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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DA REGIÃO ESPAÇADORA TRANSCRITA INTERNA (ITS) DO rdna DE ISOLADOS FÚNGICOS OBTIDOS A PARTIR DE LESÕES FOLIARES DE Panicum maximum Thays Benites Camargo Pereira 1 ; Celso Dornelas Fernandes 2 ; Jaqueline Rosemeire Verzignassi 2 ; Margareth Vieira Batista 3. 1 Pesquisadora DCR/CNPq-FUNDECT, Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. tbcpereira@usp.br. 2 Pesquisadores da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. 3 Técnica do Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. RESUMO - A mancha foliar, principal doença de Panicum maximum, tem, até o momento, descrito como agente causal o fungo Bipolaris maydis. Tal organismo apresenta grande diversidade genética e alta variabilidade morfológica, o que dificulta a sua identificação somente por estudos morfológicos. Assim, este trabalho objetivou caracterizar molecularmente a diversidade genética de Bipolaris spp., oriundos de lesões foliares de P. maximum, usando-se o marcador molecular ITS, que amplifica a região espaçadora transcrita interna do rdna do patógeno. Para o estudo, selecionaram-se 37 isolados de Bipolaris spp., disponíveis na coleção micológica do laboratório de fitopatologia da Embrapa Gado de Corte. O DNA foi extraído pelo método Doyle e Doyle modificado e a reação de PCR foi conduzida com a utilização do marcador molecular para a região ITS. O método de extração utilizado proporcionou a obtenção de DNA com altas concentrações e pureza. A correta amplificação do fragmento genômico dos isolados de Bipolaris spp. permitiu a realização do sequenciamento direto da PCR. A comparação das sequências obtidas com aquelas disponibilizadas no banco de dados do NCBI (GenBank) revelou a ocorrência de quatro diferentes agrupamentos de isolados, quais sejam: um isolado com 99% de identidade com Curvularia spp., três com 99% de identidade com Bipolaris sorokiniana, um com 100% de identidade B. zeae e 32 com 99 a 100% de identidade com B. yamadae. Palavras-chave: Bipolaris maydis, forrageiras, mancha foliar INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo, concentrando nas forrageiras a base da alimentação de seu rebanho (FONSECA et al., 2010). A área de pastagens do Brasil compreende em torno de 161 milhões de hectares, dos quais, estima-se que 102 milhões encontram-se estabelecidos com pastagens cultivadas, o que corresponde a 12% do território brasileiro (SIDRA-IBGE, 2017). Conforme Valle et al. (2009), grande parte destas áreas encontra-se estabelecida com cultivares exóticas e de reprodução clonal. Neste contexto, destacam-se duas cultivares de Panicum maximum Jacq., Tanzânia e Mombaça (JANK et al., 2008).

O impacto de doenças ainda é pouco estudado em P. maximum, contudo, Lenné (1994) relata a ocorrência de aproximadamente 80 patógenos nesta espécie e ressalta que as manchas foliares causadas por fungos fitopatogênicos são as principais doenças encontradas em gramíneas forrageiras. Martinez et al. (2010) apontam a mancha foliar causada por B. maydis, como a principal doença de P. maximum, sendo a cultivar Tanzânia considerada a mais suscetível. Este fungo foi descrito pela primeira vez em 2003, causando mancha foliar em capim Tanzânia no Brasil (CHARCHAR et al., 2003). A identificação de espécies de Bipolaris descritas unicamente por caracterização morfológica é limitada e, muitas vezes duvidosa, já que muitas espécies possuem caracteres sobrepostos, além da ampla diversidade morfológica dentro da espécie. Estudos moleculares têm sido empregados nos sistemas de classificação com o objetivo de eliminar dúvidas e acomodar as espécies corretamente (MANAMGODA et al., 2014). Baseado na análise da sequência de DNA combinada de quatro marcadores, ITS (Internal transcribed spacer), GPDH (Glyceraldehyde-3- phosphate dehydrogenase), TEF-1α (Translation elongation factor EF-1 alpha) e LSU (Large Subunit of rrna) e nas características morfológicas, Manamgoda et al., (2014) revisaram o gênero Bipolaris, reclassificando e classificando diversas espécies. Este trabalho teve como objetivo caracterizar e analisar a região do ITS do rdna das espécies fúngicas isoladas a partir de manchas foliares típicas de Panicum maximum, provenientes de cinco estados brasileiros. MATERIAL E MÉTODOS Da micoteca do laboratório de fitopatologia da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, foram recuperados 37 isolados fúngicos provenientes de manchas foliares típicas de Panicum maximum, coletadas nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e do Distrito Federal. A extração de DNA foi realizada conforme o método Doyle e Doyle modificado a partir de micélio produzido em meio Aveia-Agar. O tampão de extração CTAB 2 % (1,4 M de NaCl, 50 mm de EDTA, 2 % de CTAB, 1mM de Tris-HCl, 1% de PVP-40 e 0,2% de 2- Mercaptoetanol) foi adicionado no volume de 1000 µl diretamente na placa de Petri contendo o isolado fúngico. A suspensão foi transferida para um almofariz e macerada com 0,3 g de areia de

aquário autoclavada, transferida para um tubo e mantida por 30 minutos em banho-maria a 65 ºC. Após, foram adicionados às amostras 500 µl de clorofórmio: álcool isoamílico (24:1), centrifugadas por 5 minutos a 20.000 x g e o sobrenadante transferido para um novo tubo, repetindo-se esta etapa duas vezes. O sobrenadante foi então recuperado para um novo tubo, adicionado igual volume de isopropanol gelado, homogeneizado e mantido a -20 ºC por 30 minutos. Após este período, as amostras foram centrifugadas por 5 minutos a 20.000 x g. Descartou-se o líquido sobrenadante, adicionando-se ao DNA precipitado 500 μl de etanol 70% gelado e centrifugou-se a 20.000 x g por 3 minutos. Esta etapa foi repetida duas vezes. O DNA precipitado foi ressuspendido em 50 μl de TE 1X (10 mm de Tris-Cl e 0.5 mm EDTA; ph 9.0). A quantificação do DNA foi determinada em NanoDrop 2000, Thermo Scientific e, posteriormente, as amostras foram armazenadas a - 20 ºC. Os DNAs genômicos dos isolados fúngicos foram submetidos à reação em cadeia da polimerase (PCR) utilizando-se os oligonucleotídeos para amplificação da região ITS1-5.8S-ITS2 do rdna, ITS1 (5 TTCCGTAGGTGAACCTGCGG 3 ) e ITS4 (5 TCCTCCGCTTATTGATATGC 3 ) (White et al., 1990). A reação de PCR foi realizada em volume total de 25 μl, utilizando-se os seguintes produtos: 50 ng de DNA; 20 pmol.μl -1 de cada oligonucleotídeo; 2,5 mm de cada dntps; 350nM Tris-HCl, 250 mm KCl, 35nM MgCl2 do 10X PCR Buffer; e 1U Uni-Taq DNA Polymerase (5 U.μL-1). A amplificação foi conduzida em termociclador programado para uma desnaturação inicial de 95 C por 3 min, seguida de 35 ciclos de desnaturação 94 C por 40s; anelamento a 52 C por 50s; extensão a 72 C por 1 min e extensão final a 72 C por 10 minutos. Os produtos das reações de PCR foram visualizados através de eletroforese em gel de agarose 1,5% utilizando-se GelRed, visualizado sob luz UV e fotodocumentado. Os produtos de amplificação foram sequenciados em plataforma ABI 3730 - Applied Biosystems. Os eletroferogramas foram editados no software Sequencher 5.4.6 e as sequências obtidas foram utilizadas para a busca de sequências similares, utilizando-se a ferramenta BLASTn do NCBI.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O método utilizado para extração do DNA fúngico foi eficiente e permitiu a obtenção de concentrações maiores que 100 ng.