A Arqueologia da Arquitectura



Documentos relacionados
Os contributos da Arqueologia da Arquitectura num projecto de salvaguarda de património edificado

Arqueologia da Arquitectura: o desvendar do percurso histórico de um edifício

DAR FUTURO ÀS CASAS DO PASSADO

PERFIL PROFISSIONAL TÉCNICO/A DE MARKETING. PERFIL PROFISSIONAL Técnico/a de Marketing Nível 3 CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES 1/5

Unidade de Arqueologia / CICTEM da Universidade do Minho

REGULAMENTO PROGRAMA RECUPERAÇÃO DE HABITAÇÕES NA ZONA HISTÓRICA DA CIDADE E DEVESA

Rotas da Leitura. Biblioteca Municipal de Beja. Cristina Taquelim. Introdução

Artigo Março 2005 AC05102LIS/ENG Engenharia Preventiva Inspecção Periódica de Edifícios Luís Viegas Mendonça João de Sousa Rodolfo 2005 SpyBuilding

A Arte do Renascimento

PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE EMPRESA (PIA-Empresa) FONTE DE DADOS O cadastro básico de seleção da PIA-Empresa é obtido a partir do Cadastro Central

FICHA TÉCNICA DO CURSO

Como construir um Portefólio Digital como instrumento de Avaliação do Desempenho Docente?

N.14 Abril 2003 PAREDES DIVISÓRIAS PAINEIS PRÉFABRICADOS DE ALVENARIA DE TIJOLO REVESTIDA A GESSO. Estudo Comparativo.

Observação das aulas Algumas indicações para observar as aulas

demonstração de metodologias para o tratamento e reintegração de revestimentos parietais antigos

1. Identificação 2. Contextualização/Caracterização do grupo/justificação da planificação 1

2010/2011. Instituto de S. Tiago, Cooperativa de Ensino C.R.L.

2. as JORNADAS DA ESPECIALIZAÇÃO EM DIREÇÃO E GESTÃO DA CONSTRUÇÃO

FICHAS DE PROCEDIMENTO PREVENÇÃO DE RISCOS

Reabilitação de Edifícios Antigos e Sustentabilidade

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Titulo Pesquisa e Criação em Moda. Autor Iara Mesquita da Silva Braga * Resumo

INDAGAR E REFLECTIR PARA MELHORAR. Elisabete Paula Coelho Cardoso Escola de Engenharia - Universidade do Minho elisabete@dsi.uminho.

Reabilitar. Porquê? Como? Para quê? Para quem? Aveiro, 13 de Julho de 2011 João Azevedo DECivil - IST

CURIOSIDADE É UMA COCEIRA QUE DÁ NAS IDÉIAS

O PATRIMÓNIO CULTURAL CONSTRUÍDO FACE AO RISCO SÍSMICO INTERVIR

C2faup. Construção em Light Steel Frame. Ana Luísa Mesquita Marco Moreira Orlando Guimarães

PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO

Educação Patrimonial Centro de Memória

LIGHT STEEL FRAMING. Em Portugal o sistema é vulgarmente conhecido por Estrutura em Aço Leve.

AVALIAR PARA PRESERVAR O PATRIMÓNIO ARQUIVÍSTICO

TRABALHO LABORATORIAL NO ENSINO DAS CIÊNCIAS: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE FUTUROS PROFESSORES DE BIOLOGIA E GEOLOGIA

1.º SIMPÓSIO DE ARQUEOLOGIA VIRTUAL, EM MONTEMOR-O-NOVO

FREIXO MARCO DE CANAVESES

O CNPV. e as Estruturas Locais de Voluntariado. 4 de Dezembro de 2009 Cláudia Amanajás

Notas Sobre o Reforço Estrutural de Edifícios Antigos

Características do texto Académico-Científico

Projecto de SCIE e medidas de autoprotecção em lares de idosos e edifícios hospitalares

