-essa definição irá abranger mais de 90% das propriedades rurais brasileiras, as quais serão desobrigadas de restaurar as suas Reservas Legais.



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Transcrição:

Tabela As mudanças mais sérias propostas pelo projeto de lei (PLC 30/2011) que visa alterar o Código Florestal atual, aprovadas em dezembro de 2011 pelo Senado Federal, e suas consequências comentadas. Estas modificações estão organizadas pelos itens declínio da cobertura de áreas protegidas por diminuição do controle legal, diminuição em área e perda da protegida (Mascia e Pailler 2011)*. Tópico do compensação do áreas de pousio do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA Código Florestal atual -a compensação das áreas de Reserva Legal será no mesmo ecossistema e mesma microbacia ou o mais perto possível de onde ocorreu o desmatamento. - áreas de pousio são atribuídas apenas para pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional. - Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA tem o poder de regular a remoção da vegetação nativa das Áreas de Permanente e das Reservas Legais para até cinqüenta por cento da propriedade da Amazônia Legal. Proposta de lei -a compensação das áreas de Reserva Legal será no mesmo bioma. -o item área de pousio pode ser atribuído a todos os tipos de propriedades rurais. -retirada do poder do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Localização no projeto de lei Art. 68, 5º, IV, 6º, II Art. 3º, XI Art. 14, I dá poder aos estados para estabelecer atividades que podem justificar a regulação de áreas desmatadas Consequências -abre a possibilidade para aquisição de florestas em regiões distantes das que a vegetação nativa foi ilegalmente removida ou degradada. -esse termo, pela lei atual em vigor, é empregado em áreas onde o plantio ocorre em sistemas de rotação de culturas, um método relacionado ao uso de solo por produtores familiares ou de população tradicional.

em área: propriedades beneficiadas pela desobrigação de restaurar as suas Reservas Legais em área: uso de espécies exóticas em Reservas Legais em área: ao longo de rios -o requerimento de restaurar as áreas de Reservas Legais é generalizado para todos os tipos de propriedades. Especialmente no caso de pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional, isso pode ser feito pelo uso de árvores frutíferas, espécies exóticas ou comerciais. Entretanto, a lei atual não faz essa distinção de acordo com o tamanho da propriedade, mas a lei atribui isso à renda familiar e uso tradicional da terra. -o plantio de espécies exóticas na Reserva Legal é permitido temporariamente. - a restauração da vegetação das Áreas de Permanente será de 30 metros em rios de até 10 metros de largura. - pequenas propriedades rurais definidas como as de até quatro módulos fiscais (de 20 a 440 hectares) ficam isentas de restaurar suas Reservas Legais. -para as demais propriedades só serão exigidas a restaurarem suas RLs caso o desmatamento tenha ocorrido após 22/07/2008. -a lei proposta permite a restauração das áreas de Reservas Legais com uso de espécies exóticas em até 50 por cento da sua área. -a restauração da vegetação das APPs será de apenas 15 metros nas áreas rurais consolidadas em rios de até 10 metros de largura. Art. 69 Art. 7, 3º Art. 68, 3º, II Art. 62, 4º -essa definição irá abranger mais de 90% das propriedades rurais brasileiras, as quais serão desobrigadas de restaurar as suas Reservas Legais. -a figura da RL será praticamente extinta, perdendo-se um importante instrumento legal previsto como necessário ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas permitirá o uso agrícola dessa área, que deveria ser designada como reserva de espécies nativas.. -aumento do efeito de borda que dificultará a manutenção do equilíbrio dessa floresta em processo de restauração.

