Comunicação O TEATRO POPULAR COMO POSSIBILIDADE DE PROTAGONISMO: PERFORMANCES JUNTO ÀS COMUNIDADES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL.



Documentos relacionados
CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

Programa de Pós-Graduação em Educação

Palavras-chave: Formação continuada de professores, cinema, extensão universitária.

A PRODUÇÃO DE VÍDEOS COMO RECURSO METODOLÓGICO INTERDISCIPLINAR

EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E MOVIMENTOS SOCIAIS - PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

CONSELHO ESCOLAR: PARTICIPAÇÃO COMO ELEMENTO DE DEMOCRATIZAÇÃO

Da sala de aula à sala de ensaio: uma proposta para a formação do professor de teatro

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

Relato de experiência sobre uma formação continuada para nutricionistas da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco

PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM STRICTO SENSU EM MESTRADO EM COMUNICAÇÃO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE OFICINAS PEDAGÓGICAS NAS ESCOLAS DO CAMPO

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE APRENDIZAGEM COM LUDICIDADE

Pedagogia Estácio FAMAP

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A INTERDISCIPLINARIDADE COM O POEMA: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL I

O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA NO CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA DA UFRPE

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul FACULDADE DE EDUCAÇÃO

OFICINAS PEDAGÓGICAS: CONSTRUINDO UM COMPORTAMENTO SAUDÁVEL E ÉTICO EM CRIANÇAS COM CÂNCER

IMPLANTANDO OS DEZ PASSOS DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL RELATO DE UMA EXPERIENCIA

PALAVRAS-CHAVE Agricultura Familiar; Sustentabilidade; Contextualização; Conhecimento Químico.

DESAFIOS DE UMA PRÁTICA INOVADORA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: REFLEXÃO SOBRE O CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA COM ÊNFASE EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CONTEXTO TECNOLÓGICO: DESAFIOS VINCULADOS À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO EDUCACIONAL (Currículo iniciado em 2009)

Disciplina: Alfabetização

A ARTE DE BRINCAR NA ESCOLA

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

MEU MUNDO INTEGRADO: ELABORAÇÃO DE VÍDEO EDUCATIVO SOBRE O PERCURSO DO LÁPIS

Alternativa berço a berço

A MEMÓRIA DISCURSIVA DE IMIGRANTE NO ESPAÇO ESCOLAR DE FRONTEIRA

APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO POPULAR: REFLEXÃO A PARTIR DA DISCIPLINA DE ARTES NO PRÉ-UNIVERSITÁRIO OUSADIA POPULAR

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

ESCOLA ESPECIAL RENASCER- APAE PROFESSORA: JULIANA ULIANA DA SILVA

OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

DIVISÃO DE REGISTROS ACADÊMICOS Registros Acadêmicos da Graduação. Ementas por Currículo 07/02/ :33

Utopias e educação libertadora: possíveis fazeres na prática escolar participativa

EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA POPULAR ATRAVÉS DA DANÇA

OS PROJETOS DE TRABALHO E SUA PRODUÇÃO ACADÊMICA NOS GT07 E GT12 DA ANPED ENTRE OS ANOS 2000/2013

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

RELATÓRIO PARCIAL REFERENTE À ETAPA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO...

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

PROFESSOR PEDAGOGO. ( ) Pedagogia Histórico-Crítica. ( ) Pedagogia Tecnicista. ( ) Pedagogia Tradicional. ( ) Pedagogia Nova.

OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E MATERIAIS MANIPULÁVEIS

O TRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO COM UM CAMPO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA EM GRUPO

Profa. Ma. Adriana Rosa

Denise Fernandes CARETTA Prefeitura Municipal de Taubaté Denise RAMOS Colégio COTET

PEDAGOGIA ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS - QUESTÕES DISCURSIVAS COMPONENTE ESPECÍFICO

A aula de leitura através do olhar do futuro professor de língua portuguesa

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & SAÚDE: ABORDANDO O TEMA RECICLAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

Projeto Pedagógico. por Anésia Gilio

O Teatro do Oprimido e suas contribuições para pensar a prática artística coletiva: Uma experiência na formação de promotoras legais populares

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

RESULTADOS E EFEITOS DO PRODOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS RESUMO

PROJETO PEDAGÓGICO. 2.3 Justificativa pela escolha da formação inicial e continuada / qualificação profissional:

IX Diálogos em Paulo Freire: Utopia, Esperança e Humanização.

