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1. Introdução Atualmente, a responsabilidade ambiental é muito discutida e têm cada vez mais importância na gestão das organizações. Os sistemas de gestão ambiental, também conhecidos como SGA (ABNT, 2004), destacam-se por permitir que as organizações possam estabelecer planejamentos adequados para prevenir a poluição, além de buscar melhorias contínuas em seus aspectos ambientais. A degradação do meio ambiente é uma conseqüência direta da exploração intensa dos recursos naturais e do descarte inadequado dos rejeitos pelo sistema produtivo industrial. Nos últimos anos, em todos os setores industriais, verifica-se que o aumento crescente da geração de resíduos sólidos e de poluentes gasosos tem causado dificuldades para uma correta disposição final (ROMEIRO, 2004). Nesse contexto, a busca por um desenvolvimento sustentável e ambientalmente adequado é uma prática que deve nortear a ação dos gestores públicos na tentativa de conter o avanço dos efeitos negativos da degradação do meio ambiente em todo mundo. Mas, o que as empresas podem fazer para reduzir os impactos ambientais? A maneira de gerir a utilização dos recursos naturais e das matérias-primas é o fator que pode acentuar ou minimizar os impactos. É necessário, portanto, conhecer a situação atual para saber como agir. Este artigo faz uma análise da situação atual das organizações empresariais localizadas na cidade de Uberlândia, quanto à sua conscientização ambiental, através das respostas obtidas de um questionário proposto como formulário para levantamento de indicadores da sustentabilidade das organizações empresariais, elaborado pelo Fórum de Competitividade local (FOCO, 2006). Através das respostas fornecidas neste formulário é possível fazer um diagnóstico da situação e apontar um possível caminho a ser seguido pelo setor empresarial, visando minimizar os impactos ambientais e maximizar a recuperação. 2. Aspectos Metodológicos Comenta-se que, atualmente, as empresas buscam resultados que possam permitir a preservação do meio ambiente, uma vez que este é um assunto muito discutido em todo mundo. Essa ação faz com que se busque administrar organizações produtivas sem provocar danos ao meio ambiente onde essa organização está inserida. A conseqüência é uma demanda de empresas de vários setores, seja de bens e serviços ou produtos, buscando um correto Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A principal norma de gestão ambiental da atualidade é a norma internacional ISO 14001, cuja finalidade é equilibrar a proteção ambiental e a preservação da poluição com as necessidades sócio-econômicas (MOREIRA, 2001, p.86). A norma estabelece 5 fases de implementação de um SGA, que resumidamente são: a política ambiental o planejamento a implementação e a operação a verificação e a ação corretiva a análise crítica Mas para que uma empresa possa realmente pensar nos aspectos ambientais, é necessário 2
esclarecer inicialmente o que é impacto ambiental. Este conceito pode ser entendido através de um diagrama de funcionamento de uma indústria ou de uma empresa de bens e serviços, as quais recebem matéria-prima de outras empresas, transformam essa matéria-prima em bens ou em serviços, e como conseqüência dessa transformação, emitem e geram os chamados impactos ambientais, esquematizados na Figura 1. CO 2 + OUTROS GASES MATÉRIA-PRIMA RESÍDUOS DIVERSOS ÁGUA ENERGIA INDÚSTRIA (EMPRESA) IMPACTOS PRODUTO Figura 1 - Esquema de funcionamento de uma indústria ou empresa de bens e serviços Os impactos ambientais, por sua vez, podem ser classificados em (ROMEIRO, 2004): a) Geração de lixo b) Consumo de energia c) Consumo de água d) Substâncias ou materiais inflamáveis e) Geração de resíduos tóxicos f) Geração de emissões magnéticas g) Degradação de aspectos paisagísticos h) Proliferação de organismos vivos i) Geração de emissões luminosas j) Geração de ruídos k) Emissões atmosféricas poluentes l) Geração de esgoto orgânico 3
Observa-se que os três primeiros itens (letras a, b, c) são impactos ambientais comuns a qualquer organização empresarial. O lixo que é gerado durante as operações de serviço de uma empresa, precisa ser descartado de uma forma adequada, sem prejudicar o meio ambiente. Há hoje uma prática de coleta seletiva, onde materiais recicláveis podem ser separados devidamente e encaminhados para processos de reaproveitamento. Quanto ao consumo de água e de energia, já é de consenso entre as organizações empresariais que deve haver uma prática de redução no consumo (PHILIPPI, 2004). Em relação aos demais impactos ambientais, é necessário conhecer todos os aspectos de funcionamento da organização empresarial para que eles possam ser quantificados, quando existirem no processo. Para a realização da pesquisa, as organizações empresariais localizadas na cidade de Uberlândia foram divididas em quatro grupos: micros, pequenas, médias e grandes empresas. Para cada uma delas foi apresentado um formulário contendo as perguntas, cujas respostas eram apenas sim ou não. O objetivo principal das perguntas desse questionário é fazer um diagnóstico da situação empresarial quanto ao meio ambiente. Para as empresas, os resultados podem ser vistos como um quadro atual do setor, indicando que há duas etapas necessárias para reduzir os impactos ambientais: 1. Identificar os pontos críticos 2. Definir os procedimentos a serem adotados. É necessário primeiramente conhecer quais são os possíveis impactos ambientais presentes na empresa para depois estabelecer um planejamento (agir) visando minimizar tais impactos. 