TIPO DE PROVA: A. Comentário



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Respostas: º P34 M B 27/08/2008. Esta prova contém 10 questões.

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Transcrição:

TIPO DE PROVA: A REDAÇÃO Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo. Texto I etc são, sem dúvida, atitudes politicamente corretas. Mas, se desvinculadas de uma prática coerente, não passam de modismo, que impede o exercício do verdadeiro espírito crítico. Comentário O Mack 20 solicitou, como tema, uma dissertação a respeito do desenvolvimento do verdadeiro espírito crítico. Para tanto, trouxe dois quadrinhos que exploram, de forma humorística, o modismo de condenar a violência a que as crianças estão expostas no convívio com os videogames e fechar os olhos para a prática efetiva da violência ou de valorizar ações politicamente corretas na preservação dos animais em extinção. O candidato deveria assumir uma posição crítica em relação ao conteúdo dos quadrinhos para chegar ao sentido pleno do termo "verdadeiro". Bom tema. Texto I Texto II Texto III Para pegar o bonde da moda, assumimos muitas vezes comportamentos estereotipados. Nesses casos, o discurso politicamente correto torna-se vazio de sentido. Criticamos e avaliamos as situações somente porque, afinal, todos o fazem. A crítica, assim, perde sua função. Condenar políticas governamentais, consumismo, ou sair em defesa da preservação do meio ambiente, dos direitos humanos 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Na semana passada, ouvi uma senhora suspirar: Tudo anda tão confuso!. E, de fato, o homem moderno é um pobre ser dilacerado de perplexidades. Nunca se duvidou tanto. Outro dia, um diplomata português perguntou se a mulher bonita era realmente bonita. Respondi-lhe: Às vezes. Já escrevi umas cinqüenta vezes que a grã-fina é a falsa bonita. Seu penteado, seus cílios, seus vestidos, seu decote, sua maquiagem, suas jóias tudo isso não passa de uma minuciosa montagem. E se olharmos bem, veremos que sua beleza é uma fraude admirável. Todos se iludem, menos a própria. No terreno baldio, e sem testemunhas, ela há de reconhecer que apenas realiza uma imitação de beleza. Portanto, a pergunta do diplomata português tem seu cabimento. E minha resposta também foi justa. Às vezes, a mulher bonita não é bonita, como a grã-fina. Mesmo as que são bem-dotadas fisicamente têm suas dúvidas. Crônica de Nelson Rodrigues

português/redação 2 Questão 1 Assinale a alternativa correta sobre o texto I. a) No primeiro parágrafo, o cronista, a partir de uma situação vivida, tece comentário geral sobre a instabilidade dos valores do seu tempo. b) No primeiro parágrafo, o cronista, após ouvir a afirmação sobre a perplexidade do homem moderno, não soube responder ao diplomata se a grã-fina era realmente bonita. c) De acordo com o cronista, a dúvida sobre os valores do homem moderno advém do espírito filosófico e não da observação direta dos fatos. d) A resposta dada ao diplomata português (Às vezes) contradiz a observação feita pela senhora (Tudo anda tão confuso!). e) No último parágrafo, o cronista conclui que a dúvida sobre a beleza feminina se deve apenas à minuciosa montagem da grã-fina. A situação vivida pelo cronista, diante da pergunta do diplomata português, demonstra uma imprecisão dos valores, confirmada pela resposta: "Às vezes". Questão 2 Sobre o texto I é correto afirmar: a) cinqüenta vezes (linha 9), antecedido de umas, remete a um modo de dizer que busca a precisão. b) o segundo parágrafo avalia pejorativamente todas as mulheres, que freqüentemente se preocupam com a aparência. c) em tudo isso não passa de uma minuciosa montagem (linhas 12 e 13), o verbo concorda com o sujeito composto antecedente: seu penteado, seus cílios, seus vestidos, seu decote... d) a metáfora do terreno baldio (linha 16) sugere o espaço desabitado em que é dispensável a ostentação da minuciosa montagem. e) falsa bonita (linha ) relaciona-se, por oposição de sentido, a fraude admirável (linha 15) na caracterização da mulher. O narrador afirma que "no terreno baldio, e sem testemunhas, ela há de reconhecer que apenas realiza uma imitação de beleza"; ou seja, na quietude de sua solidão, ela reconhece os artifícios empregados para criar a ilusão de beleza. Questão 3 Assinale a alternativa correta sobre o último parágrafo do texto I. a) Se o texto (linha 22) se referisse a homem bonito estaria correta a expressão como o grão-fino. b) O uso de também (linha 21) indica que o cronista considera justa a pergunta do diplomata português. c) Na linha 23 está subentendido o segmento destacado em: como a grã-fina poderia ser bonita. d) Portanto (linha 19) introduz uma explicação relativa ao que se afirma na oração anterior. e) Em seu cabimento (linha 20), o pronome expressa posse relativa ao diplomata português. No trecho: "Portanto, a pergunta do diplomata português tem seu cabimento. E minha resposta também foi justa", o uso do também pelo cronista demonstra que tanto a pergunta do diplomata quanto a resposta do autor têm cabimento. Questão 4 Reescrevendo-se o trecho um diplomata português perguntou se a mulher bonita era realmente bonita em discurso direto, tem-se, corretamente: a) Um diplomata português perguntou: Se a mulher bonita era realmente bonita? b) Um diplomata português perguntou: Quando a mulher bonita é realmente bonita? c) Um diplomata português perguntou se: A mulher bonita era realmente bonita? d) Um diplomata português perguntou: E se a mulher bonita for realmente bonita? e) Um diplomata português perguntou: A mulher bonita é realmente bonita? Na passagem do discurso indireto para o direto, desaparece o verbo introdutório "perguntou" e o verbo passa do imperfeito "era" para o presente "é", além da mudança de pontuação.

