Apostila das oficinas preparatórias para a Feira de Ciências Tempo na Vida

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Transcrição:

Apostila das oficinas preparatórias para a Feira de Ciências Tempo na Vida

www.temponavida.com Apostila das oficinas preparatórias para a Feira de Ciências Tempo na Vida Janeiro 2012 1. Apresentação 2. A Família Dias como exemplo dos ritmos no cotidiano 3. Cronobiologia partindo dos ritmos mostrados 4. Ritmos biológicos 5. Sugestões de temas de pesquisa 6. Bibliografia recomendada 7. Créditos e contatos 8. Anexos 1. Apresentação Esta apostila foi elaborada para servir como instrumento de informação e acompanhamento das atividades dos docentes do ensino fundamental e médio vinculadas ao projeto de feira de ciências O tempo na vida. Além desta apresentação inicial, descreveremos os personagens que fazem parte do material de animação, os conceitos relevantes para o conhecimento da área, algumas características dos ritmos biológicos, sugestões de temas para pesquisa e indicações de leituras. O projeto dessa feira está sendo apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem âmbito nacional, envolvendo participações em 15 unidades da federação, 14 estados e o Distrito Federal. Nessas unidades reuniremos grupos de docentes das áreas de ciências e biologia do ensino fundamental e médio com os quais desenvolveremos as atividades da feira. O fato de você estar lendo este material neste momento sinaliza uma possível participação no nosso projeto, agradecemos o interesse e nos colocamos à sua disposição para os esclarecimentos necessários. O tema do projeto da feira é a dimensão temporal da vida, uma área do conhecimento relativamente recente conhecida como Cronobiologia. Ao aprendermos as primeiras noções de vida somos apresentados a imagens microscópicas de células mortas, fixadas e coradas, caracterizadas como unidades da vida, o que de certa forma ilustra o predomínio da dimensão espacial no estudo da matéria viva. Estudos em Cronobiologia ganham força na metade do século passado como resposta a esse predomínio, ao propor uma leitura da organização dos seres vivos sob uma dimensão temporal. Hoje essa é uma área bastante difundida no mundo inteiro, especialmente no que diz respeito a um dos fenômenos que mais chamam a atenção do ponto de vista dessa dimensão temporal os ritmos biológicos. Os ritmos biológicos na espécie humana constituem o tema da feira de ciências, daí o nome Tempo na vida. 2

Uma definição de ritmos biológicos é neste momento necessária: usamos essa expressão para denominar oscilações mais ou menos regulares que ocorrem em todos os seres vivos, como os ciclos de atividade/repouso, vigília/sono, produção de hormônios, e alimentação, entre tantos outros. Podemos dizer hoje que toda expressão dos organismos apresenta alguma oscilação regular (ritmo), tanto no plano mais geral dos comportamentos de populações (migrações, reprodução, hibernação, etc.) como no plano individual (sono/vigília), plano dos sistemas orgânicos (alimentação, digestão, atividade urinária), plano dos órgãos (coração, pulmões, cérebro) e finalmente, no plano celular (atividade de neurônios, fibras musculares, glândulas). Ultimamente aprendemos a reconhecer atividade rítmica no plano molecular, identificando genes cuja ativação (produção de proteínas) obedece a ciclos regulares. Esses fatos nos autorizam a dizer que essas oscilações fazem parte do que podemos considerar como aspecto essencial do funcionamento da matéria viva. O ensino de ciências em geral e de biologia em particular carece de atualização sobre essa dimensão temporal dos organismos e esse é o objetivo geral principal do nosso projeto de feira de ciências propiciar às escolas a vivência dos ritmos biológicos e convidar ao aprendizado da dimensão temporal da vida. Um exemplo da fragilidade dos conceitos atuais amplamente difundidos na nossa cultura é a noção dos valores normais de algumas das funções do nosso organismo, portanto o que distingue os estados de saúde ou de doença. Qual é a temperatura normal de um indivíduo? Trinta e seis e meio graus centígrados, dirão alguns, outros acrescentarão mais ou menos meio grau a essa definição; estão ambos equivocados, pois em uma pessoa adulta saudável a temperatura corporal oscila entre trinta e cinco e trinta e sete graus todos os dias, com valores mínimos na madrugada e máximos ao entardecer. A definição atualizada de temperatura normal deve, portanto, conter essa variação no tempo. 2. A Família Dias como exemplo dos ritmos no cotidiano - animação Neste item apresentaremos uma descrição dos personagens que servirão como inspiração para o desenvolvimento de atividades durante as aulas de Ciências/Biologia e de projetos para a feira de ciências ''O Tempo na Vida''. Sugerimos mostrar aos alunos a animação contida no material da feira, seja na versão em CD-ROM seja na versão residente na página www.temponavida.com. Os personagens compõem uma família e foram escolhidos com o propósito de que os alunos, de diversas regiões do Brasil, possam reconhecê-los em suas casas, na sua família, em sua vivência cotidiana, enfim. Cada integrante da família possui uma rotina diária e, além disso, idades distintas ambos os fatores modulam as características e expressões das variáveis biológicas. O nome Família Dias foi escolhido para enfatizar o aspecto da passagem do tempo ao longo das 24 horas de um dia. Os sete integrantes da Família Dias são: O PAI, (José Carlos Dias) um adulto que trabalha no horário comercial. A MÃE (Maria Tereza Dias) realiza tarefas no lar e cuida do seu bebê O BEBÊ (Clara Vitória Dias) de aproximadamente 7 meses Um MENINO (Gleidson Carlos Dias) que estuda à tarde Um ADOLESCENTE (Maicon Dias) que estuda pela manhã Um TIO (Alfredo Dias) de meia idade que trabalha à noite Uma senhora, a AVÓ (Amélia da Silva), que se ocupa da casa 3. Cronobiologia partindo dos ritmos mostrados 3

