INFLUÊNCIA CULTURAL AFRICANA: DANÇAS, JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM PARINTINS/AM



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Transcrição:

INFLUÊNCIA CULTURAL AFRICANA: DANÇAS, JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM PARINTINS/AM Lenomar Nogueira Batalha Instituto de Ciências Sociais Educação e Zootecnia, ICSEZ/UFAM. Email: lenomano@yahoo.com.br Francirlano Matos da Silva Instituto de Ciências Sociais Educação e Zootecnia, ICSEZ/UFAM. Email: fcpwwsilva@hotmail.com RESUMO Este artigo tem como intenção analisar a influência cultural dos africanos no Brasil. Por meio da revisão bibliográfica observa-se o intenso intercâmbio cultural ocorrido entre os escravos africanos, os indígenas e os europeus. Essas trocas culturais ocorridas por vários séculos durante o período colonial brasileiro contribuíram para a formação de uma cultura híbrida e bastante rica. No que se refere à contribuição africana é evidente na cultura, culinária, religião, dança, música. Jogos e brincadeiras. Percebe-se, que, essa matriz africana teve um papel importante na formação e delineamento da identidade cultural afro-brasileira, os escravos possuíam uma grande diversidade cultural devido à sua origem distinta e por pertencerem a diversas etnias com idiomas e tradições distintas, pois, eram oriundos de outras regiões do continente africano. Já, no Brasil esses africanos souberam assimilar, interpretar e recriar certas práticas de outras culturas com os quais estiveram em contato. Neste sentido, no exercício da Lei nº. 10639/03 que fortalece a presença da questão étnico-racial nos currículos escolares, em contrapartida, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, inserindo-se na envergadura de um leque de conhecimentos, possibilitando as ações e as reflexões teórico-pedagógicas que buscam caminhos alternativos e propostas metodológicas consistentes para a efetivação da mesma. A educação brasileira busca valorizar devidamente a história e a cultura de seu povo afrodescendente, trabalho embasado em autores que discutem Palavras-Chaves: Cultura Híbrida, Contribuição Africana, Educação Brasileira

INTRODUÇÃO Segundo estudos realizados sobre o contexto da realidade brasileira, observa-se que atualmente existem algumas dificuldades quanto às práticas de jogos e brincadeiras voltados a História e Cultura Afro-brasileira e, especialmente, quanto à elaboração de Projetos socioculturais em cada unidade educacional. No município de Parintins tal realidade não é diferente, sendo assim, surge à necessidade de se estudar e de apontar alguns caminhos que contribuam com as escolas no cumprimento mais eficaz da sua função social, fundar as bases de uma cidadania crítica e participativa na sociedade. Diante do exposto, este artigo surgiu como resultado de participação dos acadêmicos participantes do projeto intitulada Historia e Cultura Afro-brasileira na Educação Básica, da Universidade Federal do Amazonas UFAM-ICSEZ. É no brincar que a criança aprende a aceitar o mundo no qual está inserido, aprendendo a conviver com o diferente, fazendo com que ampliem suas experiências ao brincar com as atividades aprendidas de outra cultura, assim, procuram manter suas tradições e costumes em um processo de imitação, enquanto necessidade e uma condição para que os pequenos e os adultos possam garantir a permanência de seus elementos culturais. Trabalhar os jogos lúdicos como atividade pedagógica vem se intensificando em sala de aula, especialmente nas disciplinas como a História. Nessa perspectiva, o artigo faz uma abordagem histórico-social sobre o processo educacional no ensino fundamental, pois as formas de brincar e os brinquedos que as crianças utilizam em seu lazer, em um diálogo preliminar de muitos conhecimentos devem ser compartilhados, tendo o lúdico enquanto componente cultural curricular, logo os jogos contribuem no processo intercultural. A percepção das crianças ao brincar, no contexto cultural de ensinoaprendizagem, desperta uma reflexão sobre outros tipos de brincadeiras. Com a utilização dos jogos, o lado lúdico é ajudado de maneira significativa na apropriação do conhecimento já que o sujeito se torna ativo e participa da elaboração do mesmo. Imperceptível é o dilema da escola na atualidade, campo de nossa atuação como professores, mergulhada na distinta sociedade da informação e envolvida nas diversas rotulações que a ela são estabelecidas: tradicionalista, atrasada, arcaica, chata. A mudança torna-se necessária às escolas, para que estas formem alunos capacitados à vida social, O material didático que daria possibilidades para que o docente desenvolvesse em sala de aula experiências, reflexões sobre o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira falta nas instituições educacionais e quando tem não estão inseridas no componente curricular como determina a Lei nº. 10639/03.

