RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL: UMA ABORDAGEM SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA FÍSICA EM FRANCISCO BELTRÃO - PR



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Transcrição:

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL: UMA ABORDAGEM SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA FÍSICA EM FRANCISCO BELTRÃO - PR Área: DEMAIS ÁREAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Ms. Daniele Prates Pereira Mestre em Ciências Sociais Aplicadas Grupo de Pesquisa de Direitos Humanos GPDH Unioeste Francisco Beltrão PR Rua Maringá, 1200, Bairro: Vila Nova Caixa Postal 371 Francisco Beltrão - Paraná CEP 85605-010 dany_ppereira@hotmail.com Fernanda Freire Darros Bacharel em Direito Unioeste Francisco Beltrão PR Rua Maringá, 1200, Bairro: Vila Nova Caixa Postal 371 Francisco Beltrão - Paraná CEP 85605-010 ferdaros@hotmail.com Resumo A presente pesquisa tem como tema central a responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente, mais especificamente, uma abordagem sobre a responsabilidade civil da pessoa física por dano ambiental. O método de abordagem utilizado foi o método dedutivo, e foram utilizadas como técnicas de pesquisa, a pesquisa bibliográfica, a consulta junto à legislação, bem como pesquisa de campo de coleta de dados, baseada em documentos cedidos pela Prefeitura de Francisco Beltrão e a Câmara de Vereadores Municipal. O direito ambiental é uma disciplina autônoma, formada por princípios e normas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. O dano ambiental, em linhas gerais, pode ser considerado como a lesão aos recursos ambientais, degradação do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida. Associada ao intuito de compensar o dano sofrido deve-se relacionar a idéia de responsabilidade, em vista de que o agente causador do dano tem o dever de repará-lo o mais amplamente possível. Nesse contexto figura a responsabilidade civil que cinge-se à reparação do

dano causado a outrem, desfazendo tanto quanto possível seus efeitos, restituindo o prejudicado ao estado anterior ao dano. Palavras-chaves: Ação da pessoa física. Dano ambiental. Responsabilidade civil. 1 NOÇÕES SOBRE O MEIO AMBIENTE E O DIREITO AMBIENTAL No que diz respeito ao sentido da expressão meio ambiente, Milaré (2007, p. 109) oportunamente expõe, que, o meio ambiente, em virtude da riqueza e complexidade que encerra, pertence a uma categoria em que seu conteúdo é mais facilmente intuído que definível. No entendimento de Nebel, em linguagem técnica, meio ambiente é a combinação e todas as coisas e fatores externos ao indivíduo ou população de indivíduos em questão (NEBEL, 1990, p. 576, apud, MILARÉ, 2007, p. 110). Nessa perspectiva ampla, pronuncia-se Silva (2002, p. 20), que o meio ambiente seria a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. Merece destaque, também, fora dos conceitos jurídicos e biológicos, a definição de Coimbra (2002, p. 32), que contempla as implicações da relação da sociedade humana com tudo que lhe vai à volta: Meio ambiente é o conjunto dos elementos abióticos (físicos e químicos) e bióticos (flora e fauna), organizados em diferentes ecossistemas naturais e sociais em que se insere o Homem, individual e socialmente, num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, dentro das leis da natureza e de padrões de qualidade definidos. A Lei 6.938/1981, ou seja, a Lei de Política Nacional do Ambiente tomou a frente no Direito Brasileiro, considerando como conceito do meio ambiente o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Este conceito preocupou-se em servir aos objetivos da Lei, como uma delimitação ao campo jurídico, sem precisar os rigores e controvérsias científicas. (GEVAERD, 1987, p. 16, apud, MILARÉ, 2007, p. 112-113). A Constituição Federal de 1988, afirma em seu artigo 225, caput que: [...] todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Destas definições, pode-se extrair uma fundamentação antropocêntrica, em que o mundo natural tem valor apenas enquanto atende aos interesses da espécie humana (MILARÉ,