Os ritmos biológicos apresentados nas animações da família fazem parte de um dos grupos de ritmos mais conhecido, os ritmos diários, às vezes apresentados com o nome de ritmos circadianos, por coincidirem com o dia/noite ambientais. Na animação da Família Dias, cada personagem tem quatro ritmos biológicos mostrados em cada hora do dia mostramos medidas da frequência cardíaca, temperatura, eletroencefalograma e concentração de cortisol. As variações nos valores dessas medidas ao longo das 24 horas ilustra o conceito de ritmos biológicos. O nosso ciclo vigília/sono é também um ritmo biológico, bem evidente. Um exercício que pode ajudar na compreensão é a elaboração de um diário de sono, no qual se pede que os alunos anotem por uma semana (incluindo os finais de semana antes e depois dessa semana) todos os episódios de sono (incluindo cochilos) em uma tabela. Ofereceremos métodos para trabalhar com essa tabela, construindo gráficos e sugerindo interpretações ver item 5. Exercícios também podem ser feitos com registros da temperatura oral, horários de alimentação e de exercício físico, todos se constituem em exemplos claros de oscilações que nossos organismos apresentam ao longo do tempo. Um tema que pode ser trabalhado na sala de aula é a possível variação (oscilação) no desempenho da turma será que a aprendizagem é melhor no início do dia? E a memória? Os ritmos biológicos resultam da atuação de mecanismos do próprio organismo em interação com os ciclos ambientais. Os ritmos diários que serão mostrados na Família Dias sofrem influências do ciclo dia/noite e dos horários de atividade (trabalho, escola), entre outros. Já um organismo mantido isolado em um laboratório, sob iluminação e temperatura constantes (portanto sem pistas temporais do ambiente) acaba expressando esses ritmos diários por assim dizer, por conta própria. Esse fato, comprovado repetidas vezes nas mais variadas espécies de organismos, permite compreender que temos mecanismos internos que promovem esses ritmos, mecanismos que às vezes têm sido chamados de relógios biológicos. Como hoje sabemos que os ritmos biológicos são controlados pela atuação conjunta de diversas áreas do organismo, é preferível substituir a expressão relógios biológicos por sistemas de temporização, mais ampla e adequada aos achados da atualidade em Cronobiologia. É importante ressaltar que a expressão normal de um ser vivo é aquela na qual os ritmos gerados pelo organismo ajustam-se de alguma forma aos diferentes ciclos ambientais nos quais estão imersos. O ajuste dos nossos ritmos ao nosso ambiente nem sempre ocorre de forma tranquila, muitas vezes sentimos sono quando deveríamos estar bem despertos e outras não conseguimos dormir embora tenhamos compromissos importantes logo cedo no dia seguinte. Podemos chamar essas situações como desafios temporais e o resultado desses desafios nem sempre é favorável. Um caso extremo ilustra esse fato: o tio na família é um trabalhador noturno, fica acordado à noite e dorme durante o dia. Será que ele está totalmente ajustado a essa situação (desafio), que todos seus ritmos ficaram, por assim dizer, invertidos? Hoje sabemos que não, que esse desafio acarreta sofrimento, especialmente se ocorrer de forma prolongada. O tio está desorganizado temporalmente, em contraste com os outros membros da família. A desorganização temporal está sendo interpretada recentemente como um fator importante na gênese de doenças, como é o caso da depressão. Dois outros conceitos fundamentais podem ser explorados a partir da família: os ritmos mudam conforme a idade e conforme os indivíduos. Não hesitem em pedir ajuda aos responsáveis pelo projeto na sua cidade/estado. Apresentaremos alguns exemplos de ritmos biológicos nos itens 6 e 7. 4

