rtigo Inédito Protocolo para laminados cerâmicos: Relato de um caso clínico Oswaldo Scopin de ndrade*, José Carlos Romanini** RESUMO literatura científica atual preconiza para a dentição anterior a opção pelo tratamento mais conservador que devolva ao paciente função e estética. Considerando as estratégias restauradoras disponíveis para o clínico, a utilização de laminados cerâmicos se encaixa nesta definição de trata- mento. O profissional deve ter sempre em mente o correto diagnóstico para realizar um correto planejamento seguido de uma seqüência adequada para cada caso específico. Utilizando para este tipo de procedimento uma cerâmica passível de condicionamento e silanização e que assim possa ser aderida à estrutura dental. PLVRS-CHVE: Laminados. Cerâmica odontológica. * Mestre e Doutor em Prótese UNICMP; Coordenador dos Cursos de Estética e de Pós Graduação em Implantodontia do SENC-SP ** Técnico em Prótese Dental 9
Protocolo clínico para laminados cerâmicos: relato de um caso clínico INTRODUÇÃO tualmente com o desenvolvimento dos materiais odontológicos, o cirurgião dentista possui como opções restauradoras para dentição anterior várias modalidades de tratamento, que vão desde as resinas compostas até as cerâmicas. Com o aumento da demanda para restaurações estéticas o correto diagnóstico de qual é o material mais indicado para cada caso muitas vezes é um desafio para o clínico. O conceito da odontologia restauradora atual preconiza que para qualquer tipo de procedimento, o profissional deve sempre optar pelo tratamento mais conservador evitando o desgaste desnecessário do elemento dental. Porém é preciso considerar que em muitos casos a utilização de restaurações indiretas que requerem um desgaste planejado e controlado, pode ser muito mais efetiva, em termos de estética e durabilidade 1. Segundo Magne e Douglas 2 os conceitos atuais de pesquisa na área médica envolvem não somente a avaliação dos materiais de forma individual mais sim quando estes se encontram em função. função dos materiais dos odontológicos é tentar mimetizar ao máximo as estruturas naturais presentes no elemento dental, não só em função mais também em estética. Quando se considera o esmalte dental como estrutura única o mesmo é extremamente friável, porém quando o mesmo está unido à dentina pela junção amelo dentinária ambas as estruturas formam uma estrutura única que resiste as mais adversas situações na cavidade bucal. Outro ponto de extrema importância é excelente casuística dos laminados cerâmicos. Este tipo de procedimento atinge altos índices de sucesso clínico e de satisfação estética dos pacientes 3. Peumans et al. 3 em uma revisão cuidadosa da literatura concluem que tanto estudos laboratoriais como clínicos indicam que os laminados cerâmicos são restaurações duráveis, que resistem as situações clínicas quando corretamente indicadas. seguir será descrito um protocolo clínico de execução de dois laminados cerâmicos. DESCRIÇÃO DO CSO Paciente fumante do gênero masculino com 23 anos se sentia extremamente incomodado com o aspecto dos dois incisivos centrais superiores. pós exame clínico e radiográfico detalhado foi apresentado um planejamento clínico de confecção de dois laminados cerâmicos. pós a concordância do paciente com o tratamento Figura 1 10
Oswaldo Scopin de ndrade, José Carlos Romanini Figura 2 Figura 3 Figura 4 11
Protocolo clínico para laminados cerâmicos: relato de um caso clínico Figura 5 Figura 6 Figura 7 12
Oswaldo Scopin de ndrade, José Carlos Romanini Figura 8 Figura 9 Figura 10 13
Protocolo clínico para laminados cerâmicos: relato de um caso clínico Figura 11 proposto foram realizadas duas moldagens com hidrocolóide irreversível para realização de enceramento diagnóstico. Na mesma sessão foram feitas fotografias iniciais para comunicação com o laboratório, e determinação do formato final dos elementos a serem restaurados. Nas figuras 1, 2 e 3 é possível visualizar a anatomia pré-existente dos elementos 11 e 21. No laboratório é realizado em um dos modelos iniciais o enceramento diagnóstico (Fig. 4, ). Em seguida um terceiro modelo é duplicado em laboratório, desgastado para simular o preparo que será realizado na boca e dois elementos provisórios unidos foram confeccionados (Fig. 5, ). O importante é enfatizar que neste protocolo de tratamento três modelos iniciais foram realizados, o modelo encerado, serve para o dentista ter a referência da anatomia final dos dentes a serem restaurados (Fig. 6, ). O modelo desgastado serve como guia visual de preparo e para confecção dos provisórios (Fig. 7, ) e o modelo intacto tem a função de ser o ponto comparativo após a finalização do caso. inda na fase laboratorial preliminar foi confeccionada uma guia com um material elastomérico polimerizado por adição (Fig. 8, ) que serviu de guia de preparo para os laminados. ntes de começar o procedimento de preparo o paciente é anestesiado utilizando o aparelho The Wand (Strider-rasil), que permite a realização por palatina do bloqueio da região anterior com mínimo desconforto para o paciente. guia de silicone de adição foi provada pelo dentista no modelo desgastado para checagem visual da quantidade de desgaste. pós a avaliação no modelo, a guia é posicionada antes do início dos preparo, para checar a estabilidade da mesma (Fig. 9, ). ntes do início do preparo foi colocado um fio afastador #00 (Ultradent-Oraltech-rasil) para proteção do sulco gengival sem nenhum tipo de solução hemostática. O desgaste inicial foi realizado com pontas diamantadas com término em chanfrado de granulação grossa, e finalizado com pontas de mesmo diâmetro de média granulação(fig. 10, e 11 ). Foi realizado desgaste incisal de 1,5 mm em 45º e acabamento dado com disco de lixa de granulação média (Fig. 11 ). O acabamento do término gengival foi realizado com instrumentos manuais M-1 (Safident- Cosmedent-rasil), que permitem um excelente acabamento do término (Fig. 12, e 13, ). pós a finalização do preparo a guia de silicone de adição é reposicionada para checar se o preparo foi suficiente (Fig. 14, ). Na mesma sessão foi realizada a moldagem 14