MATERIAL E MÉTODOS De acordo com o campo Histórico essa pesquisa enquadra-se no campo teórico da História da Cultura Afro-brasileiro, da qual a metodologia utilizada foi bibliográfica e documental, sendo que os dados obtidos foram analisados apartir do aporte teórico lançados para esse estudo apresentado nas categorias a seguir RESULTADOS E DISCUSSÕES TRADIÇÕES AFRO-BRASILEIRAS Cultura: Origens e Contribuições. Cada sociedade se organiza de distintas formas, incluindo cultura, identidades, comportamentos, sentimentos de pertencimento complementar representando seus hábitos, costumes e tradições. Para que as novas gerações não percam a memória, dos valores morais, da estética e da arte, uma vez que, a cultura se constitui do sentimento de inclusão. O vocabulário brasileiro tem genealogia africana, algumas palavras expressam essa grande influência que há em nossa cultura. Isso ocorre devido os habitantes da África adaptarem-se em ambientes cheios de contrastes e com várias dimensões, falam um vasto número de línguas, exercem diferentes religiões, moram em habitações diversificadas e se envolvem em inúmeras atividades econômicas de seus grupos étnicos e sociais, formando essa população de costumes, tradições, línguas e religiões específicas. É um fenômeno unicamente humano. Acultura se refere à capacidade que os seres humanos têm de dar significados a suas ações e ao mundo que os rodeia. É compartilhada pelos indivíduos de um determinado grupo não se referindo a um fenômeno individual. Por outro lado, cada grupo de seres humanos, em diferentes épocas e lugares, atribui significados diferentes as coisas e passagens da vida aparentemente semelhantes (GONÇALVES 2009). Durante os períodos Colonial e Imperial, vieram para o Brasil africanos escravizados, que além de terem constituído o alicerce na economia da sociedade brasileira, influenciaram também na formação cultural. A base da formação populacional do Brasil conhecida como miscigenação, reúne na corrente sanguínea brasileira de traços africanos, indígenas e europeus, isto é, uma influência

