PERFIL DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA FURG E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE O CURRÍCULO



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PERFIL DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA FURG E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE O CURRÍCULO 1 Autoras: Juliana Diniz Gutierres; Stephany Sieczka Ely - FURG Coautoras: Maria Renata Alonso Mota; Suzane da Rocha Vieira - FURG Resumo: Esse trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa intitulada O processo de implementação do curso de Pedagogia da FURG: a percepção dos docentes e discentes. Esta, busca analisar o processo de implementação do Projeto Político- Pedagógico do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande FURG. O presente trabalho objetivou compreender quem são os estudantes que chegam à universidade para cursar Pedagogia, bem como discutir a percepção que os acadêmicos possuem a respeito do currículo do curso. Este estudo está inserido no âmbito de uma pesquisa qualitativa, em que o recurso metodológico utilizado para a coleta dos dados foi a aplicação de 145 questionários semiestruturados aos estudantes do primeiro ao quarto ano do curso. Dentre os resultados alcançados, obteve-se que o alunado é bastante jovem e fundamentalmente composto por mulheres (95,17%). Os dados possibilitam pensar que os relacionamentos sociais acompanham as expectativas da mulher na sociedade contemporânea: adiamento da nupcialidade e da maternidade com vistas à construção de uma carreira profissional para melhor qualificação no mundo do trabalho. Quanto à percepção dos acadêmicos acerca do currículo do curso, constatou-se que em sua maioria os estudantes fazem uma boa avaliação do currículo do curso, mas apontam carências com relação às áreas de gestão e de Educação de Jovens e Adultos. De um modo geral, foi possível perceber que os estudantes sentem-se melhor preparados para o exercício da docência do que para o exercício da gestão. Esses dados têm sido importantes para repensar o currículo do curso e discutir a identidade docente na Pedagogia. PALAVRAS-CHAVE: Perfil dos estudantes; currículo; percepção dos alunos; curso de Pedagogia. Introdução Este estudo apresenta alguns resultados preliminares de uma pesquisa intitulada O processo de implementação do curso de Pedagogia da FURG: a percepção dos docentes e discentes. Esta pesquisa está sendo desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande FURG, situada no município do Rio Grande/RS, e busca compreender o processo de implementação do Projeto Político-Pedagógico do curso de Pedagogia desta universidade elaborado a partir da Resolução do CNE/CP nº1/2006 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Os resultados aqui correspondem ao perfil dos estudantes do curso de Pedagogia da FURG e à percepção dos acadêmicos a respeito do currículo do Curso. Para tanto, analisamos os dados obtidos junto aos alunos relacionados à faixa etária, ao gênero, estado civil, número de filhos e à sua compreensão sobre o currículo. Esse estudo está inserido no âmbito de uma pesquisa qualitativa, no qual os recursos metodológicos utilizados são a análise documental e a aplicação de Livro 2 - p.001864

2 questionários com os alunos do curso de Pedagogia. Nas palavras de Minayo (2010), essa modalidade de pesquisa caracteriza-se como aquela que: se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (p.21). Tal investigação foi realizada, no ano de 2010, com acadêmicos do 1º ao 4º ano da manhã e da noite do Curso de Pedagogia. Todos os estudantes do curso foram convidados para participarem da pesquisa, no entanto só obtivemos o retorno de 145 questionários (o equivalente a 53,70% dos estudantes). O estudo do perfil se torna relevante porque possibilita compreender quem são esses sujeitos e permite discutir a identidade profissional dos sujeitos que fazem o curso. Concordamos com Limonta (2009, p.125) quando afirma que discutir o perfil ajuda na análise das concepções sobre a identidade profissional, o curso de Pedagogia e a formação do pedagogo. (2009, p.125). Assim, investigar o perfil permite compreendermos quem são esses sujeitos que hoje cursam Pedagogia na FURG e pensarmos qual o perfil dos estudantes que chegam à universidade para cursar Pedagogia. Ligado a isto, acreditamos ser de fundamental importância investigar a compreensão dos estudantes a respeito do currículo do Curso, pois é no momento em que o Curso de Pedagogia da FURG está concluindo as suas primeiras turmas, após a reformulação curricular exigida pelas Novas Diretrizes Curriculares Nacionais, que poderemos pensar quem são esses sujeitos que vivenciam esse novo currículo do Curso de Pedagogia e que tipo de profissional esse novo curso está formando. apresentado. Partindo dessa compreensão, propusemos a realização do estudo ora Breve histórico do curso de Pedagogia da FURG O curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande foi criado em 1969 e, desde sua criação, foi passando por diversas modificações. Dentre elas, o curso que, inicialmente, oferecia habilitações para as áreas de Orientação Educacional, Supervisão Educacional, Administração Escolar e Inspeção Escolar, formando o especialista da Educação, passou a oferecer habilitações para o Magistério das Matérias Livro 2 - p.001865

