BEV 175 Ecologia Geral Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Biodiversidade Evolução e meio Ambiente



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Transcrição:

BEV 175 Ecologia Geral Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Biodiversidade Evolução e meio Ambiente

Variabilidade, Evolução e Seleção Natural Prof. Dr. Roberth Fagundes roberthfagundes@gmail.com www.professor.ufop.br/roberthfagundes

GENÓTIPO FENÓTIPO tegumento forma sensor coloração

12 alelos = 200 cores

Harmonia axyridris

variabilidade biológica a variabilidade biológica entre organismos resulta do efeito variabilidade do genótipo e/ou do ambiente sobre o fenótipo

variabilidade genotípica: diversidade de alelos em um genótipo que reflete em variações de um mesmo caractere cor forma

variabilidade fenotípica: diversidade de expressões de um genótipo que reflete variações nos fatores ambientais limitantes do caractere substrato com algas azuis substrato com algas verdes substrato com algas verdes substrato com algas azuis

frequência fenotípica = 17/20 = 85% = 3/20 = 15% = 31/40 = 78% frequência genotípica = 9/20 = 22%

primeira geração segunda geração 75% 25% 59% 41%

Evolução: mudança na frequência gênica (variabilidade genética) das populações através das gerações a partir de uma população parental (microevolução) ou ancestral (macroevolução)comum mecanismos neutros mutações recombinação fluxo ou restrição seleção natural

deriva genética

impossível prever a evolução neutra dependente do tempo e do tamanho populacional

gargalos e efeito fundador

fluxo gênico

mutações somáticas ou germinativas fator mutagênico afinidade por aminoácidos com enxofre neutras deletérias benéficas afinidade por aminoácidos com magnésio

ontogenia fator mutagênico

recombinação

seleção natural adaptação

seleção natural

seleção natural

Seleção natural Seleção Natural é o mecanismo evolutivo que resulta do diferencial de sobrevivência e reprodução entre fenótipos sob determinada pressão ecológica. Princípio da variabilidade genética: Existem variações entre organismos em uma população que são herdáveis Princípio da hereditariedade: Organismos geram organismos semelhantes Princípio da sobrevivência: A cada geração nascem mais organismos que o ambiente suporta. Principio da reprodução diferencial: Alguns organismos sobrevivem e reproduzem mais devido a características físicas e comportamentais específicas (adaptações)

Evolução por seleção natural A seleção natural age quando a variação fenotípica, devido a variabilidade genética, responde à pressões ambientais.

quais os tipos de seleção natural?

variabilidade fenotípica genes ambiente nicho

15cm nicho ecológico 50g habitat 70g 20g 100g 8cm

15cm nicho ecológico 50g habitat 70g 20g 100g 10cm 13cm 10cm 10cm 9cm

variabilidade fenotípica AMBIENTE GENÓTIPO ECÓTIPOS SUBESPÉCIES

15cm habitat nicho (plasticidade) 50g 70g 10g 150g plasticidade fenotípica 8cm

15cm 15cm plasticidade fenotípica 10cm 13cm plasticidade fenotípica 10cm 10cm plasticidade fenotípica 9cm 8cm

como saber se a variabilidade é devido ao genótipo ou ao ambiente?

experimento natural genético ambiental ambiental? genético genético

experimento clonagem ambiental genético

Drymocallis glandulosa (Potentilla glandulosa)

alt:15cm peso: 11g alt:10cm peso: 8g alt:6cm peso: 5g alt:13cm peso: 12g alt:11cm peso: 10g alt:7cm peso: 7g alt:14cm peso: 13g alt:12cm peso: 9g alt:9cm peso: 4g

fenótipo genótipo

17 populações 10 P. nivea 7 P. pulchella 64 medidas de forma 146 indivíduos 35 marcadores RAPD 146 indivíduos

Ordenação de Componentes Principais (PCO)

PCO Fenótipo PCO Genótipo

experimento de transplante Origem Destino Ambiente 1 Ambiente 2 Ambiente 3 Ambiente 1 Ambiente 2 Ambiente 3

genótipo ambiente

Hiesey, W. M., Clausen, J., & Keck, D. D. (1942). Relations between climate and intraspecific variation in plants. American Naturalist, 5-22.

