UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM. Adelita Eneide Fiuza. Gustavo Costa de Oliveira



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM Adelita Eneide Fiuza Gustavo Costa de Oliveira RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR II NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE VILA GAÚCHA Porto Alegre 2011

1 Adelita Eneide Fiuza Gustavo Costa de Oliveira RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR II NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE VILA GAÚCHA Relatório apresentado à disciplina Estágio Curricular II como pré-requisito parcial para a aprovação. Professora orientadora: Prof. Dra. Êrica Rosalba Duarte Enfermeiro supervisor: Rodrigo Mielczarski Porto Alegre 2011

2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 3 2 OBJETIVOS... 5 2.1 Objetivo Geral... 5 2.2 Objetivos Específicos... 5 3 ORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE VILA GAÚCHA... 6 3.1 Organizações dos serviços na Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha... 6 3.2 Arranjos da equipe de trabalho da Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha... 7 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 9 REFERÊNCIAS... 11

3 1 INTRODUÇÃO A organização dos processos de trabalho se constitui pelos seus elementos: o objeto de trabalho, os meios de produção e o trabalho humano, bem como as relações técnicas, sociais e de produção. O produto final do trabalho na saúde, o cuidado, é consumido, pelo usuário, no mesmo momento em que é produzido; sendo assim, é indissociável do processo que o produziu, sendo a própria realização da atividade. O produto obtido contém a intenção desse trabalhador que efetua a ação, cujo objeto, o usuário, também interage no processo, colocando nesse espaço a sua intencionalidade, conhecimento e representações. Nessa troca de subjetividades está expressa a concepção de saúde e doença de quem produz e de quem recebe os cuidados, assim como o modo de produção dos mesmos (MARQUES, GQ; LIMA, MA da S, 2008). A organização científica dos processos de trabalho, com divisão rígida de tarefas e desvalorização dos conhecimentos e das vivências dos trabalhadores tem levado à alienação e à consequente desresponsabilização pelo atendimento (MARQUES, GQ; LIMA, MA da S, 2008). Tanto no ambiente hospitalar quanto na rede básica de saúde a enfermagem e as demais profissões têm trabalhado com autonomia relativa, acompanhando o trabalho médico. A enfermagem, por desenvolver um trabalho muito interligado ao do médico, dando ênfase às tarefas administrativas e aos procedimentos, tende a atender às demandas desse profissional em detrimento das apresentadas pelo usuário. Esse processo, manual e repetitivo, produz um trabalho esvaziado de conteúdo científico que ao longo do tempo aliena o trabalhador. O profissional de enfermagem se caracteriza por interligar as ações desenvolvidas pelos profissionais de saúde e por utilizar uma pequena margem de sua autonomia para modificar processos rígidos de trabalhos em prol da satisfação do paciente. Os demais profissionais que compõem a equipe multiprofissional, como vigilante e pessoal da higienização contribuem para a construção de um atendimento qualificado e direcionado ao usuário que busca o serviço de saúde. Nesse contexto, despertou-se o interesse em caracterizar a organização dos processos de trabalho da equipe multiprofissional em uma Unidade Básica de Saúde

4 localizada em um bairro de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul, considerado de alta vulnerabilidade social e com precárias condições de saneamento básico e de habitação. O presente estudo foi desenvolvido através da observação diária da dinâmica de trabalho da equipe da UBS supracitada, pelos estudantes de enfermagem, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul durante o estágio Curricular III, de outubro a dezembro de 2011.

5 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Identificar a organização dos processos de trabalho da equipe multidisciplinar na Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha, localizada em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2011. 2.2 Objetivos Específicos Caracterizar as organizações dos serviços prestados aos usuários da Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha; Caracterizar os arranjos da equipe de trabalho no desenvolvimento dos serviços na Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha.

6 3 ORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE VILA GAÚCHA 3.1 Organizações dos serviços na Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha O atendimento da população abrangente pela UBS é feito através de demanda espontânea, no qual consiste o agendamento de consultas médicas, pronto atendimento e procedimentos de assistência médica e de enfermagem. O agendamento das consultas médicas é realizado individualmente na UBS ou através do telefone e é direcionado a casos não urgentes. Já o pronto atendimento se refere às urgências diárias. Dentre os procedimentos supracitados se incluem a dispensação de medicamentos, à solicitação de exames, à realização de curativos, teste do pezinho, nebulizações, receitas de medicamentos, administração de medicamentos, de vacinas e injetáveis, à aferição antropométrica, de PA e hemoglicoteste, confecção do cartão SUS, marcação de consultas para diversas especialidades médicas, entre outros. O atendimento das pessoas que se dirigem à UBS é estabelecido através da ordem de chegada, onde o usuário retira uma ficha e aguarda o seu atendimento pelo profissional de saúde. As pessoas pré-agendadas para consulta médica têm prioridade no acolhimento, não necessitando retirar ficha, evitando dessa forma o atraso dos atendimentos. O primeiro contato do paciente na UBS, na maioria das vezes ocorre através do vigilante que o escuta, o orienta e o direciona ao profissional de saúde, que nesse caso é o técnico de enfermagem. Esse primeiro contato que ocorre entre o vigilante e os usuários é de extrema importância por se tratar do primeiro atendimento, ainda que seja através da escuta e da organização da demanda, otimizando o tempo da equipe de saúde e diminuindo o tempo de espera do paciente, possibilitando dessa forma a sua satisfação com o serviço oferecido e o estabelecimento de vínculos. A recepção pouco qualificada denota que a centralidade do atendimento não é a pessoa e suas necessidades e, sim, a diminuição da demanda. Entretanto, a recepção de um serviço de Saúde é um ponto estratégico. Na recepção, passam