4. Ritmos biológicos Os diversos quadros de animações da Família Dias conterão informações sobre o comportamento de seus integrantes, seu estado de sono ou de vigília e suas ocupações ao longo das 24 horas de um dia e uma noite. Notem que as 24 horas do dia foram divididas em 12 segmentos de 2 horas cada um, sendo que os acontecimentos de cada segmento são representativos dos comportamentos que costumam ocorrer em uma família naqueles horários. Além dos comportamentos que variam ao longo das 24 horas, oferecemos ilustrações (gráficos) sobre o funcionamento dos seguintes sistemas orgânicos: Sistema cardiovascular registro da frequência cardíaca Sistema de regulação da temperatura corporal registro da temperatura oral Sistema nervoso central o registro do eletroencefalograma (EEG) Sistema endócrino registro dos níveis plasmáticos de cortisol Esses dados aparecerão na forma de animações, geralmente no formato de gráficos com valores das variáveis ao longo do tempo. Os dados nos quais estão baseados essas animações estão disponíveis na bibliografia (item 7). O funcionamento do coração pode ser avaliado de várias maneiras, uma delas é essa que aparece na animação, a frequência cardíaca. Perceber essa freqüência é bem simples: basta pressionar os dedos indicador e médio sobre a artéria radial, localizada no punho e fazer uma contagem por um minuto. Dependendo da hora do dia você verá diferenças no número de batimentos por minuto. Nosso coração impulsiona sangue através das artérias do sistema vascular, atingindo todos os órgãos e tecidos do corpo. Cada batimento corresponde a uma contração (sístole) e relaxamento (diástole) do ventrículo. A frequência cardíaca varia também com nosso comportamento, geralmente é baixa (perto de 60 batimentos por minuto) em repouso e pode chegar a 200 em atividade física intensa. Fica portanto difícil falar em uma frequência cardíaca normal. Nossa temperatura corporal varia ao longo do dia e essa variação pode ser verificada em diversos pontos do nosso corpo. A medida mais comum, termômetro digital ou de mercúrio colocado na axila por três a cinco minutos, não é adequada, pode se apresentar acima ou abaixo de valores mais importantes como aqueles obtidos através de termômetros colocados na boca. A temperatura medida na boca é mais confiável para o diagnóstico de estado febril e a recomendação atual é que seja usada no lugar da coleta na axila. Alguns termômetros comercializado atualmente são eletrônicos e permitem medir a temperatura em menos de um minuto, em geral. Valores normais da temperatura oral em indivíduos saudáveis oscilam entre 35 e 37 o C. O cortisol é um hormônio produzido por duas glândulas do nosso organismo, as glândulas suprarrenais (como o nome informa, são glândulas situadas acima de cada um dos rins). Esse hormônio é liberado na corrente sanguínea em quantidades que variam ao longo do dia e conforme a situação em que o organismo se encontra. Durante a noite a quantidade de cortisol (concentração no sangue) tende a diminuir, aumentando em geral antes do despertar, atuando como parte do processo de ativação do organismo assim nos preparamos para despertar e buscar comida. Situações de estresse também 5