3 Pedagógicas do Ensino do Segundo Grau e Pré-Escola e do Magistério das Matérias Pedagógicas do Ensino do Segundo Grau e Séries Inicias do Primeiro Grau, o que mais tarde foi substituído por duas novas habilitações: uma para Educação Infantil e outra para anos iniciais do Ensino Fundamental (VIEIRA, 2010). No entanto, a partir de 2006, com a aprovação das Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia, ocorreu uma alteração na organização do curso, considerada por muitos como a mais radical que o mesmo sofreu. A nova organização curricular no curso de Pedagogia da FURG extinguiu as habilitações e passou a ter uma formação única, com ênfase na Educação Infantil e anos inicias do Ensino Fundamental, congregando disciplinas de educação especial, gestão e Educação de Jovens e Adultos. Cabe ressaltarmos que essas modificações que foram ocorrendo no currículo do Curso de Pedagogia ao longo dos anos, não aconteceram de forma isolada, acompanharam as discussões nacionais acerca da formação do pedagogo (VIEIRA, 2010, p.63). Com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais, a FURG teve que reformular seus cursos extinguindo as habilitações e propondo a criação de um Curso voltado para a formação de um pedagogo com perfil generalista. Acreditamos que a implementação de um novo currículo exige pensar uma nova concepção de formação do pedagogo, um novo perfil para esse pedagogo e uma nova organização curricular do curso. Nesse sentido, na parte inicial deste estudo buscamos analisar o perfil dos estudantes do Curso Pedagogia atualmente oferecido pela Universidade Federal do Rio Grande, com o intuito de conhecer quem são esses sujeitos. Na sequência, apresentamos alguns dos resultados dos dados coletados junto aos acadêmicos do curso. O perfil dos sujeitos: quem são os alunos do curso de Pedagogia da FURG Para conhecermos o perfil dos sujeitos que frequentam o curso de Pedagogia da FURG foi elaborado um questionário composto por 23 questões fechadas e 12 abertas. No entanto, a análise inicial, focalizou as questões que se referem ao perfil dos alunos, totalizando em 19 questões. Em linhas gerais, os questionários foram pertinentes para a compreensão de que sujeitos são esses que fazem o curso de Pedagogia na Universidade. A análise desses dados, por sua vez, traz indícios de como essa formação profissional tem sido historicamente constituída. Livro 2 - p.001866

4 Na tabela 1 [em anexo] podemos observar que a maioria dos acadêmicos do curso de Pedagogia da FURG (54,48%) está na faixa etária que compreende dos 16 aos 25 anos. O atributo descrito nessa tabela, de acadêmicos bastante jovens, indica que ao concluírem o curso de graduação serão profissionais docentes ainda bem jovens. Com relação a isso, um estudo realizado pela UNESCO em 2004 salienta que a idade do professor constitui uma das marcas de sua atuação e abarca algumas questões eventualmente relacionadas a ela como a renovação dos quadros docentes por efeito de concurso/aposentadoria, a aceitação de novas concepções pedagógicas, a maior ou menor experiência, entre outras. (UNESCO, 2004, p. 48). Ainda que esse dado indique que o alunado é bastante jovem, estando em uma faixa etária que equivale ao ingresso no Ensino Superior próximo à conclusão do Ensino Médio, a pesquisa também revela que um grande número de estudantes (80%) não ingressou automaticamente no Ensino Superior, após o Ensino Médio. A tabela 2 [em anexo] evidencia que a maioria dos alunos do curso de Pedagogia da FURG é mulher. Esse dado reafirma o que diversas pesquisas do campo vêm mostrando (FERREIRA e CARVALHO, 2006; INEP, 1999, 2006; UNESCO, 2004): que o número de mulheres que procuram cursos de formação de professores, principalmente nos níveis da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, é maior do que o número de homens. O estudo de Rêses (2008) aponta que a feminização do magistério já é algo que vem sendo discutido há bastante tempo. Conforme o autor, nas profissões historicamente destinadas ao gênero feminino, a função de professor é a que mais envolve um direcionamento histórico. (RÊSES, 2008, p. 32). Um dos aspectos que podemos considerar acerca dessa associação da profissão docente ao sexo feminino deve-se ao fato da expansão das Escolas Normais ter ocorrido em um período em que a mulher era destinada às tarefas domésticas e educativas. Assim, a docência era aceita como uma das poucas atividades extradomésticas adequadas para as mulheres, sendo vista até mesmo como uma preparação para o casamento. É importante salientarmos, ainda, que segundo o autor o número de professores do sexo feminino foi significativamente maior do que os do sexo masculino, devido à identidade feminina, pois se acreditava que as mulheres poderiam realizar muito melhor essa tarefa. Livro 2 - p.001867