Programa e Conteúdos Programáticos

Enoturismo em Portugal Caraterização das empresas e da procura

ADMINISTRAÇÃO I. Família Pai, mãe, filhos. Criar condições para a perpetuação da espécie

SANEAMENTO AMBIENTAL I CAPTAÇÕES DE ÁGUA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA EDUARDO RIBEIRO DE SOUSA

GOVERNO. Orçamento Cidadão 2015

Prova Escrita de História da Cultura e das Artes

Gestão da inovação A avaliação e a medição das actividades de IDI

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DO SABUGAL. Relatório de AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO PESSOAL DOCENTE

Cursos de Doutoramento

Gerência de Projetos Prof. Késsia Rita da Costa Marchi 3ª Série

CONSERVAÇÃO DE REVESTIMENTOS HISTÓRICOS

ESTATÍSTICAS, O ABECEDÁRIO DO FUTURO

Circular nº 24/2015. Lei nº. 41/2015, de 3 de Junho. 17 de Junho Caros Associados,

. Instituto Politécnico de Lisboa

Técnicas de recolha e análise de informação para caracterização e diagnóstico do contexto de intervenção

ÍNDICE PATRONATO DE SANTO ANTÓNIO INTRODUÇÃO... 2 I - OPÇÕES E PRIORIDADES... 3

AVALIAÇÃO INTERNA DO AGRUPAMENTO. Agrupamento de Escolas nº2 de Beja - Mário Beirão

AGRUPAMENTO de ESCOLAS Nº1 de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2013/2014 PLANIFICAÇÃO ANUAL

Percepção do setor: O que está provocando as ações a respeito das mudanças climáticas nas maiores companhias do mundo?

da Uniiversiidade de Évora

Recuperação e Readaptação Funcional de um Palacete para o Arquivo Municipal de Fafe

Dossiês Didácticos LUÍSA CANTO E CASTRO LOURA MARIA EUGÉNIA GRAÇA MARTINS

A informática ao serviço da Préhistória:

REGULAMENTO DO ARQUIVO MUNICIPAL DE GOUVEIA. Capítulo 1. Constituição e Funções do Arquivo Municipal. Artigo 1º. Artigo 2º. Capítulo II Da Recolha

Programa de Unidade Curricular

Região Solidária. Imagens da minha Terra Perspectivas do meu futuro. Região Solidária. Imagens da Minha Terra Perspectivas do meu futuro

Linha de Pesquisa: MATERIAIS, PROCESSOS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Organização. Trabalho realizado por: André Palma nº Daniel Jesus nº Fábio Bota nº Stephane Fernandes nº 28591

ESTATÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DISTRITO DE VIANA DO CASTELO E SEUS CONCELHOS. F e v e r e i r o d e

LEVANTAMENTO FOTOGRAMÉTRICO DE MONUMENTOS E DE EDIFÍCIOS ANTIGOS

ANEXO 5 - Guia para o preenchimento do Questionário sobre património cultural imaterial

CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS

Sessão 4: Avaliação na perspectiva de diferentes tipos de organizações do setor sem fins lucrativos

NÚCLEO DE APOIO ESPECIALIZADO EM PROGRAMAÇÃO. Lucas Schwendler; Darlei Feix; Andreia Sias Rodrigues

PLANO DE TRABALHOS COM RISCOS ESPECIAIS Execução de pinturas

É possível conjugar uma sessão de cinema com uma oficina.

Associação Pomba Da Paz IPSS Espaço Comunitário. Projecto Educativo

Building Archeology and surveying methodologies tradition can not be what it was

Guia Sudoe - Para a elaboração e gestão de projetos Versão Portuguesa Ficha 3.3 Como se elabora um plano de trabalho

Critérios Gerais de Avaliação

Plano e Metodologia de Trabalho FASE I : Análise do contexto nacional

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

Porto Design Guest House. Ribeira Vila Nova de Gaia

PHC Servicos BENEFÍCIOS. _Gestão de reclamações. _Controlo de processos que necessitem de informação centralizada

Propriedade: Ordem dos Arquitectos Tema: Arquitectura

Sessão de Divulgação: Avisos QREN Eficiência Energética em PME e IPSS Local: Auditório do NERGA - Guarda

DICAS MENSAIS SOCIOLOGIA 1ª SÉRIE

FICHA TÉCNICA Sanitários com design. nº 01. Nº Pág.s: Outubro Copyright Construlink.com - Todos os direitos reservados.

