O Caatinga. A seca castiga, mas não seca a fé das famílias agricultoras. Audiências Públicas discutem ações emergenciais para enfrentamento da seca

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Transcrição:

Nº 15 - Maio/2012 O Caatinga Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais Alternativas A seca castiga, mas não seca a fé das famílias agricultoras No sertão do Araripe pernambucano, as famílias que fizeram estoque de alimentos e água para o consumo humano e animal estão conseguindo conviver melhor com a estiagem. pág 04 e 05 Parcerias fortalecem trabalho do Projeto Riachos do Velho Chico em Parnamirim pág 02 Audiências Públicas discutem ações emergenciais para enfrentamento da seca pág 06 Rio+20 pautou economia verde no contexto da sustentabilidade pág 07 acesse o nosso site na internet: www.caatinga.org.br

Enfrentamento à seca Para resolver a problemática da seca, o governo sempre apostou em grandes obras hídricas que nunca resolveram a questão da universalização da água no semiárido brasileiro. Se calcularmos o que já foi investido na transposição do Rio São Francisco e aplicássemos no fortalecimento dos agroecossistemas teríamos milhares de famílias agricultoras com a segurança alimentar e hídrica garantida, alimentação para os animais, diversificação da produção, ou seja, uma agricultura campesina em outra perspectiva. É sempre um grande desafio para as entidades da sociedade civil e governo, criar projetos de apoio e mecanismos de visibilidade para esses invisíveis da sociedade, que passam pela vida vendo seus direitos serem negados. Neste sentido, o sopro de vida dado pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) mostra que tecnologias simples, junto a um amplo processo de mobilização social é capaz de melhorar a vida desses setanejos e sertanejas. Concluimos que a Água de beber e água de comer, refletem a celebração da vida estampada na face das famílias que dão seu depoimento através dos programas de formação e mobilização social: P1MC e P1+2, e que: Sem água não há desenvolvimento... como já diz Tiquinho, que é uma forte liderança da agricultura familiar em Exu. Márcio Moura Coordenador do Programa de Desenvolvimento Regional e Políticas Públicas do Caatinga. Parcerias fortalecem trabalho do Projeto Riachos do Velho Chico em Parnamirim As comunidades estão se organizando em multirão para plantar mudas O apoio de diversos parceiros tem facilitado as ações de revitalização das margens do riacho Queimada, no município de Parnamirim. As ações que são parte das atividades do Projeto Riachos do Velho Chico, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental, estão sendo realizadas pelo Caatinga, e com o apoio do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC) e da Prefeitura do Município de Parnamirim o trabalho está se concretizando na região. A Assessoria Técnica e Extensão Rural do PDHC tem promovido o monitoramento das atividades e o acompanhamento às famílias agricultoras envolvidas, já a Prefeitura tem dado um apoio logístico para a realização de intercâmbios e, recentemente, doou 30 mil saquinhos de polietileno para a produção de mudas que serão plantadas às margens do Riacho Queimada. Para o técnico responsável pelo projeto, Ariagildo Vieira, essas são parcerias necessárias para o andamento do Projeto. Tanto o Projeto Dom Helder Câmara quanto a Prefeitura Municipal de Parnamirim são de extrema importância para o Projeto Riachos do Velho Chico, principalmente pela sensibilização com esta causa que é a recomposição da mata ciliar de um afluente tão importante: o Riacho Queimada, destaca. O informativo O Caatinga é uma publicação do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais Alternativas (Caatinga). Textos: Elka Macedo Fotos: Arquivo Caatinga, Ariagildo Vieira, Diolando Saraiva, Elka Macedo, Geângela Lima, Joabe Santos, Vládia Lima Revisão: Giovanne Xenofonte e Cristina Lopes Diagramação: Alice Alencar Tiragem: 2000 Gráfica: Provisual - Endereço: Av. Engenheirto Camacho, nº 475, Renascença - Ouricuri-PE. E-mail: caatinga@caatinga.org.br - site: www.caatinga.org.br - Fone/Fax: (87) 3874-1258

