Hoje a floricultura é um dos principais segmentos do agronegócio no Brasil. A qualidade das flores, a crescente competitividade e o crescimento do segmento são percebidos quando observa-se que muitos estados do país passaram a ter uma produção significativa de flores nos últimos anos. Crescimento do mercado interno para as flores e plantas ornamentais, em 2012: Mercado interno 12 8 4 10% 12% Este crescimento aponta a expansão da floricultura brasileira, que em 2012 direcionava 98% da produção para mercado interno, segundo publicação da Revista AgroBrasil. 0 EM OFERTA EM VALOR COMERCIALIZADO Considerando que a economia brasileira, em 2012, apresentou crescimento de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas da área, Antônio Hélio Junqueira e Marcia Peetz, comentaram que este foi um excelente resultado. Fatores que contribuíram para ascensão do consumo interno Melhoria das condições socioeconômicas da população; Firme entrada e expansão da distribuição das flores no canal supermercadista; Vendas por impulsos e a capilaridade do mercado; Melhorias na infraestrutura comercial; Forte crescimento das indústrias imobiliárias e da construção civil. FONTE: HÓRTICA CONSULTORIA E INTELIGÊNCIA DE MERCADO FONTE: REVISTA AGROBRASIL (2012)
Mercado externo Enquanto o cenário do mercado interno tem apresentado resultados e perspectivas positivas, o mercado externo da floricultura brasileira, representado pelos níveis de exportações, apresenta-se estagnado, com grande necessidade de impulsos, que alavanquem o comércio internacional. A partir da crise econômica internacional em 2009, a exportação das flores brasileiras seguiu uma tendência decrescente, levando os embarques a se manterem pouco expressivos até recentemente (2012). US$ 35,5 mi foi o valor recorde de exportação que aconteceu entre 2000 e 2008. US$ 28 mi foi a redução do valor de exportações anuais no segmento A redução das exportações a partir de 2009 deu-se pela queda da demanda nos principais importadores da Europa, Estados Unidos e Japão, por consequência da crise econômica mundial. FONTE: HÓRTICA CONSULTORIA E INTELIGÊNCIA DE MERCADO Entretanto, o grande potencial do mercado interno, em franco crescimento, foi capaz de minimizar os efeitos da crise internacional, eliminando reflexos negativos no desempenho da floricultura nacional, que segundo a AgroBrasil, considerou um bom desempenho Copa do Mundo da FIFA 2014 A realização dos megaeventos, como a Copa do Mundo da FIFA 2014, intensificará ainda mais os fatores citados anteriormente, responsáveis pelo aumento do consumo interno. A criação e renovação de estruturas consumidoras de material florístico como hotéis, aparts, estádios, praças públicas, dentre outros, promoverão demandas durante e após o evento e, neste sentido, o segmento poderá se beneficiar em longo prazo.
O mercado floricultor no Brasil O clima e o solo brasileiros proporcionam condições favoráveis para o cultivo de flores, tanto de clima temperado, quanto de clima tropical, o que tem expandido a área cultivada Caracterização do setor de floricultura no Brasil em 2012 Número de produtores de flores e renda per capita, por estados com cidade-sede na Copa do Mundo da FIFA 2014 Segundo dados publicados em janeiro de 2013, pela Ibraflor, a fotografia do segmento de flores apresenta crescimento em vários aspectos importantes e os números recentes (2012) podem ser observados abaixo: Item Valores 2012 Número de produtores 7.600 Área de produção (ha) 11.800 Funcionários (ha) 8 Número de espécies produzidas + de 350 Número de variedades + de 3000 Número de centrais de atacado + de 60 Número de empresas atacadistas 600 Pontos de venda no varejo 22.000 Número de feiras e exposições + de 30 Consumo per capita (R$/hab) 23,00 Consumo per capita Atualmente é de R$ 23,00 por habitante/ano, sendo que o mesmo consumo no ano anterior foi de R$ 14,00, o que demonstra um aumento de 64% do consumo per capita brasileiro. Este fato, sem dúvida, colabora com a crescente observada no mercado interno. Foram destacados os 12 estados que possuirão cidade-sede na Copa do Mundo da FIFA 2014 e seus respectivos números de produtores e consumo per capita, segundo a Ibraflor (2012). 