ATIVIDADES DESENVOVLIDAS PELO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA LEM- FOZ Prof.a. Ms. Renata Camacho Bezerra UNIOESTE Campus de Foz do Iguaçu renatacb@unioeste.br Prof.a. Ms. Patrícia Sândalo Pereira UNIOESTE Campus de Foz do Iguaçu pspereira@unioeste.br INTRODUÇÃO 1 º ) Diante da necessidade de haver um comprometimento por parte de nossos alunos para com a sociedade, visto que estudam em uma Universidade Pública e, sabendo da deficiência de conteúdo matemático apresentado pelos alunos ao término do ensino fundamental e médio, elaboramos um Programa de Extensão, denominado Integrando os alunos do Curso de Licenciatura em Matemática e a Comunidade. Este Programa tem por finalidade suprir as deficiências dos alunos do ensino fundamental e médio e preparar o futuro professor de Matemática para o mercado de trabalho através do contato direto com o cotidiano escolar. As atividades desenvolvidas por este programa foram registradas na forma de projetos de extensão, tendo sempre como princípio norteador colaborar com a comunidade cumprindo com o papel social da Universidade Pública. No ano de 2002 tivemos ao todo 34 alunos do Curso de Licenciatura em Matemática participando destes projetos e aproximadamente 500 alunos do Ensino Fundamental que foram atendidos. No decorrer do trabalho aconteceu algo curioso, em uma das escolas fomos contatadas por uma comissão de alunos que não possuíam dificuldades em matemática, mas, no entanto reivindicavam a oportunidade de aprender mais através das aulas de reforço. De inicio, ficamos bastante surpresas, mas de imediato procuramos atender tal
2 reivindicação, já que despertar, aguçar e aprimorar o interesse pela matemática é também um dos nossos objetivos. A repercussão do trabalho desenvolvido por nossos alunos foi tão positiva que neste ano estamos tendo uma procura significativa de escolas de Foz do Iguaçu e região. Através deste trabalho podemos concluir que o contato com as salas de aulas deve realmente acontecer deste o primeiro ano do Curso de Licenciatura em Matemática. Este contato permite que o aluno desenvolva-se ganhando maior confiança na hora do estágio, e pudemos perceber que essa atividade despertou e/ou intensificou o interesse por ser professor. Como o trabalho obteve um resultado significativo a procura por parte das escolas intensificou-se e o número de alunos que se dispuseram a participar do projeto foi maior. O interessante nestes projetos é que só há vantagens para ambos os lados. Para os alunos dos Colégios Estaduais houve um crescimento intelectual propiciando desse modo, um futuro melhor. Já, para os alunos do Curso de Licenciatura em Matemática proporcionou um maior contato com a realidade escolar. Pudemos observar que através de projetos de extensão nós podemos aproximar mais os alunos da realidade escolar, proporcionando-lhes uma experiência muito importante, que lhes permitirá até refletir sobre o papel que desempenharão no futuro quando estiverem atuando. 2 º ) Esta frente teve por finalidade complementar a formação inicial dos alunos do Curso de Licenciatura em Matemática UNIOESTE Campus de Foz do Iguaçu, através de palestras com professores oriundos de outros Estados brasileiros, ou seja, de outras realidades. Durante as palestras que aconteceram em momentos diferenciados, tivemos a participação de alunos do Curso de Licenciatura em Matemática, professores e outros interessados. A palestra Malba Tahan e a Educação Matemática: uma Viagem pelo Tempo contou-nos um pouco da vida e obra do professor de matemática e grande contribuidor para a Educação Matemática Júlio César de Melo e Souza, cujo pseudônimo é Malba Tahan. Este brasileiro teve suas obras como, por exemplo, O Homem que Calculava traduzido para várias línguas. Suas obras são ricas na contextualização da matemática e na valorização do ensino da mesma, permite que alunos e professores vivenciem a interdisciplinaridade através dos fartos detalhes da cultura muçulmana e da cultura asiática. Os alunos do Curso de Licenciatura em Matemática puderam conhecer a vida e