português/redação 3 12 13 14 15 16 Texto II Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros deste mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. (...) O que eu quero dizer é que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos bela, nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me (...) durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Dixes: jóias, enfeites Machado de Assis Memórias póstumas de Brás Cubas Questão 5 No texto II, o narrador a) faz críticas sutis sobre o caráter de Marcela. b) condena explicitamente o universal comércio dos corações. c) afirma que as jóias tornam as mulheres mais belas. d) confirma o sentido cristalizado da expressão morrer de amores. e) enaltece o espírito fraternal e humanitário dos joalheiros. O narrador-personagem Brás Cubas sutilmente critica o caráter volúvel e interesseiro da prostituída Marcela que, primeiramente, "morria de amores pelo Xavier" e, posteriormente, amou-o "durante quinze meses e onze contos de réis". Questão 6 Assinale a alternativa correta sobre o texto II. a) Em morria de amores pelo Xavier (linha 2), de amores tem a função de adjunto adverbial de intensidade. b) Em assim o afirmam todos os joalheiros (linhas 4 e 5), o pronome oblíquo o retoma o período Não morria, vivia (linha 3). c) Em assim o afirmam todos os joalheiros (linhas 4 e 5), joalheiros é complemento do verbo afirmar. d) O narrador surpreende o leitor ao utilizar o aposto gente muito vista na gramática (linhas5e6)para caracterizar joalheiros. e) Ao dizer Não morria, vivia (linha 3), o narrador, através de uma antítese, confirma que Marcela padecia de amores por Xavier. "gente muito vista na gramática" explica o termo antecedente "todos os joalheiros deste mundo", daí ser classificado como aposto. Corrigindo as demais: a) "de amores" é adjunto adverbial. b) "o" retoma a oração anterior ("Viver não é a mesma coisa que morrer..."). c) "joalheiros" é o sujeito do verbo "afirmam". e) Ao dizer "Não morria, vivia", o narrador confirma ironicamente que Marcela vivia (e não padecia) a partir do conforto que o amor dos outros lhe proporcionava. Questão 7 Assinale a alternativa correta sobre Machado de Assis. a) Embora tenha sido um dos maiores escritores brasileiros do século XIX, não conseguiu em vida o reconhecimento de sua obra. b) Uma de suas linhas temáticas está presente na valorização do comportamento do homem burguês. c) Introduziu o Realismo no Brasil em 1881, mas enveredou para o estilo naturalista ao tematizar aspectos patológicos do comportamento. d) Uma das marcas de seu estilo é a linguagem crítica, que se apresenta de maneira direta e seca. e) Vivendo num período de culto ao cientificismo, questionou lucidamente o valor absoluto das verdades científicas.