Oswaldo Scopin de ndrade, José Carlos Romanini Figura 12 Figura 12 Figura 13 Figura 14 15
Protocolo clínico para laminados cerâmicos: relato de um caso clínico Figura 15 Figura 16 Figura 17 16
Oswaldo Scopin de ndrade, José Carlos Romanini Figura 18 Figura 19 Figura 20 17
Protocolo clínico para laminados cerâmicos: relato de um caso clínico Figura 21 Figura 22 utilizando dois fios afastadores, sendo o primeiro o mesmo fio #00 colocado para proteção do sulco gengival que foi mantido em posição (Fig. 15 ). O segundo fio #0 foi colocado umedecido em uma solução hemostática para evitar o sangramento no momento da execução da moldagem (Fig. 15 ). técnica de moldagem utilizada foi a de dupla moldagem simultânea onde no momento da impressão somente o segundo fio (#0) foi removido, o primeiro fio (#00) foi mantido para permitir o afastamento do sulco gengival. O material utilizado foi um silicone polimerizado por adição (Express-3M ESPE), como visto nas figuras 16 e 16. pós a realização da moldagem os provisórios foram ajustados e fixados com um cimento provisório transparente (Provitemp-iodinâmica) (Fig. 17, ). s restaurações foram realizadas com a cerâmica vítrea à base de fluorapatita (IPS D Sign Ivoclar Vivadent) (Fig. 18, ). pós a remoção dos provisórios os elementos foram provados com pasta específica (Variolink Try In Ivoclar Vivadent) para este procedimento. Na seqüência após aprovação do paciente e checagem das margens das restaurações, foi realizado o procedimento de fixação dos elementos cerâmicos. superfície das restaurações foram condicionadas com ácido fluorídrico, na concentração de 9,6% por 2 minutos, após o tempo de tratamento o ácido foi lavado, e as restaurações colocadas 18
Oswaldo Scopin de ndrade, José Carlos Romanini cuba ultrasônica por 2 minutos para remoção de possíveis resíduos na parte interna da peça. Em seguida a restaurações foram secas e foi aplicado um silano (Monobond S- Ivoclar Vivadent) por um minuto. O procedimento seguinte foi aplicar na superfície interna seca de cada peça um agente adesivo em frasco único(excite Ivoclar Vivadent), seguido de um leve jato de ar para remoção do excesso de solvente. O adesivo foi fotoativado por 10 segundos. O tratamento do dente foi o condicionamento com ácido fosfórico por 15 segundos, seguido pela lavagem do mesmo com água abundante. remoção do excesso de água foi realizada com uma bolinha de algodão hidrófila. superfície recebeu a aplicação de uma camada de adesivo em frasco único (Excite Ivoclar Vivadent), seguido por leve jato de ar e fotoativação por 10 segundos. O cimento utilizado foi uma resina composta transparente (Variolink II Ivoclar Vivadent) própria para fixação. figura 19 mostra a condição imediata após a cimentação. O resultado final das restaurações está nas figuras 20 e 20. Nas figuras 21 e 21 o perfil de emergência e a vista lateral dos laminados por proximal mostram que o desgaste planejado foi adequado para o caso descrito. qualidade final do tecido gengival saudável após 4 semanas pode ser visualizado nas figuras 22 e 22. CONSIDERÇÕES FINIS utilização de cerâmicas em laminados na dentição anterior é um procedimento consolidado na literatura científica, porém o correto e cuidadoso planejamento associado ao conhecimento dos materiais são imprescindíveis para o sucesso desta modalidade restauradora. Protocol for ceramic venners: clinical case report Nowadays for treatment in the anterior dentition,the scientific literature recommends the most conservative approach that restores the function and the esthetic for the patient. Considering the restorative strategies that are available for the clinician, the utilization of ceramic veneers fits for this definition. The professional must have in mind the correct diagnostic to do a correct treatment plan and an adequate sequence for each specific case. For this type of treatment is always important to utilize a ceramic that is possible to be etched and silanized, being able to bond to tooth structure. KEY WORDS: Veneers. Dental ceramic. REFERÊNCIS ILIOGRÁFICS: 1. ELSER UC, MGNE P, MGNE M Ceramic laminate veneers: continuous evolution of indications. J Esthet Dent. 1997; 9(4): 197-207. 2. MGNE P, DOUGLS WH. Porcelain veneers: dentin bonding optimization and biomimetic recovery of the crown. Int J Prosthodont. 1999 Mar-pr; 12(2):111-121 3. PEUMNS M, VN MEEREEK, LMRECHTS P, VNHERLE G. Porcelain veneers: a review of the literature. J Dent. 2000 Mar;28(3):163-177. Endereço para correspondência Oswaldo Scopin de ndrade e-mail: osda@terra.com.br 19