2007, p. 113). Nesse sentido expõe Rodrigues (2002, p. 58): Bem se vê que o legislador teve preocupação específica com o homem quando disse, ao definir a atividade poluente (sic) numa visão antropocêntrica, como sendo aquela que afete o bem-estar, a segurança, as atividades sociais e econômicas da população. Enfim, essa definição de poluição levou em consideração o aspecto finalístico do meio ambiente (proteção à vida) e, mais especificamente ainda, reservou-o para a proteção da vida humana (meio ambiente artificial), numa visão inegavelmente antropocêntrica. Logo, é nesse sentido que deve ser compreendida a definição de meio ambiente da Lei 6.938/1981, que acentua os objetivos específicos do texto legal, deixando de se ocupar com outras finalidades, pois, não é qualquer fim que está sendo levado em conta, mas os fins almejados e explicados, posteriormente, pela própria lei. 2 NOÇÕES SOBRE O DANO Ao se falar em Dano Ambiental, encontra-se como entrave o fato de que a literatura moderna tem encontrado dificuldades para definir o dano ambiental. Em partes esta dificuldade pode justificar-se pela razão da própria Constituição não ter elaborado uma noção técnicojurídica de meio ambiente, deixando-o aberto, podendo ser preenchido de acordo com a realidade concreta, e abrindo precedente para que o mesmo ocorra quanto à formulação do conceito de dano ambiental (ANTUNES, 2000, p. 246). Neste sentido, concorda Milaré (2007, p. 810), achando provável ter sido esta a razão para a lei brasileira não ter conceituado expressamente o dano ambiental, delimitando-se, apenas, as noções de degradação da qualidade ambiental (Lei 6.938/1981, art. 3º, II) e de poluição (Lei 6.938/1981, art. 3º, III). Em conformidade com Antunes (2008, p. 234) o dano é o prejuízo causado a alguém por um terceiro que se vê obrigado ao ressarcimento. A ação ou omissão de um terceiro é essencial. O dano implica alteração de uma situação jurídica, material ou moral. É a variação, moral ou material, negativa que deverá ser, na medida do possível, mensurada de forma que se possa efetivar o ressarcimento. O dano ambiental também apresenta características próprias, que orientam o tratamento que as várias ordens jurídicas a ele destinam, são elas, a ampla dispersão de vítimas, a dificuldade inerente à ação reparatória e a dificuldade da valoração. A ampla dispersão de vítimas caracteriza-se pelo fato de ser o ambiente qualificado, de acordo com a Constituição Federal, artigo 225, caput, como bem de uso comum do povo, ou seja, mesmo quando alguns aspectos particulares de sua danosidade afetem certos sujeitos individualmente, a lesão ambiental atinge, sempre e necessariamente, uma pluralidade difusa de sujeitos resultando em uma pulverização de vítimas por assim dizer. A dificuldade inerente à ação reparatória, ou seja, a difícil reparação do dano ambiental refere-se ao fato de que, por mais custosa que seja a reparação, jamais se

reconstruirá a integridade ambiental ou a qualidade do meio tal qual era como no momento anterior ao sofrimento do dano. As indenizações e compensações tornam-se mais simbólicas que reais, se comparadas ao valor intrínseco do meio ambiente. Valor que por sua vez, torna a prevenção a mais recomendada, quando não a única solução (MILARÉ, 2007, p. 814-815). O artigo 225, parágrafo 3º, da Constituição, como forma de corrigir e/ou coibir eventuais ameaças ou lesões ao ambiente prevê que, as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. A partir do mencionado dispositivo legal, pode-se perceber, que os atos atentatórios ao ambiente podem vir a ter repercussão jurídica tripla, ofendendo o ordenamento jurídico em três esferas distintas, sejam elas: administrativa, penal e civil (MILARÉ, 2007, p. 819). Em que pese à existência de responsabilização jurídica tripla, para o presente trabalho direcionaremos nossos estudos à área civil, mais precisamente, no que diz respeito à Responsabilidade Civil Ambiental. 2.1 RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO BRASILEIRO Dias (2006, p. 3-5) assevera que toda manifestação da atividade humana traz em si o problema da responsabilidade. Pode-se dizer, então, que responsabilidade exprime a idéia de equivalência, de correspondência. Diante disso, confere-se ao instituto uma noção de responsabilidade no sentido de repercussão obrigacional da atividade do homem. Quanto à responsabilidade civil, Diniz (2008, p. 3) expõe que é um dos temas mais palpitantes e problemáticos da atualidade jurídica, em virtude de sua surpreendente expansão no direito moderno e seus reflexos nas atividades humanas, e no prodigioso avanço tecnológico, que impulsiona o progresso material, gerador de utilidades e de enormes perigos à integridade da vida humana. A grande fonte geradora da responsabilidade civil é o interesse em restabelecer o equilíbrio violado, como pondera Nogueira (apud, DINIZ, 2008, p.5), o problema da responsabilidade é o próprio problema do direito visto que todo direito assenta na idéia da ação, seguida da reação, de restabelecimento de harmonia quebrada. Ao se falar em responsabilidade civil, indispensável é ressaltar a sua importância, e, salientar a relevância da interdiciplinariedade do instituto. A esse respeito, com efeito assevera Pamplona Filho (2002, p. 25) que: [...] discorrer sobre o tema responsabilidade não é, definitivamente, atribuição das mais fáceis, tendo em vista que se trata de uma matéria de natureza interdisciplinar, pois não se refere somente ao Direito Civil, mas sim a praticamente todos os outros ramos do Direito.

