Relatório do IX Encontro Nacional da 3ª CCR O IX Encontro Nacional da 3ª Câmara, que ocorreu no período de 01 a 03 de outubro de 2008, foi planejado visando estimular o intercâmbio entre membros do Ministério Público oficiantes em todo o território nacional nas matérias de atribuição da 3ª Câmara. No Encontro Nacional realizado em 2008 o tema principal foi O Interesse Público e a Propriedade Industrial. Outro tema abordado foi: A Credibilidade da prova nas infrações contra o Mercado de Capitais. Compuseram a mesa de abertura do IX Encontro Nacional da 3ª CCR, o Procurador Geral da República, Dr. Antônio Fernando de Souza, os Subprocuradores-gerais da República e membros titulares da 3ª CCR, Dr. João Francisco Sobrinho e Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas, o Diretor-geral da Escola Superior do MPU, Dr. Rodrigo Janot, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Dr. Luiz Fux, além do Subprocurador-geral e Coordenador da 3ª CCR, Dr. Aurélio Virgílio Veiga Rios. O Procurador Geral da República, Dr. Antônio Fernando de Souza, abriu o encontro destacando a importância das Câmaras de Coordenação e Revisão, na medida em que estas promovem a troca de informações, de experiências e de conhecimentos, que serão utilizados tanto no trabalho de coordenação quanto no aprimoramento desse trabalho. O Procurador-Geral destacou a atuação da 3ª CCR diante dos temas complexos, priorizado a solução extrajudicial dos conflitos. Essa solução tem se revelado muito mais proveitosa e efetiva do que a busca da tutela jurisdicional. As questões são complexas. Por isso, se não fossem o diálogo, a explicação dos peritos e a discussão entre técnicos, o processo de solução seria muito mais demorado, concluiu. Dr. Antonio Fernando destacou, ainda, que a 3ª CCR enfrenta temas de extrema dificuldade, seja na vida dos consumidores, seja na própria ordem econômica. Exemplificou a atuação da 3ª na solução dos conflitos envolvendo as tarifas telefônicas, tarifas de energia, as licitações de pedágio e a fixação das tarifas bancárias. Por último, ressaltou a importância do Encontro na troca de informações, além da presença dos integrantes dos órgãos presentes, como do Procurador-Geral da Comissão de Valores Mobiliários, Dr. Alexandre Pinheiro e do Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Dr. Luiz Fux. Em seguida, foram convidados a comporem a mesa, o Procurador-Geral da Comissão de Valores Mobiliários, Dr. Alexandre Pinheiro e o Procurador da República, Dr. Antônio Cabral que trataram do tema A Credibilidade da prova nas infrações contra o Mercado de Capitais. Dando continuidade ao evento, os Grupos de Trabalho - GT da 3ª CCR de fizeram uma breve apresentação dos trabalhos realizados pelos grupos ao longo do ano de 2008, assim como as metas propostas para 2009. O primeiro GT a se apresentar foi o GT Mercado de Capitais. Em seguida, o GT Plano de Saúde expôs as atividades desenvolvidas pelo grupo em 2008.