Chuvas ficam abaixo da média no Sertão do Araripe No primeiro trimestre deste ano choveu 50% a menos do que no mesmo período de 2011 Quem estocou alimentos está conseguindo conviver com a estiagem. Foto Diolando Saraiva Entre uma prece e outra, o sertanejo anseia pela chuva que garantirá água e alimento para o período de estiagem, mas dados revelam que neste ano, o inverno está muito abaixo das expectativas. De acordo com o levantamento da ONG Caatinga, feito a partir de índices pluviométricos coletados em 21 comunidades, de sete municípios do Território Sertão do Araripe Pernambucano, no primeiro trimestre choveu 156,79 milímetros na região, cerca de 50% a menos do que em 2011, quando foram quantificados 302,2 milímetros. No município de Parnamirim a disparidade de chuvas foi mais acentuada e obteve o maior e o menor índice de pluviometricidade. Enquanto na comunidade Umburanas choveu 190 milímetros, na comunidade Caraíbas o índice não ultrapassou os 94 milímetros. A situação tem preocupado as famílias agricultoras que perderam as lavouras de feijão e milho, plantadas nas primeiras chuvas. Asituação não é muito diferente na Chapada doararipe. Segundo o agricultor agroflorestal,vilmar Lérmen, que faz o acompanhamento dos índices pluviométricos na Serra dos Paus Dóias em Exu (PE), esse é um ano bastante atípico, sobretudo para esta região que é caracterizada pela grande quantidade de chuvas. Se a gente fizer um comparativo com os outros anos, na Chapada do Araripe a média para o período de janeiro a abril, ultrapassa os 600mm, muito embora no ano passado tenha chovido mais de 840mm. Já neste ano, choveu apenas 288mm, no primeiro trimestre, o que reduziu bastante as condições de cultivo. Quem não cuidou das cisternas e barreiros já está passando por necessidades, revela Vilmar. Vilmar faz o manejo sustentável da caatinga no seu Sistema Agroflorestal. Foto Vládia Lima Acompanhe as ações do Caatinga pela internet! siga: @ongcaatinga curta: #caatinga

A seca castiga, mas não seca a fé das famílias agricultoras O período costumeiramente chuvoso no semiárido passou, mas as famílias agricultoras tem fé de que a chuva ainda virá As lavouras de milho e feijão secas, o curral sem animais ou com poucas cabeças que com costelas à mostra são o retrato da falta de alimento. As cacimbas e açudes só seguram milímetros de água que vão evaporar em alguns dias. Em muitas comunidades, as cisternas esperam a chuva ou o carro-pipa para armazenarem, pelo menos, o suficiente para consumo doméstico. Este é o cenário de centenas de comunidades do semiárido brasileiro na já consagrada: maior seca dos últimos 40 anos. Muito embora, as políticas do governo como bolsa família, garantia safra e o mais recente bolsa estiagem tenham ajudado a amenizar os efeitos da seca, as famílias agricultoras ainda estão sofrendo com a falta de chuva para manter as lavouras e a criação de animais. No entanto, a fé do/a sertanejo/a não se abala. É o caso do Seu Edvaldo Josino que mora na comunidade de Alvaçã em Parnamirim, onde até agora, choveu menos de 90 mm. Esse é um momento muito difícil, mas eu sou um homem muito forte e não vou vender meus animais. Vou morrer junto com eles. Onde não tem comida e tem a água a gente vai vivendo, mas onde não tem a água fica difícil. Mas, Deus vai dar um jeitinho pra gente vencer essa seca, afirma confiante o agricultor. Em Ouricuri, muitos agricultores/as estão vendendo seus animais a baixos preços por não terem condições de manter o rebanho. Por outro lado, famílias agricultoras mostram que com ações preventivas e tecnologias de baixo custo como cisternas de placas, dá para se conviver com a estiagem. Um caso exitoso... Seu Nivaldo produz sorgo e milho para garantir a alimentação da família e dos animais Há cerca de três quilômetros da comunidade de Alvaçã, um outro cenário se avista. Às margens da Barragem do Entremontes, construída pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), o verde do milho em espiga, do sorgo e feijão se contrastam com um pequeno quintal produtivo de onde brota o coentro e frutas como mamão, goiaba e maracujá.