I. Actividade da APAVTForm

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO VERSÃO 1

Casa dos Nichos Tabela das Atividades Lúdico Pedagógicas para o ano letivo de

Sítios e Achados Arqueológicos em Darque

ESTRESSE OCUPACIONAL SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

CRITÉRIOS DE AVALIACÃO

PROJECTO DE REALIZAÇÃO

XI Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente Certificação Ambiental e Responsabilização Social nas Organizações

PROGRAMA DE INTRODUÇÃO AO DIREITO

Transcrição:

Maria de Magalhães Ramalho Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos FAUTL - 2006/2007 A Arqueologia da Arquitectura Maria de Magalhães Ramalho Departamento de Estudos-IPPAR 1

A maior parte do património arquitectónico é igualmente património arqueológico, ou seja, passível de ser abordado pela metodologia arqueológica. 2

A Arquitectura como documento histórico, como guardiã da memória 3

Arquitectura como centro de interesse de uma multiplicidade de disciplinas A Arqueologia da Arquitectura integra estas duas disciplinas na única zona onde arqueólogos e arquitectos se podem verdadeiramente relacionar; Disciplina que nasce em Itália em meados dos anos 70 no âmbito da grande tradição de restauro e do desenvolvimento da Arqueologia Medieval (T. Mannoni, G. P. Brogiolo e R. Parenti). 4

A Arqueologia da Arquitectura método de análise oriundo da arqueologia aplicado ao património arquitectónico; a base deste método científico é a análise estratigráfica. Igreja de Melque e edifício histórico em Siena 5

Estratigrafia - escrita ou o registo dos estratos Método estratigráfico utilizado em arqueologia tem origem na Geologia A estratigrafia em geologia é a disciplina que estuda as sequências de camadas de rochas, procurando determinar os processos e eventos que as formaram. Princípios da estratigrafia: sobreposição, sucessão, continuidade. 6

O método estratigráfico em arqueologia consiste na análise dos processos de acumulação e erosão dos sedimentos, individualizando os diferentes estratos e analisando a relação entre eles. Escavações arqueológicas no Castelo de Alcácer do Sal 7

O objecto de estudo da Arqueologia da Arquitectura: A arquitectura estratificada Diferenças: Estratigrafia em Geologia é o resultado de processos naturais; Estratigrafia em Arquitectura é a consequência da acção do homem. Torre de Montarrenti (Siena) segundo Parenti 8

Exemplo de uma leitura estratigráfica que integra estratos escavados e unidades arquitectónicas Leitura estratigráfica da Portaria do Mosteiro de Tibães segundo Luís Fontes (Univ. Minho) 9

Na abordagem a um edifício histórico a Arqueologia da Arquitectura poderá aplicar-se quer ao que se encontra a cotas negativas (subsolo) como a cotas positivas (edificado). O EDIFÍCIO VISTO COMO UM TODO! A arqueologia do edificado tem a vantagem de não ser destrutiva (salvo excepções caso dos rebocos), pode aplicar-se apenas ao que está à vista, enquanto que a arqueologia de escavação implica a destruição sucessiva de estratos. Catedral de S. Pedro de Geneve durante campanha arqueológica 10

Metodologia de trabalho: 1. Recolha documental e iconográfica; 2. Levantamentos gráficos; 3. Análise do edificado sobre os levantamentos gráficos; 4. Preenchimento de fichas; 5. Levantamento fotográfico; 6. Análises; 7. Elaboração de diagrama final. 11