5 Limonta (2009), em um estudo que analisou o perfil dos formandos do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Goiás (UEG) também encontrou um dado semelhante. De acordo com a pesquisadora, o alunado do curso de Pedagogia da UEG revela um perfil de mulheres jovens e provenientes da classe trabalhadora, evidenciado em uma taxa percentual de 88,3% de mulheres e 11,7% de homens. Do mesmo modo, na FURG, a 2.164 km de distância da UEG, o curso de Pedagogia é composto majoritariamente por mulheres, que somam 95,17% dos acadêmicos. André (2002), ao revisitar artigos publicados em periódicos da área da educação no período de 1990 a 1997, refere-se a autores que abordam a questão de gênero e a identidade do professor. Os autores mencionados pela pesquisadora trazem consideráveis argumentos acerca dessa distinção entre homens e mulheres na docência. Segundo André (2002, p.194), há autores que discutem sobre os conflitos existentes entre os alunos (moças e rapazes) e, até mesmo, entre as professoras, que consideram os rapazes inteligentes, mas desprovidos de jeito com as crianças. Já em relação às moças, têm que ser meigas, gentis e atenciosas. Assim, uma possível justificativa para haver um percentual tão restrito de homens no curso de Pedagogia é o fato do magistério apresentar características que são tradicionalmente consideradas do sexo feminino. Contudo, entendemos que é preciso aprofundar ou desconstruir algumas ideias em torno desse processo de feminização do magistério afim de não simplesmente justificá-lo ou naturalizá-lo como decorrente das características próprias da mulher. Como bem enfatiza Sayão (2005, p. 46), é preciso desconstruir ideias incorporadas de maneira a-crítica porque masculino/feminino não são entidades isoladas que possuem somente funções pré-determinadas pelo universo cultural. Por esse motivo, e pensando em masculinidades e feminilidades, assim como a autora, partimos do pressuposto de que as identidades são socialmente construídas pela alteridade (SAYÃO, 2005, p. 46). Nesse sentido, é válido salientarmos que a singularidade da profissão docente se dá pela especificidade da profissão. Na Educação Infantil, por exemplo, educar e cuidar devem ser trabalhados como ações indissociáveis e, ao mesmo tempo, complementares à educação e ao cuidado que as crianças pequenas recebem na família, mas diferente desta. Embora, o número de mulheres seja significativamente maior no curso de Pedagogia da FURG (e nos cursos brasileiros de Licenciatura, em geral), no gráfico 1 Livro 2 - p.001868

6 [em anexo] podemos observar um aumento no ingresso de homens nos dois últimos anos. Os dados indicam que no decorrer dos anos tem aumentado a procura do sexo masculino pelo curso de Pedagogia da FURG. Entre 2009 e 2010 o percentual de homens que ingressaram no curso foi, aproximadamente, três vezes maior, se comparado aos dois anos anteriores. Podemos encontrar uma explicação para isso no estudo realizado por Ferreira e Carvalho (2006). Ao refletirem sobre o magistério na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a partir das categorias gênero e masculinidade, os autores argumentam que as identidades de homens, mulheres e o exercício da própria docência são reconstruções cotidianas. Em primeiro lugar, os autores salientam que: historicamente o magistério função pública exercida inicialmente por homens, em época em que eles eram os únicos cidadãos letrados se feminizou ao longo do século XX, com o deslocamento dos homens para o ensino de aprendizes de faixa etária mais elevada e de grau mais elevado, ou para cargos de gestão, com melhor remuneração e prestígio. (FERREIRA; CARVALHO, 2006, p. 151). Em seguida, Ferreira e Carvalho (2006, p.151) reafirmam que esse segmento constitui um campo de trabalho tipicamente feminilizado, aparentemente consolidado como natural: a educação de crianças é coisa de mulher. Contudo, os autores ressaltam que estudos sobre a masculinidade tem avançado contribuindo para desmistificar conceitos sobre identidades de modo a caminhar na direção de uma sociedade não sexista e da equidade de gênero (idem, p. 155). De fato, como podemos perceber, uma mudança de configuração do contexto contemporâneo vem trazendo também uma mudança de perfil daqueles que procuram a formação de Pedagogia. As próximas características dos estudantes de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande que podemos elencar referem-se à situação civil e ao número de filhos. Segundo os dados da pesquisa, registrados nas tabelas 3, 4 e 5 [em anexo], a maioria dos estudantes são solteiros (69,65%) e não têm filhos (65,51%). Esses dados nos possibilitam pensar que os relacionamentos sociais acompanham irrestritamente às expectativas da mulher na sociedade contemporânea: adiamento da nupcialidade e da maternidade com vistas na construção de uma carreira profissional para melhor qualificação no mundo do trabalho. A média nacional de professores que se declaram solteiros é de 28,3% (UNESCO, 2004). No caso do curso de Pedagogia da FURG, os dados estão num índice Livro 2 - p.001869