Prefeitura Municipal de Santos

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NUMA ESCOLA DO CAMPO

AÇÕES FORMATIVAS EM ESPAÇO NÃO ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO NO PROJETO SORRIR NO BAIRRO DO PAAR

EMENTAS DAS DISCIPLINAS OFERECIDAS NO CURSO DE PEDAGOGIA Catálogo 2012

A PROMOÇÃO A SAÚDE E PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS

PEDAGOGO E A PROFISSÃO DO MOMENTO

O AMBIENTE MOTIVADOR E A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

Unidade I. Estrutura e Organização. Infantil. Profa. Ana Lúcia M. Gasbarro

ESPAÇO INCLUSIVO Coordenação Geral Profa. Dra. Roberta Puccetti Coordenação Do Projeto Profa. Espa. Susy Mary Vieira Ferraz RESUMO

Colégio Estadual Vicente Tomazini - Ensino Fundamental, Médio e Normal Francisco Alves - Paraná

Curso de Pedagogia Ementário da Matriz Curricular

A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NOS PROJETOS SOCIAIS E NA EDUCAÇÃO - UMA BREVE ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO DEGRAUS CRIANÇA

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DE OPINIÕES DE ALUNOS SOBRE AS DISCIPLINAS CIÊNCIAS E BIOLOGIA DEBORA MAYUMI YAMADA

O ENSINO MÉDIO NAS ESCOLAS RURAIS DE JATAÍ, UMA GESTÃO COMPARTILHADA. Mara Sandra de Almeida 1 Luciene Lima de Assis Pires 2

EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA EDUCAÇÃO BÁSICA.

FACCAMP FACULDADE CAMPO LIMPO PAULISTA COORDENADORIA DE EXTENSÃO E PESQUISA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

A LUDICIDADE COMO EIXO DE FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RESUMO. Palavras-chave: Educação matemática, Matemática financeira, Pedagogia Histórico-Crítica

METODOLOGIA: O FAZER NA EDUCAÇÃO INFANTIL (PLANO E PROCESSO DE PLANEJAMENTO)

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática

UNIDADE III Análise Teórico-Prática: Projeto-intervenção

Formação da Sociedade: Ensino Presencial ou à Distância

Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.

REPRESENTAÇÕES DE AFETIVIDADE DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Deise Vera Ritter 1 ; Sônia Fernandes 2

A Dança no Ensino Fundamental Uma Proposta de Ação Cultural

O Serviço Social na educação: possibilidades de intervenção frente a situações de exclusão social, poder e violência.

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

INCLUSÃO DIGITAL NA EJA - AGRICULTURA FAMILIAR: COLETIVIDADE E COOPERAÇÃO NO ESPAÇO-TEMPO DE NOVAS APRENDIZAGENS

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

A EDUCAÇAO INFANTIL DA MATEMÁTICA COM A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

QUADRO DE EQUIVALENTES, CONTIDAS E SUBSTITUTAS DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Composição dos PCN 1ª a 4ª

ENSINO DE BIOLOGIA E O CURRÍCULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REFLEXÃO INICIAL.

CAPÍTULO I DAS DIRETRIZES DO CURSO

A ARTE E A EXPRESSÃO CORPORAL NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 1

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

Transcrição:

