ADOLESCENTE AUTOR DE ATO INFRACIONAL E VIOLAÇÃO DE DIREITOS: AFINAL QUAL CIDADANIA?



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Transcrição:

ADOLESCENTE AUTOR DE ATO INFRACIONAL E VIOLAÇÃO DE DIREITOS: AFINAL QUAL CIDADANIA? Andréa Márcia Santiago Lohmeyer Fuchs 1 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trouxe no campo do atendimento, da promoção e da defesa dos direitos da criança e do adolescente um conjunto de mudanças de conteúdo, método e gestão. Este conjunto de mudanças definidas no novo marco legal dentro do princípio da doutrina da proteção integral, construído democraticamente no chamado Estado de direito, surge em contraposição à doutrina da situação irregular que trazia no seu bojo práticas autoritárias, assistencialistas de construção de políticas direcionadas para a infância e juventude. Entretanto, para que estes direitos sejam materializados é necessário implantar e implementar políticas, programas, projetos e serviços que os tornem efetivos. Em se tratando de adolescentes autores de atos infracionais, na mudança de paradigma (conteúdo, método e gestão) está também implícita a necessidade de um reordenamento institucional. No campo dos direitos legalmente constituído, os avanços são significativos, porém entre estes e o direito real existe um grande hiato. O presente trabalho mostra o resultado de pesquisa quantitativa e qualitativa que buscou compreender porque, passados quase 15 anos de implantação da Doutrina da Proteção Integral (ECA), os direitos dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa garantidos no texto constitucional não se efetivaram como cidadania emancipada. 1) Caminho teórico-medodológica da pesquisa 1.1. O objetivo central: Analisar a contradição entre o direito (legal), garantido nas Cartas Constitucional de 1988 e Infraconstitucional (Lei 8069/90), e o direito (real), vivido pelos adolescentes que 1 Assistente Social formada pela PUC/MG em 1995. Mestre em Políticas Sociais pela UnB em 2004. Doutoranda pela UnB em 2005. Endereço eletrônico: andréa.lohmeyer@terra.com.br. Endereço residencial: SQN 307, Bloco E apto 202 Asa Norte Brasília/DF 70745-050. telefone: 61-34475379 e 99564976 1

cumprem medida socioeducativa de semiliberdade, buscando a razão por que esses direitos efetivamente não se concretizaram no âmbito das práticas sociais. 1.2. Hipóteses: A contradição existente no âmbito das práticas sociais entre o direito legal e o direito real vivido pelo adolescente em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade compromete significativamente a garantia de seus direitos, mantendo-o na categoria de nãocidadão. As mudanças de paradigma propostas pela doutrina da proteção integral em relação a conteúdo, método e gestão não aconteceram efetivamente porque as práticas sociais ainda se fundamentam, em muito, no princípio da doutrina da situação irregular. 1.3. Categorias centrais: Política social, Estado e sociedade, cidadania, direitos sociais, adolescente autor de ato infracional e medida socioeducativa. 1.4. Mediação teórico-metodológica: Metodologia qualitativa e mais especificamente da Hermenêutica de Profundidade (HP). 1.5. Unidade de análise empírica: A medida socioeducativa de semiliberdade, ainda pouco investigada, o que acaba por provocar limites na intervenção prática. 1.6. Estudo comparativo: Entre as cinco unidades de execução de semiliberdade no Distrito Federal. 1.7. Procedimento de coleta de dados Trabalhamos com dados qualitativos e quantitativos; fontes primárias e fontes secundárias. Fez parte da amostragem 19 atores sociais (governamentais e nãogovernamentais). Nas fontes primárias foi desenvolvida uma pesquisa nacional dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade identificando perfil dos adolescentes e desenho institucional da execução dessa medida socioeducativa. 2

2. Principais achados da pesquisa 2.1.Caracterização dos adolescentes em semiliberdade: análise quantitativa No BRASIL existem: População de adolescentes entre 12-18 anos: 25.001.051 (IBGE, 2004) 39.578 (0,2%) adolescentes no SSE (No DF são 1.423 (0,5%)) (SEDH, 2004); ]1.260 em cumprimento de MSE de semiliberdade (DF são 90) (Fuchs, 2004); São 76 unidades de semiliberdade (exceto RO, TO, MT, ES) Gênero masculino: 96,6% e feminino: 3,6%; 62,4% são afrodescentes; 68,5% possuem entre 15 e 17 anos; 59% não freqüentavam a escola e possuíam uma distorção série idade de 83,4%; 86,4% possuíam vinculo familiar (viviam com a família); 5% vivem como famílias s/renda e 39,6% RPCF < ¼ SM (no DF 40%); 75,7% não trabalhavam antes da medida e 6% não trabalhavam no período de cumprimento da medida de semiliberdade; 51% não possuíam passagens anteriores pela Vara da Infância e Juventude; 70% se declaravam usuários de drogas; Existe um excedente de 792 vagas em SL e um déficit de 1.499 em internação; 53% do défict da internação poderia ser resolvido com o excedente da semiliberdade. 2.2. Semiliberdade no Distrito Federal: análise qualitativa Existe ainda uma prática espontaneísta; O cotidiano das práticas - principal capacitação profissional; Existência de cultura repressiva e vigilante presente na prática pedagógica; definição da proposta construída numa linhas vertical; carga institucional da era Funabem...; Visão saneadora e funcionalista do problema; Desarticulação da rede interna: o recomeço permanente das ações; Interface com as demais políticas públicas: o debate não efetivado; Não garantia dos direitos fundamentais enquanto oferta de política pública: a consolidação da cidadania tutelada; 3

Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal: espaço sem representatividade; Ausência do Conselho Tutelar na fiscalização das Unidades de Semiliberdade; VIJ e Ministério Público: fiscalização por demanda provocada. 3. Conclusão: A contradição entre o direito real e o direito legal mantém os adolescentes autores de ato infracional na categoria de não-cidadãos, ou, no máximo, detentores de uma cidadania tutelada. Essa contradição existe porque, especificamente no caso do Distrito Federal, o adolescente autor de ato infracional não foi e não é prioridade na execução de políticas públicas. Acresce a isso que as mudanças propostas pelo ECA em relação ao método, conteúdo e gestão não se efetivaram porque as práticas sociais ainda preservam o velho princípio da doutrina da situação irregular. 4. Referências bibliográficas BENEVIDES, Maria Victória de M. Cidadania e democracia. Lua Nova, revista de cultura e política, São Paulo, n. 33, p. 223-235, 1996. BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 9. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. CARVALHO, D. B. B. de. Políticas sociais setoriais por segmento: criança e adolescente. In: CAPACITAÇÃO em serviço social e política social. Módulo 3. Brasília: UnB, Centro de Educação Aberta Continuada a Distância, 2000.p. 185-202.. Política social e direitos humanos: trajetórias de violação dos direitos de cidadania de crianças e adolescentes. Ser Social, Brasília, n. 8, p.145-171, 1º sem. 2001. CASTEL, Robert. As armadilhas da exclusão. In: BELFORE-WANDERLEY, Lúcia Bógus, YAZBECK, Maria Carmelita. Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUC, 2000. p. 17-50. COUTINHO, Carlos Nelson. Notas sobre cidadania e modernidade. Revista Praia Vermelha, Rio de Janeiro, v. 1, p.145-165, 1997.. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. Nova ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. COVRE, Maria de Lourdes M. O que é cidadania? São Paulo: Brasiliense, 2002. (Coleção primeiros passos, v. 250). 4

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