experimento de transplante D. gladulosa do topo e do vale são transplantadas para a encosta D. gladulosa da encosta e do vale são transplantadas para o topo D. gladulosa do topo e da encosta são transplantadas para o vale

variabilidade ambiental variabilidade genética

Altura das plantas (cm) crescimento habitat: vale habitat: encosta habitat: topo plantas do vale plantas da encosta plantas do topo plantas do vale plantas da encosta plantas do topo plantas do vale plantas da encosta plantas do topo

reprodução

sobrevivência

especiação

Especiação Espécie: conjunto de indivíduos que compartilham um ancestral recente, apresentam um série de sinapomorfias codificadas por um genoma compartilhado e são capazes de reproduzir, trocar genótipo e transmiti-los a descendentes férteis.

reconhecimento similaridade ~ ancestralidade

aparência

aparência

híbridos

espécie gradiente

cronoespécies

como ocorre a especiação?

como ocorre a especiação?

como ocorre a especiação?

15cm nicho ecológico 50g habitat 70g 20g 100g 10cm 13cm 10cm 10cm 9cm

Evolução adaptativa de lagartos Anolis (Losos et al. 1997)

Grandes almofadas, muda de cor Corpo comprido, membros e calda finos Perna dianteira comprida, corpo achatado Corpo achatado, rabo comprido Corpo curto, membros traseiros compridos Corpo grande, almofadas grandes

Hipótese: Altura da árvore é uma pressão seletiva. Gradiente de altura da vegetação Ilha fonte 2-6 machos 3-9 fêmeas 14 ilhas experimentais (10-14 anos) Lagartos terão tamanho semelhante ao da ilha fonte. Lagartos terão tamanho diferente da ilha fonte Lagartos terão tamanho diferente de acordo com o ambiente Caractere: Tamanho dos membros

tamanho dos membros peso lamelas tamanho dos membros

árvores do continente tem 10m de altura árvores das ilhas entre 1 e 3m

Ilhas com arvores pequenas tem lagartos pequenos e pesados

Ilhas com árvores de galhos grossos tem lagartos com pernas compridas

Representação da variabilidade fenotípica na população

Sauromalus obesus N = 20 populações (Arizona) Habitat: Deserto Come ervas e gramas, ou folhas na escassez Temperatura: 23.8 35 C Pluviosidade: 35 194mm/ano Altitude: 4 1.166m

Frequência na população (%) Tendência e Variância Tamanho do corpo (mm)

Representando os variabilidade Tamanho de peixes Peixes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Comprimento do corpo (mm) 60 70 56 53 52 59 62 41 57 58

Comprimento do corpo (mm) Comprimento do corpo (mm) 70 máximo 70 Peixes Comprimento do corpo (mm) 1 60 2 70 3 56 4 53 5 52 6 59 7 62 8 41 9 57 10 58 65 60 55 50 45 amplitude mínimo 65 60 55 50 45 Vmax mediana média Vmin 40 Peixes 40 Peixes

Comprimento do corpo (mm) Comprimento do corpo (mm) 70 65 70 65 Comprimento do corpo de peixes = X ± DP (N) = 56,8 ± 7 mm (N=10) 60 60 55 55 50 50 45 45 40 Peixes 40 Peixes

15 jovens lagartos 6 populações: Altitude (200 890m) Criou em laboratório

A pluviosidade aumenta com a altitude Variação da chuva reduz com a elevação

Quanto mais chove, maior o tamanho do corpo

Crescimento das gramíneas = Quantidade de recurso Sobrevivência e Brotamento das gramíneas = Previsibilidade do recurso

evolução de herbívoros à diferentes plantas (Carrol and boyd 1992) Jadera haematoloma Sapindaceae

Filogenia de Sapindáceas e as raças de Jaderos

Relação entre o diâmetro do fruto e o comprimento da probóscide do herbívoro

espécies exóticas

1. Houve divergência evolutiva dentro das populações de hemípteros 2. Houve migração de indivíduos de probóscide apropriada entre populações

comprimento da probóscide como adaptação ao tipo de fruto (alimentação)

Crescimento Filhotes são semelhantes aos pais mas têm fitness maior em planta de origem

Sobrevivência e reprodução Sobrevivência maior quando come planta de origem Diferentes estratégias reprodutivas dependendo da planta hospedeira

produz semente continuamente sementes ricas em nitrogênio Tamanho e fenologia da planta são fatores evolutivos produz semente sazonalmente sementes ricas em lipídeos

ESPECIAÇÃO (Carrol et al 2003)