português/redação 4 Com sobriedade e profundo senso crítico, Machado de Assis ironiza os excessos do cientificismo que dominou a época. Questionando a relatividade dos valores (ver o texto), opõe-se a verdades absolutas. Questão 8 Considere as seguintes afirmações sobre os textos IeII. I Em II, a beleza da mulher depende das jóias sofisticadas feitas por bons joalheiros. II Em I, o cronista considera sua resposta justa, depois de explicitar os argumentos que apoiaram seu raciocínio. III Em I e II, são feitos comentários sobre o comportamento da mulher sem que se considere o ponto de vista feminino. Assinale: a) se todas estiverem corretas. b) se apenas I e III estiverem corretas. c) se apenas II e III estiverem corretas. d) se apenas III estiver correta. e) se nenhuma estiver correta. No texto II, Machado de Assis tece um irônico comentário a respeito da contraditória relação entre o amor e a valorização do que é material. Texto III Vocês mulheres têm isso de comum com as flores, que umas são filhas da sombra e abrem com a noite, e outras são filhas da luz e carecem do Sol. Aurélia é como estas; nasceu para a riqueza. Quando admirava a sua formosura naquela salinha térrea de Santa Teresa, parecia-me que ela vivia ali exilada. Faltava o diadema, o trono, as galas, a multidão submissa; mas a rainha ali estava em todo o seu esplendor. Deus a destinara à opulência. Questão 9 De acordo com o texto III, a) as mulheres feias são flores noturnas e as bonitas, flores diurnas. b) a afirmação de caráter particular do primeiro período é generalizada na seqüência do texto. c) a formosura da personagem (linha 6) contrasta com o espaço caracterizado como salinha térrea (linha 6). d) para que Aurélia fosse bela faltava o diadema, o trono, as galas, a multidão submissa. e) a beleza e a riqueza são elementos contraditórios no perfil da mulher ideal. A beleza de Aurélia, segundo o texto, combina com a riqueza. Faltam-lhe "o diadema, o trono, as galas, a multidão submissa". A grandeza de Aurélia não combina com a humildade daquela simples "salinha térrea". Questão Do texto III depreende-se que a) romances românticos regionalistas, como Senhora, exaltam a beleza natural feminina. b) os romances realistas de Aluísio Azevedo denunciam o artificialismo da beleza feminina. c) as obras modernistas têm, entre outros, o objetivo de criticar a submissão da mulher à riqueza material. d) a linguagem descritiva dos escritores naturalistas caracteriza a sensualidade e a espiritualidade da mulher. e) a personagem feminina foi caracterizada sob a perspectiva idealizadora típica dos autores românticos. José de Alencar, ao retratar a beleza de Aurélia no romance Senhora, orna-a com os aparatos de rainha, concebendo-a, portanto, de forma idealizada e enaltecendo-a como uma deusa. Texto IV Embalo da canção Que a voz adormeça que canta a canção! Nem o céu floresça nem floresça o chão. (Só minha cabeça, Só meu coração. Solidão.)

português/redação 5 12 13 14 Questão Que não alvoreça nova ocasião! Que o tempo se esqueça de recordação! (Nem minha cabeça nem meu coração. Solidão!) Cecília Meireles Assinale a alternativa correta sobre o texto IV. a) As formas verbais presentes na primeira estrofe expressam certezas. b) A redundância de paralelismos concretiza o ritmo sugerido no título do poema. c) O uso dos travessões (versos 5 e 6) atenua o sentido de solidão. d) Na terceira estrofe, a recordação do passado é ironizada pelo eu. e) Na terceira estrofe, nova ocasião e recordação referem-se a experiências vividas num mesmo momento do passado. Estrategicamente, Cecília Meireles utiliza o recurso do paralelismo para "embalar" sua canção. Sabe-se que o paralelismo consiste na repetição da mesma estrutura gramatical ao longo da poesia, daí a redundância. Questão 12 Assinale a afirmação correta sobre o texto IV. a) Na primeira estrofe, o eu cita experiências do passado. b) alvorecer e florescer expressam o desejo de um mundo melhor. c) Em nem floresça o chão tem-se oração sem sujeito. d) A quarta estrofe retoma a segunda para aprofundar a idéia de solidão. e) A forma verbal adormeça expressa o apelo aumtu, a quem o eu se dirige. A quarta estrofe retoma e expande a segunda, aprofundando o sentido de "solidão". Questão 13 Considerando o texto IV, assinale a alternativa correta sobre Cecília Meireles. a) Reincorporou à lírica do Modernismo a temática intimista, aliada à modulação de metros breves mais tradicionais. b) Influenciada pelo experimentalismo estético, buscou, na concisão dos versos livres, a objetividade expressiva. c) Conciliou o ideal de impassibilidade da expressão poética ao visionarismo de quadros bucólicos. d) Sua linguagem prosaica representa o ponto alto da poesia modernista brasileira. e) Inovou a poesia brasileira, desenvolvendo a temática religiosa em sonetos de inspiração camoniana. Cecília Meireles incorpora à sua poesia a musicalidade e o espiritualismo de tendências simbolistas. Questão 14 Dentre os autores da geração literária de Cecília Meireles, destaca-se a) Jorge Amado, autor de Menino de engenho, obra que, denunciando a exploração da mão-de-obra infantil, deu início ao regionalismo crítico brasileiro. b) Vinícius de Moraes, poeta de inspiração parnasiana, que incorporou nos sonetos o experimentalismo estético da segunda geração modernista. c) Carlos Drummond de Andrade, poeta emotivo e confessional, que se manteve distante das conquistas estéticas da geração modernista de 22. d) Graciliano Ramos, que escreveu romance de temática regionalista, denunciando a trágica condição de sobrevivência dos retirantes nordestinos. e) Guimarães Rosa, escritor de ficção intimista, que, utilizando-se do fluxo de consciência, promoveu a ruptura da estrutura narrativa linear.