cultural que vai além do vocabulário. Os africanos trazidos como escravos para a América deixavam para trás muita coisa importante para a vida de uma pessoa: a terra de origem, parentes e amigos, todo um modo de vida. Perdiam até mesmo o próprio nome (BORGES & RODRIGUES, 2008). Além da prática cultural diferenciada ressaltada, os africanos, ainda, incorporaram algumas práticas europeias e indígenas, além de, influenciá-los culturalmente. O intercâmbio cultural entre os elementos citados contribuiu para uma formação cultural afro - brasileira híbrida bastante peculiar Culinária e seus Sabores. Os africanos trouxeram consigo sabores de suas culinárias e temperos que contribuíram a favor de comidas típicas em algumas regiões brasileiras, principalmente no nordeste que é rico na diversidade gastronômica afro-brasileira, ganhando aromas e sabores em doces, salgados e quitutes saboreados em outros países, cada um com o toque de criatividade do cozinheiro que o deixa mais apetitoso. O acarajé é uma guloseima típica da Bahia, o quibebe, caruru, abará, bobó pequeno, bolo de massa de feijão dentre outros alimentos vindos de alguns povos como: Jeje, Angola e Moçambique na África. Os negros africanos contribuíram significativamente para a culinária brasileira. As servas africanas foram responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas, casas-grandes do campo e da cidade, permitindo a propagação da influência africana na alimentação. A cozinha brasileira regional foi muito influenciada pela cozinha africana, mesclada com elementos culinários europeus e indígenas, a que mais evidencia a influência africana nos seus pratos típicos é a culinária baiana. Seus saborosos pratos preparados com os conhecidos e populares ingredientes azeite-dedendê, leite de coco-da-baía e a ardosa pimenta malagueta, nessa mistura de temperos o povo aprendeu a inventar o acarajé, o vatapá, o cuscuz, o caruru, o mungunzá, o angu, a pamonha e muitas outras iguarias. Para fazerem suas comidas os portugueses traziam ingredientes diretamente da Europa, os escravos alimentavam-se de restos e sobras, pois, não havia reservas suficientes para eles. Religião: a Preservação e a Mistura das Crenças. Quanto aos aspectos religiosos os negros buscaram sempre conservar suas tradições de acordo com as localidades de onde haviam sido retirados da África, a necessidade de aderirem ao

catolicismo levou diversos grupos de africanos a comporem as outras religiões assim como o cristianismo europeu, processo conhecido como sincretismo religioso. O candomblé, a umbanda, a quimbanda e o catimbó, são modelos de participação religiosa africana. Contudo, ao compreender que a identidade étnica é produto da interação entre as culturas, bem como um tipo de identidade social construída com base na etnicidade, a grande contribuição de Barth nessa área foi propiciar um caminho que pudesse conduzir os estudos sobre etnicidade e identidade étnica. Nessa percepção, cultura e tradição passaram a ser compreendidas não como entidades objetivas e estáticas, mas como fruto da relação ideia essa fundamental entre os grupos, em continuo processo de transformação (GONÇALVES 2009). Algumas divindades religiosas africanas vinculadas às forças naturais ou a acontecimentos do cotidiano foram aproximadas a personagens do catolicismo. Assim, no Brasil, Iemanjá foi representada como se fosse Nossa Senhora e para alguns grupos étnicos africanos é a deusa das águas. O senhor dos raios que cortam os céus e das furiosas tempestades, Xangô, foi representado por São Jerônimo. Os africanos escravizados que chegavam à América não traziam uma única religião. Aqui, entretanto, algumas crenças africanas acabaram sendo incorporados por africanos de diferentes origens, e servindo como fator de união e identidade entre diferentes grupos, é o caso, por exemplo, da região do povo Iorubá, a partir da qual se formou o candomblé (BORGES & RODRIGUES, 2008). Na África sempre existiram inúmeras religiões adotadas por vários povos, as predominantes são: o budismo criado na Índia, islamismo que tem o foco principal de seguir os ensinamentos de Maomé, o Catolicismo e o Evangelismo que tem como ligação principal a adoração a um Deus considerado o criador das coisas existentes e seu filho Jesus Cristo. Todas essas manifestações religiosas fazem uso dos cultos aos deuses que acontecem de forma simultânea. O candomblé acontece em grande parte da Bahia onde é presenciado alguns cultos dos orixás. Tambor de Mina ocorre principalmente no Maranhão, cultuam vodus, orixás e caboclos, os cultos congo-angolanos estão presentes nos estados do Rio de Janeiro e Bahia, cultos islâmicos sofreram modificações no Brasil, sobrevivendo alguns costumes e rituais, culto afro-índigenas, presentes em todas as regiões reverenciam todas as entidades caboclos e africanas. Os traços religiosos criaram características se misturando aos vários povos que habitavam as regiões da África e cada um com costume e cultura diferente, quando vieram ao Brasil trouxeram consigo toda essa riqueza incrementando aos costumes dos brancos e índios dando uma nova forma

