VALIDADE CONVERGENTE DOS SUBTESTES DE INTELIGÊNCIA DA BATERIA DE AVALIAÇÃO DAS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO COM O TNVRI

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VALIDADE CONVERGENTE DOS SUBTESTES DE INTELIGÊNCIA DA BATERIA DE AVALIAÇÃO DAS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO COM O TNVRI Daniel Campos Caporossi Faculdade de Psicologia Centro de Ciências da Vida dcampos02@hotmail..com Profa. Dra. Tatiana de Cássia Nakano Avaliação Psicológica de Potencial Humano Centro de Ciências da Vida tatiananakano@puc-campinas.edu.br Resumo: Considerando a importância dos estudos de busca por evidências de validade durante o processo de construção de instrumentos psicológicos, o presente estudo teve como objetivo a verificação da validade convergente de subtestes de raciocínio, parte de uma bateria para avaliação das altas habilidades / superdotação (BAAH/S). Uma amostra composta por 125 estudantes, sendo 77 do sexo masculino e 48 do sexo feminino, do 6º ano (n=30), 7 ano (n=32), 8 ano (n=32) e 9 o ano (n=31) do ensino fundamental de uma escola pública do interior do Estado de São Paulo, com idades entre 12 e 17 anos (M=13,05 anos; DP=1,17) fez parte da pesquisa. Os participantes responderam ao Teste Não Verbal de Raciocínio Infantil (TNVRI) e aos Subtestes de Raciocínio da Bateria de Altas Habilidades / Superdotação (BAAH/S) (em processo de validação). Os resultados, a partir da correlação de Pearson, indicaram convergência entre as medidas visto que todos os subtestes da BAAH/S, assim como sua pontuação total, apresentaram correlações positivas e significativas com a pontuação total do TNVRI, bem como com o Fator 1 do referido instrumento. As correlações oscilaram entre r=0,358 e r=0,667 (p 0,01). Tais resultados tornam possível afirmar, na presente amostra, a existência de relação moderada entre os instrumentos em questão, de modo a confirmar as evidências de validade convergente do subteste em desenvolvimento. Palavras-chave: Evidências de validade, Altas Habilidades/Superdotação, Inteligência. Área do Conhecimento: Avaliação Psicológica Altas Habilidades 1. INTRODUÇÃO O alto desempenho em testes de inteligência sempre foi relacionado à superdotação, revelando a importância desse aspecto do fenômeno para seu estudo [1][2][3], notadamente como os estudos com WISC Wechsler Intelligence Scales for Children [4]. O fenômeno das altas habilidades, contudo, pode ocorrer junto a certas condições geradoras de vulnerabilidade. Para Hollingworth [5], Gross [6] e Alencar [7][8] as crianças com QI extremamente elevados (igual ou superior a 180) seriam as mais propensas a problemas sócio emocionais. Segundo Robinson e Clinkenbeard [9] a criança talentosa possui essas dificuldades quando suas necessidades não são percebidas ou reconhecidas, dessa forma o problema não seria inerente ao sujeito talentoso, mas ao contrário, a vulnerabilidade estaria justamente no não reconhecimento de suas necessidades. Conforme a lei N 9394/1996 [10], os alunos com altas habilidades devem ser tratados de modo inclusivo, principalmente a partir das especificações da Resolução N 2 de 2001 do CNE/CEB [11]. É dever ético do psicólogo a avaliação deste público potencialmente vulnerável tanto por suas características internas quanto por fatores situacionais, sendo de suma importância que esta avaliação seja realizada de forma precisa.. Conforme a Associação Americana de Pesquisa Educacional (AERA), a Associação A- mericana de Psicologia (APA) e o Conselho Nacional de Medição Educacional (NCME), citados por Rueda e Castro [12], a busca por evidências de validade em seus diversos tipos possuem extrema importância no processo de desenvolvimento dos testes psicológicos, principalmente se utilizados para fins diagnósticos, como é o caso da Bateria de Avaliação das Altas Habilidades/Superdotação (BAAH/S).