A importância da recolha documental Jerónimos, queda da torre em 1878. In Bellem Reguengo da Cidade 12

Leitura de paramentos com base em registos fotográficos antigos Estudo de Leo Wevers Castelo da Amieira do Tejo (arquivo da DGEMN) 13

Uma base gráfica rigorosa éum dos aspectos mais importantes em Arqueologia da Arquitectura 14

Análise sobre levantamento fotográfico simples Palazzo Gritti Badoer em Veneza segundo o Arquitecto Francesco Doglioni 15

Levantamento gráfico simplificado (vantagens e problemas) Exemplos: Mosteiro de Santa Clara-a-Velha registo da traçaria (1997).e desenhos/arquivo IPPAR Castelo de Castelo de Vide (2004) 16

Levantamento gráfico simplificado Casa Rural da Vila Romana de Milreu Estoi Faro (2002) 17

A necessidade de acompanhamento dos registos por parte dos investigadores/utilizadores Exemplos: Fotogrametria Aqueduto de Segovia Catedral de Plama de Maiorca 18

Os ortofotomapas (problemas detectados) O caso da capela de Nossa Senhora da Assunção do Castelo de Paderne Albufeira (2007) 19

O exemplo da Catedral de Vitória no País Basco A utilização do CAD, Bases de Dados e a aplicação do SIG onde tudo é incluído: o registo do passado mas também tudo o que vai sendo executado ao longo do projecto de reabilitação. 20

Além dos estudos estratigráficos, será necessário promover a interdisciplinariedade (não a multidisciplinariedade) de modo a alcançar um conhecimento completo do edifício Nova Conservação (Folha nº 1 ) 21

Alguns exemplos: 1. Análises geológicas (ex: proveniência das pedras); 2. Análises físico-químicas de diferentes tipos de materiais: argamassas rebocos madeira pintura mural, etc Foto: J. Aguiar 22

As análises tipológicas em Arqueologia da Arquitectura exemplos: Elementos decorativos; Elementos construtivos; Métodos e técnicas de construção. E o estudo de vestígios mais ténues... 23

O reconhecimento das marcas que permanecem no tempo e que nos falam de antigos métodos de construção 24

Exemplo: Tipologia dos diferentes talhes da pedra Da descoberta dos utensílios ao próprio gesto... S. Román de Tobillas (Pais Basco) 25

O reconhecimento das marcas dos andaimes. 26

Tipologia das marcas de canteiro Tipologia de marcas de canteiros da Bélgica e do Norte da França segundo Jean-Loius Van Belle Uma marca em forma de chave. Igreja de S. Germain-des-Prés 27

A traçaria As salas de risco, os estaleiros de obra, etc. Pedra de traçaria do Convento de S. Francisco de Santarém 28

Análise dos materiais e das pequenas marcas remete para o conhecimento da organização laboral, condições de trabalho, etc. Do estaleiro ao indivíduo... 29

Análise de patologias (marcas de sismos, problemas estruturais etc.) O papel da Arqueologia da Arquitectura na identificação de patologias é fundamental. Saber quando e porquê surgiram os problemas permite a definição de estratégias para uma actuação segura. Catedral de Vitória (País Basco) 30

O método 31

Na leitura estratigráfica são individualizadas as Unidades Estratigráficas (UE) = entidades mínimas que, no caso da leitura dos paramentos podem ser : Construtivas (aparelho, argamassas, rebocos, etc.); Destrutivas (interfaces de destruição, marcas de sismos, etc). Cada UE é descrita individualmente em fichas e registada em desenhos de campo Descrição exaustiva; Estabelecimento de relações entre diferentes UE (anterior, posterior, contemporânea). Utilização do Diagrama de Harris ; As UE são posteriormente agrupadas em: 1. Actividades (exemplo: colocação de telhado novo, restauro de revestimentos, etc); 2. Etapas (períodos cronológicos cronologia absoluta ou relativa). OBJECTIVO: reconstituir a sequência temporal do edifício o seu percurso histórico 32

