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PODER JUDICIÁRIO. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ACÓRDÃO

Transcrição:

TÍTULO: REDISCUTINDO A PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS AUTOR(ES): GABRIELA PINOTI ORIENTADOR(ES): LOYANA CHRISTIAN DE LIMA TOMAZ, RENATA APARECIDA FOLLONE

1. RESUMO O permissivo constitucional da decretação de prisão por falta de pagamento de pensão alimentícia fundamenta-se na preservação do direito à vida e de outros direitos da personalidade do alimentado. É com o recebimento da pensão que o seu beneficiário poderá ter condição e dignidade para sobreviver. Deste modo, questiona-se a eficácia dos métodos de cobrança dos débitos e se tal hipótese atinge seu objetivo primordial, qual seja a conservação dos fundamentos necessários para a qualidade de vida do alimentado. Tendo em vista que existe o meio de execução por quantia certa contra o devedor solvente e o meio execução pelo rito coercitivo indireto, porém esses meios nem sempre atingem seu objetivo principal que é a eficácia da prestação alimentícia, por vezes essa coerção não e eficaz e o necessitado acaba sendo submetido a condições desumanas. 2. INTRODUÇÃO O presente trabalho visa analisar a aplicação da prisão civil do devedor de alimentos como meio para assegurar a efetividade do procedimento de execução de prestações alimentícias adotadas no Brasil, foi desenvolvido à partir do projeto de pesquisa intitulado Cumprimento da prestação alimentar: mecanismos e efetividade com apoio do CNPq. Apesar de vários entendimentos sobre esse assunto, muitos doutrinadores e juristas entendem que para garantir a efetividade do adimplemento do dever de prestar alimentos há necessidade de submeter o executado à privação de sua liberdade. Outros rebatem sob o seguinte argumento: deve sopesar a garantia à integridade física e mental de ambas as partes envolvidas, ou seja, não deve sempre primar pela do alimentado. Para tanto, parte-se da observação do instituto da prisão civil em sua origem, evolução histórica e natureza, traçando um panorama sobre as normas atualmente aplicáveis no que se refere a sua imposição. Por fim, cita-se as principais mudanças implementadas pela Lei nº 13.105/15, intitulada Novo Código de Processo Civil, no âmbito do processo de execução de alimentos.

3. OBJETIVOS Esse projeto teve como escopo principal analisar os mecanismos e a efetividade do cumprimento da obrigação alimentar, fazendo uma comparação entre as normas vigentes aplicáveis e a possível alteração decorrente da aprovação do novo Código de Processo Civil. Quanto aos objetivos específicos pode-se arrolar: legislação aplicável a prisão civil do devedor de alimentos; análise as alterações advindas a prisão civil do devedor de alimentos com o Novo Código de Processo Civil; verificação da origem do dever de alimentar, dentre outros. 4. METODOLOGIA A utilização de métodos científicos visa oferecer transparência e objetividade na investigação, que poderá ser submetida à verificação, uma vez que explicita com clareza os critérios metodológicos adotados. Para o desenvolvimento da pesquisa intitulada Cumprimento de a prestação alimentar: mecanismos e efetividade utilizou-se métodos comparativos, fenomenológico e dedutivo, priorizando o estudo doutrinário e jurisprudencial ao alcance do tema. A investigação foi de cunho qualitativo, por meio de análise e revisão bibliográfica, relacionadas ao tema proposto, com base na interpretação do pensamento dos teóricos elencados nas principais referências bibliográficas. 5. DESENVOLVIMENTO Segundo preceitua Orlando Gomes (GOMES, 2002, p. 427): alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. A expressão designa medidas diversas. Ora significa o que é estritamente necessário à vida de uma pessoa, compreendendo, tão-somente, a alimentação, a cura, o vestuário e a habitação, ora abrange outras necessidades, compreendidas as intelectuais e morais, variando conforme a posição social da pessoa necessitada. Na primeira dimensão, os