Por exemplo, em correlações positivas entre os escores e outras medidas que objetivam avaliar construtos semelhantes existe evidência de validade convergente. Conforme Nunes e Primi [13], a obtenção de resultados compatíveis com os esperados, ou seja, forte correlação positiva entre os escores de ambos os testes, indica que o teste estudado possui grau de especificidade adequado. Para tal análise foi escolhido o Teste Não Verbal de Raciocínio Infantil (TNVRI), que avalia a inteligência geral (ou inteligência fluída) na medida em que foi construído com base nas Matrizes Progressivas de Raven. O estudo da validade e precisão deste teste foi realizado com 994 crianças brasileiras, apresentando-se como medida bastante adequada para medir o raciocínio analógico, em forma concreta ou abstrata. O índice de consistência interna para o presente estudo foi de 0,91 [14]. 2. OBJETIVO O estudo objetiva buscar evidências de validade do tipo convergente para a Bateria de Avaliação das Altas Habilidades / Superdotação (BAAH/S), verificando a relação entre os resultados nos subtestes de raciocínio desta e os resultados no Teste Não Verbal de Raciocínio infantil (TNVRI). 3.. MÉTODO 3.1 Participantes Participaram deste estudo 125 adolescentes com idade entre 12 e 17 anos (M= 13,05; DP= 1,17), dos quais, 48 (38,4%) eram do sexo feminino e 77 (61,6%) do sexo masculino. Em relação à escolaridade, 30 adolescentes (24%) frequentavam o sexto ano, 32 (25,6%) estudavam o sétimo e o oitavo ano cada e 31 (24,8%) cursavam o nono ano do ensino fundamental. 3.2 Instrumentos 3.2.1. Bateria de Avaliação das Altas Habilidades / Superdotação O instrumento elaborado por Nakano e Primi (2012) é composto por subtestes que envolvem a avaliação dos construtos inteligência e criatividade (nas formas figurativa e verbal) na parte a ser respondida pelos alunos e uma escala de avaliação do professor. No estudo atual, somente os subtestes relativos à avaliação do raciocínio foram utilizados. Os itens relativos à avaliação da inteligência incluem vários tipos de raciocínio (verbal, abstrato, numérico e lógico). As questões incluem a seleção de uma alternativa correta dentre as cinco oferecidas, no caso dos dois primeiros subtestes e a escrita da sua resposta (nos subtestes posteriores). A construção dos itens foi baseada no formato e tipo de itens já existentes em um instrumento em uso e aprovado pelo CFP (Bateria de Provas de Raciocínio BPR-5, Almeida & Primi, 2000), bem como sua versão infantil (Bateria de Provas de Raciocínio Infantil BPRi, Primi & Almeida, não publicada), já validada para uso no Brasil. Diversos estudos já foram conduzidos com a bateria, visando a busca por evidências de validade. Como exemplo pode-se citar a investigação da sua estrutura fatorial (Ribeiro, Nakano & Primi, 2014) e adequação de seus itens (Nakano et al., no prelo) Teste Não Verbal de Raciocínio Infantil (TNVRI) (Pasquali, 2005) Avalia a inteligência geral (ou inteligência fluída) na medida em que foi construído com base nas Matrizes Progressivas de Raven. Possui 58 itens divididos em cinco séries com níveis de dificuldade crescentes. A tarefa do examinando consiste em encontrar o pedaço que está faltando em cada um dos desenhos apresentados (representando silhuetas de objetos ou desenhos abstratos). O estudo da validade e precisão deste teste foi realizado com 994 crianças brasileiras, apresentando-se como adequado para medir o raciocínio analógico, em forma concreta ou abstrata. O índice de consistência interna para o presente estudo foi de 0,91. 3.3 Procedimentos Este projeto encontra-se aprovado para execução sob número 630/11 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-Campinas. Assim, foi feito contato com a escola de Ensino Fundamental e Médio a fim de que um cronograma de aplicação do instrumento pudesse ser organizado junto à direção e professores, sem que atrapalhasse o andamento das atividades acadêmicas regulares. As salas de aula foram escolhidas por conveniência, por meio da indicação do diretor, sendo enviado aos pais dos alunos o termo de consentimento livre e esclarecido. Aqueles que concordaram em participar, responderam aos instrumentos de forma coletiva em sala de aula, em uma única sessão de aplicação, com duração aproximada de 1 hora e 30 minutos, iniciando-se pelo TNVRI e posteriormente respondendo à BAAH/S. Após a aplicação, os testes foram corrigidos e digitados em um banco de dados, o qual foi utilizado para a condução das análises com o objetivo de verificar a