Nesse mesmo sentido, é o posicionamento de Diniz (2008, p. 4): Toda manifestação da atividade que provoca prejuízo traz em seu bojo o problema da responsabilidade, que não é fenômeno exclusivo da vida jurídica, mas de todos os domínios da vida social. Realmente, embora alguns autores, como Josserand, considerem a responsabilidade civil como a grande vedete do direito civil, na verdade, absorve não só todos os ramos do direito pertencendo à seara da Teoria Geral do Direito, sofrendo as naturais adaptações conforme aplicável ao direito público ou privado, mas os princípios estruturais, o fundamento e o regime jurídico são os mesmos, comprovando a tese da unidade jurídica quanto aos institutos basilares, uma vez que a diferenciação só se opera no que concerne às matérias, objeto de regulamentação legal como também a realidade social, o que demonstra o campo ilimitado da responsabilidade civil. De acordo com Gagliano (2006, p. 9), a noção jurídica de responsabilidade pressupõe uma atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente, legal ou contratual, subordinando-se, dessa forma, às consequências do seu ato, qual seja a obrigação de reparar. Nesse sentido, Diniz (2008, p. 7) destaca que a responsabilidade civil cinge-se à reparação do dano causado a outrem, desfazendo tanto quanto possível seus efeitos, restituindo o prejudicado ao statu quo ante. 3 RESPONSABILIDADE CIVIL NO DOMÍNIO DO DIREITO DO AMBIENTE No que se refere ao Direito Ambiental, a existência do direito somente se justifica se for [...] capaz de estabelecer mecanismos aptos a intervir no mundo econômico de forma a fazer com que ele não produza danos ambientais além daqueles julgados socialmente aceitáveis. (ANTUNES, 2008, p. 201-202). Segundo o autor (2008, p. 203), o responsável pelo dano tem o dever de repará-lo o mais amplamente possível. Reparar o dano significa a busca de um determinado valor que se possa ter como equivalente ao dano causado por aquele que praticou o ato ilícito. A Constituição Federal sujeita todos os infratores das normas de proteção ambiental, sejam pessoas físicas ou jurídicas, indistintamente, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Para Nery Junior, a solidariedade consagrada no texto constitucional torna irrelevante tenha sido produzido o dano por causa principal ou causas secundárias, ou ainda, concausas. Havendo dano causado por mais de uma pessoa, todos são solidariamente responsáveis. E, ainda, aduz: Em se tratando de dano ambiental, a continuidade delitiva é motivo bastante para a condenação atual da indústria poluente, não obstante tenha o dano sido provocado

também por algum antecessor no tempo. É nisso que reside a indenização por responsabilidade objetiva solidária dos danos causados ao meio ambiente (NERY JUNIOR, p. 284, apud, GONÇALVES, 2009, p. 74). Quando se fala em responsabilidade ambiental, necessário se faz mencionar a ligação existente entre a noção de responsabilidade civil e o seu objetivo, que é obrigar alguém à reparação de dano por ele ocasionado, independentemente de se identificar a causalidade (FARINHA, 2006, p. 90). Dessa forma, a responsabilidade é bastante abrangente e podendo ser aplicadas a pessoas físicas e jurídicas, subdividindo-se nas esferas penal, administrativa e civil (ANTUNES, 2008, p. 201). Diante da necessidade da busca de instrumentos legais mais eficazes a sancionar os danos ambientais, coube à lei 6.938 de 31.08.1981, instituidora da Política Nacional do Meio Ambiente, dar adequado tratamento à matéria, substituindo, o princípio da responsabilidade subjetiva, pautado na culpa, pelo da responsabilidade objetiva, fundamentado no risco da atividade. Sobre a teoria do risco da atividade Milaré assevera (2007, p. 896) que: [...] é o reconhecimento da responsabilidade sem culpa, segundo o cânone da teoria do risco criado, que se fundamenta no princípio de que, se alguém introduz na sociedade uma situação de risco ou perigo para terceiros, deve responder pelos danos que a partir desse risco criado resultarem. A edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente veio reforçar a proteção ao meio ambiente, adotando a teoria da responsabilidade objetiva: Art. 14, 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. O Código Civil de 2002 também estabeleceu outra forma de responsabilidade, introduzindo a teoria do risco, nos termos do parágrafo único do art. 927, haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Essa formulação corresponde àquela estabelecida pelo art. 14, 1º, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (GRANZIERA, 2009, p. 586). Em relação à responsabilidade objetiva, teoria adotada pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, ressalta Pereira (2000, p. 281) que, para tornar efetiva a responsabilização, basta a prova da ocorrência do dano e o vínculo causal deste com o desenvolvimento ou existência de uma determinada atividade humana. Sem necessidade de ao menos indagar como ou porque ocorreu o dano. É suficiente apurar se houve o dano, vinculado a um fato qualquer, para assegurar à vítima uma indenização.

