarenta á noventa dias. Motivos Carga horária Faz uso de Tempo que Quantas alegados pelos professores medicação contínua esteve afastado(a) vezes esteve afastado(a) Depressão * 40 horas sim 30 dias 1 Síndrome * 40 horas sim 30 dias 1 do pânico Problemas na 15 dias 1 garganta 40 horas não Exaustão * (esgotamento físico e psicológico) Problemas na coluna * (a mesma professora) 30 dias 1 40 horas não sim 30 dias 1 40 horas Os professores também fizeram propostas de melhorias, que são elas: melhores condições de trabalho, valorização do trabalho docente, horário para realização de atividades extraclasses, turmas menores, responsabilidades restritas do papel do professor e oficinas para discussão e socialização das tensões vividas da sala de aula, como também exporem suas inquietações e inconformidades com a docência. 4 CONCLUSÃO Diante ao atual contexto social, os professores tendem a assumir várias responsabilidades, realizar novas funções e ainda responder as expectativas da sociedade, tendo de mostrar o resultado da sua produção, bem como oferecer uma formação que prepare os alunos para o mercado de trabalho, como um ser ativo na sociedade, de maneira responsável e cidadã, obedecendo a todas as obrigações que a eles são submetidas. 6

Nessa perspectiva, os professores tendem a acompanhar o ritmo do desenvolvimento sócio histórico da educação, é nele que são atribuídas as transformações para a adequação da atual demanda, como atualização de novos saberes, novas exigências da profissão, e um ritmo acelerado na jornada de trabalho. Através disso, o docente pode ser levado a sofrer frustrações na prática, quando ele não consegue conciliar o que lhe é submetido, com as dificuldades que enfrenta. São muitos os fatores que o levam para a desmotivação, incapacidade, estresse, sentimento de tristeza, desvalorização e indisposição para a prática escolar. Esse sentimento de impotência tem sido abrangente na prática de alguns professores, que enfrentam dificuldades na sua ação docente. Devido a isso, e há um número que vem crescendo de pesquisas realizadas nessa área, o autor Esteves já delineia essa situação como mal-estar docente, que segundo ele significa um incomodo indefinido. Nesse mal-estar docente, há diferentes reações dos professores, apontadas por Esteve (1999), como: desajustamento e insatisfação perante os problemas reais da prática; pedidos de transferência para fugir das situações problemas; inibição de envolvimento pessoal; desejo de abandono da profissão; absentismo laboral; esgotamento; estresse; ansiedade; autodepreciação; reações neuróticas; depressões. (ESTEVE 1999, p.12). A partir desse momento, que o professor visualiza que não está conseguindo articular de maneira efetiva o que planeja com o que pratica, acaba por sentir-se limitado para a realização da ação docente, o que ocasiona o adoecimento de professores. Então, para que ele possa conseguir descansar o corpo e a mente por um tempo, ou por um período, o afastamento da sala de aula é a saída para muitos professores. Apesar dos resultados não serem conclusivos, os mesmos apontam para possibilidade de que os causadores do afastamento de professores são os fatores físicos e psicológicos. As entrevistas evidenciaram que os professores estão se sentindo sobrecarregados e insatisfeitos, sobretudo pelo excesso de responsabilização e pela constante luta pela valorização social, e salarial. Entende-se que a falta de tempo para a prática do lazer, do descanso, implicam na qualidade vida desses educadores. A satisfação e auto-realização no trabalho docente, são importantes e necessários tanto para a aprendizagem dos alunos, e na qualidade final da educação. 7

O descaso com a educação, já um ponto inicial para que o professor se sinta desmotivado, assim como a acumulação de tarefas, as atividades extraclasses, a pressão por atingir metas, e a exigência de estar sempre buscando formação continuada e atualizada constantemente, podem levar o professor a sofrer inconformidades, e a sentir-se insatisfeito com seu trabalho. 5 REFERÊNCIAS ESTEVE, J. M. O mal-estar docente a sala de aula e a saúde dos professores. Trad. Durley de Carvalho Cavicchia. Bauru: Edusc, 1999.. Prefácio In: JESUS, Saul Neves de. Perspectivas para o bem-estar docente: uma lição de síntese. Porto: Asa, 2002 (pp. 5-9). JESUS, Saul Neves de. Perspectivas para o bem-estar docente: uma lição e síntese. Porto: Asa, 2002. FREIRE,Paulo.Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996. 8

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