Comunicação O TEATRO POPULAR COMO POSSIBILIDADE DE PROTAGONISMO: PERFORMANCES JUNTO ÀS COMUNIDADES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL. LEITE, Cilene Gonçalves 1 CASTELLl, Cleusa Helena Guaita Peralta 2 FLORES, Carolina Peralta 3 Palavras-Chave: Educação-Ambiental não formal; teatro-fórum; comunidades. RESUMO: O presente trabalho pretende refletir sobre um projeto que será desenvolvido dentro do Departamento de Letras e Artes (DLA), da Fundação Uiversidade Federal do Rio Grande (FURG) intitulado: O Teatro Popular como Possibilidade de Protagonismo: Performances junto às Comunidades em Situação de Risco Social. O referido tem como proposta a criação de um grupo de teatro interativo para atuar junto a grupos em situação de risco sócio-ambiental. Apresenta uma metodologia interdisciplinar centrada na aprendizagem do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal. Objetiva formar um grupo de teatro interativo estável da Universidade, próprio do Curso de Artes Visuais - Licenciatura vinculado ao Núcleo de Estudos Em Arte NEA/ FURG e com abrangência comunitária, capaz de intervir nas mais variadas situações sociais; além de formar um grupo de educandos e estagiários voluntários da própria Universidade para dar continuidade ao projeto no futuro. De tal maneira busca aliar-se a Educação Ambiental, embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de futuro voltado para o desenvolvimento sustentável, sem desconsiderar o caráter social, artístico, ético e político ao qual a Educação Ambiental se vincula.como público-alvo: agricultores familiares, grupos vinculados à economia popular solidária, atrizes e atores de teatro amador, acadêmicos, professores e público interessado na arte como instrumento social e pesquisa-ação. Este trabalho pretende analisar uma proposta pedagógica de formação de um grupo de teatro interativo dentro da Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG, por meio de um curso de formação em Teatro-Fórum, do qual participei como ministrante. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental/FURG; Arte-educadora; Bolsista de Pósgraduação do projeto de extensão O teatro popular como protagonismo: performances junto às comunidades em situação de risco socioambiental; Coordena, juntamente com Carolina Peralta Flores o Grupo ClownDestino da FURG., integrante do grupo de teatro ClownDestino e mestranda do Programa em Pós-Graduação em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande-FURG. 2 Doutora em Educação pelo PPGEdu da UFRGS; Linha de pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação; Mestre em Educação Ambiental MEA/FURG; Grupo de Estudos em Artes do PPG-ARTE/FURG; Professora adjunta do Departamento de Letras e Artes da FURG, Rio Grande, RS. 3 Pedagoga, com formação em Teatro-Fórum/Caravane Théâtre (Toulouse, Fr.); Coordenou as intersecções da pesquisa-ação com a metodologia do Teatro do Oprimido; Mediou a criação de performances de Teatro-Fórum e Teatro-Imagem junto às comunidades rurais e grupos de economia solidária que participaram da pesquisa da tese de doutorado de Cleusa H. G. Peralta Castell; Atualmente ministra cursos/ projeto de extensão O teatro popular como protagonismo: performances junto às comunidades em situação de risco socioambiental; Coordena, juntamente com Cilene Leite o Grupo ClownDestino da FURG.

O projeto analisado é de caráter interdisciplinar por natureza, e pretende integrar saberes e profissionais de áreas afins, bem como promover a integração dos três âmbitos ensino, pesquisa e extensão. Uma vez participando do presente curso de formação, os educandos dos cursos envolvidos, por exemplo, artes visuais, letras (graduação e pós-graduação) e educação ambiental (Pós-graduação), poderão lançar mão da linguagem do Teatro-Fórum para seu trabalho acadêmico, planejando e performatizando práticas pedagógicas na abordagem específica da arte como instrumento social. Como extensão, para a formação das equipes de multiplicadores e da própria comunidade, serão ancorados na metodologia da pesquisa-ação, abordagem de pesquisa qualitativa que envolve todos os co-autores na pesquisa exploratória e nas atividades de campo, qualificando a reflexão sobre os problemas levantados e suas possíveis soluções. Isso requer a aprendizagem de novas linguagens, e optamos por um método ancorado na própria educação popular brasileira, referenciada em Paulo Freire, o Teatro do Oprimido de Augusto Boal 4 parece ser fundamental. Augusto Boal usa o teatro como uma ferramenta de libertação através de denúncias, e para esse tipo de dramatização deu uma denominação que não poderia ser outra: Teatro do Oprimido. O Teatro do Oprimido é um meio de transformação subjetiva, pois nele o teatro seria um meio privilegiado para descobrirmos quem somos, uma vez que ao criamos imagens representamos os nossos desejos. Além disso, é um teatro interativo: o espectador/espectator entra em cena para contar sua vivencia; no T.O. o espectador é um elemento ativo, protagonista do espetáculo. É também um meio de intervenção política e social, buscando novas formas de relações de poder, proporcionando uma nova maneira de ver o mundo. Para realização da projeto : O Teatro Popular como Possibilidade de Protagonismo: Performances junto às Comunidades em Situação de Risco Social 4 Dramaturgo, diretor, produtor teatral e escritor, Augusto Boal é natural da cidade do Rio de Janeiro e criador do Teatro do Oprimido, um dos métodos teatrais mais difundidos e praticados no mundo; é uma forma de se fazer teatro em favor da população que sofre algum tipo de opressão. Augusto Boal criou o que chama de método estético, que sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais que objetivam a desmecanização física e intelectual de seus praticantes e a democratização do teatro, além de estabelecer uma comunicação direta, ativa e propositiva. Essa proposta tem o objetivo de fotografar a realidade do ponto de vista dos oprimidos (BOAL, 1983).