No regime da responsabilidade objetiva, para que se possa pleitear a reparação do dano, basta a demonstração do evento danoso e do nexo de causalidade. Pois, a ação, da qual a teoria da culpa faz depender a responsabilidade pelo resultado, aqui é substituída pela assunção do risco em provocá-lo (PASQUALOTTO, p. 454, apud, MILARÉ, 2007, p. 901). O evento danoso, como já foi estudado anteriormente, vem a ser o resultado de atividade que, de maneira direita ou indireta, causem a degradação do meio ambiente, interferindo na qualidade ambiental, ou de um ou mais de seus componentes. Em relação ao evento danoso, fazse mister relembrar que a conjuração da danosidade ambiental se pauta pela teoria da responsabilidade objetiva, em que tão somente a lesividade é suficiente a provocar a tutela jurisdicional. Quanto a intensidade do dano capaz de gerar a obrigação reparatória, Milaré esclarece que, sendo certo de que a mais simples atividade humana, de alguma forma, envolva a utilização de recursos naturais pode causar-lhe impactos, é mais lógico sustentar que para o direito só interessariam as ocorrências de caráter significativos, cujos reflexos negativos ultrapassassem os padrões de suportabilidade (MILARÉ, 2007, p. 901-902). Todavia, a lei, ressalvados alguns poucos casos, não apresenta parâmetros que permitam uma verificação objetiva do nível das modificações infligidas ao meio ambiente. E, sendo assim, à míngua de critérios claros e seguros, pode-se concluir que a aferição da anormalidade ou perda do equilíbrio se situa fundamentalmente no plano fático, e não no plano normativo. Consequência disso é a caracterização do evento danoso entregue ao subjetivismo dos agentes públicos e dos juízes, no exame da situação fática e das peculiaridades de cada caso (LEITE, 2000, p. 107-108). No que tange ao nexo de causalidade Milaré (2007, p. 902-903) expõe que, em matéria ambiental, a Lei 6.938/81, ao adotar o regime da responsabilidade civil objetiva, afastou a investigação e a discussão da culpa, mas não do nexo causal, ou seja, da relação de causa e efeito existente entre a atividade e dano dela advindo. A atividade é analisada, indagando-se se o dano foi causado em razão dela, para se concluir que o risco que lhe é inerente é suficiente para estabelecer o dever de reparar o prejuízo. Todavia, tratando-se de dano ambiental, não é fácil a determinação segura do nexo causal, devido à complexidade dos fatos da poluição, que permanecem muitas vezes camuflados, seja pelo anonimato, pela multiplicidade de causas, fontes e de comportamentos, como às dificuldades técnicas e financeiras de sua aferição, ou pela longa distância entre a fonte emissora e o resultado lesivo, dentre tantos outros fatores. Em face da dificuldade em determinar o nexo causal, o caminho a seguir conduziu à instituição legal de um sistema assentado na inversão do ônus da prova, em que transfere-se ao demandado a necessidade de provar que este não tem nenhuma ligação com o dano, favorecendo, em ultima análise, toda a coletividade, considerando que o bem ambiental pertence a todos (LEITE, 2000, p. 193).

4 RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA FÍSICA: VISÃO TEÓRICA E EMPÍRICA SOBRE FRANCISCO BELTRÃO 4.1 ANÁLISE TEÓRICA: A RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA FÍSICA QUANTO AOS DANOS AMBIENTAIS Nos termos da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), o principal responsável por danos ocasionados ao meio ambiente é o poluidor (art. 14, 1.º). A própria Lei define poluidor em seu art. 3.º, IV, como: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Como se observa do texto legal, o perfil do poluidor definido pelo legislador é amplo, estendendo-se a todas as pessoas, físicas ou jurídicas, sejam elas de direito público ou de direito privado, que sejam de alguma forma, direta ou indiretamente, responsáveis por qualquer atividade danosa que degrade ou altere desfavoravelmente a qualidade do meio ambiente. A responsabilidade da pessoa jurídica por danos causados ao meio ambiente encontra amplo respaldo legal. O art. 173, 5.º, da Constituição Federal dispõe que, 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Como complemento, o art. 170, VI, do Texto Constitucional estabelece a defesa do meio ambiente, como um dos princípios da atividade econômica, ou seja, todos os que tiverem exercendo atividade econômica devem protegê-lo sob pena de responsabilidade objetiva (VITTA, 2008, p. 100). A somar os dispositivos legais supra citados, pode-se citar o art. 225, 3.º, da Constituição Federativa do Brasil, e o art. 14, 1.º da Lei 6.938/81, que de maneira ampla, responsabilizam o agente causador do dano, seja este pessoa física ou jurídica. Ademais, no que concerne a responsabilização da pessoa jurídica, especificamente, vêm a Lei 9.605/98, em seu art. 3.º com a seguinte redação, Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. Embora a Lei 9.605/98 venha a tratar das sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, o art. 3.º, além de prever a responsabilização administrativa e penal, também embarca em seu texto, expressamente, a responsabilidade civil concernente à pessoa jurídica. No entanto, em que pese a responsabilidade da pessoa jurídica esteja legalmente fundamentada de maneira vasta, o legislador, no que concerne a responsabilidade da pessoa física pouco demonstrou. De acordo com Vitta (2008, p. 98), a responsabilidade das pessoas físicas em relação à degradação do meio ambiente assenta-se, basicamente, no artigo 225, 3.º, do texto Constitucional e no artigo 14, 1.º da Lei 6.938/81. O artigo 225, 3.º, da Constituição Federativa do Brasil reza que, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Depreende-se do artigo supra citado que, a Constituição Federal de 1988 consagrou tanto ao Poder Público, como à toda a coletividade e dever de defender, preservar e garantir a efetividade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (MORAES, 2006, p. 2.193). O caput do artigo 225 da Constituição Federal, afirma que o meio ambiente é bem de uso comum do povo, consoante ao assunto ressalta Moraes (2006, p. 2.199) que, A definição do conceito de patrimônio comum da humanidade gera inúmeros problemas concretos, pois, ao fixar a humanidade como titular do direito de propriedade, deve-se fixar seu comportamento perante o exercício desse direito, bem como as modalidades jurídicas na gestão desse direito e a utilização dos instrumentos jurídicos protetivos. Moraes (2006, p. 2.194), ainda acrescenta, que, no exercício do dever imposto pela Constituição de defender e preservar o meio ambiente, a coletividade, bem como o Poder Público, podem valer-se de medidas protetivas, sejam de caráter preventivo, como de caráter repressivo. Nesse sentido acrescenta Carvalho que: Com efeito, se a proteção ambiental é bem de uso comum do povo (art. 225 CF), tronase patente responsabilidade de todos quantos a ofenderem, independentemente de culpa e da licitude ou ilicitude da conduta dos causadores do dano. É razoável que assim seja, pois o causador do dano deve responder em face do risco provocado por sua atividade. Caso contrário o poluidor poderia desejar sua irresponsabilidade, alegando o exercício de atividades, mediante autorização do poder Público, ou dificuldades financeiras e