Exemplo: Análise do edificado sobre os levantamentos fotogramétricos A numeração das Unidades Estratigráficas S. Gião da Nazaré estudo de Luís Caballero Zoreda/IPPAR 33

O reconhecimento de diferentes rebocos: Recolha de amostras; Análises físico-químicas (Fac. Ciências da UL) 34

As fichas de campo 35

36

Preenchimento de fichas de UE (Unidades Estratigráficas) S. Gião da Nazaré ficha de Luís Caballero Zoreda 37

O registo das Actividades e das Etapas Históricas (soma de várias UE); *A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO DIAGRAMA DE HARRIS * Actividades Etapas S. Gião da Nazaré estudo de Luís Caballero Zoreda/IPPAR 38

Da entidade mínima (Unidade Estratigráfica) à visão global do edifício e da sua história Processo de síntese 39

Principais dificuldades na aplicação da Arqueologia da Arquitectura: 1. Complexidade do edifício - ocultação da sua estratigrafia por rebocos, grande número de alterações. Diagramas muito complexos; 2. Registos gráficos deficientes; 3. Equipas reduzidas. A importância do domínio do método arqueológico mas também o conhecimento das técnicas construtivas (arquitectos e arqueólogos em trabalho conjunto). 40

Um exemplo: 41

Sé-Catedral de Idanha-a-Velha. O edifício... 42

os pormenores... 43

O registo das Actividades Idanha-a-Velha segundo Luís Caballero Zoreda 44

A elaboração de diagrama das actividades (com cronologias relativas e absolutas) Matriz de Idanha (L. Caballero Zoreda) 45

Hipóteses de reconstituição do edifício original Idanha-a-Velha segundo L. Caballero Zoreda 46

A proposta da Arqueologia da Arquitectura: Ir à descoberta da história escondida dos edifícios Compreender a linguagem dos edifícios... Um novo olhar... Mosteiro Cisterciense de S. Pedro das Águias 47

A intervenção em arquitectura estratificada O conhecimento determina o projecto e não o projecto que determina o futuro do edifício Necessidade de estabelecer um compromisso entre os novos usos e o respeito pelo valor do edifício. Parede do Palazzo Bizarrini (Feltre) ensaios estratigráficos, reconhecimento das UE Estudo e intervenção do Arquitecto Francesco Doglioni (Instituto Universitário de Veneza) 48

Exemplo: Palazzo Bizarrini durante a intervenção de restauro manutenção das marcas da história, a valorização da arquitectura estratificada 49

Um edifício que fala, que conta histórias... Palazzo Bizarrini após a intervenção de restauro 50

Convento de S. Francisco de Beja, antigo convento durante a fase de reconversão Um edifício mudo 51

A intervenção arquitectónica em estruturas estratificadas deverá possibilitar: a manutenção do carácter, da alma do edifício e da sua capacidade expressiva; permitir aos visitantes um diálogo directo com o património. Nada mais interessante para o visitante que um edifício onde é possível reconhecer um lugar habitado pela história, pela memória e pelo tempo... 52

A arquitectura estratificada possuiu um carácter particular, facilmente reconhecível, este carácter excepcional relaciona-se directamente com aspectos como: cor, texturas, luzes, sombras uma comunicação que se estabelece com o indivíduo o conhecimento sensível ligado à força expressiva do lugar... emoção, imaginação... 53

CONCLUSÃO: Arqueologia da Arquitectura surge assim como um desafio inovador para todos aqueles que se interessam pela história da arquitectura, ao propor abordar o edifício em toda a sua complexidade, compreender a sua história pessoal única e irrepetível de uma forma integrada, conjugando os dados históricos e arqueológicos, os estudos de patologias, comportamentos estruturais, caracterização de materiais construtivos, etc., possibilitando assim o conhecimento profundo do passado dos edifícios através de um método coerente, objectivo, sistemático, método este testado desde há anos pela arqueologia e que tem vindo a revelar resultados extraordinários. 54