de festejos religiosos. Esses aspectos culturais fundidos a nossos costumes transformaram em uma sociedade alicerçada uma diversidade cultural criando uma nova identidade. Tratadas com desprezo pelos devotos cristãos, as religiões afro-brasileiras sofreram perseguições, consideradas por muitos práticas pagãs. Segundo Luz (1991, p.83). Considerando a educação um meio eficiente e eficaz, seja de combate, seja de reprodução de ideologias discriminatórias, o racismo como pratica ideológica, perpetua-se nas dinâmicas dos processos de aprendizagem. Entretanto, o pensamento pedagógico brasileiro vem se manifestando de forma abertamente monoétnica. Logo cedo, nossas crianças aprendem os contos dos irmãos Grimm, influenciando na sua identidade étnica e autoestima. Música, os Sons que dão Ritmos. São arquétipos da influência africana na música brasileira que permanecem até os dias contemporâneos: A capoeira; o afoxé; o maracatu; a congada e o lundu, este por sua vez juntamente com outros gêneros deu origem à base rítmica do maxixe, samba, choro e bossa nova. A música popular urbana no Brasil Imperial envolvia de forma significativa os escravos que trabalhavam como barbeiros em Salvador e Rio de Janeiro uma de suas mais ricas expressões. Por muito tempo para tentar fugir do preconceito, algumas pessoas com ascendência negra buscaram ocultar seus traços de origem (BORGES & RODRIGUES, 2008). Usada como fonte histórica para entender um povo ou um momento no tempo. A música é o registro de um momento. A letra da música mostra que uma pessoa ou um grupo pensa e como se expressa. Os ritmos e os instrumentos revelam a influência musical de outros povos e países ou a criação de algo original. Os ínstrumentos usados para ritmar as canções era o tambor, o atabaque, a cuíca, alguns tipos de flauta, o marimbá e o berimbau também são heranças africanas que constituem parte da cultura brasileira. Vários sons, instrumentos e ritmos que marcam a música brasileira são de origem africana. Cantos como o jongo, ou danças como a umbigada, são também elementos culturais provenientes dos africanos. A música é um dos produtos mais consumidos no Brasil e no mundo. Devemos valorizar a nossa musicalidade, as tradições e heranças deixadas pelos africanos. (Freire 2003) Alfabetizador: Mostre aos alfabetizados que os conhecimentos geométricos estão presentes no nosso cotidiano (forma dos instrumentos musicais, pinturas da superfície desses objetos) e revelam-se necessários em varias atividades profissionais.

DANÇAS, RITMOS, FESTAS, JOGOS E BRINCADEIRAS. Bumba meu Boi Comedia tragédia e drama, através de sátiras que a historia do Bumba meu Boi é contada no Nordeste em versos e prosas. Apresenta em seu contexto as desiguais afinidades existentes entre os escravos e seus amos nas senzalas e casas grandes. Piaget (1946) destaca que o jogo compõe-se como a expressão e condição para o desenvolvimento infantil, uma vez que as crianças quando jogam assimilam e podem modificar a realidade. O jogo de regras implica o relacionamento social, uma vez que, são regulamentações impostas pelo grupo e a sua violação acarreta uma sanção. A cultura africana, assim como em outras culturas, possui algumas peculiaridades e é fundamental levar em consideração o contexto em que se desenvolveram tais brincadeiras para haver compreensão e respeito à cultura. Capoeira Com movimentos de mãos e, principalmente, de pernas, a capoeira é jogada ao som do ganzá, berimbal, pandeiro e caxixe. A capoeira está presente em todo o Brasil e foi reconhecida como esporte pelo Conselho Nacional de Desporto - CND. Esporte, luta, dança brincadeira. Cada pessoa define de um jeito. Para Oliveira (1993) trata-se a capoeira na atualidade de jogo-de-luta dançada", ou seja, ao insinuar, representar e encenar golpes, o capoeirista brinca de lutar e, de forma lúdica, realiza a capoeira como jogo, além disso, a musicalidade típica das rodas flui como dança na corporeidade dos jogadores-dançarinos. Os jogos são valorosos não só pelo interesse geral que despertam ou pela alegria de quem mantém contato com eles, além do mais carregam em si próprios uma dimensão educativa que proporciona a quem os praticam momentos ricos, de pleno desenvolvimento, entre os quais se contemplam os campos físico, emocional, mental e social do ser humano em geral. Maracatus Implantada no Brasil pelos portugueses é conhecido também como Maracatus de baque virado ou Maracatus nação. No começo, era denominado como um instrumento de percussão e mais tarde o instrumento vem ser usado para as danças. Constituída por uma percussão que acompanha um cortejoma instituição que compreendia um setor administrativo e outra, festivo, com teatro, musica e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em música e dança próprias para homenagear a coroação do rei Congo.