será utilizado o teatro como método de ensino, pois os participantes do curso irão conhecer e praticar técnicas teatrais. Optamos por utilizar o Teatro-Fórum (BOAL, 1980; 1983) devido seu caráter pedagógico; visto que como uma ferramenta metodológica este permite que os espectadores entrem no palco para que protagonizem seus próprios problemas e contradições, apontando possibilidades emancipatórias. Nossas experiências é que são basilares para nosso comportamento e estruturantes de nossos valores. Porém, na maior parte do tempo não discutimos e não refletimos quais são os nossos valores, como estes se constituíram ou não, quais são as problemáticas sociais e de que maneira uma expressão artística pode ser utilizada como ferramenta para a transformação? E o T.O. revelava-se um campo capaz de discutir essas questões: O teatro do oprimido (TO) é um teatro ético e nele nada pode ser feito sem que se saiba por que e para quê. Os participantes devem saber por que fazem o que fazem(...)não se trata de dar aulas sobre ética, mas de estudar momentos essenciais da humanidade quando decisões históricas ou interpretações do mundo, éticas ou antiéticas, foram tomadas. (BOAL, 2005) O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e a vivência de cada um. Para muitos a Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais... Dentro desse enfoque a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista. Atualmente a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de futuro voltado para o desenvolvimento sustentável, sem desconsiderar o caráter social, artístico, ético e político ao qual a Educação Ambiental se vincula. Citamos anteriormente que o Teatro-Fórum aponta para possibilidades emancipatórias. Consideramos que esse caráter emancipatório do Teatro-Fórum é que lhe vincula a educação ambiental, pelo menos aquela que acreditamos, que é uma Educação Ambiental indo além da preservação do meio ambiente: [...] a educação ambiental deve ser entendida como educação política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania social,

cidadania planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza. (REIGOTA, 2004:10). Também nos aproximamos de Loureiro (2004) que defende uma Educação Ambiental Transformadora, que não seja apoiada em bases idealizadas, mas sim que favoreça a intervenção qualificada de agentes sociais. Para ele o importante é transformar através da teoria prática, favorecendo o desenvolvimento e a compreensão das problemáticas para que possamos transformar a realidade. Além disto, ressaltamos novamente a importância da Educação Ambiental não-formal, pois esta se constitui como espaço de construção e reconstrução de conhecimentos, num processo reflexivo de conscientização, criticando ou apoiando idéias e valores, questionando não somente ao outro, mas também a si mesmo e a sua existência. De tal forma, como Loureiro nos coloca: (...) A Educação Ambiental não atua somente no plano das idéias e no da transmissão de informações, mas no da existência, em que o processo de conscientização se caracteriza pela ação com conhecimento, pela capacidade de fazermos opções, por se ter compromisso com o outro e com a vida. [...] A educação é feita com o outro que também é sujeito, que tem sua identidade e individualidade a serem respeitadas no processo de questionamento dos comportamentos e da realidade. (LOUREIRO. 2004, P. 28) Um histórico recente 5 com resultados da metodologia proposta anteriormente, nos encorajam na tentativa da formação de um grupo de teatro interativo específico para desencadear situações de encontro e interação com os grupos-sujeitos, os quais denominamos, provisoriamente, grupos em situação de risco sócio-ambiental 6. Para tanto, propomos a formação de um grupo estável que, progressivamente, possa multiplicar a metodologia original, com oficinas de formação, seminários e intervenções sociais nas comunidades para ajudar a mediar as mais diversas 5 Na tese de doutorado de PERALTA (2007), recentemente concluída, versou sobre o caráter pedagógico do Teatro-Fórum. Enquanto ferramenta metodológica, essa modalidade de teatro, tornou possível se colocar os agricultores e suas famílias no palco para que protagonizassem seus próprios problemas e contradições, apontando possibilidades emancipatórias para suas comunidades. A transição agroecológica de um dos grupossujeito (Ilha dos Marinheiros, Rio Grande, RS) foi acompanhada pelo Programa Costa Sul (BID/ FURG/ FAURG/ NEMA) e desse acompanhamento, problematizado pela linguagem do teatro resultaram ações importantes, como: a criação do Grupo de Produtores Ecológicos e da Feira Ecológica. 6 Loureiro (2003) utiliza o termo vulnerabilidade socioambiental e caracteriza como a situação de grupos específicos que se encontram: (1) em maior grau de dependência direta dos recursos naturais para produzir, trabalhar e melhorar as condições objetivas de vida; (2) excluídos do acesso aos bens públicos socialmente produzidos, e (3) ausentes de participação legítima em processos decisórios no que se refere à definição de políticas públicas que interferem na qualidade do ambiente em que se vive (p.48).