Embora as famílias que residem na Parede do Entremontes, em Parnamirim (PE), também sofram com a escassez das chuvas, a água que corre no riacho tem possibilitado uma melhor convivência com a estiagem. A gente vai bulindo por aí, lutando. Com muita dificuldade a gente vai fazendo pasto para os bichos. Eu planto o milho, o sorgo e já tô moendo pra dar ao gado e as ovelhas. Esse capim que nasce no sulco eu já vou tirando e dando para os bichos, lembra o agricultor, José Nivaldo da Silva. Com o apoio do Caatinga, as famílias têm realizado estratégias de uso racional de água, estoque de forragens e outras práticas que vêm possibilitando a melhor convivência com a escassez. A recente chegada da forrageira à comunidade através do Projeto Novas Rendas Sertanejas, executado pelo Caatinga, com apoio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania tem possibilitado o melhor aproveitamento da forragem. Seu Nivaldo explica que sempre guarda alimento para o período de escassez. Sempre a gente já faz o estoque porque a seca é muito conhecida no sertão. Sempre a gente passa por esse momento. Aí a gente tem que fazer um pé, um capinzinho desse aqui, já dá pra prevenir. O verão do sertão é conhecido, todo mundo sabe disso. É só se preparar, aconselha. Bacia do Rio Brígida De acordo com dados da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), divulgados em abril, os reservatórios de água da bacia do Rio Brígida, localizados na região do Araripe pernambucano, encontram-se com volumes acumulados inferiores a 57% das suas capacidades máximas de acumulação. Sendo que as barragens de Caiçara e Entremontes, ambas em Parnamirim, encontram-se respectivamente com zero e 9,6% da capacidade (ver tabela abaixo).

Audiências Públicas pautam ações emergenciais para enfrentamento da seca No sertão do Araripe entidades representativas das famílias agricultoras estão fazendo as mobilizações As mobilizações em torno de ações efetivas para o enfrentamento à estiagem que assola a região semiárida, em especial no Araripe pernambucano, estão sendo realizadas estrategicamente em todo o território. Nesta conjuntura, entre março e maio deste ano foram realizadas na região, pelo menos, quatro audiências com representantes dos governos municipais e estadual para tratarem desta problemática. No último evento, realizado em 10 de maio, o governo teve espaço para expor as estratégias que estão sendo feitas para amenizar os efeitos da seca e a sociedade civil organizada entregou um documento com as principais demandas das familías agricultoras e propostas de soluções emergenciais. Entre as reivindicações contidas na carta, destacam-se a antecipação do pagamento do garantia safra e a universalização da construção de cisternas de placas de 16 mil litros e de 52 mil litros em todos os municípios do semiárido pernambucano. Na ocasião, o Coordenador do Programa de Desenvolvimento Regional e Políticas Públicas do Caatinga, Márcio Moura, em nome de instituições como a Federação dos/as trabalhadores/ as na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), Polo Sindical do Araripe e Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, entregou o documento nas mãos do Coordenador do Comitê, Reginaldo Alves, para análise. Fizemos a nossa parte e entregamos o documento na Audiência Pública da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, que foi articulada pela Deputada Isabel Cristina. Com certeza precisamos evoluir na discussão sobre a importância da política para a mudança da qualidade de vida da sociedade. Falo de discutir a nossa representação no poder público e avançar para que possamos ter mais controle social dos recursos que são repassados através do estado, reflete Márcio Moura. Acompanhe nossas ações pelo rádio Programa Agricultura Familiar em Debate, todos os sábados das 7h às 8h da manhã, na Rádio Voluntários da Pátria AM, frequência 1080. Confira as edições também no link de rádio no nosso site www.caatinga.org.br

