PERFIL BACTERIOLÓGICO DAS MÃOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO CENTRO CIRÚRGICO E DO PÓS-OPERATÓRIO DO HOSPITAL GERAL DE PALMAS



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Transcrição:

PERFIL BACTERIOLÓGICO DAS MÃOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO CENTRO CIRÚRGICO E DO PÓS-OPERATÓRIO DO HOSPITAL GERAL DE PALMAS Gabriella Oliveira Mendes¹, Maria Cristina da Silva Pranchevicius² e Pedro Manuel Gonzalez Cuellar³ 1 Aluno do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: gabimendes8@gmail.com PIBIC/CNPq 2 Orientador(a) do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: mcspranc@mail.uft.edu.br 3 Co-orientador(a) do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: cuellar@uft.edu.br RESUMO Entende-se por infecção hospitalar toda infecção adquirida após admissão do paciente e que se manifesta durante a internação, ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada à permanência hospitalar. A disseminação de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) frequentemente advém da contaminação cruzada e a via mais comum de transferência de patógenos ocorre entre as mãos de profissionais de saúde e pacientes. Sendo assim, este estudo buscou avaliar qualitativamente os microorganismos presentes na microbiota das mãos dos profissionais de saúde atuantes no Bloco Cirúrgico do Hospital Geral de Palmas (HGP), centro de referência para muitos Estados das Regiões Norte e Nordeste e que recebe um grande fluxo de pessoas diariamente. Ao longo do estudo, foram obtidas 46 amostras das mãos de profissionais da saúde do Hospital Geral de Palmas. Com relação ao tipo de microorganismo, nas amostras coletadas, o Staphylococcus aureus e Staphylococcus sp. coagulase negativo foram as cepas passíveis de identificação. Com relação ao teste de susceptibilidade aos antibióticos, foi possível identificar cepas de S. aureus resistente à oxacilina (SARO). Os resultados deste estudo corroboram a importância da higienização das mãos por parte dos profissionais de saúde, bem como a utilização de outras técnicas de antissepsia, tais como o uso de capotes e luvas estéreis, além do uso de gorros, máscaras e protetores de pés. Palavras-chave: Infecção Hospitalar; Higienização das mãos; Resistência Bacteriana INTRODUÇÃO Segundo o Centers of disease control and prevention (CDC), entende-se por infecção hospitalar toda infecção adquirida após admissão do paciente e que se manifesta durante a

internação, ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada à permanência hospitalar. Cerca de 70% das infecções hospitalares são provenientes da própria flora microbiana do indivíduo, enquanto a flora exógena resulta da transmissão de microorganismos de outras fontes que não o paciente. Segundo Drees (2008), citado por Oliveira et al (2010), a disseminação de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) frequentemente advém da contaminação cruzada e a via mais comum de transferência de patógenos ocorre entre as mãos de profissionais de saúde e pacientes. Dessa forma, a maioria absoluta dos especialistas em controle de infecções, segundo Santos (2002), concorda que a higienização das mãos é o meio mais simples e eficaz de prevenir a transmissão de microrganismos no ambiente assistencial. Porém, a falta de adesão dos profissionais de saúde a esta prática é uma realidade que vem sendo constatada ao longo dos anos e tem sido objeto de estudos em diversas partes do mundo (Santos, 2002). Além da disseminação da prática de higienização das mãos, para atenuar o numero de IH, o profissional de saúde dispõe de um leque considerável de antibióticos e a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é a responsável pelo controle do uso destes medicamentos. Entretanto, com objetivo de eliminar o maior numero de microorganismos, o profissional de saúde, acaba fazendo uso indiscriminado de uma grande variedade de antibióticos, além de uma considerável quantidade de cada droga. O uso, às vezes intensivo, de antibióticos no hospital, determinadas colônias bacterianas podem desenvolver faculdades de polirresistência aos antibióticos. Tal resistência se tornou o principal problema de saúde pública no mundo, afetando todos os países, desenvolvidos ou não. O processo de coletar dados, analisar e instituir medidas de contenção, ainda são formas eficazes de controle de Infecção Hospitalar (IH). Deste modo, este projeto avaliou qualitativamente os microorganismos presentes na microbiota das mãos dos profissionais de saúde atuantes nos centros cirúrgicos e pós-operatórios da Clínica Cirúrgica do Hospital Geral de Palmas (HGP), centro de referência para muitos Estados das Regiões Norte e Nordeste e que recebe um grande fluxo de pessoas diariamente. MATERIAL E MÉTODOS