Frevo Ferver é o significado da palavra Frevo. Esse animado e famoso ritmo carnavalesco, apareceu entre os anos de 1910 e 1911, marchinha bastante acelerada, não possui letras em sua cadencia. Estilo dançado dá a impressão da existência de uma superfície molhada abrasadora. Fermiano (2005) destaca que a partir dos anos 90 os documentos oficiais e também os livros didáticos expressaram uma grande preocupação como aspecto metodológico. O jogo é apresentado pela autora não como uma chave capaz de resolver todos os problemas existentes na escola, mas, sobretudo, ao que se refere ao ensino de História, possibilita pensar esta disciplina para além dos aspectos cronológicos. Ao brincar a criança adquire novos conhecimentos do seu próprio corpo, explorando e ampliando o conhecimento do espaço onde vive, possibilitando um aprendizado e integração das crianças com os adultos e vice-versa. Tambor de crioula Dança herdada dos escravos africanos, conhecida como punga que é o batuque caracterizado pela umbigada, presente em outras danças de raízes africanas. Esta brincadeira não tem ocasião certa. No Maranhão quando o chicote e os castigos eram leis os negros escravos gostavam desse tipo de folguetos. Segundo Prista, Tembe e Edmundo (1992), o jogo e a brincadeira sempre estiveram voltados para o campo educacional e preparação para vida. O jogo está além dos limites físicos e psicológicos, pois todo jogo tem algum significado. É na Idade Média por volta dos séculos V a XV que o jogo era entendido como imoral dentro de uma visão cristã que pregava a obediência, o controle e a disciplina. Logo depois, no século XVI, os jesuítas compreendem o jogo como potencialidade pedagógica. Podendo compreender a constituição de uma identidade em manifestações que podem envolver um amplo número de situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos. Outras conhecidas práticas também se encaixam nesta classificação que é o caso da congada na formação da grande roda pelos participantes para a coroação do rei; da Folia de reis representada pela realeza negra, do lundu que por sua vez não apresentava certa impressão nas camadas ricas, em razão de seus passos ofensivos e sensuais. Jogos e brincadeiras A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma declaração de dez pontos que falam sobre os direitos das crianças, uma das questões discutidas nesse fórum foi o direito a educação