técnicas para evitar a emissão do poluente. Não importa se o ato é lícito ou não o particular responde (CARVALHO, 1996, p. 317, apud, VITTA, 2008, p. 99). Conforme dispõe o 3.º do art. 225 da CF, e partindo do dever imposto a toda coletividade, aquele que praticar atividade considerada lesiva ao meio ambiente, seja pessoa física ou jurídica, estará sujeito à sanções penais, administrativas independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Dessa forma, o texto Constitucional, expressamente prevê a existência da responsabilidade civil que atinge, tanto as pessoas jurídicas, como os particulares. Com fim de reforçar a responsabilidade civil referente à degradação do meio ambiente, vem a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei. 6.938/81), trazendo em seu bojo o art. 14, 1.º que prevê, Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. O presente artigo, ao mesmo tempo em que reforça o caráter obrigatório do poluidor em reparar os danos causados ao meio ambiente, traz à tona a teoria adotada pelo Direito Ambiental Brasileiro no tocante à responsabilidade civil. Sobre o assunto, assinala Vitta (2008, p. 99) que a responsabilidade civil do particular, por danos ao ambiente, é objetiva. Deve haver apenas a prova do dano e a relação causal entre este e o ato praticado. 4.2 ANÁLISE SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA FÍSICA QUANTO AOS DANOS AMBIENTAIS EM FRANCISCO BELTRÃO - PR Baseados nessa explanação, percebe-se que quando se trata do particular e suas atividades, individualmente, é difícil perceber o impacto de que suas ações causam ao meio ambiente, justamente por acontecerem de maneira isolada. Os efeitos das atividades dos particulares somente passam a ser notados, a partir do momento que cada ação isolada parte de múltiplos agentes, configurando, assim, um excesso na utilização dos componentes do meio ambiente, o que passa a ser qualificado como degradação. [...] se é, em princípio, lícito o uso do meio ambiente, o abuso nessa utilização ultrapassa os limites da licitude, entrando na área do antijurídico. Assim, o abuso na utilização de qualquer de seus componentes passa a qualificar-se como agressão ao meio ambiente. Fácil é perceber como essa questão é complexa, porque, não raro, a agressão resulta da

ação de múltiplos agentes, cada qual, a seu turno, agindo na faixa da utilização. Quer dizer: embora cada agente esteja agindo licitamente (simples utilização), o resultado global resulta ilícito (agressão ao meio ambiente, poluição, dano ambiental). Essa peculiaridade do problema induz à adoção do principio da responsabilidade objetiva do poluidor (Lei 6.938, art. 14, 1.º), em razão de ser, muitas vezes, difícil senão impossível enquadrar o ato de poluir no âmbito da culpa civil (FRONTINI, 1995, p. 399, apud, MILARÉ, 2007, p. 897). Desse modo, a dificuldade em identificar os impactos que as ações dos particulares causam no meio ambiente, traz como consequência a carência de dispositivos que busquem uma efetiva responsabilização civil da pessoa física. Como pesquisa de campo, foi referencial o município de Francisco Beltrão, onde se buscou averiguar quais as medidas tomadas pelo poder público local na tentativa de coibir e responsabilizar as pessoas físicas por possíveis degradações ao meio ambiente. Em vista do material colhido na pesquisa, pode-se constatar que o município de Francisco Beltrão apresenta uma significativa política de prevenção no tocante à educação escolar. O município contém atualmente, distribuídas entre o perímetro urbano e rural, o total de 21 escolas municipais. Visto que todas as escolas municipais utilizam-se de uma base curricular padronizada, a Secretaria da Educação de Francisco Beltrão forneceu, como material referencial para o estudo, a proposta pedagógica da Escola Municipal 15 de Outubro (material em anexo), já que os projetos das demais escolas seguem o mesmo modelo. Desse modo, analisando a proposta pedagógica de uma das escolas municipais, temos também conhecimento do que se passa, em termos de política de prevenção ambiental, nas demais escolas do município. A Escola Municipal 15 de Outubro Educação Infantil e Ensino Fundamental está localizada na Rua Brejinho S/N, Bairro Jardim Floresta, no Município de Francisco Beltrão, atendendo também o Bairro Jardim Itália e comunidades próximas. De acordo com a proposta pedagógica da escola, A escola é um espaço aberto, onde a educação é promovida com a colaboração da sociedade. A construção da Proposta Pedagógica deu-se a partir da discussão com toda a comunidade escolar, envolvendo pais, professores, equipes pedagógica e administrativa, auxiliares de serviços gerais e alunos. Foram realizadas reuniões, assembléias de pais, elaboração e aplicação de questionários que possibilitaram o conhecimento da real situação sócio-econômica e cultural da comunidade, seus anseios e expectativas em relação à escola. A escola, atendendo a sua realidade local, organiza o trabalho pedagógico de forma individual e coletiva, sendo necessário, contudo, estabelecer uma organização curricular, enquanto rede de ensino. No que concerne à organização curricular, enquanto rede de ensino, observou-se que referente ao tema Educação Ambiental, importante instrumento de prevenção, as escolas municipais de Francisco Beltrão estão de acordo com o que determina a Constituição Federativa do Brasil, em seus artigos 205 e 225, 1.º, VI. Os mencionados artigos prevêem o seguinte: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; Conforme se extrai da proposta pedagógica da Escola Municipal 15 de Outubro, De acordo com a Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999, a Educação Ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente, transcendendo as várias disciplinas, em todas as modalidades de ensino. [...] Considerando a escola como um dos ambientes mais imediatos do aluno, a compreensão das questões ambientais e as atitudes em relação a elas se dão a partir do próprio cotidiano da vida escolar do aluno. Com o disposto na Lei Federal, criou-se no município de Francisco Beltrão a Lei Municipal nº 3187 de 13 de novembro de 2005, que estabelece a Política Municipal de Educação Ambiental, voltada para o trabalho de conscientização com conteúdos factuais, conceituais e atitudinais, de forma emotiva e dinâmica, sensibilizando e criando responsabilidade em relação ao meio ambiente (Proposta Pedagógica Escola Municipal 15 de Outubro). Em observância com o disposto no artigo 10, 1.º, da Lei Política Nacional de Educação Ambiental, constata-se que as escolas municipais de Francisco Beltrão estão em conformidade com o previsto na Lei, pois, ao estabelecer as bases curriculares de ensino, destinaram à educação ambiental justamente o tratamento que fora exigido pela lei, ou seja, versam sobre a educação voltada para o meio ambiente de uma maneira integrada, e não como disciplina específica no currículo de ensino. A integração que observa-se em relação a educação ambiental, pode ser comprovada com a análise da proposta pedagógica da Escola Municipal 15 de Outubro, que traz as matérias referentes ao meio ambiente inseridas no conteúdo programático das demais matérias ministradas pela Escola, tanto no Ensino de Educação Infantil, como no Ensino Fundamental, que são oferecidos pela instituição escolar ora analisada. O município de Francisco Beltrão apresenta outras tentativas de aprimoramento de Políticas Públicas em relação ao meio ambiente, como por exemplo: a Lei Municipal nº 3.338/2007 que cria o Conselho Municipal de Meio Ambiente e o Fundo Municipal de Meio Ambiente em Francisco Beltrão; a Lei Municipal nº 3.724/2010 que institui a obrigatoriedade da separação e acondicionamento de resíduos sólidos no Município de Francisco Beltrão e ainda a Lei Municipal nº 3753/2010, que autoriza o executivo municipal a remanejar ações para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A Lei Municipal nº 3.338/2007 que cria o Conselho Municipal de Meio Ambiente CMMA, que de acordo com o artigo 1.º da própria lei corresponde a órgão consultivo e de assessoramento da administração pública municipal em questões inerentes ao equilíbrio ecológico e implantação de ações destinadas a proteção, recuperação e conservação do meio

ambiente. Uma das competências estabelecidas pela Lei ao CMMA corresponde a Identificar, prever e comunicar as agressões ambientais ocorridas no Município, diligenciando afetiva apuração e sugerindo aos poderes e órgãos públicos as medidas cabíveis, além de contribuir, em caso de emergência para a mobilização da comunidade (Art. 2.º, IX da Lei nº 3.338/2007). Em relação do Fundo Municipal de Meio Ambiente FUMDEMA, também criado pela Lei Municipal nº 3.338/2007, o artigo 15 prevê que o FUMDEMA tem por objetivo proporcionar recursos e meios para empreender a proteção, recuperação e conservação do meio ambiente no âmbito do Município de Francisco Beltrão. A presente Lei, dentre outras disposições, também estabelece, no artigo 16, como se constitui receitas do FUMDEMA, bem como prevê, no artigo 18, onde os recursos do Fundo serão aplicados. Os recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente FUMDEMA, serão aplicados em, Art. 18. I Financiamento total ou parcial de programas, projetos, ações e serviços desenvolvidos pelo órgão da administração pública municipal responsável pela execução da Política Ambiental de Proteção, Preservação e Recuperação do Meio Ambiente. II Atendimento ás diretrizes e metas contempladas no conjunto de leis municipais quanto ao zoneamento de uso e ocupação do solo Parcelamento do Solo Urbano, Código de Posturas e Sistema Viário. III Aquisição de equipamentos ou implementos necessários ao desenvolvimento de programas e/ou de ações de assistência, proteção, preservação e recuperação do meio ambiente; IV Desenvolvimento e aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão e planejamento, administração e controle das ações inerente à proteção, preservação e recuperação do meio ambiente; V Proporcionar eficiente aplicação das leis federais, estaduais e municipais ligadas à política ambiental em nível preservativo e repressivo. 1º - Prioritariamente os recursos serão aplicados em projetos e ações definidas do CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE; 2º - O CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE, com apoio técnico de órgão do Ministério Público, do Instituto Ambiental do Paraná, da Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, da Concessionária de Serviços Públicos de Saneamento Básico, em sendo o caso de prioridades, proporá ao Prefeito Municipal a liberação dos recursos do FUMDEMA, para atende-las. Vale ressaltar que, tanto o Conselho Municipal de Meio Ambiente, quanto o Fundo Municipal do Meio Ambiente, conforme se extrai do próprio texto da lei, apresentam preocupações voltadas tanto para a proteção, conservação como também a recuperação do meio ambiente. Todavia, a lei não menciona quais os mecanismos necessários para a efetiva aplicação do processo de recuperação ambiental. A Lei Municipal nº 3.724/2010 que institui a obrigatoriedade da separação e acondicionamento de resíduos sólidos no Município de Francisco Beltrão, em seu artigo primeiro institui no Município de Francisco Beltrão a obrigatoriedade da separação do lixo domiciliar na

sua origem. Em sequência, a mesma lei, em seu artigo 8.º estabelece o seguinte: Art. 8.º. Às unidades domiciliares que não cumprirem os dispositivos desta Lei, serão aplicadas as seguintes sanções: I advertência escrita e não recolhimento do material até que seja separado e embalado adequadamente; II na reincidência notificação escrita; III na segunda reincidência multa no valor correspondente a cinco unidades de referencia do Município URMFB. Oportuno destacar que, em que pese as referidas leis aqui estudadas estabeleçam em seu texto responsabilidades aos particulares que não cumprirem com os dispositivos legais, bem como se refiram a recuperação do meio ambiente, configurando neste último caso a pretensão em responsabilizar civilmente os particulares, não prevêem, expressamente, a responsabilização civil quando o agente causador do dano ambiental é a pessoa física. E, por fim, com a Lei Municipal nº 3753/2010, que autoriza o executivo municipal a remanejar ações para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, observa-se, ainda que tardiamente, mas sempre oportuna, mais um tentativa do município em aprimorar as Políticas Públicas em relação ao Meio Ambiente, visto que almeja separar a Secretaria Municipal do Meio Ambiente da Secretaria Municipal da Agricultura, criando dessa forma, um órgão público Municipal exclusivo para atender, com mais precisão, as questões afetas ao meio ambiente. Depreende-se do texto Constitucional, em seu artigo 225, 3.º, e do artigo 14 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (nº 6.938/81), que o particular que causar danos ambientais estará sujeito a ser responsabilizado civilmente pelo seu ato. Todavia, conforme foi demonstrado no presente trabalho, no município de Francisco Beltrão, em que pese as significativas tentativas em fazê-lo, ainda não há previsão legal expressa no que tange à responsabilização civil para o a pessoa física, o que se observa hoje é apenas a existência de uma penalização prevista para os particulares que não cumprirem com os dispositivos da Lei Municipal, como exemplo dessa penalização, o já citado artigo 8.º da Lei Municipal nº 3724/2010. Não obstante o ordenamento jurídico já expressamente permita a responsabilização da pessoa física por danos ambientais, no caso concreto pouco se vê a respeito da aplicação dessa previsão legal. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando-se o contexto real, pode-se observar, que embora existam diplomas legais que disciplinem a matéria, as normas ambientais não tem sido capazes de compatibilizar o crescimento econômico com a proteção ambiental. Parte disso pode ser atribuída ao fato do Direito Ambiental em nosso país, ser formado por normas de idades e espíritos diversos, sendo grande parte dos textos normativos anterior à Constituição Federal de 1988. Diante deste cenário, torna-se viável, então, pensar em uma possível codificação ambiental, constituindo uma fonte principal de Direito no âmbito do meio ambiente, em que tal

código refletiria um conjunto de atitudes nacionais em relação às questões ambientais e seria, com toda certeza, um significativo passo da sociedade diante da grave situação da degradação ambiental. Considerando a vocação eminentemente preventiva do Direito Ambiental, visto que seus objetivos são fundamentalmente preventivos, buscando por todos os meios possíveis coibir a prática de condutas lesivas ao meio ambiente, pode-se observar que, o que observar-se no caso concreto é uma política mais voltada para a prevenção do dano ambiental, carecendo de aspectos reparadores no âmbito da responsabilização civil da pessoa física. Após a análise empírica sobre a pessoa física enquanto agente causador do dano ambiental, pode-se concluir que, não obstante o ordenamento jurídico já expressamente permita a responsabilização do particular por danos ambientais, no caso concreto pouco se vê a respeito da aplicação dessa previsão legal. Mais especificamente no município de Francisco Beltrão, campo de pesquisa do presente trabalho, é que, em que pese as tentativas em fazê-lo, ainda não há, nos dias de hoje, previsão legal expressa no que tange à responsabilização civil para a pessoa física. O que de fato existe é a previsão de uma penalização para os particulares que não cumprirem com os dispositivos da Lei Municipal, ou seja, tenta-se coibir a conduta lesiva através de penas. Porém, a pena não repara o dano causado ao meio ambiente, que é o objetivo da responsabilidade civil. Muitas vezes, percebe-se que a soma da atuação das pessoas físicas de forma lesiva, acabam por causar danos ambientais proporcionais aos causados por grandes empresas. O que também se pode apontar sobre a análise na realidade local, é que o município de Francisco Beltrão, embora seja carente em termos de previsão legal a respeito da responsabilidade civil do particular, apresenta, por meio de suas leis, e medidas educativas concernentes à educação ambiental inseridas no currículo escolar das escolas municipais, a real pretensão em educar as crianças para sua ação no mundo de forma sustentável e prevê a busca em reparar as lesões ocasionadas ao meio ambiente. Mas não prevê a forma com que tal reparação poderá ocorrer. O que também foi concluído com o trabalho é que, o ordenamento jurídico possibilita a responsabilização civil das pessoas físicas, em especial, a Constituição Federal dispõe sobre a possível indenização civil com o intuito de reparar o dano. O que ocorre é que tal dispositivo precisa de regulamento, o que ainda não existe de forma expressa, sendo necessária a utilização de outros dispositivos do ordenamento jurídico civil e ambiental, na tentativa de se estabelecer uma forma de aplicação para uma situação tão peculiar que é a do particular que causa danos ao meio ambiente. Desse modo, foram surgindo novas perguntas como a forma e o modus operandi da responsabilidade civil para as pessoas físicas, respostas estas que precisarão ser buscadas em trabalhos científicos futuros. Assim, a construção teórica da presente pesquisa acabou conduzindo o trabalho a um novo questionamento: Como implementar a responsabilização civil pelo dano ambiental às pessoas físicas? Ressalte-se que os presentes apontamentos servem apenas como reflexão, e sugestão para futuros trabalhos científicos.