relação entre a pontuação nos dois instrumentos. Considerando o objetivo proposto, para este estudo foram realizadas analises através da estatística descritiva e análise multivariada da variância, com o objetivo de analisar possíveis influencias das variáveis sexo, idade e escolaridade e a interação entre elas no desempenho dos testes. A correlação de Pearson também foi empregada visando-se a busca por evidências de validade convergente entre os subtestes que avaliam inteligência na BAAH/S e o TNVRI. 4. RESULTADOS Inicialmente a estatística descritiva foi estimada para cada uma das medidas (Fator 1 e Fator 2, assim como pontuação total no TNVRI e pontuações nos subtestes de racicínio, assim como o total na BAAH/S), divididos por sexo e série do participante. Os resultados estão disponibilizados na Tabela 1. outro instrumento, nota-se, de modo geral, desempenho que aumenta de acordo com o ano escolar. Considerando as aparentes diferenças de medias, a análise multivariada da variância foi utilizada visando-se identificar a influência das variáveis sexo, série e idade e suas interações no desempenho dos participantes. Os resultados mostraram que que não foi encontrada influência significativa das variáveis sexo, série e idade, assim como suas interações, em nenhuma das pontuações do TNVRI, considerandose tanto os fatores avaliados quanto sua pontuação total. O mesmo tipo de análise foi realizada para as medidas da BAAH/S, cujos resultados são fornecidos na Tabela 3. Os dados mostram que, assim como ocorreu em relação ao teste TNVRI, novamente não houve influência significativa das variáveis investigadas e nem de suas interações nas medidas da bateria. A única exceção ocorreu no subteste de raciocínio lógico, o qual mostrou-se influenciado pela variável série (F=3,766; p 0,013). Por fim, a Tabela 2 traz os dados de correlação das medidas do BAAH/S e TNVRI, com o objetivo de confirmar a validade convergente do instrumento em desenvolvimento com outro que possui evidências de validade para avaliação da inteligência. A partir da Tabela pode-se observar, em relação ao TNVRI, que o sexo feminino apresentou media mais alta que o masculino somente no fator 2. Alunos do 8 o ano destacaram-se nas pontuações do fator 1 e os do 9 o ano no fator 2 e pontuação total. Nota-se, de um modo geral, aumento das pontuações conforme o crescimento das séries, com algumas exceções. Em relação à BAAH/S, o sexo feminino destacou-se nas medidas de raciocínio verbal e lógico, ao passo que o masculino nas demais (raciocínio abstrato, numérico e pontuação total). Considerando-se os anos escolares, o 8 o ano obtém destaque em todas as medidas (com exceção do RN, melhor pontuado pelos alunos do 6 o ano). Do mesmo modo que no De acordo com a análise realizada foi possível verificar correlações significativas oscilando entre 0,358 e 0,667. Tomando-se o resultado total em ambos os instrumentos, o valor da correlação entre as medidas mostrou-se de acordo com o esperado para esse tipo de estudo, de busca por evidências de validade convergente (r=0,646; p 0,01). Os resultados também apontaram para correlações significativas entre todos os subtestes da BAAH/S, inclusive seu total, com o Fator 1 e total do TNVRI. Em situação oposta, nenhuma das medidas do teste em processo de construção correlacionou-se signifi-