3 obra de Malba Tahan e dessa forma, valorizar um professor de matemática brasileiro que baseou seu trabalho na difusão, humanização e universalização da matemática. A palestra Clube de Matemática: uma experiência em formação de professores e alunos relatou a respeito do projeto de estágio Clube de Matemática criado no Laboratório de Matemática na Faculdade de Educação da USP. É um ambiente de discussões sobre questões de sala de aula e de pesquisa teórica/prática relacionados a Matemática e a Educação Matemática. Esta exposição tentou mostrar uma visão da matemática além da simples transmissão de conteúdos, aproximando a criança da matemática e trabalhando com a formação inicial e continuada de pedagogos e matemáticos. Nossos alunos puderam conhecer o trabalho desenvolvido FE/USP e após a palestra estavam cheios de idéias para implementar o Laboratório de Ensino de Matemática LEM-FOZ. A palestra As percepções dos professores de matemática diante das atividades de formação continuada na sua prática: os caminhos de uma pesquisa relatou as inquietudes que alimentaram o desenvolvimento do estudo, a perspectiva teórica, a metodologia, o contexto da pesquisa, os participantes da investigação e o processo de análise dos dados da pesquisa em nível de mestrado que se desenvolveu junto ao Programa de Pós Graduação em Educação Matemática da UNESP Rio Claro/SP. Nossos alunos puderam perceber as dificuldades ao iniciar uma Pós-Graduação Stricto Sensu e questionaram sobre as perspectivas de trabalho ao término do Mestrado. A palestra A Educação de Surdos no Contexto Nacional relatou a respeito do ensino de modo geral e de forma especial o ensino de matemática para os alunos surdos. Existe uma grande falta de profissionais qualificados para trabalhar com esses alunos. A relevância desta palestra esteve no fato de que a inclusão social deve ser respeitada e o professor deve estar cada vez melhor preparado para enfrentar esses desafios. Como resultado desta palestra tivemos um grupo de alunos interessados em participar de um projeto de extensão de reforço escolar para alunos surdos, além disso, muitos solicitaram que elaborássemos um projeto de extensão para aprender a linguagem de sinais. Esta palestra trouxe-nos a dimensão de um amplo campo de trabalho e da possibilidade da Universidade cumprir com seu papel social. A palestra Relato de uma experiência educacional: a importância da relação linguagem-pensamento das crianças surdas contou-nos a experiência da palestrante na sua adolescência com alguns amigos surdos, em situações simples de interação e convívio (encontros na rua principal da cidade), o que a levou a realizar e concretizar
4 sua escolha profissional: o desejo de compreender o que as mãos tão ágeis daqueles jovens falavam. Também chamou a atenção que o mais importante para quem tem uma relação com a criança surda é não perder de vista o desenvolvimento da criança como um todo, não somente dar atenção à surdez e sim ter conhecimento do desenvolvimento infantil, cognitivo, da socialização e, principalmente do desenvolvimento de linguagem. Através dessas palestras, os alunos do Curso de Licenciatura em Matemática tiveram: contato com a extensão, com diferentes realidades, com diversos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, com a matemática presente em diferentes contextos e culturas, além de novas possibilidades no mercado de trabalho. O principal interesse foi em complementar sua formação através de sua participação e sugestão de novos projetos de extensão. Vale ressaltar que esse hábito de realizar palestras e de incentivar a troca de experiências com outras instituições é um trabalho bem interessante e o resultado extremamente gratificante. Os alunos estão na sua grande maioria motivados e interessados, sempre buscando um aperfeiçoamento. 3 º ) Sabemos que no decorrer de um Curso de Licenciatura nem sempre é possível trabalharmos todos os conteúdos que achamos necessários e julgamos importantes, por isso utilizamos a pesquisa e a extensão visando complementar esta formação. Durante as aulas de Didática e Prática de Ensino os alunos foram instigados e convidados a participar de um projeto de extensão. Este projeto em sua primeira fase consistiu no levantamento dos materiais disponíveis no LEM-FOZ, em um segundo momento, cada aluno escolheu um material pedagógico como fonte de pesquisa e criação de atividades. E num próximo momento, elaboraremos minicursos para os colegas dos cursos de Pedagogia e Matemática e ainda, professores e alunos do ensino público e privado. Em nossas observações pudemos perceber o interesse e o envolvimento dos alunos do Curso de Licenciatura em Matemática com o LEM-FOZ. Procuramos dessa forma, complementar a formação de nossos alunos promovendo a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Os objetivos do LEM-Foz ao longo deste anos têm sido: - Ampliar a visão de nossos licenciandos em Matemática sobre a formação de professores; - Conhecer as pesquisas que estão sendo desenvolvidas em outras Universidades;