Do GT Plano de Saúde Composição: Coordenador: Fernando de Almeida Martins (PR/MG); Maria Iraneide O. Facchini (PRR 3ª Região); Alexandre Amaral Gavronski (PR/SP); Fabiano de Moraes (PRM/Caxias do Sul/RS). Objetivos do Grupo: Atuar diretamente junto à ANS e ao CFM para tentar viabilizar de forma nacional, uniforme e extrajudicial (por intermédio de TAC e Recomendações) a correção de infrações de responsabilidade desses órgãos; Elaborar um Manual Referencial de atuação do Ministério Público Federal em questões relativas a planos de saúde; Rever critérios de reajustamento de contratos e analisar a existência de cláusulas abusivas em contratos novos; Examinar questões relativas à migração e adaptação dos planos antigos para novos; Detectar problemas tais como a falta de cobertura prevista em lei ou a existência de obstáculos indevidos para utilização da cobertura; Examinar questões relativas à ordem econômica no setor de saúde suplementar, tais como cláusulas de unimilitância (ou de exclusividade), domínio de mercado e outras; Acompanhar a forma de implementação da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos) pelos Conselhos Federal e Regionais de Medicina; Acompanhar regulamentação da portabilidade de carência; Combater planos que funcionam sem autorização da ANS, bem como os falsos planos coletivos, além de acompanhar regulamentação dos planos coletivos. Atividades desenvolvidas no ano de 2008: O GT realizou reuniões periódicas com a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS para tratar da regulamentação dos planos de saúde a partir de 1998, já que os planos mais antigos estão sendo tratados judicialmente na esfera estadual. Foram realizadas três reuniões com a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS no ano de 2008. A primeira reunião, realizada em março, teve por objeto a discussão dos seguintes temas: 1) Programa de Promoção e Prevenção de Doenças; 2) Problemas ligados aos falsos contratos coletivos e pequenos contratos coletivos; 3) Troca de informações de saúde; 4) Novo rol procedimentos e eventos em saúde. A discussão e análise da nova regulamentação, pela ANS, do rol de procedimentos e eventos de saúde foi o tema da segunda reunião do GT em 2008. Em abril de 2008, entrou em vigor o novo rol de procedimentos, que incluiu mais de 100 procedimentos, diretrizes de utilização e novos profissionais, como por exemplo:
psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, etc. Foram incluídas, também, novas tecnologias: hemodiálise, fenotipagem de HIV. Além disso, as nomenclaturas foram adequadas à da tabela CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada dos Procedimentos Médicos). A intervenção do GT se dá no sentido de acompanhar o efetivo acesso por parte dos usuários aos novos procedimentos. Na terceira reunião do GT com a ANS, os seguintes temas foram tratados: 1) Programa de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças; 2) Novo Rol de Procedimentos. O GT comemorou a publicação da Resolução Normativa nº 175 da ANS, que acrescenta uma condição para concessão de autorização de funcionamento às operadoras de planos de assistência à saúde com registro provisório e às pessoas jurídicas de direito privado que pretenderem atuar no mercado de saúde suplementar. Com essa resolução, as operadoras organizadas sob a forma de sociedade cooperativa passam a ser obrigadas a inserir em seu ato constitutivo a seguinte cláusula: "Nenhum dispositivo deste Estatuto deverá ser interpretado no sentido de impedir os profissionais cooperados de se credenciarem ou referenciarem a outras operadoras de planos de saúde ou seguradoras especializadas em saúde, que atuam regularmente no mercado de saúde suplementar, bem como deverá ser considerado nulo de pleno direito qualquer dispositivo estatutário que possua cláusula de exclusividade ou de restrição à atividade profissional." Tal entendimento tem sido amplamente confirmado pelo Poder Judiciário, destacando-se recente decisão do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial nº 768118/SC, que decidiu pela ilegalidade da cláusula na medida em que a exclusividade cerceia o acesso aos médicos profissionais vinculados à cooperativa. Principais metas Para o próximo ano, o GT tem como meta: a) planos coletivos e falsos coletivos; b) defesa da concorrência: abuso de domínio de mercado; c) rol de procedimentos: periodicidade de alteração; d) promoção à saúde; Apresentação GT Energia Atividades em andamento: 1) juros sobre capital próprio; 2) risco Brasil; 3) CCC - Acórdão TCU AC 556/2005 e AC 923/2008; 4) perdas de energia;