8,04 95 39,62 126 AC AM RO RR Distrito Federal O consumo per capita do Distrito Federal é o maior observado, mas a expressividade do estado em termos de produção é baixa, o que aponta para o escoamento de centros produtores, como São Paulo, em direção a centros com menores patamares de produção. MT 24,99 247 MS PA AP 14,86 63 RS PR SC 33,14 1.519 GO SP TO DF MA MG PI 23,23 564 BA RJ 39,25 2.224 Consumo per capita Número de produtores CE ES PE RN 15,21 187 PB AL SE 13,72 29,14 683 200 7,48 126 11,47 231 NOTA-SE QUE OS ESTADOS COM MAIOR NÚMERO DE PRODUTORES SÃO: SÃO PAULO, RIO GRANDE DO SUL, RIO DE JANEIRO E MINAS GERAIS. TODOS OS ESTADOS SEGUEM MESMA TENDÊNCIA, EM QUE OS MAIORES PRODUTO- RES SÃO OS MAIORES CONSUMIDORES, COM EXCEÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. FONTE: IBRAFLOR, 2012.
Nicho de mercado Segundo o Sebrae, 80% das espécies produzidas no país são tropicais, o que denota um possível nicho de mercado, com elevado potencial de crescimento, visto as barreiras produtivas que outros países teriam para a produção de flores tropicais. Ocorreram mudanças no segmento de distribuição, com o aumento de 50% do número de centrais de atacado e redução de 21% dos pontos de venda no varejo. O que se traduz em mudanças na estrutura de comercialização de flores, que provavelmente está associado com mudanças no hábito do consumidor. Um exemplo deste fato é o grande direcionamento do consumidor para rede supermercadista em detrimento de lojas especializadas apenas em floricultura, expondo ainda mais o efeito das vendas por impulso. FONTE: IBRAFLOR (INFORMAÇÕES DE 2012, PUBLICADAS EM 2013) Logística Sabendo do crescimento do mercado interno brasileiro e do evento que ocorrerá em 2014, fica nítida a necessidade de organização do segmento, no sentido de estabelecer canais de escoamento eficientes, os quais devem considerar armazenamento, transporte, tributação, distribuição e comercialização. Juntamente a esta preocupação, o Distrito Federal deve atuar de maneira intensa, no sentido de estimular ainda mais o segmento a aproveitar as oportunidades expressas por esta lacuna entre produção e consumo interno existente. Certamente, grande parte das flores comercializadas em Brasília é oriunda de outros estados e isso indica claramente a oportunidade do segmento dentro do estado, em termos de competitividade pelo preço do produto. 58% dos empresários do segmento de flores são de pequeno porte, e, portanto, isso demonstra que a organização dos mesmos é um início importante para coordenar as movimentações de alavancagem do segmento. FONTE: CADERNO DE CONHECIMENTO DO AGRONEGÓCIO DO SEBRAE União de forças Esta organização pode se dar através de associações e cooperativas, que vislumbrem para o produtor benefícios produtivos e fiscais, a fim de estruturar melhor a cadeia. Como exemplo disso, a Ibraflor considerou vários aspectos como principais avanços do segmento nos últimos 10 anos, dentre os quais estão: Elaboração de uma agenda estratégica até 2015; Alinhamento das ações entre Câmara Setorial Federal e Ibraflor; Representatividade junto ao governo, através das Câmaras Setoriais; Maior acesso às linhas de crédito para custeio e investimento, com menor custo e maior prazo; Maior intercâmbio com exterior (viagens).