produzem aumento na concentração de cortisol. A variação mostrada na animação corresponde aquela observada em um indivíduo saudável ao longo das 24h de um dia. O registro que você observa na animação intitulada EEG (de eletroencefalograma) ilustra uma das técnicas de avaliar o funcionamento do nosso cérebro. O nosso cérebro funciona por meio da comunicação (elétrica) entre células denominadas neurônios. Os neurônios são capazes de transmitir informação um ao outro através de impulsos elétricos. A passagem desses impulsos gera um campo elétrico variável que pode ser captado na superfície do couro cabeludo através eletrodos. Esse é o princípio do eletroencefalograma (EEG), captar um campo elétrico gerado por neurônios na superfície do cérebro. O EEG permite diferenciar estados de sono e vigília, notem que durante a vigília as ondas apresentam menor amplitude e maior frequência, ao passo que durante o sono a amplitude é maior e a frequência é menor. 5. Sugestões de temas de pesquisa Observar quantos alunos bocejam a cada hora na classe e buscar explicações para as diferenças encontradas Pesquisar as durações de sono na classe e tentar explicar as diferenças Pesquisar quais os melhores/piores horários para aulas que requerem mais/menos atenção Pesquisar quais os melhores/piores horários para aulas de educação física Pesquisar quais os melhores/piores horários para as refeições Medir a temperatura oral antes, durante e depois de um exercício físico, uma vez de manhã e outra à tarde Observar se a ocorrência de cochilos na sala de aula varia segundo os horários. Entre os ritmos biológicos humanos mais estudados temos o ciclo vigília/sono (CVS). Como todos os ritmos biológicos humanos a expressão do CVS sofre modificações ao longo da vida. Por outro lado, existem diferenças individuais quanto a necessidade de sono entre indivíduos com a mesma idade. Quantas horas são necessárias para dormirmos bem? O que acontece com aquelas pessoas que precisam somente de 6 horas para dormir? Seriam casos patológicos? Utilizar um Diário do Sono ou de um inventário para que os alunos investiguem seus horários de sono e de alguém de sua família; ou utilizar letras de música ou textos de jornais ou revistas para discutir os conceitos e características dos ritmos tomando como objetivo o auto-conhecimento. Exemplos: 5. 1. Inventário de hábitos de sono Ensino Fundamental I e II Os objetivos desta tarefa são: 1) fazer com que a criança perceba que, independente da idade, as pessoas apresentam hábitos de sono diferentes nos dias de semana e fins de semana; 2) identifique melhor seus próprios hábitos. A criança deverá ser instruída pelo professor a pesquisar sobre os hábitos de sono das pessoas que convivem com ela. Depois, na sala de aula, o professor irá discutir os resultados com os alunos e mostrar que existem indivíduos com a mesma idade, mas que dormem em horários distintos. Opções de questões para o inventário: 6

A) O aluno investigará os horários de sono (incluindo cochilos) em dois momentos: dias de semana e finais de semana. Cada um utilizará um inventário (adaptado para a faixa etária) para registrar as respostas. A entrevista será feita com pessoas de diferentes idades: um adolescente, um idoso, um adulto e o aluno (a) também poderá perguntar à sua mãe sobre os seus horários de sono na época em que o aluno era um bebê. B) O professor pode preparar um material impresso, ou pedir para que os alunos desenhem no caderno um relógio sem os ponteiros e depois preencham com os horários de dormir que foram informados pelas pessoas entrevistadas (idoso, adulto, adolescente e bebê). Modelo sugerido para o inventário: Nome do aluno: Idade: Nome do entrevistado: Idade: 1. A que horas você dorme? Dias de semana h min Fins semana (dias livres) h min 2. Você usa o despertador para acordar nos dias da semana? a) nunca ( ) b) às vezes ( ) c) sempre ( ) 3. Você usa o despertador para acordar nos fins de semana? a) nunca ( ) b) às vezes ( ) c) sempre ( ) 4. Você cochila? a) nunca ( ) b) às vezes ( ) c) sempre ( ) Em quais dias da semana você costuma cochilar? Segunda-feira ( ) das horas às horas Terça-feira ( ) das horas às horas Quarta-feira ( ) das horas às horas Quinta-feira ( ) das horas às horas Sexta-feira ( ) das horas às horas Sábado ( ) das horas às horas Domingo ( ) das horas às horas 5. 2. Aquecendo e esfriando Assim considerado um sistema, fruto das interações entre suas partes e com o meio, pode-se compreender que o corpo humano apresenta um equilíbrio dinâmico: passa de um estado a outro, volta ao estado inicial, e assim por diante. A temperatura e a pressão variam ao longo do dia, todos os dias. (PCN, 1997) 7