gratuita e ao lazer. Este tópico aborda o brincar como alvo de importância para a compreensão dos primeiros anos da infância. Especialmente, a particularidade das mensagens introduzidas nos acervos pode ser observada no que tange à comunicação dos pequenos com o mundo. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações Étnico Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Síntese do Parecer n. CNE/CP 003/2004 I RELATÓRIO: Visa atender os propósitos expressos na Indicação CNE/ CP 6/2002, bem como regularmente a alteração trazida a Lei 10.639/2000 que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana Na Educação Básica. Desta forma, busca cumprir estabelecido na Constituição Federal nos seus Art. 5º, I, Art. 210, Art. 206, I, parágrafo 1 do Art. 242, Art. 215 e Art. 216, bem como nos Art. 26, 26 A e 79 B na Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que asseguram o direito a igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito as historias e culturas que compõem a nação brasileira, alem do direito de acesso as diferentes fontes de cultura nacional a todos os brasileiros O conhecimento cultural que a sociedade desenvolve é de total importância na compreensão de seus aspectos e valores culturais, nas suas contribuições fornecida por diferentes povos, necessita da implantação na educação básica a modo de compreender e combater o racismo no âmbito educacional, cultural e social. CONSIDERAÇÕES FINAIS A História é um importante exercício de pensamento. O raciocínio por negação é de uma qualidade de abstração superior e, no ensino de História, a sua utilização acontece quando um levantamento fotográfico da biografia da cidade permite uma visão comparativa entre o passado e o presente. A relação que existe entre Brasil e África está contida na história de duas nações que transformaram seus costumes e tradições em uma nova identidade. Para compreender todas essas mudanças é preciso conhecer a África e todo o seu processo histórico relacionado ao Brasil. É inerente citar a importância cultural e social desse povo e sua colaboração com as tradições, crenças e costumes que são seguidos na nação brasileira, pois deixaram sua herança na culinária, na religião, nas músicas e instrumentos musicais, nos jogos e danças como: capoeira, Bumba meu Boi, a dança de São Gonçalo que ganhou diversas modificações em algumas regiões do país. África, continente de conquistas de pessoas que se tornaram escravos em terras distantes, que deixaram suas vidas e seu povo para viverem em lugares desconhecidos, recebendo como

pagamento dos serviços prestados, sofrimentos incrementados com violência física e verbal, resultado da ganância do homem branco. A conformação e a preservação do universo cultural dão-se, então, através das aproximações e afastamentos, das interseções, da intervenção de espaços individuais e coletivos, privados e comuns, que envolvem dimensões do viver tão diversas quanto à do material, da utensilagem e das técnicas; dos costumes e tradições, das práticas e das representações culturais; da mitologia e da religião; do físico e concreto, do psicológico e imaginário; da linguagem e das escritas; da dominação, da resistência e do transito entre elas: da temporalidade e da espacialidade; das continuidades e das descontinuidades; da memória e da história. Tudo implicado com os campos da política e do econômico, provocando mutuamente contínuas reordenações e construções sociais. Desse modo, observa-se a formação e a preservação de uma identidade cultural, bastante plural devido às influências: européia, africana e indígena, favorecendo uma riqueza cultural bastante peculiar. Estas peculiaridades multiculturais manifestaram-se, principalmente, na língua, culinária, música, dança, religião, dentre outros. Em virtude dos fatos mencionados entende-se que os africanos tiveram importantes funções no processo de formação cultural brasileiro, pois através da inserção de suas práticas e seus costumes na sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma identidade cultural afro - brasileira. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Ético-Raciais e para o Ensino de Historia e cultura Afro-Brasileira. Brasília: MEC, 2004. FERMIANO, M. A. B. O jogo como instrumento de trabalho no ensino de história? Revista História Hoje (São Paulo), Brasil, v. 3, n. 7, 2005. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. ed. 45. São Paulo: Cortez, 2003 p. 75-76. Adaptado. GONÇALVES, Jane Terezinha Santos. Alfabetiza Brasil: Manual do educador. Ilustrador: Reinaldo Rosa. Curitiba: Modulo Editora, 2009. 392 p.: il.; 28 cm. MARANHÃO, Fabiano. Jogos africanos e afro-brasileiros como possibilidades na formação de uma identidade cultural negra positiva. 2006. Monografia (Licenciatura em Educação Física) UFSCar, São Carlos, 2006. PRISTA, António; TEMBE, Mussá; EDMUNDO, Hélio. Jogos de Moçambique. Lisboa: Instituto Nacional de Educação Física, 1992.

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