ACÓRDÃO Registro: 2015.0000261886 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº 2005215-98.2015.8.26.0000, da Comarca de Araçatuba, em que é paciente RYAN RAYOLLI MARTINS e Impetrante THIAGO MAZZARO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Concederam em parte a ordem, nos termos do v. acórdão. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), OSNI PEREIRA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 14 de abril de 2015. Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica
Habeas Corpus nº 2005215.98.2015.8.26.0000 Comarca: Araçatuba Impetrante: THIAGO MAZZARO Paciente: Ryan Rayolli Martins VOTO Nº 9645 Habeas corpus. Alegado excesso de prazo para julgamento do procedimento administrativo disciplinar. Paciente regredido ao regime fechado. Falta grave cometida há nove meses sem que haja decisão definitiva no procedimento disciplinar. Natureza cautelar da regressão. Medida que deve adequar-se aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Ordem concedida para que o paciente retorne ao regime semiaberto até julgamento definitivo do processo administrativo. Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado por advogado em favor de RYAN RAYOLLI MARTINS, contra ato do MM. Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais da Comarca de Araçatuba, sob a alegação de sofrer o paciente constrangimento ilegal, consistente na regressão ao regime fechado. Sustenta o impetrante a ilegalidade da decisão coatora, que mantém o paciente em regime fechado apesar do procedimento administrativo que apura suposta falta grave já contar com mais de 06 meses de trâmite, razão pela qual requer o retorno do paciente ao regime aberto. A liminar foi indeferida (fls. 11/13), a autoridade impetrada prestou informações (fls. 16/17) e a Habeas Corpus nº 2005215-98.2015.8.26.0000 2
Procuradoria Geral de Justiça opinou pela denegação da ordem (fls. 19/21). Conforme se verifica das informações prestadas pela autoridade impetrada e também pela diligência realizada por esta relatoria junto ao sistema informatizado deste Tribunal de Justiça, o paciente foi progredido ao regime semiaberto em 09/05/2014. Contudo, em 11/07/2014 o paciente cometeu falta disciplinar de natureza grave, consistente na posse de aparelho de telefonia celular em sua bermuda, sendo cautelarmente regredido ao regime fechado. Até o presente momento a autoridade impetrada não apreciou os autos da sindicância posto ainda não o haver recebido, estando no aguardo de sua remessa pelo estabelecimento prisional. A ordem comporta concessão Como se verifica, já se passaram mais nove meses desde a prática da suposta falta disciplinar, estando o procedimento administrativo ainda em curso. Durante este longo período, portanto, o paciente encontra-se cumprindo pena em regime mais gravoso do que aquele ao qual faz jus. Não se nega a possibilidade da regressão cautelar, porém não se pode ignorar a sua natureza de urgência. Assim como a prisão processual não deve se estender por período demasiado, também a regressão cautelar deve pautarse pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Habeas Corpus nº 2005215-98.2015.8.26.0000 3
Não os parece razoável a demora de nove meses para a análise definitiva do procedimento disciplinar, mormente tratando-se de paciente cujo término de cumprimento da pena está previsto para 30/06/2016, ou seja, em menos de um ano. A pendência de procedimento administrativo gera grave restrição ao reeducando, qual seja a impossibilidade de requerer nova progressão de regime. Ora, no caso dos autos, considerando faltar menos de um ano para o término da pena, e considerando já estar o paciente há nove meses em regime fechado, já teria cumprido o requisito objetivo, entretanto, havendo procedimento pendente de julgamento, é mantido ainda em regime mais gravoso. Verifico, destarte, situação de constrangimento ilegal consistente sofrido pelo paciente, consistente em sua manutenção em regime mais gravoso por nove meses sem que haja decisão definitiva quanto à falta disciplinar. Ante o exposto, pelo meu voto, concedo a ordem impetrada para determinar a imediata transferência do acusado ao regime semiaberto, devendo ai permanecer até decisão definitiva do procedimento disciplinar. Expeça-se ofício. Habeas Corpus nº 2005215-98.2015.8.26.0000 4
GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Habeas Corpus nº 2005215-98.2015.8.26.0000 5