Um dos ritmos corporais mais facilmente demonstrados é o da sua temperatura corporal. Normalmente considerada como constante em 36,5 C, sua temperatura central não varia muito mais do que um grau, mas ela raramente é exatamente 37 C. Em vez disso, você verá que sua temperatura tem um ritmo distinto, com valores máximos e mínimos muito previsíveis. Elaborando seu experimento Tudo que você precisa é um relógio que indique os segundos e um termômetro que possa ser lido facilmente. O termômetro digital é seguro e mais fácil de ser lido que um termômetro de vidro com mercúrio. Limpe o termômetro usando álcool e algodão, então se sente em uma posição confortável onde tenha o relógio à vista. O equipamento não é a única preparação necessária. Como você será tanto o sujeito como o cientista, você deve padronizar sua condição antes de fazer suas medições. Você não deve fazer nada que altere a temperatura de sua boca ou de seu corpo antes das medições. Evite comer, beber, cantar ou mesmo conversar por algum tempo para manter a temperatura de sua boca consistente com a do resto do corpo. Você também deve evitar atividade física extenuante o que poderia afetar a temperatura de todo o seu corpo. Procedimento Para medir sua temperatura interna, coloque a ponta do termômetro próximo a um vaso sanguíneo que fique próximo da superfície da pele. Um dos melhores lugares é sob sua língua, onde há dois vasos sanguíneos relativamente expostos. Ponha o termômetro sob sua língua o mais próximo do centro possível, feche sua boca ao redor dele e comece a marcar o tempo. Quando tiver passado um minuto, retire o termômetro e faça a leitura da medida (se você usar um termômetro de vidro com mercúrio, espere 5 minutos antes de fazer a leitura). Registre sua temperatura com a precisão de um décimo de grau, isto é, "37,1 C". Quando medir Para obter claras evidências de um ritmo, tente medir o mais freqüentemente possível durante quatro a sete dias. A cada três horas mais ou menos seria suficiente. Umas poucas medidas realizadas no meio da noite também ajudariam a revelar um padrão mais completo (se você decidir incluir medições noturnas, esteja certo de estar bem acordado, para realizar as medições com precisão! Criando um gráfico com os resultados Quando você tiver realizado suas medições, coloque os dados em um gráfico, com as horas do dia no eixo-x e a temperatura (em décimos de grau) no eixo-y. T (ºC) 8

tempo (horas) Uma vez que seus pontos estejam colocados no gráfico, desenhe uma linha ligando esses pontos para ajudá-lo a ver o padrão mais facilmente. Sem as medidas reais, você não pode ter certeza do que ocorreu entre os pontos colocados no gráfico. Portanto desenhe uma linha pontilhada! Para representar essas variações graduais, você pode preferir uma linha curva, sem quaisquer flexões rápidas, em vez de linhas retas. Esta curva também não representará o que realmente ocorreu, mas provavelmente irá revelar o padrão subjacente de forma melhor que as linhas retas. Para estudo adicional Agora que você fez o gráfico de seu próprio ritmo de temperatura, você talvez gostasse de compará-lo com o de outras pessoas. Coloque as medidas dessa outra pessoa no mesmo gráfico que o seu - apenas utilize uma cor diferente para visualizá-los melhor. O pico do seu ritmo de temperatura pode ocorrer em momentos distintos em relação aos de outras pessoas. Como o ritmo de sua temperatura corporal geralmente acompanha outros ritmos relacionados ao grau de alerta (como tempo de reação, por exemplo), pessoas com picos do ritmo da temperatura em diferentes momentos têm frequentemente diferentes padrões de alerta. Uma pessoa de hábitos mais matutinos terá sua curva de temperatura diferente daquela de uma pessoa de hábitos mais vespertinos (veja a figura a seguir). 5. 3. Brincando de Palitinho Arrume um caixa de palitos de fósforo e um cronômetro (ou um relógio que indique os segundos). Esteja certo de que ninguém irá usar os fósforos da caixa que você vai utilizar durante o exercício. Sente-se à mesa e deixe uma área livre para realizar o exercício. Abra a caixa de fósforos e segure-a em sua mão dominante. Segure o cronômetro com a outra mão. Quando estiver pronto para começar, dispare o cronômetro e, imediatamente, vire a caixa de modo a espalhar os fósforos sobre a mesa. Deixe a caixa sobre a mesa e 9