5) abuso do poder econômico (compras de coligadas); 6) controle extração de petróleo; 7) reforços e ampliação de redes; 8) energia fornecida para Argentina; 9) tarifa social (baixa renda); 10) Resolução ANEEL nº 456 Metas para 2009 GT Energia 1) solução extrajudicial dos conflitos; 2) manter e ampliar integração do GT junto aos órgãos reguladores; 3) perdas de energia ( técnica, não técnica, inadimplência); 4) baixa renda; 5) base de remuneração; 6) licenciamento de grandes empreendimentos estudos ambientais. Metas para 2009 - GT Transporte 1) acompanhar e exigir o cumprimento do cronograma das licitações do transporte público interestadual de passageiros; 2) cobrar e acompanhar revisão tarifária do transporte de passageiros pela ANTT; 3) acompanhar a 3ª rodada de licitações das concessões das rodovias federais pedágio; 4) cumprimento do Estatuto do Idoso; 5) transporte aéreo. Metas para 2009 GT Mercados de Capitais 1) contencioso administrativo da CVM e Bacen; 2) propriedade industrial aproximação com o INPI; 3) licenciamento compulsório caso concreto em Santa Catarina empresa Agren; 4) aproximação com a ANVISA, visando preservar o interesse público nas ações judiciais que contestam as decisões tomadas pelo INPI, em especial aquelas relacionadas com o pipeline e pedidos de extensões de patentes. Metas para 2009 GT Serviços Bancários 1) PAR Programa de Arrendamento Residencial: cobrança de altas taxas de
condomínio e as falhas de construção em imóveis financiados e arrendados pela Caixa. GT vai encaminhar à Escola Superior do Ministério Público da União um projeto de curso sobre o PAR a ser realizado no ano que vem em parceria com a CEF. O curso vai ajudar os membros do MPF a compreenderem a complexidade e especificidade dos problemas de cada região; 2) Tarifas bancárias: o GT focará a ilegalidade da cobrança da taxa de comissão de permanência concomitantemente com a cobrança de multa e juros de mora, pois, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, só haverá cobrança da comissão de permanência se não for cumulativa com juros remuneratórios, moratórios, correção monetária e multa contratual; 3) Taxa de cadastro; 4) Portabilidade das contas bancárias; 5) Seguro para o Sistema de Habitação. Sugestões dos membros: 1) seguro predial; 2) mercado de seguros resseguro; 3) sigilo bancário; 4) segurança eletrônica dos dados 5) operação de câmbio 6) Estatuto do Idoso prioridade no atendimento. Metas para 2009 GT Telefonia 1) alterações do PGR e PGO; 2) serviço de comunicação multimídia: internet e serviço comutado; 3) convergência digital; 4) acesso à banda larga 5) portabilidade numérica; 6) separação funcional: telefonia fixa e SCM (dados e banda larga); 7) assinatura básica; 8) monopólio da telefonia fixa. GT Transgênicos Relacionamento com a ANVISA toxicidade dos alimentos Propostas de metas para a 3ª CCR em 2009
1) formação do Curso Negociação de Conflitos junto a Escola Superior do Ministério Público Federal. O Dr. Alexandre ficou responsável pela elaboração do projeto de curso que será apresentado à Escola; 2) proposta de elaboração de indicadores que pudessem medir a efetividade do trabalho desenvolvido pelos GT's e membros que atuam na defesa do consumidor e ordem econômica; 3) criar rotina para cobrança do cumprimento de TAC/Recomendações celebrados com o Ministério Público Federal; 4) proposta de divulgação de pareceres, ações propostas, jurisprudência no site da Câmara, de forma que membros tenham conhecimento dos trabalhos desenvolvidos e posição do Ministério Público Federal com relação a determinado assunto; 5) promover meios que tornem a informação pública, de forma que a sociedade civil possa participar e fiscalizar o trabalho desenvolvido pelos membros que atuam na área da defesa do consumidor e ordem econômica; 6) O Dr. Lafayete propôs a criação do GT Defesa da Concorrência. A idéia é consolidar a lei nº 8.884, criar o Sistema da Concorrência com atuação preventiva. Os participantes ficaram de analisar a proposta e enviar sugestões à Câmara; 7) O Dr. Márcio Barra Lima sugeriu a criação do GT Resseguros com atuação junto ao Instituto de Resseguro do Brasil IRB, além de focar a questão do DPVAT seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores em via terrestre. 8) todos os presentes assumiram o compromisso de enviar à 3ª CCR sugestões de cursos e propostas de atuação para os GT's em 2009. Painel II: O Interesse Público e a Propriedade Industrial Fátima Nancy Andrighi Ministra do STJ Paula Forgioni Professora de Direito da USP e a FGV Mauro Maia: Procurador Geral do INPI