7 um pouco acima, o que pode estar relacionado com o perfil de acadêmicos mais jovens: 86,9% têm menos de 35 anos de idade (tabela 1). De acordo com a pesquisa das Estatísticas do Registro Civil realizada pelo IBEGE em 2009, a idade média dos homens e das mulheres na data do casamento tem crescido progressivamente. Em 1999, a idade média no primeiro casamento era de 27 anos para os homens e 24 anos para as mulheres, já em 2009 a idade aumentou, passando a 29 anos para os homens e 26 anos para as mulheres. Outro dado relevante diz respeito à maternidade/paternidade e ao número de filhos por família, ilustrados nas tabelas 4 e 5 [em anexo]. Esses dados expressam que a maioria dos acadêmicos não possui filhos, e dos que responderam positivamente a maioria (55,10%) possui apenas um. Se realizarmos a média per capita de filhos pelos 46 acadêmicos que afirmaram tê-los, encontraremos a média de 1,5 filho por família. De acordo com as informações da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2010, divulgada pelo IBGE (2010), a taxa de fecundidade média das brasileiras é de 1,94 filho por mulher. Desse modo a média de filhos por acadêmicos aqui da Universidade está dentro da expectativa nacional. Segundo a SIS, as mulheres mais escolarizadas tendem a ser mães mais tarde e ter menos filhos. Isto significa dizer que concluir o curso de graduação passa a ser uma das prioridades femininas para, posteriormente, pensar em constituir uma família. A organização curricular do Curso de Pedagogia e a percepção dos estudantes A organização curricular do Curso de Pedagogia da FURG estrutura-se a partir de disciplinas distribuídas em quatro anos, que correspondem ao período de oito semestres letivos, compreendendo o total de 3400 horas. No total das horas estão compreendidas 300 para o Estágio Supervisionado dando garantia de prioridade à atuação na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, 400 de Prática Pedagógica e 100 de atividades Teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos acadêmicos. Cabe ressaltarmos que a organização curricular aqui apresentada tem como base o Projeto Político-Pedagógico de 2010, já que foi nesse período que a coleta de dados foi realizada. O novo currículo, que tem a docência como seu eixo central, visa formar profissionais para atuarem no magistério da Educação Infantil e dos Anos iniciais com crianças, jovens e adultos e na gestão da escola. Livro 2 - p.001870