alimentos limitam-se ao necessarium vitae; na segunda, compreendem o necessarium personae. Os primeiros chamam-se alimentos naturais, os outros civis ou côngruos. A palavra alimento descende da latina alimentum, i, que significa sustento, alimento, manutenção, subsistência, do verbo alo, is, ui, itum, ere (alimentar, nutrir, desenvolver, aumentar, animar, fomentar, manter, sustentar, favorecer, tratar bem). (AZEVEDO, 2000, p.111) O instituto dos alimentos é bastante antigo, os primeiros registros datam do período romano quando o tema ganhou importância bem como os primórdios legais. Os romanos conheciam os alimentos pela expressão officiumpietatis (dever de piedade, de caridade), mero dever moral, que depois se desenvolveu com o fundamento nos laços de parentesco, transformando-se em dever jurídico, regulamentado em lei. (AZEVEDO, 2000, p. 112) A Constituição estabeleceu como seus objetivos a serem perseguidos a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, e, ainda, a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais (artigo 3º, I e III). Embora originalmente seja competência estatal promover o bem de todos os cidadãos, no que se inclui o dever de prestar assistência a quem dela necessite, sabe-se que em razão de suas carências estruturais o Estado é incapaz de torná-la efetiva. Optou-se, então, pela adoção de mecanismos por meio dos quais se opera a transferência da responsabilidade assistencial para a família, conferindo-lhe função social. Diversos dispositivos constitucionais refletem essa postura, revelando a importância do princípio da solidariedade no campo das relações familiares. Assim, em seu artigo 227, prevê a Constituição o caráter recíproco do dever de assistência, afirmando que os pais tem o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Na solidariedade entre os indivíduos que integram um mesmo agrupamento familiar, ligados entre si por vínculos de parentesco ou afetividade que encontra fundamento a obrigação alimentar. Tão expressiva é tal obrigação no âmbito das relações de parentesco, que uma de suas características é a irrenunciabilidade,

afirmada nos termos do artigo 1707 do Código Civil, e contrabalanceada pela possibilidade de dispensa nos casos em que o credor dela não necessite. Nesse sentindo Carlos Roberto Gonçalves leciona: O dever de prestar alimentos funda-se na solidariedade humana e econômica que deve existir entre os membros da família ou parentes. Há um dever legal de mútuo auxílio familiar, transformado em norma, ou mandamento jurídico. Originariamente, não passava de um dever moral, ou uma obrigação ética, que no direito romano se expressava na equidade, ou no officiumpietatis, ou na caritas. No entanto, as razões que obrigam a sustentar os parentes e a dar assistência ao cônjuge transcendem as simples justificativas morais ou sentimentais, encontrando sua origem no próprio direito natural. (GONÇALVES, p.441, 2005) Compactuando do mesmo entendimento Venosa (2007) acrescenta: (...) os parentes podem exigir uns dos outros os alimentos e os cônjuges devem-se mútua assistência. A mulher e o esposo, não sendo parentes ou afins, devem-se alimentos com fundamento no vínculo conjugal. Também os companheiros em união estável estão na mesma situação atualmente. Daí decorre, igualmente, o interesse público em matéria de alimentos. Como vemos, a obrigação alimentar interessa ao Estado, à sociedade e à família. No que tange a execução da prestação alimentícia temos a execução de alimentos pelo rito expropriatório que está prevista no artigo 732 do Código de Processo Civil de 1973 na modalidade de execução por quantia certa contra devedor solvente. Embora a utilização deste procedimento executivo obste a imposição da prisão civil, sabe-se que existem com relação a ele certas especificidades, justificadas, igualmente, pela necessidade de garantir a imposição do cumprimento da obrigação alimentar. Segundo Dias, ante a natureza condenatória da sentença que fixa os alimentos, a aplicação da multa prevista no artigo 475-J pode e deve ser realizada. Em suas palavras, a falta de modificação do texto legal não encontra explicação plausível e não deve ser interpretada como intenção de afastar o procedimento mais célere e eficaz logo da obrigação alimentar, cujo bem tutelado é exatamente a vida. (DIAS, 2014) Temos também outro meio de execução no Código de Processo Civil de 1973 em seu artigo 733 que é conhecida como execução pelo rito coercitivo indireto, inicia-se com a citação do devedor para pagar, comprovar o pagamento, ou justificar