passe a pegar os palitos, um a um, usando apenas o indicador e o polegar, e coloque-os de volta na caixa, todos com a "cabeça" virada para o mesmo lado. Quando terminar de colocar o último palito de volta na caixa, pare o cronômetro e registre o tempo decorrido (se você estiver utilizando um relógio que marque os segundos, comece o exercício quando um novo minuto estiver se iniciando, registrando em um papel, um pouco antes, em que horário isso corresponderá; quando terminar o exercício, veja rapidamente o novo horário e anote o tempo decorrido). Repita o exercício aproximadamente a cada 3-4 horas, durante cerca de cinco dias. Faça um gráfico com os resultados, colocando os horários do dia no eixo-x e o tempo decorrido no eixo-y. 5. 4. Utilize músicas que tratem do assunto como esta dos Paralamas do Sucesso Capitão De Indústria Os Paralamas do Sucesso Composição: Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle REFRÃO: Eu acordo prá trabalhar Eu durmo prá trabalhar Eu corro prá trabalhar Eu não tenho tempo de ter O tempo livre de ser De nada ter que fazer É quando eu me encontro perdido Nas coisas que eu criei E eu não sei Eu não vejo além da fumaça O amor e as coisas livres, coloridas Nada poluídas Ah, Eu acordo prá trabalhar Eu durmo prá trabalhar Eu corro prá trabalhar 6. Bibliografia recomendada: Andrade, M.M.M. Ciclo vigília-sono de adolescentes: um estudo longitudinal. São Paulo, 1991. Dissertação ( mestrado)- Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Cipolla-Neto, J; Marques, N; Menna-Barreto; l (Eds). Introdução ao estudo da cronobiologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988. Fischer, FM. Trampo, a Saúde e o Futuro. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/perfil/documentos.php?id=10001 Grupo multidisciplinar de desenvolvimento e ritmos biologicos. Apostila das oficinas preparatórias para a feira de ciências tempo na vida. Disponível em: www.temponavida.com. 10

Louzada, F.M.; Menna-Barreto, L. Relógios biológicos e aprendizagem. São Paulo:Editora do Instituto Esplan, 2004. Louzada, F.M.; Menna-Barreto, L. O sono na sala de aula tempo escolar e tempo biológico. Coleção Ciência no bolso, Vieira & Lent, 2007. Marques,N.; Menna-Barreto, L.(orgs.) Cronobiologia: Princípios e Aplicações. São Paulo:Editora da Universidade de São Paulo, 2003. Menna Barreto, L. Homeostasia: uma revisão necessária? Revista de Neurociências, v.1, p.105-107, 2004. Menna Barreto, L. Relógio biológico prazo de validade esgotado? Revista de Neurociências, v.2, p. 190-193, 2005. Moreno, C.R.C; Fischer, F.M.; Rotenberg, L. A sociedade 24 horas. Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_sociedade_24_horas.html Moreno, CRC ; Louzada, F. M. ; Pedrazzoli, M.. Genes, relógio e sociedade.. Scientific American Brasil, v. 80, p. 82-87, 2009. São Paulo (SP) Secretaria Municipal de Educação.Orientações curriculares: expectativas de aprendizagens e orientações didáticas para a educação infantil. são paulo, 2007. São Paulo (SP) Secretaria Municipal de Educação. Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para o ensino fundamental: ciclo i. são paulo, 2007. Valentiuzzi, V. Cronobiologia - os ritmos da vida. Revista educação, n. 178, p. 1, 2011. disponível em: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/0/cronobiologia-os-ritmos-davida-241624-1.asp. acessado em: 05/02/2012. Wey, D. Ciclo vigília-sono de crianças: transição da educação infantil para o ensino fundamental. Daniela Wey. São Paulo, 2002. Dissertação (mestrado) Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Núcleo de Pesquisa em Neurociências e Comportamento. OBS: Todas as dissertações e teses estão disponíveis para consulta no Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Mande suas sugestões e dúvidas para: contato@temponavida.com Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB) www.temponavida.com 11