8 O currículo do curso de Pedagogia da FURG é composto por disciplinas que tematizam a formação docente e a educação da infância, de jovens e adultos e aspectos da gestão educacional. Para alguns autores o currículo separado por disciplinas fragmenta os conhecimentos para melhor transmiti-los, não levando em consideração as vivências, os conhecimentos prévios e as vontades dos estudantes. Segundo Machado, se o currículo fosse um conjunto de disciplinas e conteúdos bastaria definir o que ensinar para se definir um currículo, ou, quando muito, definir conteúdos, estratégias, atividades, métodos e formas de avaliação. (MACHADO, 1996, p.2). Para Santomé (1998), o currículo não pode ser organizado apenas em torno das disciplinas, mas de núcleos que ultrapassem os limites das disciplinas, centrados em temas, problemas, períodos históricos e ideias. Podemos ainda dizer que no desenvolvimento do currículo, na prática cotidiana na instituição escolar, as diferentes áreas do conhecimento e experiência deverão entrelaçar-se, complementar-se e reforçarse mutuamente (p.125). O autor ainda afirma que: O currículo globalizado e interdisciplinar converte-se assim em uma categoria guarda-chuva capaz de agrupar uma ampla variedade de práticas educacionais desenvolvidas nas salas de aula, e é um exemplo significativo do interesse em analisar a forma mais apropriada de contribuir para melhorar os processos de ensino e aprendizagem. (SANTOMÉ, 1998, p.27). Apesar de o currículo do curso de da FURG estar organizado em disciplinas ele não se detém a mera listagem de conteúdos, vai além das disciplinas a serem trabalhadas e de atividades desconexas de qualquer problematização, é um currículo que define o que ensinar-aprender, com o porquê, por quem, para quem e para que ensinaraprender, além do quando, do como e do onde este processo deveria ocorrer (MACHADO, 1996, p.10). Além disso, o currículo do curso é definido a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais e conta com o subsídio de núcleos de estudos básicos, de núcleos de aprofundamento e diversificação de estudos e de núcleos de estudos integradores, conforme o artigo 6º da Resolução do CNE/CP nº1/2006. Fato esse que nos dá indícios da intencionalidade de um currículo globalizado. Relacionado a isso, Santomé (1998) traz que o currículo integrado favorece tanto o desenvolvimento de processos como o conhecimento dos problemas mais graves da atualidade. Assim, facilita o crescimento psicológico do indivíduo, o desenvolvimento cognitivo do educando, de suas dimensões afetivas e de sua relação social. Livro 2 - p.001871

9 A percepção que os estudantes possuem do currículo do curso de Pedagogia da FURG, de modo geral é boa. Realizando uma estimativa percentual, constatamos que 57,24% consideram que o currículo do curso contempla satisfatoriamente a docência na Educação Infantil e nos Anos Iniciais com crianças, mas não contempla satisfatoriamente a área de gestão e a educação de jovens e adultos. Desse percentual, 32,40% estavam nos dois primeiros anos do curso e possuíam uma visão ainda inicial sobre o curso. Para exemplificar esse dado, trazemos as falas de dois estudantes: Em parte. Estou no 1º ano e por esse motivo ainda estou conhecendo o curso. Até agora penso que sim, mas não posso afirmar ou discordar com toda certeza pois ainda não tive as disciplinas de gestão e educação de jovens e adultos. (Estudante do 1º ano). Na Ed. Infantil e nos anos iniciais, mas na gestão não sei nada a respeito, na pesquisa penso que estamos iniciando agora. (Estudante do 2º ano). Dos 24,84% restantes, todos estavam cursando ou já haviam cursado o terceiro ano do curso e por isso já sentiam mais segurança para falar a respeito. Como exemplo, podemos trazer as seguintes respostas de estudantes do 3º ano: Pelo tempo de curso que temos não contempla as exigências de cada habilitação. (Estudante do 3º ano). Acredito que gestão deveria ser mais explorado (Estudante do 3º ano). Não me sinto preparada para gestão educacional. (Estudante do 3º ano). Uma estudante do 4º ano mencionou outras fragilidades no currículo do curso, mas também enfatizou as áreas de EJA e Gestão. Todas as áreas são contempladas, mas somente existir não significa que seja uma formação aprofundada e tão qualificada. EJA e Gestão, por exemplo foram áreas em que a prática não esteve muito presente, bem como alfabetização. E.F foi tratada de maneira fragmentada embora se valoriza a interdisciplinaridade e E.I precisa aprofundar os estudos e práticas com bebês e aumentar/recriar nossos conhecimentos culturais, como músicas, brincadeiras, parlendas, etc. (Estudante do 4º ano). A partir dessas respostas, podemos evidenciar que os estudantes do curso manifestam sentir uma fragilidade em relação às áreas de EJA e gestão, mas o maior índice ainda é referente à gestão. Em sua maioria, os estudantes consideram boa a formação atual do Curso de Pedagogia, pois assim podem ter uma visão mais abrangente da educação, mas apontam que em alguns momentos essa abrangência acaba deixando algumas carências. É possível que isso se deva ao fato de que as disciplinas obrigatórias procuram dar conta de todas as áreas de trabalho que o curso forma, mas como são muitas, e o curso Livro 2 - p.001872