Em vista do estudado no presente trabalho, pode-se chegar a alguns apontamentos, que não são absolutos: a) Pode ser considerada como uma possível razão para o baixo índice de aplicação da responsabilidade civil à pessoa física por danos ambientais a dificuldade em se individualizar e quantificar o quantum a ação do particular, individual e isolada, contribuiu para o dano? b) Considerando que o artigo 225, 1.º, VI, da Constituição Federal incumbe, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, caso as políticas de educação e conscientização ambiental não atinjam níveis satisfatórios em sua execução, o Poder Público pode ser responsabilizado solidariamente com a pessoa física que venha a causar danos ambientais por não ter cumprido satisfatoriamente sua obrigação constitucional? c) A quem cabe a legitimidade de propor ação de responsabilização civil da pessoa física por danos causados ao meio ambiente que atingem a coletividade, e qual seria a ação adequada ao caso? d) Em um quadro hipotético em que haja a condenação da pessoa física por danos causados ao meio ambiente, qual seria o órgão legitimado a executar a sentença? Seria a Fazenda Pública? Se assim fosse, os valores referentes a cada particular que gerou parte do dano ambiental seriam aptos à execução pela Fazenda, ou acabariam entrando no grupo das demandas inviáveis por tratar-se de baixo valor, como nos casos das demandas tributárias insignificantes? e) No caso prático em análise do presente trabalho, considerando que não há em Francisco Beltrão previsão expressa de responsabilidade civil à pessoa física causadora do dano ambiental, como poderiam ser implementadas políticas públicas de reparação (previsto na legislação) através da responsabilidade civil das pessoas físicas? Percebe-se então que seria simples para a doutrina apontar um caminho jurídico sobre a aplicação da responsabilidade civil às pessoas físicas, se não existissem os pontos acima como ponto de partida, ou como consequências desta aplicação. Dessa forma, há necessidade de trabalhos futuros que possam apontar um possível modus operandi para implementar realmente a responsabilidade civil às pessoas físicas Assim, imprescindível é a educação ambiental, prevista também na Constituição Federal como um dever do Poder Público. E, através da presente pesquisa, percebe-se a tentativa das escolas em implementar essa educação para a cidadania ambiental nas escolas de Francisco Beltrão. Todavia, precisaria existir maior contato com os particulares pela administração das cidades, assim como ocorre com as visitas da vigilância Sanitária. Deveria existir projeto de educação ambiental, com visitas aos particulares no ambiente urbano e rural, ensinando as práticas necessárias para a segurança do meio ambiente, exigindo suas implementações até a próxima visita. Percebe-se que muitas vezes, quando desastres ambientais acontecem, as pessoas buscam o Poder Judiciário querendo ressarcimento dos bens perdidos, por conta de enchentes, por exemplo, como ocorreu em Francisco Beltrão, e outras localidades da região. Esquecem-se os

moradores das proximidades dos córregos que a enchente, além de ser causada pelas forças naturais, ou pela falta de responsabilidade das autoridades públicas em relação a planejamentos urbanos, também podem ser culpa das pessoas físicas, que jogam o lixo no rio. Nesses casos, se tivesse havido responsabilização civil anterior daqueles que causassem tais danos, o Poder Público teria realizado a limpeza dos rios, e talvez, a enchente não teria acontecido. Além disso, os poluidores aprenderiam com isso a cuidar do meio ambiente, já que responderam com seu patrimônio pelo dano que causaram ao bem comum. Ou seja, ganharia o Poder Público e a sociedade. REFERÊNCIAS ANTUNES, Paulo Bessa. Dano Ambiental: uma abordagem conceitual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.. Direito ambiental. 9. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. ATHIAS, Jorge Alex Nunes. Responsabilidade civil e meio ambiente: breve panorama do direito brasileiro. São Paulo: RT, 1991. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%c3%a7ao.htm>. Acesso em: 21 jun. 2010.. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Institui o Código Civil. Presidência da República Federativa do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, 1º jan. 1916. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l3071.htm>. Acesso em: 16 agos. 2010.. Lei n º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Presidência da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 agos. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em: 12 jul. 2010.. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Presidência da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 fev. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em: 12 jul. 2010.. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Presidência da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 09 agos. 2010.

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