a impossibilidade de fazê-lo no prazo de três dias contados a partir da juntada do mandado de citação cumprido aos autos, sob pena de ser decretada sua prisão civil. O Novo Código de Processo Civil trouxe algumas inovações em relação à execução alimentícia dentre elas: a criação do cumprimento de sentença sob pena de prisão; a previsão expressa de cumprimento de sentença sob pena de penhora (já utilizada no CPC/73, mas sem previsão legal) e a criação da execução de alimentos fundada em título executivo extrajudicial, dentre outras. 6. RESULTADOS Há que se ressaltar primeiramente que o desenvolver do tema foi relevante, pois aprimorou e aperfeiçoou conhecimentos paradiscente e as docentes envolvidas no projeto, além de ter proporcionado um enriquecimento sobre o tema e o domínio da pesquisa cientifica. A pesquisa sobre as inovações advindas com o Novo Código de Processo Civil geraramaprendizagem, principalmente as importantes alterações quanto ao procedimento extrajudicial e judicial de execução de alimentos, como por exemplo, a possibilidade de protesto, preocupando-se também em sedimentar entendimento majoritários adotados pelos tribunais superiores. Tais mudanças buscam garantir efetividade no cumprimento da prestação alimentar. Apesar de a prisão do devedor de alimentos ser entendida, por muitos, como a forma mais efetiva para garantir a prestação alimentar, sugere-se que quando possível se deve buscar novos instrumentos, que também conferirão efetividade ao cumprimento do dever alimentar. Sobretudo, na utilização de todos os instrumentos já disponíveis no sistema jurídico atual, como por exemplo, o protesto do título executivo extrajudicial ou judicial de alimentos, postura lógica e condizente com o respeito à dignidade da pessoa humana, princípio basilar do Estado Democrático de Direito. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O assunto débito alimentar não é apenas um problema jurídico, é também um problema social no que diz respeito ao próximo. Tal assunto recebeu atenção do legislador e está regulamentado. Verifica-se que o Novo Código de Processo Civil trouxe importantes alterações quanto ao procedimento extrajudicial e judicial de execução de alimentos, como por exemplo, a possibilidade de protesto, preocupando-se também em sedimentar entendimento majoritários adotados pelos tribunais superiores. Tais mudanças buscam garantir efetividade no cumprimento da prestação alimentar. Contudo, o legislador não excepcionou a aplicação da prisão civil ao devedor de alimentos. Atualmente há um dissenso doutrinário e jurisprudencial, acerca da prisão civil, pois parte acredita que o mais eficiente meio de adimplemento da obrigação alimentar é a prisão civil do devedor. Já a outra parte, entende que o descumprimento da prestação alimentar não pode ser sancionado com a prisão civil do devedor, levando em consideração o princípio da dignidade da pessoa humana. Apesar da dissonância, ainda a prisão civil do devedor de alimentos mostrase meio eficaz para compelir o cumprimento da obrigação alimentar, porém deve ser utilizado como última alternativa. 8. FONTES CONSULTADAS AZEVEDO, Álvaro Villaça: Prisão Civil por dívida- 3ª ed- São Paulo: Atlas, 2012. BRASIL. Novo Código de Processo Civil. Disponível em: <http://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-018/2015/lei/l13105.htm >. Acesso em: 04 mai. 2015 CAHALY, Yussef Said. Dos alimentos. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. CHIARIONI, Ricardo Antônio. Resumo Jurídico de Processo Civil. 3ª ed. São Paulo: Editora QuartierLatin, 2004. DIAS, Maria Berenice. Os alimentos firmados em escritura pública e a execução pelo rito do art. 733 do CPC. Disponível em: http://www.mariaberenice.com.br/uploads/32_a_execu%e7%e3o_de_alimentos_firm

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