3. Análise dos Resultados A pesquisa realizada tem por finalidade principal apresentar como as empresas ou organizações empresariais da cidade de Uberlândia estão agindo quanto ao assunto dos impactos ambientais. Há um parque industrial na cidade, com empresas de grande porte no cenário nacional, mas há também um número expressivo de empresas ou organizações classificadas como micro, pequena e média, que também produzem seus impactos ambientais. A preocupação com o meio ambiente não deve, portanto, ficar restrita apenas às grandes empresas. Os resultados a serem analisados a seguir, são apresentados na forma de uma figura, onde é possível verificar a porcentagem das respostas sim ou não para um conjunto de três perguntas, as quais aparecem na figura. A Figura 2 a seguir apresenta as respostas obtidas para três perguntas, conforme se pode observar na legenda da figura. Os responsáveis pelas empresas preencheram um formulário preparado para a pesquisa e as respostas possíveis, sim ou não, retratam uma situação ou uma tendência de como são encarados procedimentos importantes para redução dos impactos ambientais naquela empresa. Nota-se na Figura 2 que apenas 56% das empresas avaliadas têm licenciamento ambiental. Este resultado mostra que ainda falta aos empresários locais a consciência da importância que se deve dar às questões dos impactos ambientais, seja através de um levantamento de dados na própria empresa, seja pelas informações divulgadas em literatura especializada. Também apenas 48% das organizações empresariais entrevistadas têm um gestor ambiental no seu 4
quadro de funcionários. Entretanto, o ato de conhecer todas as questões que envolvem os impactos ambientais é de primordial importância, e a existência na empresa de um gestor que cria campanhas educacionais pode conscientizar os empregados e direcionar esforços na empresa, para a melhoria da qualidade dos serviços prestados, tendo em primeiro foco a redução de impactos ambientais. Desenvolver campanhas internas de educação para consumo de água, de energia e de insumos diversos, de forma consciente, pode ser o primeiro passo para um desenvolvimento sustentável na organização empresarial. PORCENTAGEM 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 PERGUNTAS SIM NÃO 1. Tem licenciamento ambiental? 2. Existe um gestor ambiental? 3. Desenvolve campanhas internas de educação para consumo consciente e reciclagem? Figura 2 Respostas obtidas do formulário Na Figura 3 apresentada a seguir, é analisado se as organizações empresariais locais estabelecem ou não parcerias com seus fornecedores, consumidores e clientes no que diz respeito aos impactos ambientais. Observa-se que a pergunta 1 dessa figura foi respondida de forma negativa por 54% das organizações empresariais avaliadas, ou seja, ainda não existe uma política de esclarecimento sobre as ações que as organizações empresariais promovem para minimizar os danos ambientais em suas atividades. Porém, a preocupação da empresa com o impacto ambiental deve ser extendida aos fornecedores, consumidores e clientes, visando principalmente esclarecer a destinação final de seus produtos e serviços. 5
PORCENTAGEM 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 PERGUNTAS SIM NÃO 1. Fornece aos seus consumidores e clientes informações sobre danos ambientais? 2. Prioriza a contratação de fornecedores com boa conduta ambiental? 3. Contribui com melhorias na infraestrutura ou no meio ambiente local? Figura 3 - Respostas obtidas do formulário Foi observado ainda, na pergunta 2 da Figura 3 que apenas 48% das organizações empresariais entrevistadas contratam fornecedores que têm preocupação com o meio ambiente. Mas a preocupação da empresa com o meio ambiente deve começar com a compra dos materiais de consumo e da matéria-prima. Já a pergunta 3 dessa figura mostra que poucas organizações empresariais contribuem com melhorias na infra-estrutura ou no ambiente local. Entretanto, deve partir da empresa qualquer política que venha contribuir para uma efetiva melhora no meio ambiente. Na Figura 4 a seguir são avaliadas questões sobre atualizações das organizações empresariais sobre temas relacionados ao meio ambiente, divulgações de ações sobre impactos ambientais e participação em fóruns sobre impactos ambientais. A cidade de Uberlândia possui uma Universidade Federal e quatro grandes Universidades particulares, nas quais os assuntos sobre preservação do meio ambiente e sistemas de gestão ambiental (SGA) são estudados e há também realizações de eventos para divulgação das informações das pesquisas e discussões abertas sobre o tema. É possível, portanto, haver uma boa interação entre empresa e universidade, com interesse exclusivo em estabelecer procedimentos para melhorar e até criar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que seja adequado para cada organização empresarial em particular. 6