μl -1 e a razão das absorbâncias 260/280 variando de 1,98 a 2,65, indicando ausência de contaminação por proteínas. A reação de PCR conduzida com os oligonucleotídeos ITS1/ITS4 geraram amplificação de fragmentos com aproximadamente 600 pb, conforme o esperado. Apenas dois isolados apresentaram fragmento com tamanho diferente do esperado, com aproximadamente 750pb. O sequenciamento foi realizado com o produto direto da PCR e ambas as regiões do ITS foram sequenciadas. Comparando-se as sequências dos isolados fúngicos com aquelas disponibilizadas no banco de dados do NCBI (GenBank), revelou-se a ocorrência de quatro diferentes agrupamentos de isolados, quais sejam: um com 99% de identidade com Curvularia spp., três com 99% de identidade com B. sorokiniana, um com 100% de identidade B. zeae e 32 com 99 a 100% de identidade com B. yamadae. A utilização do marcador molecular para a região ITS dos isolados confirmou a identificação morfológica de gênero para a maioria dos isolados analisados, com a exceção de apenas um, possibilitando a separação entre Curvularia spp. e Bipolaris spp. De acordo com Manamgoda et al. (2014), os referidos gêneros são considerados irmãos e conflitos na classificação morfológica podem ocorrer. Estes autores relatam que a utilização de um único marcador como o ITS ou o GPDH pode esclarecer dúvidas presentes na classificação para a maioria das espécies. Entretanto, o GPDH foi melhor marcador para determinação entre as espécies Bipolaris. A confirmação das espécies, identificadas com a utilização do marcador ITS, deverá ser confirmada com a utilização de outros marcadores como, por exemplo, o GPDH, dando suporte aos resultados obtidos neste trabalho CONCLUSÕES Obteve-se neste trabalho um protocolo eficiente para extração do DNA de Bipolaris spp. com alta pureza e concentração. As condições para amplificação das regiões ITS do rdna do patógeno foram adequadas, gerando fragmentos genômicos, conforme o esperado. O

sequenciamento direto do produto do PCR-ITS mostrou-se excelente e eficiente método para diferenciação entre os gêneros de Curvularia e Bipolaris, assim como permitiu a identificação das diferentes espécies presentes na coleção micológica da Embrapa Gado de Corte, isolados a partir de manchas foliares de P. maximum. A confirmação das espécies, identificadas com a utilização do marcador ITS, deverá ser confirmada com a utilização de outros marcadores como, por exemplo, o GPDH, dando suporte aos resultados obtidos neste trabalho. AGRADECIMENTOS CNPq, FUNDECT, FUNDAPAM, UNIPASTO e EMBRAPA. REFERÊNCIAS BIBLIOGGRÁFICAS CHARCHAR, M.J.A.; ANJO, J.R.N.; FERNANDES, F.D.; FERNANDES, C.D.. Panicum maximum cv. Tanzânia nova hospedeira de Bipolaris maydis. Fitopatologia Brasileira, v.28, p.385, 2003. Suplemento. FONSECA, D. M.; SANTOS, M. E. R.; MARTUSCELLO, J. A. Importância das Forrageiras no Sistema de Produção. In: Plantas Forrageiras. Viçosa, MG: UFV, 2010. p. 13 29. JANK, L.; RESENDE, R. M. S.; VALLE, C. B. do et al. Melhoramento genético de Panicum maximum. In: RESENDE, R. M. S.; VALLE, C. B. do; JANK, L. (Ed.) Melhoramento de forrageiras tropicais. 1.ed. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2008. p.55-87. LENNÉ, J.M. Diseases of other pasture grasses. In: LENNÉ, J.M.; TRUTMANN, P. Diseases of Tropical Pasture Plants. CBA International, 1994, 404p. MANAMGODA, D.S.; ROSSMAN, A.Y.; CASTLEBURY, L.A.; CROUS, P.W.; MADRID, H.; CHUKEATIROTE, E.; HYDE, K.D. The genus Bipolaris. Studies in Mycology, v. 79, p. 221 288, 2014. MARTINEZ, A.S.; FRANZENER, G.; STANGARLIN, J.R. Danos causados por Bipolaris maydis em Panicum maximum cv. Tanzânia. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 4, p. 863-870, 2010. SISTEMA IBGE DE RECUPERAÇÃO AUTOMÁTICA. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: < https://sidra.ibge.gov.br/tabela/264#resultado>. Acesso em: 28 Set. 2017.

VALLE, C.B.; JANK, L.; RESENDE, R.M.S. O melhoramento de forrageiras tropicais no Brasil. Revista Ceres. v.56, n.4, p.460-472, 2009. WHITE, T.J.; BRUNS, T.; LEE, S.; TAYLOR. J. Amplification and direct sequencing of fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: PCR Protocols: a guide to methods and applications. Academic Press, New York, USA: 315 322, 1990.