problemáticas. Isso requer a aprendizagem de novas linguagens, além do teatro tradicional, e como colocamos anteriormente, supomos que o Teatro-Fórum é uma das possibilidades. Assim, este projeto busca repetir resultados semelhantes aos obtidos em projetos antecedentes realizados junto às comunidades do entorno da FURG, considerando que a continuidade de um grupo de teatro universitário está diretamente vinculada à capacidade de multiplicação de sua metodologia de trabalho e conseqüente apropriação pelos grupos sociais que dele poderão usufruir. Resta-nos, portanto, promover esta formação e tomando a arte, comumente vista como mero lazer ou recreação, assumindo outro papel. Assim, torna-se importante reiterar a vital importância da arte como instrumento social (VYGOTSKY,1996; 2001), capaz de dar visibilidade às questões societárias de fundo que afetam as populações em situação de risco social, com as quais o projeto se propõe interagir. O principal objetivo deste curso é formar um grupo de Teatro Interativo dentro da universidade e capacitado para realizar intervenções junto a comunidades que apresentem situações de vulnerabilidade sócio-ambiental (LOUREIRO, 2003). Pretende-se com o projeto desencadear uma atitude reflexiva, através de uma linguagem artística, naqueles que participarão, bem como capacidade de compreender que uma nova metodologia de ensino está sendo lançada para eles, podendo ser usada como uma ferramenta em atividades de cunho pedagógico, seja no ensino formal ou não-formal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BOAL, Augusto. A estética do oprimido. Em http://www.sinprors.org.br/extraclasse/mar05/augustoboal.asp. Acessado em 12/10/2005 às 00:30. BOAL, Augusto. Stop: c est magique. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. BOAL, Augusto. 200 exercícios e jogos para o ator e não-ator com vontade de dizer algo através do teatro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1998. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

LOUREIRO, C. F. B. Premissas teóricas para uma educação ambiental transformadora. In: Ambiente & Educação Revista de Educação Ambiental da FURG, v.8. Rio Grande: Editora da FURG, 2003. LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2004. REIGOTA, Marcos. A Floresta e a escola: por uma educação ambiental pósmoderna. São Paulo: Cortez, 1999. REIGOTA, Marcos. Educação Ambiental. 4º reimpressão 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e representação social. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2004. PERALTA, Cleusa Helena Guaita. O conceito utopias concretizáveis elemento gerador de um programa de educação ambiental centrado na Interdisciplinaridade. Rio Grande, 1997. Dissertação [Mestrado em Educação Ambiental] Fundação Universidade Federal do Rio Grande. PERALTA, Cleusa Helena Guaita. Experimentos educacionais: eventos heurísticos transdisciplinares em educação ambiental. In: RUSCHEINSKY, Aloísio (org.). Educação ambiental abordagens múltiplas. Porto Alegre, Artmed, 2002. PERALTA, Cleusa Helena Guaita Peralta. A arte do grafismo infantil e a construção simbólica. Rio Grande: FURG, 2002. Prelo; mimeo: Biblioteca Central, FURG, Rio Grande. PERALTA, Cleusa Helena Guaita Peralta. Transdisciplinaridade e confluências entre artes, filosofia e educação básica: da subjetividade criadora à criação das realidades (44 pp). In: CORRÊA, Ayrton Dutra. Ensino de artes múltiplos olhares. Ijuí: Unijuí, 2004. PERALTA-CASTELL, Cleusa Helena Guaita. Metaforizando a vida na terra: um recorte sobre o caráter pedagógico do Teatro-Fórum e sua mediação nos processos de transição agroecológica e cooperação em Rio Grande-RS. Porto Alegre, 2007. Tese [Doutorado em Educação] Universidade Federal do Rio Grande do Sul. THIOLLENT, Michel. Metodología da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985. VYGOTSKY, L. S. La imaginación y el arte en la infancia. Madrid: Akal, 1996. VYGOTSKY, L. S. Psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.