10 abrange apenas quatro anos, na maioria das vezes, essas disciplinas acabam sendo trabalhadas de forma fragmentada e superficial. Da mesma forma que os estudantes da FURG apontam a fragilidade das áreas de gestão no curso de Pedagogia, os alunos da Universidade Estadual de Goiás, segundo Limonta (2009) afirmam que se sentem melhores preparados para o exercício da docência do que para o exercício da gestão. Vemos, assim, que este não é um dado exclusivo do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande. Apesar disso, cabe ressaltarmos que essa área acaba sendo pouco trabalhada, pois além dela não ser o foco do curso, o mesmo ainda tem que trabalhar outras áreas dentro dos quatro anos. Considerações Finais Nesse estudo buscamos conhecer o perfil dos estudantes do curso de Pedagogia e a percepção deles acerca da organização curricular do curso. Esses dados têm sido importantes para repensar o currículo do curso e discutir a identidade docente na Pedagogia. É válido salientar que os dados aqui apresentados são apenas preliminares. Há outros aspectos a serem analisados na continuidade do estudo, tais como: a formação de Nível Médio e o nível socioeconômico dos acadêmicos, além do conhecimento que os estudantes têm a respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia e do Projeto Político-Pedagógico do curso. Em linhas gerais, podemos dizer que as Diretrizes provocaram impactos significativos para a formação dos pedagogos. No caso específico da FURG, em que tínhamos dois cursos com identidades próprias: um de Educação Infantil e outro de anos iniciais esse impacto foi muito presente. Deste fato, decorreram sentimentos diferentes e, por vezes, até contraditórios tanto em alunos quanto em professores que atuam no curso. Enquanto alguns tiveram uma tendência à rejeição deste modelo de formação, outros perceberam a possibilidade de uma formação mais ampla como algo positivo e mais abrangente. Nesse sentido, investigar tanto o perfil desses novos estudantes, quanto a percepção que eles têm acerca deste modelo curricular, pode ser bastante produtivo para novos ajustes no Projeto Político-Pedagógico. Isso mostra o quanto o currículo do curso está em franca construção e reelaboração. Livro 2 - p.001873

11 REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli. (Org). Formação de professores no Brasil, 1990 1998. Brasília: MEC/INEP/Comped, 2002. (Série Estado do Conhecimento nº 6). BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução 1/2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Maio de 2006. FERREIRA, José Luiz e CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Gênero, masculinidade e magistério: horizontes de pesquisa. Olhar de Professor, Ponta Grossa, v.9, n.1, p.143-157, 2006. LIMONTA, Sandra Valéria. Currículo e formação de professores [manuscrito]: um estudo e proposta curricular do curso de da Universidade Estadual de Goiás. 2009. 332 f. Tese Doutorado em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás, Goiás. INSTITUTO DE BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatística de Registro civil, Rio de Janeiro: IBGE, v. 36, p.1-186, 2009.. SIS 2010: Mulheres mais escolarizadas são mães mais tarde e têm menos filhos. Comunicação Social. 17 set. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1 717&id_pagina=1> Acesso em: 29 jul. 2011 MACHADO, Maria Lucia de A. Educação Infantil e currículo: projeto educacional e pedagógico para creches e pré-escolas. Palestra proferida na 19ª Reunião da ANPED. Caxambu, MG, 1996 (mimeo). MINAYO, Maria Cecília (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2010. MEC/INEP. Censo do professor 1997: perfil dos docentes de Educação Básica. Brasília: O Instituto, 1999.. Sinopse do Censo dos Profissionais do Magistério da Educação Básica 2003. Brasília, 2006 RÊSES, Erlando da Silva. De vocação para profissão: organização sindical docente e identidade social do professor. 2008. 308 f. Tese de Doutorado, Departamento de Sociologia, Universidade de Brasília, Brasília. SACRISTÁN, Gimeno J. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda, 1998. Livro 2 - p.001874

12 SAYÃO, Deborah Thomé. Relações de gênero e trabalho docente na Educação Infantil: um estudo de professores em creche. 2005. 274f. Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. UNESCO. O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam. São Paulo: Moderna, 2004. VIEIRA, Suzane da Rocha. O curso de da FURG no contexto das novas Diretrizes Curriculares e o sentimento de pertencimento na Formação do pedagogo. 2010. 102 f. Texto de qualificação. Instituto de Educação, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande. ANEXOS Tabela 1: Idade dos alunos do curso de Pedagogia da FURG TABELAS E GRÁFICOS Tabela 2: Sexo dos alunos do curso de Pedagogia da FURG Gráfico 1: Sexo dos alunos do curso de Pedagogia da FURG Tabela 3: Estado civil dos alunos do curso de Pedagogia da FURG Tabela 4: Maternidade/paternidade dos alunos do curso de Pedagogia da FURG Tabela 5: Número de filhos por família dos alunos do curso de Pedagogia da FURG Livro 2 - p.001875