5 - Proporcionar exemplos de interdisciplinaridade na matemática e educação matemática; - Ampliar o campo de trabalho do professor de matemática. - Integrar os alunos do Curso de Licenciatura em Matemática e a sociedade; - Preparar o futuro professor de matemática para o mercado de trabalho. - Cumprir com o papel social da Universidade pública; - Desenvolver o gosto pela matemática, de modo a suprir as deficiências presentes no ensino fundamental e médio, evitando-se assim a evasão e a repetência; - Preparar o futuro professor de Matemática para o mercado de trabalho; - Permitir que os alunos, futuros professores de matemática, vivenciem a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Universidade através dos alunos do Curso de Licenciatura em Matemática está cumprindo com seu papel social, realizando projetos que visem sanar as deficiências em conteúdos matemáticos apresentadas pelos alunos do ensino fundamental e médio. As palestras tem enriquecido a formação de nossos futuros professores de matemática permitindo a troca de experiência e o crescimento intelectual. O LEM-FOZ está mais organizado, pois cada material dispõe de uma pasta contendo o histórico do material e sugestão de atividades, os alunos estão mais motivados para a elaboração dos minicursos, visto que tiveram um contato maior com os materiais didáticos. E por fim, o LEM-Foz tem procurado permitir que os alunos do curso de Licenciatura em Matemática vivenciem a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. PALAVRAS CHAVES: Compromisso Social. Educação Matemática; Formação de Professores; REFERÊNCIAS BRITO, L. F. Integração Social e Educação de Surdos. Rio de Janeiro: Babel, 1993. FERNANDES, E. Problemas Lingüísticos e Cognitivos do Surdo. Rio de Janeiro: Agir, 1990. FRANZONI, G. G. e PANOSSIAN, M. L. O Laboratório de Matemática como espaço de aprendizagem. In: MOURA, M. O. de (org.) O Estágio na Formação
6 Compartilhada do Professor: Retratos de uma Experiência. São Paulo: Feusp, 1999., p. 113-137. GÓES, M. C. R.. Linguagem, surdez e educação. Campinas: Autores Associados, 1996. GOLDFELD, M. A Criança Surda: linguagem e cognição numa perspectiva sóciointeracionista. São Paulo: Plexus, 1997. LABORATÓRIO de Ensino de Matemática Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP, Campus de Rio Claro/SP. LAM Laboratório de Educação Matemática. Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS. LEMA, Laboratório de Ensino de Matemática. Universidade de Guarulhos UnG. MOURA, M. O. de A Atividade de Ensino como Unidade Formadora. In: Castro, A. D. & CARVALHO, A. M. P. (org) Ensinar a Ensinar. São Paulo: Pioneira, 2001. p. 143 162. MOURA, M. O. de(org) O Estágio na Formação Compartilhada do Professor: Retratos de uma Experiência. São Paulo: Feusp, 1999. OLIVEIRA, C. C. de Do Menino Julinho a Malba Tahan: uma Viagem pelo Oásis do Ensino da Matemática. Dissertação de Mestrado. Rio Claro/SP, 2001. 192p. PARANÁ (Estado), Secretaria do Estado da Educação. Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná. Curitiba: SEED, 1997. POLETTINI, A. F. F. História de Vida Relacionada ao Ensino da Matemática no Estudo dos Processos de Mudança e Desenvolvimento de Professores. Zetetiké: Campinas, V. 4 N. 5, 1996, p. 29-48. QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. SKLIAR, C. (org.) Educação & Exclusão: abordagens sócio-antropológicas em Educação Especial. Porto Alegre: Mediação, 1997. SOUZA, R. M. Que palavra que te falta? Lingüística e Educação: considerações epistemológicas a partir da surdez. São Paulo: Martins Fontes, 1998. VYGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.