7. CRÉDITOS Entidades e Universidades UFAL - Universidade Federal de Alagoas UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNICAMP Universidade Estadual de Campinas UnB - Universidade de Brasília UNIFESP Universidade Federal de São Paulo UFAC - Universidade Federal do Acre UFPE - Universidade Federal do Pernambuco FIOCRUZ Fundação Instituto Oswaldo Cruz UEA - Universidade do Estado do Amazonas UNITAU - Universidade de Taubaté UFABC - Universidade Federal do ABC UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais USP Universidade de São Paulo (Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Instituto de Ciências Biomédicas, Faculdade de Saúde Pública, Instituto de Biociências, Museu de Zoologia, Museu de Arqueologia e Etnologia, Estação Ciência) UFPR - Universidade Federal do Paraná UNESP Universidade Estadual Paulista (campi de Assis e Jaboticabal) UFBA - Universidade Federal da Bahia UFF - Universidade Federal Fluminense PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina MACKENZIE - Universidade Prebisteriana Mackenzie UFRB Universidade Federal do Recôncavo Baiano UFG Universidade Federal de Goiás Instituições envolvidas Instituto Butantan Diretoria de Ensino Leste 4 São Paulo Sesi - Paraná CAPES Metrô - SP Cemsa Toro Produções (Animações Família Dias) 12

8. ANEXOS Parâmetros Curriculares Nacionais, MEC, 1997, vol. 4 - Ciências Naturais Conteúdo de Ciências Naturais no Ensino Fundamental Bloco temático Ser Humano e Saúde Página 38 Assim considerado um sistema, fruto das interações entre suas partes e com o meio, pode-se compreender que o corpo humano apresenta um equilíbrio dinâmico: passa de um estado a outro, volta ao estado inicial, e assim por diante. A temperatura e a pressão variam ao longo do dia, todos os dias. O mesmo ocorre com a atividade cerebral, a cardíaca, o estado de consciência, etc. O nível de açúcar no sangue, por exemplo, varia ao longo do dia, conforme os horários da alimentação. Transpira-se mais ou menos, urina-se mais ou menos, conforme a temperatura ambiental e conforme as atividades realizadas. Em outras palavras, o corpo apresenta funções rítmicas, isto é, que se repetem com determinados intervalos de tempo. Esses ritmos apresentam um padrão comum para a espécie humana, mas apresentam variações individuais. E esta é outra idéia extremamente importante a ser considerada no trabalho com os alunos: o corpo humano apresenta um padrão estrutural e funcional comum, que o identifica como espécie; mas cada corpo é único, o que o identifica como individualidade. Se há necessidades básicas gerais, há também necessidades individuais. Página 40 O aspecto rítmico das funções do corpo humano pode ser abordado em conexão com o mesmo aspecto observado para os demais seres vivos, evidenciando-se o aspecto da natureza biológica do ser humano. Algumas funções rítmicas interessantes e facilmente observáveis são a floração e a frutificação de plantas ao longo do ano, o estado de sono e vigília no ser humano e nos demais animais, a menstruação nas mulheres, o cio entre os animais, etc. Pode-se ainda estabelecer relações entre os ritmos fisiológicos e os geofísicos, como o dia e a noite e as estações do ano. Os ritmos fisiológicos estão ajustados aos geofísicos, embora sejam independentes. Por exemplo: o ciclo sono-vigília está ajustado ao ciclo dia-noite (movimento da Terra em torno de seu eixo). Se isolarmos uma pessoa dentro de uma caverna onde o ciclo dia-noite inexista, ele continuará tendo episódios de sono e de vigília, mas o tamanho de cada um desses episódios se modificará. 13