Possíveis ameaças Mesmo tendo em vista essas oportunidades de negócio durante o megaevento, muitos aspectos negativos, considerados ameaças ao deslanche do setor, foram recentemente pontuados. Dentre estes o Ibraflor apontou os seguintes: Dificuldade de acesso do consumidor aos produtos; Falta de acesso do produtor às novas espécies; Legislação (fitossanitária / comercial / tributária / produtiva) ultrapassada, ineficiente e onerosa, de interpretação dúbia e com alto grau de risco; Poucas ações de marketing com continuidade; Falta de mão de obra especializada; Alto índice de informalidade; Ausência de informações do segmento; Falta de padronização para alguns produtos, principalmente na área de paisagismo; Baixo uso de técnicas de pós-colheita; Falta de capacitação técnica / administrativa / informática dos integrantes da cadeia; Transporte e acondicionamento deficitários. Os pontos destacados anteriormente são de extrema importância e podem impedir que a cadeia desfrute de crescimentos significativos durante o evento. Ao se imaginar problemas de transporte e acondicionamento deficitário aliados ao baixo uso de técnicas pós-colheita é de se esperar problemas graves na qualidade do material escoado entre São Paulo e o Distrito Federal, como discutido anteriormente, por exemplo. A ausência de estratégias de marketing que vislumbrem o incentivo ao consumo, poderão subutilizar o potencial financeiro corrente durante o evento. Estas ameaças devem ser observadas em conjunto pelos empresários, para que possam discutir com órgãos governamentais assuntos como a informalidade, no intuito de aumentar a fiscalização sobre a legislação, uma vez que o sucesso do segmento depende destas ações
AÇÕES RECOMENDADAS Eventos Certamente o Mundial absorverá grande quantidade material florísticos, para uso em eventos, cerimônias públicas, premiações, etc. Portanto não restam dúvidas que estes eventos voltados ao Mundial serão as maiores oportunidades para o segmento no período do Mundial. Os empreendedores devem buscar agências de eventos do setor de turismo para oferecerem seus produtos e serviços ou firmarem parcerias. Outra oportunidade do segmento, será o legado para o pós-mundial, os novos empreendimentos imobiliários construídos para atender a Copa do Mundo da FIFA 2014 que contratarem serviços de paisagismo, certamente manterão os contratos para manutenção de seus materiais florísticos. Bem como a crescente oferta de leitos que será mantida após o Mundial e também necessitará de constante reposição do material. Portanto o empresário que garantir clientela para esses empreendimentos possivelmente garantirá faturamento pós-evento. Busque as construtoras e os hotéis em ampliação, estes poderão ser clientes em potencial. Capacitação O empresário deve ficar atento a cursos de capacitação e buscar mão de obra especializada em aspectos técnicos da produção, econômicos, comerciais, de marketing e estratégias de crescimento. Fator ambiental Os empresários da floricultura brasileira devem utilizar do caráter tropical do país e aproveitar o crescente mercado das flores tropicais para atrair possíveis investimentos e novos negócios no segmento, como uma tentativa de ampliar o mercado internacional, que apesar de atualmente não ser o foco da demanda e consequentemente ampliar o segmento como um todo. Marketing Como verificado, as poucas ações de marketing são uma ameaça para o setor. Cabe aos empreendedores trabalharem em cooperação, contratando empresas de publicidade e propaganda que desenvolvam projetos para incentivar o consumo de flores. Para impulsionar o interesse de empresários investidores pelo produto, pode-se optar por um marketing rural que mostre para o investidor os benefícios sociais ocasionados por esta atividade agrícola, como, por exemplo, a geração de emprego e fixação do homem no campo, bem como a divulgação dos nomes e origem das espécies brasileiras. Canais de distribuição O canal supermercadista está entre o mais importante para o desenvolvimento recente do segmento. É de grande importância que o pequeno negócio visite supermercados e avalie se este possui ou não um espaço voltado a este produto e oferecer os seus. Parcerias com empresas de distribuição (fornecedores de serviços), que possuam veículos com sistema de resfriamento para garantir a distribuição, ou até um investimento em algum meio de transporte para as mercadorias são pontos interessantes, pois no transporte encontra-se a maior ameaça do segmento. SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões Diretor-Presidente: Luiz Barretto Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos Fotos: banco de imagens UAMSF Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros UAGRO Unidade de Atendimento Coletivo Agronegócios Ênio Queijada de Souza Conteúdo: João Dórea, Maiana Rolim e Maria Carolina Pinto