Para o estudo, foram coletadas amostras das mãos de profissionais de saúde divididos em dois grupos: GRUPO 1 profissionais atuantes no centro-cirúrgico do HGP e GRUPO 2 profissionais que atuam nos pós-operatório imediato do Bloco Cirúrgico do HGP. Do GRUPO 1, foram coletadas, depois da antissepsia, amostras das mãos dos cirurgiões e dos instrumentadores cirúrgicos e auxiliares. Do GRUPO 2, foram coletadas, momentos antes da manipulação do paciente (sem antissepsia prévia), amostras das mãos de profissionais de enfermagem, técnicos e auxiliares de enfermagem. A coleta foi realizada com auxílio de swab estéril, que após ser passado na mão dominante do profissional de saúde, era inserido no tubo contendo o meio de transporte (Meio Stuart). Ao término das coletas, os tubos eram transportados do Hospital Geral de Palmas até o Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal de Palmas. No laboratório, as amostras foram semeadas em placas contendo o meio de cultura não-seletivo Muller-Hinton. No dia seguinte à coleta, eram realizadas as primeiras leituras das placas, de modo que as placas, nas quais era possível identificar macroscopicamente o crescimento de colônias, eram acondicionadas na geladeira para estabilizar o crescimento bacteriano. Aquelas que não apresentavam a formação macroscópica de colônias eram registradas e descartadas. Dois dias após as coletas, iniciava-se o trabalho com as amostras nas quais foi possível identificar o crescimento de colônias, cujo objetivo era identificar as cepas das bactérias formadoras das colônias. Para tanto, as colônias de bactérias eram isoladas em meios seletivos (MacConkey e Manitol), além disso, eram realizados testes em meio Dnase, prova da Catalase e teste de resistência à Novobiocina. Após a realização destas provas, também era realizado o teste de sensibilidade a antimicrobianos pelo método de disco descrito por Bauer et al. Os antibióticos utilizados foram: Amoxicilina, Vancomicina, Ampicilina, Oxacilina, Azitromicina, Penicilina e Imipenem. A sensibilidade ou a resistência das cepas aos antibióticos foi determinada pela medição do halo com um medidor em mm incluindo o diâmetro do disco. Para a interpretação dos resultados foi utilizado com referência os valores propostos pela Clinical Laboratory Standard Institute (CLSI) 2011. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo do estudo, foram obtidas 46 amostras das mãos de profissionais da saúde do Hospital Geral de Palmas, sendo 26 amostras coletadas no centro cirúrgico logo após a antissepsia das mãos (escovação cirúrgica) e 20 amostras coletadas no pós-operatório imediato sem a antissepsia prévia. Com relação ao tipo de microorganismo, nas amostras coletadas no centro cirúrgico logo após a antissepsia das mãos, o Staphylococcus aureus e Staphylococcus sp. coagulase negativo foram os mais passíveis de identificação. Dentre as cepas de estafilococos coagulase negativo, foi possível identificar a espécie Sthaphylococcus saprophyticcus. Com relação ao teste de susceptibilidade aos antibióticos, a maior parte das cepas isoladas das mãos dos profissionais de saúde após a antissepsia das foi resistente aos β- lactâmicos (Penicilina, Ampicilina e Amoxicilina); todas as cepas identificadas foram sensíveis a Oxacilina e aos carbapenêmicos (Imipenem). Nas amostras coletadas no pós-operatório imediato dentro do bloco cirúrgico, colônias de Staphylococcus ssp. coagulase negtivo e S. aureus também foram as verificadas. Da mesma maneira, foi possível identificar cepas de S. saprophyticcus. Em relação à susceptibilidade aos antibióticos, nas amostras coletadas no pósoperatório imediato foi possível identificar cepas de S. aureus resistente à oxacilina (SARO). A bactéria da espécie S. saprophyticcus, coagulase negativo, compõe a microbiota residente da pele, estando aderida aos estratos mais profundos da camada córnea e sendo, portanto, de difícil remoção. Já as bactérias da espécie S. aureus compõem a microbiota transitória da pele, colonizando os estratos mais superficiais. Estas podem ser facilmente removidas da pele e também são eliminadas com mais facilidade pela ação de degermantes. Em relação à susceptibilidade das cepas aos antimicrobianos testados, sabe-se que a resistência aos antibióticos β-lactâmicos vem aumentando em uma velocidade avassaladora. Além disso, de acordo com Moreira et al (1998), o SARO é responsável por 26,6% a 71% das cepas de S. aureus isoladas em diversos hospitais do Brasil. Além disso, o SARO é um importante agente das bacteremias adquiridas em ambiente hospitalar, sendo estas de alta letalidade. Durante a vivência dentro do bloco cirúrgico, observou-se a utilização de técnicas antissépticas para o controle da infecção hospitalar. No entanto, os resultados deste estudo demonstraram que alguns microorganismos não puderam ser removidos pela técnica de antissepsia, reforçando a importância de outras técnicas tai como a utilização de capotes e luvas estéreis, além do uso de gorros, máscaras e protetores de pés. Em relação aos profissionais

atuantes no pós-operatório imediato, pode-se dizer há a necessidade de se enfatizar a relação entre o aumento da adesão à higienização das mãos pelos profissionais de saúde e a diminuição das infecções nosocomiais. Em relação à sensibilidade dos microorganismos isolados à ação dos antibióticos testados, pode-se dizer que o aparecimento de microorganismos resistentes aos antibióticos usados rotineiramente na prática hospitalar agrava os problemas de saúde pública gerado pelas infecções hospitalares. LITERATURA CITADA 1.CLSI. Clinical Laboratory Standard Institute. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing. CLSI approved standard M 100-S 15. Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne; 2005 [cited 2008 Mar 9]. Available from: <http://www. cdc.gov/ncidod/dhqp/ar_lab_mrsa.html>. 2.CLSI. Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing; Seventeenth Informational Supplement: CLSI document M100-S17 [ISBN 1-56238-625-5]. Clinical and Laboratory Standards Institute, 940 West Valley Road, Suite 1400, Wayne, Pennsylvania 19087-1898 USA, 2007 3.Moreira, M.; Medeiros, E.A.S; Pignatari, A.C.C; Wey, S.B; Cardo, D.M. Efeito da infecção hospitalar da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina sobre a letalidade e o tempo de hospitalização. Rev Ass Med Brasil 44(4), São Paulo, 1998. 4.Oliveira AC & Damasceno QS. Superfícies do ambiente hospitalar como possíveis reservatórios de bactérias resistentes: uma revisão. Rev. Esc. Enfermagem USP; 44(4):1118-23. www.ee.usp.br/reeusp/. 2010. 5.Santos AAM. Higienização das mãos no controle das infecções em serviços de saúde. RAS Vol. 4, Nº 15 2002. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil"