Gestor escola: sua influência no uso das tecnologias no programa UCA no estado de Pernambuco



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Transcrição:

Gestor escola: sua influência no uso das tecnologias no programa UCA no estado de Pernambuco Dagmar Heil Pocrifka 1 (SME) Ana Beatriz Gomes Pimenta de Carvalho 2 (UFPE) Resumo: As políticas públicas de inclusão digital têm focado a formação digital do professor para o uso das tecnologias no processo ensino-aprendizagem nas escolas públicas, através de diversos programas implementados nas esferas dos governos municipal, estadual e federal, mas o papel do gestor frente à implantação e uso destas tecnologias não é bem definido nestas políticas. Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar o papel do gestor frente a uma política pública de inclusão digital na proposta federal, com o projeto Um Computador por Aluno (UCA) no estado de Pernambuco. Palavras-chave: Tecnologia, gestão escolar, políticas públicas. Resumen: Las políticas de inclusión digital públicas se han centrado los profesores de formación digital para utilizar la tecnología en el proceso de enseñanzaaprendizaje en las escuelas públicas a través de diversos programas implementados en las esferas de los gobiernos municipales, estatales y federales, pero el papel del gestor de despliegue opuesta y el uso de estas tecnologías no está bien definido en estas políticas. Esta investigación tiene como objetivo principal investigar el papel del gestor frente a una política de inclusión digital en la propuesta federal, con el proyecto One Laptop per Child (OLPC) en el estado de Pernambuco. Palabras-clave: Tecnología, gestión escolar, la política pública. 1 Dagmar Heil Pocrifka, Mestre Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC) dpocrifka@sme.curitiba.pr.gov.br 2 Ana Beatriz Gomes Carvalho, Profa. Dra. (UFPE) Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC) anabeatriz.carvalho@ufpe.br 1

Introdução Quando uma tecnologia digital chega até o contexto escolar, onde os docentes precisam incorporar o uso destas tecnologias em sua prática pedagógica, vem em mente primeiramente a formação, acompanhamento e até mesmo o convencimento do uso destes recursos por parte do professor. Atualmente é o professor o alvo das formações e capacitações, mas não se pode esquecer que antes de chegar até ele, há outros profissionais necessitam não só de formação, mas de informação sobre estas tecnologias que chegam até as escolas. Podemos simbolizar o caminho que a tecnologia deve percorrer até chegar ao seu ponto final, o professor, no seguinte fluxo: a tecnologia chega até a secretaria da educação, passa por órgãos descentralizadores como RPA s, núcleos regionais, GRE s, chega até a escola onde temos a equipe diretiva (diretor, vicediretor) e depois a equipe pedagógica (coordenadores, supervisores, orientadores pedagógicos). As formações que normalmente ocorrem, visa o último elo deste fluxo que é o professor, esquecendo que existem outras esferas que precisam conhecer e dar suporte para a incorporação do uso da tecnologia digital pelo professor. Este artigo é um recorte de uma dissertação de mestrado defendida em 2012, no PPGEdumatec da, e tem como objetivo abordar a influência que a equipe diretiva traz para o professor para que este efetive o uso das tecnologias digitais em sala de aula. O papel do gestor no uso efetivo da tecnologia em sala de aula Com a entrada da TIC no contexto escolar por meio de programas como o Um Computador por Aluno (UCA), é possível pensar como essas ações geram mudanças na sala de aula e na escola. Em primeira instância, vem à mente o engajamento do 2

professor no uso das tecnologias em sala de aula, mas é necessário analisar que só o trabalho realizado isoladamente por ele, por meio de um projeto, pode não ser suficiente para a tecnologia se tornar algo presente e contínuo na prática pedagógica. É necessário que a incorporação da tecnologia na escola venha a partir de um redirecionamento da gestão escolar. Almeida e Rubim (2004) apontam que O envolvimento dos gestores escolares na articulação dos diferentes segmentos da comunidade escolar, na liderança do processo de inserção das TIC na escola em seus âmbitos administrativo e pedagógico e, ainda, na criação de condições para a formação continuada e em serviço dos seus profissionais, pode contribuir significativamente para os processos de transformação da escola em um espaço articulador e produtor de conhecimentos compartilhados. (ALMEIDA; RUBIM, 2004, p.2). Não é uma tarefa fácil, é necessário o envolvimento da equipe de gestão e do corpo docente para que a incorporação da TIC seja um processo global na escola, envolvendo tanto aspectos administrativos como pedagógicos. Assim como muitos professores imaginam que para trabalhar com as tecnologias com seus alunos é necessário o domínio completo do equipamento e suas ferramentas, há os gestores que também pensam assim. Pensam que terão que dominar todas as esferas tecnológicas na área administrativa e pedagógica na sua unidade escolar. Nesse sentido, Almeida (2005, p. 17) tranquiliza os gestores ao apontar que seu papel é de apoiar a emergência de movimentos de mudança na escola e perceber nas tecnologias oportunidades para que a escola possa se desenvolver. Ou seja, ele deve tecer, nas práticas escolares, condições para que a tecnologia seja utilizada, numa perspectiva de redimensionamento de espaços, tempos e modos de aprendizagem, ensinamento e diálogo com o conhecimento. O gestor não necessita ter conhecimento e habilidade absoluta das tecnologias, mas a sabedoria de identificar, nos recursos tecnológicos presentes em sua unidade escolar, as potencialidades de uso, além de permitir a integração na produção do saber. Também deve estar ciente que o caminho da integração das TICs na sua unidade escolar não será fácil, pois como Almeida aponta, 3

Isto significa registrar, organizar, recuperar e atualizar as informações; produzir estratégias de comunicação e participação; abrigar e administrar as atividades, conteúdos e recursos; gerir ambientes e processos de avaliação; estabelecer novas relações com a história consegue mesmo, com o mundo e com o saber. (ALMEIDA, 2005, p. 19). À medida que a gestão escolar apoia, incentiva e investe em tecnologias na unidade escolar, é necessário nortear qual será o uso efetivo que ela terá em sala de aula. Para isso, é preciso posicionar o professor frente ao uso da tecnologia para agir de diversas formas como: incentivador, mediador, desafiador em relação ao conhecimento. Quando o professor desenvolve alguma atividade em que o aluno tenha que produzir um conhecimento é necessário que busque a parceria dos mesmos, percebendo os diferentes estilos de trabalho e assimilando a evolução dos diversos caminhos utilizados por eles na produção do conhecimento: representação, comunicação, troca, exploração etc. Esse panorama de interação entre professor e aluno para a incorporação da TIC na escola e na sala de aula, propicia a elaboração tanto de redes individuais de significados como coletivas de aprendizagem, estabelecendo redes de interação e colaboração. Segundo Almeida, O movimento produzido pelo pensar em redes de conhecimento propicia ultrapassar as paredes da sala de aula e os muros da escola, rompendo com as amarras do estoque de informações contidas nas grades de programação de conteúdo. Dessa forma, parcela significativa desse contingente de analfabetos (de fato ou funcionais) poderá desenvolver a capacidade de utilizar a TIC na criação de suas redes de conhecimento, superando um grande obstáculo para a construção de uma sociedade mais justa, ética e humanitária. (ALMEIDA, 2005, p. 73). Várias habilidades são necessárias para que as tecnologias sejam efetivadas na escola, tanto por gestores, professores e alunos como pela articulação dos saberes. É preciso ousadia, perseverança frente aos desafios, manutenção de redes já estabelecidas por novas conexões ou desenrolar de conceitos relacionados às diversas tecnologias, hipertextos e teorias educacionais. Para isso, alunos e suas 4

aprendizagens e professor com sua prática, devem buscar mudança na escola e na sociedade. Almeida (2005, p. 73) corrobora quando aponta que Essa mudança torna-se possível ao propiciar ao educador o domínio da TIC e o uso desta para inserir-se no contexto e no mundo, representar, interagir, refletir, compreender e atuar na melhoria de processos e produções, transformando-se e transformando-os. Conhecendo o programa Um Computador Por Aluno (UCA) no estado de Pernambuco Em 2010, o estado de Pernambuco foi inserido no Programa UCA (Um Computador por Alunos) por meio da lei nº 12.249 de 10 de junho de 2010, e regulamentada pelo DECRETO Nº 7.243. Dez escolas públicas (sendo cinco escolas municipais e cinco escolas estaduais) das diversas regiões do estado e as escolas da cidade de Caetés, onde foi implantado o UCA Total, foram contempladas com a aquisição de um laptop educacional para cada aluno. O alvo deste programa são os alunos, mas como os professores necessitam trabalhar com os recursos tecnológicos, também foram contemplados com um computador portátil, mas que difere dos equipamentos dos outros programas de inclusão digital. O programa tem uma proposta de formação para o professor com o objetivo de estruturar uma rede de formação, de acompanhamento e apoio às práticas pedagógicas, inserir uma prática inovadora do uso das tecnologias educacionais na formação inicial e continuada de professores e criar uma cultura de redes cooperativas. O trabalho de formação para o UCA no estado de Pernambuco começa com a formação de multiplicadores realizada pela (UFPE). Cada multiplicador é responsável por uma escola contemplada, no qual recebe formação e acompanhamento presencial e formação a distância realizada 5

no ambiente do E-PROINFO. Cada multiplicador com a gestão da escola planeja a ação que realizará com seus professores, que mesclam com encontros presenciais e também com atividades a distância, realizadas no ambiente do E-PROINFO. A capacitação dos multiplicadores, professores e gestores, os módulos de apropriação tecnológica, Web 2.0, formação de professores (para grupo de professores), formação de gestores (para o grupo de gestores), elaboração de projetos e Construção compartilhada do Projeto de Gestão Integrada das Tecnologias, totalizando uma carga horária de 180 horas, certificado como extensão pela UFPE. Cabe ressaltar aqui que cada aluno recebeu um computador portátil e o professor também foi contemplado com o mesmo equipamento. Com esta iniciativa o professor sabe exatamente o que e como trabalhar com o aluno, pois tem conhecimento do equipamento que o aluno possui. A Secretaria de Educação a Distância (SEED) elaborou um plano de ação denominado Formação Brasil, que visa estruturar o Projeto UCA e tem como objetivo principal a criação e a socialização novas formas de utilização das tecnologias digitais nas escolas públicas brasileiras, para disseminar a inclusão digital escolar e promovendo assim o uso pedagógico das TIC. Para isso a ação está voltada para a formação de recursos humanos envolvidos na operacionalização do projeto, desenvolvendo a proposta e articulando a inovação na escola por meio de práticas educacionais que possibilitem novas aprendizagens aos estudantes, aos professores e aos gestores escolares. Metodologia A pesquisa é de caráter qualitativo e utiliza a técnica de análise de conteúdo. A análise de conteúdo se constitui uma abordagem qualitativa, pois permite identificar subjetividades, apesar de aceitar a objetividade dos números, não como objetivo principal, e permite a aplicação da indução e intuição como 6

subterfúgio para compreender e esgotar as possibilidades do objeto/ fenômeno investigado. A análise de conteúdo tem caráter investigativo com procedimentos específicos para tratar os dados científicos de forma qualitativa. Para isso, utilizamos a proposta de Bardin (2010), base e âncora para análise de conteúdo, organizado em três polos cronológicos; e, para auxiliar a explicação, utilizamos Moraes (1999), que apresenta cinco etapas mais simplificadas e detalhadas. A ferramenta eleita para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, a qual Laville (1999, p. 188) define como uma série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento. A coleta de dados foi realizada com um entrevistado de cada município totalizando em 10 sujeitos. São eles: Recife, Paudalho, Surubim, Pedra, Garanhuns, Lagoa dos Gatos, Vitória de Santo Antão, Belém de Maria, Caetés, Belém de São Francisco e Canhotinho, abrangendo, assim, boa parcela os municípios participantes. Figura 1 Mapa das cidades de Pernambuco: atendidos pelo UCA Fonte: Blog. UCA/PE (2011) 1. Recife 7. Canhotinho 2. Paudalho 8. Garanhuns 3. Vitória de Santo Antão 9. Caetés 4. Surubim 10. Pedra 5. Belém de Maria 11.Belém de São Francisco 6. Lagoa dos Gatos 7

A tabela 1 nos indica a distância das cidades em relação a Recife e a quantidade de sujeitos entrevistados em casa uma delas: Recife a Distância em KM Sujeitos entrevistados Belém de São Francisco 482 01 Pedra 258 01 Caetés 252 01 Garanhuns 220 01 Canhotinho 210 01 Lagoa dos Gatos 130 01 Belém de Maria 146 01 Surubim 128 01 Vitória de Santo Antão 55 01 Paudalho 47 01 Recife 00 01 Tabela 1 Distâncias das cidades em relação a Recife Fonte: http://www.emsampa.com.br/xspxpe.htm (2011) Refletindo sobre a dificuldade de locomoção para cidades distantes, optouse por incluir recursos da tecnologia digital, uma vez que seria necessário oferecer ferramentas de comunicação síncronas, pois a entrevista semiestruturada permite que outras perguntas sejam colocadas, de acordo com as respostas do entrevistado. Uma ferramenta utilizada para isso foi a de mensagens instantâneas como o 8

messenger 3 e o GTalk 4, exemplificada pela figura 2. A escolha dessas se deu pelo próprio entrevistado, de acordo com a opção de uso, da habilidade ou intimidade do entrevistado com a ferramenta, elegendo o aplicativo. Figura 2 Aplicativo Messenger e Aplicativo Gtalk Havia uma questão a ser analisada com a utilização dessa ferramenta. Apenas os sujeitos que já possuem habilidades com a tecnologia poderiam utilizar o recurso. Para alcançar esse perfil (os avessos à tecnologia), ofereceu-se a opção da entrevista por telefone celular. Como algumas operadoras de telefonia celular oferecem ligação a um preço fixo, independente da duração do telefonema, ficou acessível utilizar essa tecnologia para as entrevistas. Na tabela 2, há a demonstração da utilização de cada recurso no programa: 3 Messenger é um aplicativo de mensagem instantânea on-line, de acesso gratuito que está vinculado ao serviço de e-mail do Hotmail ou pode ser obtido por download e instalado diretamente no computador. 4 Gtalk é um aplicativo de mensagem instantânea on-line, de acesso gratuito desenvolvido pela empresa Google e está vinculado ao serviço de e-mail do Gmail ou pode ser obtido por download e instalado diretamente no computador. 9

Programa Entrevista por mensagem instantânea Entrevista por celular UCA 05 05 Tabela 2 Números de entrevistas realizadas por mensagem instantânea e celular Fonte: Produção própria (2011) Após a análise e decodificação das 10 entrevistas, chegamos aos seguintes dados referente ao elemento GESTÃO: GESTÃO: com 21 citações referentes à gestão e 3 são as categorias (apoio da gestão, indiferente ao apoio, não apoio da gestão) atreladas a ela, conforme figura 3. Figura 3 Elemento Gestão Como mencionado elencamos APOIA, INDIFERENTE e NÃO APOIA como categorias para nossa análise. Com 9 citações referentes ao apoio da gestão; 7 é o número de associações que essa categoria estabeleceu; 1 é associado à gestão e o 6 são as subcategorias, conforme figura 4. Figura 42 Categoria Apoio da gestão As seis subcategorias proveniente da categoria APOIO DA GESTÃO são: investimento em recursos tecnológicos com duas citações, motivação com uma citação, soluções técnicas com cinco citações, logística com uma citação, formação com uma citação e pedagógico com uma citação. 10

Não tivemos nenhuma citação referente à indiferença da gestão quanto ao programa e apenas uma associação referente à gestão, não desencadeando subcategorias, conforme figura 5. Figura 5 Categoria Indiferente ao apoio Com uma citação referente ao não apoio da gestão; sete é o número de associações que essa categoria estabeleceu; uma é associado à gestão e seis são as subcategorias, conforme figura 6. Figura 3 Categoria Não apoio da gestão A subcategorias proveniente da categoria NÃO APOIO DA GESTÃO foi: ausência do gestor na unidade escolar. Podemos representar a análise dos dados, com suas categorias e subcategorias por meio de uma teia de informações como mostra a figura 7. 11

Figura 7 Rede sobre a gestão e suas categorias e subcategorias Fonte: Produção própria (2013) Resultados No programa UCA, a gestão se apresentou presente. Ela se apoiou na estrutura da escola em relação à tecnologia, adquirindo outros equipamentos tecnológicos, como projetores multimídia, TVs, e fez melhoria do laboratório de informática utilizado pelos alunos e motivando-o o uso, conforme o exemplo do relato presente na figura 8. Figura 8 Dado 26, 9ª citação do dado e 37ª linha do dado: Depoimento sobre a gestão Fonte: Produção própria (2011) 12

A implantação de um programa em uma escola envolve aspectos relacionados com instalação de equipamentos, cabos, reestrutura de rede elétrica, etc. Muitos problemas de ordem técnica surgem e podem prejudicar o andamento do programa. Como ele vem de um órgão público, as soluções dos problemas devem ser resolvidas pelo órgão competente, pois obedecem um padrão. Uma gestão que apoia o uso do computador procura buscar soluções para o problema que o pleno funcionamento do equipamento exige. É uma gestão que fiscaliza, busca e exige o andamento do programa na sua unidade de ensino, conforme o relato presente na figura 9. Figura 9 Dado 22, 11ª citação do dado e 58ª linha do dado: Depoimento sobre a gestão Fonte: Produção própria (2011) Ao mesmo tempo em que se exige dos órgãos competentes a solução dos problemas, faz a sua parte, organizando a própria unidade de ensino para que o programa ocorra da melhor forma possível, conforme o relato presente na figura 9. 13

Figura 10 Dado 29, 11ª citação do dado e 47ª linha do dado: Depoimento sobre a gestão Fonte: Produção própria (2011) O apoio da gestão não esteve presente apenas na parte técnica do programa. Além dos professores, os gestores também participaram da formação oferecida pelo Proinfo e com movimento para inserir o programa no Projeto Político Pedagógico da escola, conforme o relato presente na figura 11. Figura 11 Dado23 e 22, 11ª e 10ª citação do dado e 82ª e 58º linha do dado: Depoimento sobre a gestão. Fonte: Produção própria (2011) Não houve relato de gestores que foram indiferentes ao uso dos equipamentos pelos professores. Já em relação ao não apoio da gestão, ocorreu uma queixa pelo fato do gestor não estar presente na escola durante o turno em que o professor está atuando, conforme o relato presente na figura 12, mas isso não impede que ele utilize o computador na sua prática pedagógica. 14

Figura 42 Dado 24, 12ª citação do dado e 58ª linha do dado: Depoimento sobre a gestão Fonte: Produção própria (2011) Cabe ressaltar que os diplomas normativos (decretos) não determinam o papel do gestor no programa na unidade de ensino, mas a ação desempenhada por ele é necessária para que o programa avance e até supere o que foi proposto inicialmente. Quando há o apoio, o professor se sente motivado a utilizar não só o equipamento recebido, mas também outros que complementam o seu uso. Isso, além de desestimular o uso do equipamento na escola, favorece o seu desvio, fazendo com que o professor fique à margem da inclusão digital. É importante salientar que a gestão deve preocupar-se não apenas com um aspecto do programa e sim com a parte técnica e pedagógica do programa. Conclusão Há a necessidade de definirmos qual o papel que o gestor irá exercer no contexto escolar frente ao uso das tecnologias digitais. Não podemos ignorar a presença dele no processo do uso das tecnologias. É preciso informá-lo e formá-lo para que reconheça a importância do uso por parte do quadro de professores da sua escola. Gestor que entende, e apoia o uso das tecnologias terá mais chances de que seus professores incorporem as tecnologias digitais nas suas práticas. Mesmo tendo o apoio da gestão ainda não há garantia completa de que os professores 15

utilizem as tecnologias em sala de aula, assim como há escolas em que mesmo o gestor não apoiando o uso, os professores utilizam as tecnologias em sala de aula. Ressaltamos a importância de uma formação conjunta, isto é, formação de toda a cadeia composta por gerentes, equipe diretiva, equipe pedagógica e o professor, para que haja equidade nos procedimentos pedagógicos no que se refere ao uso das tecnologias digitais. A responsabilidade deve estar em todas as esferas e não apenas na mão do professor. Referências ALMEIDA, M. E. B. de. Tecnologiaspara a gestão democrática. In: ALMEIDA, M. E. B.; Integração de tecnologias, linguagens e representações: salto para o futuro. Brasília: MEC, 2005. Disponível em: http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/145723integracaotec.pdf. Acesso em 2/10/2011. ALMEIDA, M. e RUBIM, L. O papel do gestor escolar na incorporação das TIC na escola: experiências em construção e redes colaborativas de aprendizagem. São Paulo: PUC-SP, 2004. Disponível em: http://usuarios.idbrasil.org.br/nte/texto4- O%20papel%20do%20gestor%20e%20a%20TICS.pdf. Acesso em 04/10/2011. ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. Campinas; São Paulo: Papirus, 1995. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2010. BRASIL. Decreto n.º 7243, de 26 de junho de 2010. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-010/2010/decreto/d7243.htm>. Acesso em 21/02/2011. MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999. POCRIFKA, Dagmar Heil. Inclusão Digital nas políticas públicas para formação de professores em Pernambuco. 2012. 181 f. Dissertação (Mestrado em Educação 16

Matemática e Tecnológica)-Curso de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012. TRIVINOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. 17