ANÁLISE DO CONHECIMENTO DOS MORADORES DE SÃO VICENTE SOBRE A CASA MARTIM AFONSO EDRIA ESTEVES FREIRE 1



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Transcrição:

Revista Ceciliana. Maio de 2012. Número Especial: Patrimônio Cultural Memória e Preservação. - Universidade Santa Cecília Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana ANÁLISE DO CONHECIMENTO DOS MORADORES DE SÃO VICENTE SOBRE A CASA MARTIM AFONSO EDRIA ESTEVES FREIRE 1 Universidade Santa Cecília de Santos Pós-graduação em Patrimônio Cultural: Memória e Preservação RESUMO A Casa Martim Afonso está localizada no bairro do Centro, no município de São Vicente - SP. De acesso público, abriga um acervo com cerca de 1000 peças. Estas compõem sua exposição, além de duas edificações históricas e um sítio arqueológico. Neste estudo, visou-se identificar o conhecimento do bem em questão por parte dos moradores de São Vicente. Foram aplicados questionários aos moradores dos bairros envoltórios: Centro, Parque Bitaru e Boa Vista, no intuito de avaliar o conceito de patrimônio e assim contribuir para identificação, reconhecimento e preservação do bem cultural. Os resultados dos questionários apontam um grau de inconsciência dos moradores em relação ao bem patrimonial Casa Martim Afonso. Com desígnio de realizar uma ação educativa em parceria com a Casa e a comunidade, foram desenvolvidas atividades a serem aplicadas, com base no artigo 216 da Constituição Federal de 1988. Sugeriu-se, ainda, a difusão da metodologia de educação patrimonial aos estudantes das escolas públicas municipais para o conhecimento do objeto de estudo. Palavras-chave: São Vicente; Casa Martim Afonso; Patrimônio Cultural. INTRODUÇÃO O presente artigo apresenta o estudo produzido na Casa Martim Afonso sobre o conhecimento que a população dos bairros envoltórios tem sobre esse patrimônio cultural, bem como ações desenvolvidas pela instituição para seu conhecimento, divulgação e preservação. Pensar no espaço cultural como agente no processo de construção do

2 conhecimento fez-nos questionar sobre a representatividade do Patrimônio Cultural para a população envoltória à Casa Martim Afonso. Segundo Canclini, durante muito tempo, os museus foram vistos como espaços fúnebres em que a cultura tradicional se conservaria solene e tediosa, curvada sobre si mesma (CANCLINI, 2008, p.169). Ao analisar o comentário de Canclini, coube-nos apresentar o Patrimônio Cultural como subsídio importante na construção da memória local, o que implica em transcender a ideia de Patrimônio restrito, limitado e solene, tornando-se fundamental apresentá-lo como a própria palavra Patrimônio, em suas diversas acepções, sendo a mais utilizada o conjunto de bens móveis e imóveis, possuídos por uma pessoa ou entidade. Citando Barreto (2000, p.44): Inicialmente o termo patrimônio estava ligado à herança de bens de uma família passado de pais para filhos, depois passou a designar monumentos históricos protegidos por lei e a eles atribuiuse o valor de identidade de uma comunidade. Com as novas possibilidades e abordagens, os espaços culturais passam a inserir a diversidade cultural representada em manifestações populares, suas práticas e costumes, passando a não serem representações das coleções elitistas e edificações suntuosas. Diante dessas transformações, a definição constitucional de Patrimônio Cultural é outorgada na Constituição Federal de 1988, artigo 216. De acordo com Barreto, o conceito de Patrimônio não é estático, dessa forma, ele vem sendo ampliado na medida em que se revisa o conceito diversificado de cultura (BARRETO, 2000, p. 9). Acreditando na relevância do contato entre o bem cultural e a comunidade envoltória, torna-se necessária a contribuição com o processo de reconhecimento, entendimento, valorização e perpetuação do bem, tendo em vista a participação ativa da comunidade, bem como estabeleceu a Constituição Federal em seu artigo 216 1º. Nessa perspectiva, este estudo visa problematizar como se efetiva o conceito e o reconhecimento de patrimônio cultural local, identificando os aspectos relevantes entre os moradores da cidade de São Vicente e o espaço cultural Casa Martim Afonso. Através dessa relação pretende-se estabelecer o resgate da identidade e memória local tornando o bem um objetivo comum. Esse reconhecimento só será efetivo através do envolvimento da população em ações educativas, tornando-se possível o sentimento de pertencimento e preservação. Segundo Lemos (2006, p.65), Essa expressão, como preservar, pressupõe uma série infinita de atividades e de posturas perante o elenco de bens culturais do nosso patrimônio, implicitando, inclusive, atuações interdisciplinares e julgamentos os mais variados. Evidentemente a importância do reconhecimento de todos, na preservação dos Patrimônios Culturais

3 e a perpetuação como reflexo da memória coletiva, possibilita a compreensão e apropriação da história local. Ainda, de acordo com Laczynski (2001, p. 2), a partir de meados do século XX, deixou-se de considerar que a conservação do patrimônio era apenas material, sendo necessário se criar aos poucos, uma proposta de envolver a comunidade ao seu bem, nascendo, dessa forma, a educação patrimonial. Apropriando-se do crescente debate sobre a implantação da metodologia de educação patrimonial, torna-se urgente a execução de pesquisas contendo informações que venham a contribuir para o resgate de memória social e local de São Vicente. Baseado nesses princípios, o presente trabalho almeja identificar o nível de conhecimento sobre o espaço Cultural Casa Martim Afonso pelos moradores de São Vicente, e se existem dificuldades que possam impedir o sentimento de pertencimento e a memória local. Para tal, apropriou-se dos resultados da pesquisa para sugerir um processo de ações educativas que envolvam a comunidade envoltória, visando aproximação, valorização e divulgação do Patrimônio Cultural, contribuindo assim, para a sua preservação. Figura 1 - Casa Martim Afonso METODOLOGIA Inicialmente, foi feita uma pesquisa bibliográfica a fim de se obter o embasamento teórico dos principais conceitos de patrimônio, gestão, preservação, educação patrimonial além do contexto histórico do bem em questão. Nessa

4 etapa, lançou-se mão de livros específicos, documentos históricos e artigos científicos. Além disso, foi feita uma entrevista informal com os funcionários da Casa Martim Afonso que teve por objetivo avaliar o grau de conhecimento sobre os visitantes, tendo como parâmetro a percepção daqueles que os acolhem. Desenvolveu-se um questionário aplicado a 150 moradores dos bairros: Centro, Parque Bitaru e Boa Vista, localizados no município de São Vicente (SP). Esse questionário foi realizado de forma anônima fechada (Figura 2) e buscou analisar os seguintes aspectos: o conhecimento do bem patrimonial e as diferentes formas de concepções referentes a patrimônio cultural. Foram aplicados questionários (Figura 3) direcionados a 50 visitantes, a fim de avaliar a habitualidade e reconhecimento sobre a Casa Martim Afonso. O resultado do questionamento possibilitou avaliar e sugerir à equipe técnica ações educativas visando a aferir aspectos efetivos da pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÕES Quando, a princípio, foram entrevistados informalmente o coordenador da Casa Martim Afonso e os estagiários que direcionam as monitorias, este estudo possibilitou identificar as informações sobre a disponibilidade e acesso da Casa, que abriga um rico acervo arqueológico, histórico e documental para pesquisas e visitações abertas ao público de terça a domingo das 10h às 18h. Serviu-se então a organização estrutural da casa e forma de difusão do bem. Análise por bairro: como observado nas Figuras 4 e 5, representando o bairro Centro, grande parte das pessoas em questão tem ciência da existência da Casa, porém desconhece sua importância como patrimônio local. As Figuras 6 e 7 representam o bairro Parque Bitaru. Os resultados apontam que há um grau de inconsciência sobre a localização do objeto em questão e seu funcionamento e Várias pessoas não o reconhecem como patrimônio local. O bairro da Boa Vista está representado nas Figuras 8 e 9, apontando que grande parte dos pesquisados identificam a casa como patrimônio cultural, porém a representatividade da Casa Martim Afonso foi baixa, implicando no conhecimento e visitação ao bem. Os questionários foram realizados em diferentes bairros direcionados aos moradores, abordados na rua, ressaltando que o bairro do Centro recebe uma massa populacional de diversas localidades. Contudo, foi possível coletar informações de alguns residentes. Foram analisados os conceitos de patrimônio e conhecimento do patrimônio local e pôde-se observar um grau de inconsciência por grande parte dos moradores questionados. Os questionários que foram implantados na Casa Martim Afonso, destinados aos visitantes, avaliaram a frequencia destes, onde foi possível

5 identificar a habitualidade de visitação ao equipamento de cultura. Figura 4 Bairro Centro Figura 5 Bairro Centro Figura 6 Bairro Parque Bitaru Figura 7 Bairro Parque Bitarú Figura 8 Bairro Boa Vista Figura 9 Bairro Boa Vista CONCLUSÃO Diante dos resultados e da metodologia empregada é licito concluir: Por estar em conformidade com as normas e organização museológica, funcionamento e divulgação, além da sua localização central, a Casa Martim Afonso não apresenta dificuldades que possam impedir o desenvolvimento do sentimento de pertencimento e visitação ao bem. Em sua maioria, os moradores dos bairros envoltórios desconhecem a Casa Martim Afonso como um patrimônio cultural local, o que o

6 torna suscetível à inexploração por aqueles que, em última instância, deveriam ser representantes da existência do bem patrimonial. Portanto, faz-se necessária uma maior quantidade de ações educativas pelo poder público, que visem a estimular o conhecimento da Casa Martim Afonso. BIBLIOGRAFIA BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural: as possibilidades do planejamento. 4.ed. Campinas: Papirus, 2000, 96 p. CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa; tradução da introdução Gênese Andrade. 4.ed.São Paulo: Ed. USP, 2008. p.169. GRUNBERG, Evelina. Texto Impresso, Museu Imperial - Petrópolis. Rio de Janeiro, 1992.. Guia de Orientação Metodológica Para Monitores. Oficina Descobrindo Tesouros. Projeto Escola Aberta, UNESCO, Governo do Estado de Pernambuco. Recife PE. Junho, 2004 HORTA, Maria de Lourdes Parreira e outros. Guia Básico de Educação Patrimonial. Museu Imperial. IPHAN/MinC. Brasília,1999. LACZYNSK, Patrícia Kleeb Suzana. Ideias para ação municipal, Instituto Pólis. São Paulo, 2001. 2f. Governo e Sociedade, nº 180. LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. O que é Patrimônio Histórico. 5ª edição. São Paulo: Brasiliense, 2006. 115p. FONTES ELETRÔNICAS Portal do IPHAN, acessado dia 20/01/2012. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarpaginasecao.do?id=15481&retorno=pagin aiphan

7 ANEXO - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MORADORES DOS BAIRROS 1. Bairro onde mora: CENTRO PARQUE BITARU BOA VISTA 2. Indique um patrimônio cultural: PRAIA MUSEU SHOPPING 3. Indique um patrimônio importante para você: IGREJA DO ROSÁRIO CASA MARTIM AFONSO CASA DO BARÃO PRAIA 4. Indique um lugar para visitar em São Vicente: MIRANTE CASA MARTIM AFONSO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PRAIAS Figura 2 Questionário aplicado aos moradores QUESTIONÁRIO APLICADO AOS VISITANTES Nome VISITANTE MORADOR 1. Frequência de visitas à Casa: 1ª VEZ 2ª VEZ SEMPRE PARA PESQUISA 2. Indique um patrimônio localizado em São Vicente, como referência: PRAIA SHOPPING CASA MARTIM AFONSO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO Figura 3 Questionário aplicado aos visitantes 1 Edria Esteves Freire, Santos/SP Pós-graduando em Patrimônio Cultural, Memória e Preservação pela Universidade Santa Cecília; Formada em História, Licenciatura plena, 2010 pela UNIMES (Universidade Metropolitana de santos). Curso de Extensão pela USP, em Biodiversidade Cultural, 2011. Atualmente como educadora e historiadora implanto um projeto de educação patrimonial na Casa Martim Afonso (Secult). Contato: edriaesteves@gmail.com