Palavras-chave: Mídia. Poder Simbólico. Poder Político. Rio Grande do Norte.



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Transcrição:

Poder simbólico e poder político no RN: as políticas de concessões de rádio e televisão no estado do Rio Grande do Norte. Dra. Marcilia Luzia Gomes da Costa Mendes Kildare de Medeiros Gomes Holanda Resumo Esta pesquisa, que se insere no campo dos Estudos da Comunicação Social, pretende analisar a concessão pública de rádio e televisão no Brasil e suas implicações no Rio Grande do Norte com foco na relação com os grupos políticos detentores das concessões e das forças políticas do estado. Observa-se que no contexto de concessão de rádio e tv tais políticos, muitas vezes, utilizam a mídia como promoção da imagem de si e fecham o espaço das emissoras para os adversários ou para aqueles que não adotam o seu ponto de vista. Essa realidade coloca a necessidade de desenvolver um trabalho que mostre o quadro em que se encontram os setores midiáticos no Estado do Rio Grande do Norte, observando sua relação com a política de concessão em nível nacional e com as forças políticas detentoras dos meios de comunicação pesquisados. Espera-se que a pesquisa possa contribuir para a construção de um quadro da realidade da política de concessão no estado e possibilite a divulgação dos seus resultados em eventos da área. Palavras-chave: Mídia. Poder Simbólico. Poder Político. Rio Grande do Norte. Dos muitos aspectos que podem ser considerados com respeito à relação mídiapoder podemos destacar a capacidade dos meios de comunicação em construir parte da realidade a nossa volta. Num mundo permeado de sinais e midiático ao extremo, a realidade é a todo momento confundida com a representação da realidade, ao ponto de pensarmos que um evento qualquer existe, ou deixa de existir, à medida que é transmitido e

veiculado, o que revela, consequentemente, o duplo poder dos meios: eles tanto podem criar realidades quanto omiti-las, fazendo com que deixem de existir pelo simples fato de silenciá-las. É notório que os meios de comunicação no Brasil estão concentrados nas mãos de políticos e empresários da comunicação, ao mesmo modo que é contundente a não distribuição de concessões públicas, notadamente de radiodifusão, para movimentos sociais como organizações não governamentais, sindicatos, cooperativas, associações de bairro e Universidades. Sabemos, aliás, o quanto a legislação atual coíbe Tvs e rádios comunitárias, expressões populares legítimas, de atuarem na sociedade como canais segmentados de informação, educação e entretenimento. É claro que se pode investigar a atuação dos meios na sociedade apenas de forma ideológica e unidirecional, até porque estudos demonstram que do outro lado da tela, o sujeito-receptor possui a capacidade de reorganizar os seus conteúdos, reorientar as informações recebidas, tecer críticas e comentários, mudar de canal ou simplesmente desligar o aparelho, assim como sofre igualmente influências de outros meios como a escola, o trabalho, instituições religiosas, culturais ou comunitárias cujos valores nem sempre convergem com aqueles veiculados pela mídia. Cientes de que há uma relação muito próxima entre mídia e poder e para compreendermos como esse fenômeno ocorre em nosso estado é que estamos propondo a elaboração de um mapa do atual cenário do sistema de comunicação no RN. É imprescindível fazermos esse mapeamento, principalmente porque trabalhamos no Curso de Comunicação Social e lecionamos disciplinas que abordam essas questões no conteúdo programático. As disciplinas como História da Comunicação, Teoria da Comunicação I e II, Pesquisa em Comunicação Social, Teoria do Jornalismo, Jornalismo Político e Mídia, Entretenimento e Consumo abordam questões, como: controle dos meios de comunicação de massa, a organização da comunicação, o monopólio da comunicação na América Latina, no Brasil e no Rio Grande do Norte, jornalismo e ideologia, o jornalismo e a política, etc. Dada a natureza interdisciplinar do Curso de Comunicação, pretendemos realizar reflexões

teóricas que atuem a partir do foco privilegiado de observação com base na pesquisa empírica em que se entrelaçam as elaborações de campos teóricos diversos tais como política, ideologia, comunicação, meios de comunicação, controle, etc. Além de contemplar os conteúdos das disciplinas acima, a pesquisa contribuirá tanto para o fortalecimento do GCOM (Grupo de Pesquisa Comunicação, Cultura e Sociedade), como para a linha de pesquisa Mídia e Discurso. Mídia e Poder Devemos avaliar a complexidade das várias teorias presentes na pesquisa comunicacional. Sabemos que os aspectos da industrialização e massificação, como apontaram Theodor Adorno e Max Horkheimer na Dialética do Esclarecimento, influem em prol da sociedade de consumo. Sabemos também que muitos estudos já foram elaborados sobre o que determinados grupos sociais pensam de outros grupos, opinião essa que já está quase sempre baseada nas informações que as pessoas recebem. Quando essas informações foram filtradas pela mídia verificamos a emergência de representações que muitas vezes não correspondem à realidade. A pesquisa de Al Hester (1976) pela Universidade de Wisconsin (EUA), mostrou que de cada cem nóticias enviadas pelos correspondentes e agências noticiosas de Buenos Aires para a América do Norte, apenas oito foram aproveitadas, sendo que dessas, quatro eram sobre violência e criminalidade quando apenas dez das cem notícias enviadas tratavam sobre o assunto. Isso faz com que os povos que recebem tais informações sejam levados a pensar que há predominância de violência nas localidades noticiadas. Tais aspectos, contudo, não se relacionam só às informações transmitidas de um país para o outro mas também acontecem no interior de uma mesma localidade. Conhecemos casos da postura da imprensa quando o governo (municipal, estadual ou federal) lhe agrada ou não, lhe beneficia ou não através das verbas publicitárias, fazendo com que interesses de caso da