cativamente com o Fator 2 do teste tomado como critério. 5. DISCUSSÃO A partir das informações extraídas nesta análise, verificou-se que o presente estudo, o qual investigou evidências de validade convergente das medidas de inteligência, apresentou correlações estatisticamente significativas e compatíveis outro instrumento que avalia o mesmo construto, confirmando que possui convergência e grau de especificidade adequado, podendo-se afirmar a validade dos subtestes de raciocínio da bateria em estudo [15]. Importante destacar que, correlações positivas e significativas entre os instrumentos eram esperadas visto que ambos encontram-se embasados em uma teoria que considera uma capacidade intelectual geral, chamada de fator "g" [16], mas também a existência de tipos diferentes de inteligência: fluida e cristalizada. O primeiro tipo seria compreendido como a capacidade do individuo de realizar operações mentais frente a uma tarefa nova e que não podem ser executadas automaticamente, associada a componentes pouco dependentes de conhecimento prévio e influência cultural, dependendo muito mais de fatores biológicos e genéticos [17]. Por outro lado, o segundo seria desenvolvido a partir de experiências culturais e educacionais, presente na maioria das atividades escolares [17]. Outra discussão importante refere-se à ausência de influência das variáveis sexo, série e idade no desempenho cognitivo. Diferentemente do que usualmente é encontrado na literatura científica, a ausência de diferenças devido à série (com exceção da prova de raciocínio lógico), merecem ser melhor investigadas, visto que, Almeida, Lemos, Guisande e Primi [17], por exemplo, afirmaram que vários autores referem um impacto diferencial da escolarização nas diferentes aptidões cognitivas. Do mesmo modo diversos outros estudos [21][22][23][24] verificaram impacto da série educacional no desenvolvimento das habilidades intelectuais. Em relação à também ausência da influência da variável sexo no desempenho cognitivo, salienta-se que a diferença de desempenho nesse construto, de acordo com o sexo, ainda tem se mostrado uma questão bastante polêmica. Enquanto autores defendem a ideia de que diferenças entre homens e mulheres são esperadas em algumas das habilidades intelectuais, mas não nos resultados totais em inteligência [23], outros estudos apontam para a inexistência dessa diferença [21]. Do mesmo modo, resultados opostos também são relatados, com melhor desempenho do sexo masculino em tarefas de vocabulário e inteligência cristalizada [26]. De acordo com os resultados encontrados, nenhuma diferença foi constatada. 6. CONCLUSÃO Os resultados provenientes do estudo aqui apresentado apontam para a existência de evidências de validade favorável ao instrumento em processo de investigação de suas qualidades psicométricas. Sua importância ampara-se na constatação da inexistência de instrumentos adequados e especificos a população de superdotados para a população brasileira, uma vez que a utilização criteriosa de ferramentas psicométricas, no âmbito de um procedimento exploratório abrangente, pode trazer contribuições relevantes não somente para o avanço da discussão acerca da organização cognitiva das altas habilidades em crianças, mas também para o refinamento do uso de tais ferramentas (Hazin et al.,2009, p.255). AGRADECIMENTOS Agradecimentos ao CNPq pelo apoio recebido., à minha orientadora Tatiana de Cássia Nakano, tanto pela oportunidade quanto pelos ensinamentos e paciência. e à Carolina Campos, pela ajuda na análise dos dados. REFERÊNCIAS [1] Gardner, H. (1983). Frames of mind. New York: Basic Books. [2] Renzulli, J. S. (2008). La educación del sobredotado y el desarrollo del talento para todos. In Revista de psicologia (Lima), vol.26, no.1, p.25-44. 2008 [3] Sternberg, R. J. (2005). The WICS model of giftdness. In Sternberg, R. J & Davidson, J. E (Eds) Conceptions of Giftdeness. 2 edição. (pp. 243-327). New York: Cambridge University Press. [4] Hazin, I.; Lautert, S.L.; Falcão, J.T.R.; Garcia, D.; Gomes, E.; Borges, M. (2009). Contribuições do WISC-III para a compreensão do perfil cognitivo de crianças com altas habilidades. In Avaliação psicológica, vol.8, no.2, p.255-265. [5] Hollingworth, L. (1942). Children above 180 IQ: origin and development. New York: World Books. [6] Gross, M. U. M. (2002). Social and emotional issues for exceptionally intellectually gifted students. In: M. Neihart, S.M. Reis, N.M. Robinson, & S.M.

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