7 todos os usuários que necessitam de cuidados urgentes ou não; por isso deve ser pensada de forma que consiga dar respostas qualificadas ao usuário. É nesse local que ele espera ter sua demanda acolhida, o que não significa solucionar todos os problemas que chegam ao serviço, mas a atenção dispensada na relação de atendimento, que envolve a escuta, a responsabilização e o respeito à pessoa que porta a necessidade (MARQUES, GQ; LIMA, MA da S, 2008). 3.2 Arranjos da equipe de trabalho da Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha A equipe de trabalho da Unidade Básica de Saúde (UBS) é formada por seis pessoas, sendo uma médica ginecologista e obstetra, um enfermeiro, uma técnica em enfermagem, um vigilante, uma coordenadora e uma pessoa responsável pela higienização. A pessoa responsável pela higienização da UBS Vila Gaúcha desenvolve o seu trabalho no início da manhã e no final da tarde durante o expediente, limitando dessa forma o desempenho integral de seu trabalho em função da circulação excessiva de pessoas no ambiente durante tal período e limitação no espaço físico da UBS. Uma das possibilidades para que se desenvolva um trabalho mais qualificado é a realização das tarefas de higienização antes do início do expediente do posto, durante o intervalo do almoço, em que o mesmo permanece fechado ou no final do expediente. O vigilante da UBS é o funcionário que faz o primeiro contato com os usuários. Ele é responsável pela organização e direcionamento do fluxo, inclusive da demanda por telefone, por prestar orientações e informações aos usuários, contornar situações e por identificar as prioridades para o atendimento, realizando dessa forma uma triagem dos usuários. A técnica de enfermagem é a profissional que direciona o atendimento dos pacientes. Realiza o acolhimento direcionando os usuários ao profissional adequado conforme as necessidades individuais. A técnica de enfermagem também realiza tarefas assistenciais como curativos, vacinas, aferição dos sinais vitais, hemoglicoteste, administração de medicamentos e injetáveis, dispensação de medicamentos, entre outros. Por ser a pessoa chave na organização da demanda e

8 do fluxo dos usuários, a profissional em questão exerce uma responsabilidade imensa na satisfação dos usuários e acaba se tornando a funcionária referência no serviço de saúde. O enfermeiro realiza tarefas administrativas que o serviço de saúde exige como confecção do cartão SUS, marcação das consultas para diversas especialidades médicas, coordenação da equipe de trabalho e assistenciais como teste do pezinho e vacinas. Já a médica realiza consultas pré-agendadas e de pronto atendimento..

9 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesses mais de quarenta dias de estágio na Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha aprendemos muito mais do que as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro dessa área. Tivemos a oportunidade de conhecer as rotinas da unidade, as suas particularidades, a complexidade do trabalho desenvolvido pela equipe multiprofissional, o perfil da equipe de enfermagem, a metodologia utilizada com o paciente da área adscrita, as necessidades dos indivíduos, enfim, procuramos enxergar o ambiente como um todo, deixando de focar somente nas atividades assistenciais do enfermeiro. Acompanhamos usuários com as mais diversas patologias clínicas. Observamos que o quadro de pessoal não é o ideal para garantir o atendimento necessário aos usuários com e que a equipe de enfermagem, em diversas ocasiões, trabalha sobrecarregada devido aos cuidados que devem ser despendidos a cada indivíduo. Nas ocasiões em que ocorria alguma intercorrência, por exemplo, a técnica de enfermagem e o enfermeiro realizando o cuidado no incidente, ocasionando o acúmulo de tarefas a serem realizadas no turno. A unidade básica de saúde é um campo de estágio que ofereceu a oportunidade de entrar em contato com uma rotina e um ambiente até então pouco explorados durante toda graduação, dificultando nossas ações, porém contribuindo para a busca de estratégias práticas com intuito de nos adaptarmos às rotinas e demandas da unidade. Ao final desse estágio percebemos o quanto evoluimos durante esses dias em que estivemos na unidade, seja em conhecimentos técnicos, seja em postura profissional. A equipe de enfermagem da Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha teve grande contribuição nesses resultados, pois nos integrou às suas rotinas desde o primeiro dia, sempre procurando contribuir com o aprendizado. Enfrentamos muitas dificuldades e situações difíceis ao longo desse estágio, mas nunca deixamos de pensar que ao final de uma consulta de enfermagem, e até mesmo de um diálogo difícil, existia um ser humano que necessitava de atenção e de cuidados. Todo o conhecimento foi construído sobre a história de cada usuário e toda a assistência que suas necessidades exigiam, mas jamais deixamos de também ser humanos e contribuir da melhor forma possível com seu tratamento e recuperação. Em cada conversa ou procedimento realizado procuramos respeitar ao

10 máximo a privacidade e a situação deles, pois dar atenção e procurar conhecer melhor as pessoas de que estamos cuidando também são formas de tratar. Para finalizar, gostaríamos de fazer um agradecimento especial a toda a equipe de enfermagem da Unidade Básica de Saúde Vila Gaúcha pela dedicação que eles tiveram durante as manhãs e tardes em que lá estivemos. Obrigado pela paciência, pelos ensinamentos, pelos conselhos e pelo carinho que todos transmitiram.

11 REFERÊNCIAS MARQUES, Giselda Quintana; LIMA, Maria Alice Dias da Silva. Organização tecnológica do trabalho em um pronto atendimento e a autonomia do trabalhador de enfermagem. Revista da escola. enferm. USP. 2008, vol.42, n.1, pp. 41-47.