PORCENTAGEM 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 SIM NÃO PERGUNTAS 1. Mantem-se atualizada em relação a riscos e oportunidades por meio de uma relação com organizações que lidam com temas? 2. Produziu e divulgou, no último ano, documentação apropriada envolvendo impactos potenciais? 3. Participa de fóruns e iniciativas envolvendo questões relacionadas a práticas ambientais responsáveis? Figura 4 - Resultados obtidos do formulário Essas questões são importantes, pois a construção de indicadores de sustentabilidade e a produção de dados com base na necessidade dos usuários é que permitem um melhor uso dos recursos pela empresa, sempre visando minimizar os impactos ambientais. Essa ação permite compartilhar uma base comum de informações devidamente selecionadas, facilitando a tomada de decisões quanto à coordenação e participação da sociedade. A idéia é reduzir impactos ambientais, mudar os padrões atuais de produção e consumo da sociedade rumo à sustentabilidade sócio-ambiental. PORCENTAGEM 70 60 50 40 30 20 10 0 SIM NÃO 1 2 3 PERGUNTAS 1. É exemplo na observação de normas de conservação e de saúde e segurança envolvendo a estocagem de produtos? 2. Compartilha com concorrentes ou empresas locais, tecnologias ambientalmente amigáveis? 3. Conhece os documentos que incentivam as práticas das alternativas anteriores? 7
Figura 5 - Resultados obtidos do formulário A Figura 5 apresenta os resultados para três questões que são fundamentais para a organização empresarial adaptar seus padrões atuais de produção e consumo para desenvolver um programa adequado de sustentabilidade sócio-ambiental. Nas respostas encontradas para a pergunta 1 da Figura 5, nota-se que 50% das organizações empresariais entrevistadas observam normas existentes de conservação e de saúde e segurança envolvendo a estocagem de produtos. Visto de outro ângulo, em metade das organizações empresariais que foram entrevistadas foi verificado a não observação de tais normas. Isto pode ser uma forte evidência da necessidade de um gestor ambiental atuante, conhecedor das normas de conservação e estocagem de produtos, que poderá implementar programas internos visando adequar a empresa às normas vigentes. Já as respostas encontradas para as duas perguntas seguintes na Figura 5, apontam que menos da metade das organizações empresariais entrevistadas compartilha tecnologias de redução de impactos ambientais com seus concorrentes, ou com outras organizações empresariais locais. Entretanto, se um grupo maior de organizações empresariais participarem suas ações realizadas para reduzir impactos ambientais, pode-se encontrar modelos de gestão ambientais cada vez mais adequados a cada setor empresarial. E conhecer os documentos, as normas e todas as resoluções que incentivam as práticas de redução de impactos ambientais é uma ação importante para a sustentabilidade sócio-ambiental. 4. Considerações Finais Para estabelecer planejamentos adequados visando reduzir os impactos ambientais, ou mesmo buscar melhorias contínuas em seus aspectos ambientais, as organizações empresariais precisam conhecer sua situação atual para, então, saber como agir ou mesmo implantar um sistema de gestão ambiental apropriado à sua realidade. Nota-se, através deste trabalho, que há muito a ser feito nas organizações empresariais localizadas na cidade de Uberlândia. Pelas respostas analisadas neste artigo, foi possível verificar que apenas 56% das organizações empresariais avaliadas têm licenciamento ambiental, resultado que aponta a necessidade de um levantamento de dados na própria empresa, para esclarecer quais as etapas para implementação da política ambiental que seja adequada às suas necessidades. A ausência de um gestor ambiental em 52% das organizações empresariais avaliadas é evidência da necessidade urgente de mudança, pois conhecer todas as questões que envolvam os impactos ambientais, além de ser etapa primordial, é indispensável para a melhoria da qualidade dos serviços prestados. Também foi verificado, em 46% das organizações empresariais entrevistadas, que ainda não existe uma política de esclarecimentos sobre as ações que tais empresas promovem para minimizar os danos ambientais em suas atividades. E uma conseqüência direta da falta dessa política de ações, é a ausência de contribuições com melhorias na infra-estrutura ou no próprio ambiente local. Outra informação obtida com essa pesquisa é que metade das organizações empresariais não observa normas existentes sobre conservação, saúde e segurança, envolvendo a estocagem de 8
produtos. Daí a necessidade da atuação de um gestor ambiental, que seja conhecedor das normas, e que possa atuar na implementação de programas internos, visando melhorias e até a adequação às normas. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR ISSO 14.001: Sistema de Gestão Ambiental requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2 ed., 2004. FOCO. Fórum de Competitividade de Uberlândia. Elaborado em 2006. PHILIPPI JR., A., ROMÊRO, M. A., BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. São Paulo: Editora Manole, 2004. MOREIRA, M. S. Estratégia e Implantação de Sistema Ambiental: Modelo ISSO 4000. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2001. ROMEIRO, A. R. Avaliação e Contabilização de Impactos Ambientais. Campinas: Editora Unicamp, 2004. 9