radiodifusão, deveriam se pautar pelo interesse coletivo, por serem concessões cedidas pelo poder público. Sendo assim, não há como avaliar também ideologicamente tais interesses. Temos de salientar que não existe informação imparcial, até porque toda informação é construída como parte de um determinado ponto de vista (sócio-cultural-econômico). Ao contrário da propagada imparcialidade, sabemos que toda informação é alicerçada em evidências e interesses partidários e de grupos, e como conseqüência, a comunicação e a informação que se recebem são expressões desta relação de poder. A comunicação e a informação passam a ser alavancas poderosas para expressar e universalizar a própria vontade e os próprios interesses dos que detêm os Meios de Comunicação (GUARESCHI, 1991, p.19). O monopólio da propriedade privada da terra, dos latifúndios, se prolongam no monopólio dos Meios de Comunicação Social. O poder da mídia se concentra justamente na influência que ela cria a partir da interioridade da consciência do outro, criando nele evidências e adesões e, por não poder ser questionada principalmente pelos grupos minoritários e pelos desprovidos de educação e cultura, seu poder se solidifica e se consolida. Se solidifica através de uma metodologia eficaz: sutil, cativante, cotidiana, implícita, através da sugestão, persuasão, pressão moral, imitação, repetição ou mesmo através da percepção subliminar. Na medida em que o sistema econômico submete aos seus imperativos a forma de vida doméstica e a conduta de vida nos consumidores e assalariados, o consumismo e o individualismo da propriedade, os termos da eficácia e da competição adquirem força pregnante. A prática comunicativa corrente é unilateral racionalizada em benefício de um modo de vida especializado-utilitarista. O que é concessão pública é visto como propriedade privada. O que é comunicação e educação torna-se publicização de determinado grupo político ou econômico. A comunicação, assim, transforma-se em força socialmente repressora, limitada tão somente a seu aspecto político-econômico, sendo utilizada como instrumento de alienação, de imposição de um tipo de discurso e de mentalidade. A necessidade, portanto, não é só de avaliar e investigar a concentração midiática, mas a de

propor uma pedagogia crítica do estudo dos meios. Uma educação crítica associada a uma ação comunicativa. O exercício da comunicação, neste caso, que vise transformações sociais, passa necessariamente pela prática de uma educação crítica, vista até certo ponto, como um fulcro subversivo do capitalismo por privilegiar o processo dialógico, de participação democrática e criativa. O poder da mídia está também em poder reeducar criticamente a sociedade, visto que, na sociedade atual, há informação em excesso e compreensão de menos. É preciso contextualizar cada informação para que ela não pareça dissociada e desprendida das conjunturas às quais está, necessariamente, vinculada. Percurso Metodológico A pesquisa será de natureza quantitativa a fim de se elaborar um mapa descritivo da distribuição de concessões de rádio e televisão no estado do Rio Grande do Norte. Para tanto, será realizada uma coleta de dados junto às empresas de comunicação do estado, através da aplicação de questionários compostos por questões abertas e fechadas, bem como entrevistas semidirigidas com diretores e com funcionários do quadro que justifiquem sua seleção e, quando necessário, junto à população das cidades nas quais estão localizadas as empresas em estudo. Posteriormente, a pesquisa se valerá de abordagem qualitativa, quando serão coletados dados junto aos arquivos do Congresso Nacional, às entidades representativas das categorias profissionais como FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), jornais impressos e imprensa especializada sobre a temática. Portanto, através da análise documental, procuraremos colher informações com o objetivo de caracterizar o discurso das comunicações e, a partir de um raciocínio indutivo, descobrir fenômenos e relações entre as informações representadas quantitativamente e os dados qualitativos. Com isso, este estudo pretende contemplar seu objetivo geral que é o de apontar as implicações político-comunicacionais da aplicação da política brasileira de concessões e permissões das

emissoras de rádio e televisão no estado do Rio Grande do Norte na sua realção com os grupos políticos do RN. Referências BAGDIKIAN, Ben. O monopólio da mídia. Scritta Editorial. BARBOSA, Marialva. Estudos de jornalismo. Campo Grande: INTERCOM, 2001. CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d aquém e d além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém: Jortejo, 1998. DIJK, Teun A. Van. Discurso e poder: São Paulo: Contexto, 2008. DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação social. São Paulo: Atlas, 2005. FAUSTO NETO, Antonio. Desmontagens de sentidos: leituras de discursos midiáticos. João Pessoa: Editora da UFPB, 2001. GUARESCHI, Pedrinho (coord.). Comunicação e controle social. Petrópolis: Vozes, 1991.. GREGOLIN, Maria do Rosário (org.). Discurso e mídia: a cultura do espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003. HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C.; FRANÇA, Vera Veiga (orgs.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis-RJ: Vozes, 2001. MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. 2ed. São Paulo: Editora Senac, 2002. MARTIN-BARBERO, Jesús. Dos

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