Rio+20 pautou economia verde Evento da ONU aconteceu no Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho Após dez anos, o Brasil sediou pela segunda vez a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) teve como meta discutir os rumos do desenvolvimento sustentável para os próximos vinte anos. A Rio+20 foi norteada por dois temas principais: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. No ano em que nós brasileiros sediamos a Rio+20, temos o código florestal brasileiro mudado e não pra melhor, pelo menos, na perspectiva de preservação das nossas florestas, reflete o Coordenador Geral do Caatinga e Ponto Focal da Sociedade Civil ASA de combate à desertificação, Paulo Pedro de Carvalho. Três momentos fizeram parte do evento: a III Reunião do Comitê Preparatório, onde se reuniram representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência; a cúpula dos povos com eventos com a sociedade civil e o Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos países membros das Nações Unidas. Cúpula dos povos Numa roda de conversa, jovens rurais do Nordeste mostraram ações que a juventude vem realizando na perspectiva da geração de renda, fundos rotativos solidários, mudanças climáticas, convivência com o semiárido e combate à desertificação. O momento chamado de Roda de Conversa: Olhares e Práticas da Juventude Rural no Contexto das Mudanças Climáticas fez parte da Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio + 20. Neste contexto, cerca de 40 jovens acompanhados/as pelas organizações Centro Sabiá e Caatinga, de Pernambuco, Assema, do Maranhão, e Cetra, do Ceará, partilharam experiências durante o evento. A participação deles/as contou com o apoio da Terre des Homens Schweiz, da Misereor, da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), União Europeia, Actionaid e do Fundo Itaú Social. Saiba mais notícias pelo site da Rio +20: www.rio20.gov.br Informe-se também: Campanha Um Milhão de Árvores! plantemaisarvores.wordpress.com

Jovens Multiplicadores/as conscientizam estudantes de escolas rurais O trabalho é feito em escolas rurais de comunidades próximas ao Riacho Queimadas em Parnamirim (PE) O Caatinga - De que modo os jovens multiplicadores/as estão interagindo com as escolas rurais do município de Parnamirim no âmbito da educação contextualizada? Geângela - A nossa participação é nas escolas das comunidades do Matias, Jacaré, Angico e Veneza. A gente está atuando na conscientização de jovens e crianças sobre a preservação do meio ambiente e estamos sendo bem recebidos. A gente vê interesse dos alunos e eles têm realmente abraçado a causa. O Caatinga - Quais os principais temas abordados nas escolas? Geângela - A destinação do lixo e como reaproveitá-lo, porque a gente sabe que existem várias formas de reciclar. Quando a gente trabalha com as crianças, fazemos uma abordagem mais lúdica, já com os adolescentes a gente mostra mais a realidade como eles veem no dia a dia. Como falar para os pais, conscientizando não só o aluno, mas para os pais também. O Projeto Riachos do Velho Chico está há mais de um ano realizando ações de preservação do meio ambiente, junto às famílias agricultoras de comunidades nos municípios pernambucanos de Parnamirim e Triunfo. A iniciativa é uma realização do Centro Sabiá e Caatinga com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental. Neste sentido, 06 jovens multiplicadores/as do Projeto estão dando apoio às atividades nas comunidades e fazendo um trabalho de conscientização nas escolas rurais. É sobre essa ação que a jovem multiplicadora, Geângela Lima, fala para gente nesta entrevista. Realização: Patrocínio: O Caatinga - Como estão sendo pensadas as atividades dentro das escolas para datas comemorativas como o dia do meio ambiente, por exemplo? Geângela - A gente busca conhecimentos para passar para os alunos e em datas comemorativas a gente tenta trazer a comemoração para a realidade, falamos sobre a importância da caatinga e de sua preservação, pois com o desmatamento daqui há alguns anos não teremos mais. Como têm espécies da caatinga que minha mãe fala que existiram e eu não conheço. Se continuar assim as próximas gerações vão só ouvir falar. Geâmgela Lima é uma das jovens multiplicadoras do Projeto Riachos do Velho Chico