Faturização. Realidade empresarial: necessidade de proteger e reforçar o capital de giro

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Transcrição:

Realidade empresarial: necessidade de proteger e reforçar o capital de giro Como conseguir isso? Usando ativo realizável (= crédito contra terceiros) Forma tradicional: financiamento bancário + seguro de crédito Factoring engloba essas 2 modalidades + serviço de gestão de crédito Basicamente factoring = venda do faturamento de um empresário Ex. Um empresário vende mercadorias a crédito para receber em 30 ou 60 dias. Esse crédito é representado por duplicatas. Ele pode vender o crédito para uma faturizadora sem os custos da cobrança. A faturizadora antecipa os valores das mercadorias.

Outras denominações = fomento mercantil Legislação aplicável: espécie de contrato não regulamentado Conceito: Lei n. 9.249/95 Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências.

Art. 15. (...) 1º (...) III (...) d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

Compra de créditos representados por títulos de crédito Caráter pro soluto Aquisição de créditos cujo devedor é o próprio cliente Nesse caso não se trata de factoring, mas de empréstimo No factoring o cliente vende créditos de terceiros (loja de material de construção vende a prazo, emite duplicatas contra seus clientes e vende essas duplicatas para o faturizador)

Factoring e atividade financeira De acordo com o conceito da Lei n. 9.249/95 não é atividade financeira, pois não há intermediação (utilização de recursos alheios a faturizadora utiliza recursos próprios); Newton de Lucca entende que é, pois está presente o elemento risco. Até 1982 o BCB entendia que a atividade de factoring era privativa de inst. Fin. Depois mudou de entendimento e excepcionou factoring de atividades exclusivamente bancárias (Resolução BACEN n. 2.144/95 distingue factoring x operações privativas de inst. Fin.) Factoring não cabe direito de regresso, nem as garantias de aval e endosso, típicas de operações de inst. Fin. OBS: Custódia de cheque pré (pós) datado = factoring para o BACEN (pq os bancos oferecem antecipação)

Factoring e sigilo bancário LC 105/2001 Dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências.

Art. 1, LC 105/2001. As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. 1 São consideradas instituições financeiras, para os efeitos desta Lei Complementar: I os bancos de qualquer espécie; (...) XIII outras sociedades que, em razão da natureza de suas operações, assim venham a ser consideradas pelo Conselho Monetário Nacional. 2 As empresas de fomento comercial ou factoring, para os efeitos desta Lei Complementar, obedecerão às normas aplicáveis às instituições financeiras previstas no 1.

Remuneração do Factor/ Faturizador - A remuneração do factor é diferente de juros - Juros = remuneração pelo uso do capital - Pg do fator = contraprestação pela garantia contra o risco da inadimplência e gestão do crédito -

Endosso de títulos e factoring O factoring pode ser feito sobre qq espécie de crédito de curto prazo, lastreados em títulos de crédito ou não. Embora o fator não tenha direito de regresso contra o cedente em caso de inadimplemento, este responde pela existência do crédito. Do contrário, poderia o cliente-cedente emitir duplicatas frias e posteriormente transferilas ao factor. Factoring = cessão de crédito, logo não se aplica o princípio da inoponibilidade (restrito ao regime cambial) AgRg no REsp 1142676 / MG Aplica-se a oponibilidade de exceções pessoais e o devedor se isenta de pagar o título se ocorrer qualquer problema no NJ subjacente (ex. não recebimento das mercadorias)