em área: topos de morro em área: Reserva Legal - Áreas de Permanente serão contabilizadas a partir do leito maior (sazonal). -50 metros é a altura mínima das montanhas que deveriam ter topos de morro preservados. -a proteção de topos de morros ocorre nos casos em que os mesmos tenham na sua porção mais inclinada pelo menos uma inclinação de 17. - o cômputo das Áreas de Permanente no cálculo da porcentagem das Reservas Legais é permitido apenas nas propriedades em que a soma das APPs e RLs excedem 80% da propriedade rural localizada na Amazônia, 50% das propriedades rurais localizadas em outras regiões do país e 25% das pequenas propriedades rurais. -cálculo das Áreas de Permanente será contabilizado a partir do leito regular -a proposta de lei muda a altura mínima (100 m) das montanhas que deveriam ter topos de morro preservados. - a proposta de lei pretende proteger topos de morros caso os mesmos atinjam uma inclinação mínima média de 25. -o cômputo das Áreas de Permanente no cálculo da porcentagem das Reservas Legais será permitido a todos os tipos de propriedade. Art. 4º, IX Art. 4º, IX Art. 16 -reduz drasticamente a proteção dos rios comprometendo ainda mais a já crítica disponibilidade de água em algumas regiões do Brasil. Além disso, haverá uma alta possibilidade de perda de todo o plantio feito nessa faixa por comprometimento das mudas durante os períodos de inundação. -perda generalizada de proteção desse tipo de APP -essa proposta de lei irá modificar significativamente as áreas protegidas, uma vez que atingir uma inclinação mínima média de 25 é extremamente raro no caso das montanhas brasileiras que não são muito inclinadas. -perda generalizada de proteção em todas as propriedades, uma vez que existem diferenças quanto à função das APPs e RLs. Desse modo, será perdido o instrumento legal previsto como necessário ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas

-perda da protegida e diminuição do anistia como perdão às multas dos proprietários que desmataram ilegalmente as áreas de proteção permanente -perda da permissão de atividades danosas em Áreas de Permanente -perda da manguezais -o termo, áreas rurais consolidadas não é mencionado na lei atual. Ressaltamos que em 2008 houve apenas o melhoramento de mecanismos de controle, mas a regra de fato já existia desde 1998 (Lei de Crimes Ambientais) e já previa penalidades rigorosas para o não cumprimento da lei. Assim, essa data estipulada é contraditória. -isso não é permitido, uma vez que cursos d água e topos de morros são considerados como Áreas de Permanente. -não existe exceção para o caso de função ecológica comprometida, apenas em caso de utilidade pública. -a inserção do termo áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008, como data base de admissão de desmatamentos prévios. -permissão de atividades agrossilvopastoris em Áreas de Permanente de modo geral -a remoção da vegetação de mangue será permitida caso sua função ecológica esteja comprometida. - Os apicuns e salgados podem ser utilizados em Art. 3º, IV; Art. 60, 5º; Art. 62 Art. 62 Art. 8º, 2º Art. 12 1º -isso irá permitir que áreas desmatadas permaneçam em estado de degradação, bem como perpetuar os problemas ambientais que essas áreas estão produzindo no momento, tais como a erosão e sedimentação nos canais dos rios. Além disso, os proprietários não serão obrigados a restaurá-las e as áreas poderão ser utilizadas para os mais diversos propósitos ao invés da conservação. -essas atividades causam compactação do solo, erosão e assoreamento de rios. - perda da dos manguezais

-perda da encostas -o desmatamento de encostas entre 25 e 45 graus não é permitido. atividades de carcinicultura e salinas, desde que a área total ocupada em cada Estado não seja superior a 10% (dez por cento) dessa modalidade de fitofisionomia, no bioma amazônico, e a 35% (trinta e cinco por cento) nos demais, excluídas as ocupações consolidadas, -serão permitidas atividades rurais consolidadas entre 25 e 45 graus. Art.11 -o pastoreio nessas áreas é prejudicial, uma vez que provoca erosão e aumenta a chance de deslizamentos de terra. *Mascia, M. B. & Pailler, S. 2011. Protected area downgrading, downsizing, and degazettement (PADDD) and its conservation implications. Conservation Letters 4(1): 9-20 http://www.nature.com/news/2011/111109/full/479160a/box/1.html