português/redação 6 a) (F) Menino de Engenho, de José Lins do Rego, traz uma narrativa em tom memorialista que marca o regionalismo de tendências psicológicas. b) (F) Vinícius de Moraes, embora hábil cultor de sonetos, não carrega a tradição parnasiana. c) (F) Carlos Drummond é um poeta profundamente moderno, irônico e anti-sentimental que analisa fria e criticamente o eu e o mundo. e) (F) Clarice Lispector e não Guimarães Rosa faz jus à crítica postulada na alternativa. Texto V Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e rio; O Mundo todo abarco e nada aperto. Camões Questão 15 Assinale a alternativa correta sobre o texto V. a) A dúvida sugerida no primeiro verso é sobre o mundo exterior. b) As orações coordenadas (verso 3) desenvolvem o sentido sugerido pelo adjetivo incerto. c) Juntamente introduz ações que alternativamente se excluem. d) Abarcar é antônimo de conter e encerrar. e) O mundo todo representa aquilo de que o poeta quer se afastar. As orações coordenadas (do verso 3), "choro e rio" apresentam idéias opostas e ratificam a confusão expressa pelo eu-lírico através do adjetivo "incerto". Questão 16 Sobre o texto V, é correto afirmar: a) de meu estado completa o sentido de incerto. b) meu e me são pronomes que exercem a mesma função sintática. c) sem causa atenua a sensação de incerteza do eu. d) aperto contradiz a idéia de alcanço. e) vivo indica a primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo viver. Corrigindo as demais: b) meu = adjunto adnominal; me = objeto direto. c) "sem causa" reforça (e não atenua) a sensação de incerteza do eu. d) "aperto" não contradiz "alcanço". e) "vivo" é adjetivo. Questão 17 No verso Que em vivo ardor tremendo estou de frio NÃO ocorre: a) paradoxo. b) ordem inversa dos termos na oração. c) relação de conseqüência com a oração anterior. d) emprego de verbo no gerúndio. e) equivalência sintática entre de frio e poema de Camões. A expressão "de frio" é adjunto adverbial e "de Camões" é adjunto adnominal. Questão 18 Assinale a alternativa correta sobre Camões. a) Além de usar metros mais populares, utilizou-se da medida nova, especialmente nas redondilhas que recriam, poeticamente, um quadro harmônico da vida e do mundo. b) O tema do desconcerto do mundo éumdos aspectos característicos de sua poesia, presente, por exemplo, nos sonetos de inspiração petrarquiana. c) Introduziu o estilo cultista em Portugal, em 1580, explorando antíteses e paradoxos nos poemas de temática religiosa. d) Autor mais representativo da poesia medieval portuguesa, produziu, além de sonetos satíricos, a obra épica Os lusíadas. e) Influenciado pelo Humanismo português, aderiu ao cânone clássico de composição poética, afastando-se, porém, das inovações métricas e dos modelos greco-romanos.

português/redação 7 Camões, maior representante do Classicismo português, adotou em sua poesia lírica o tema do desconcerto do mundo, com poemas de cunho filosófico/existencial, muitas vezes inspirados em sonetos de Petrarca. Texto VI LIBRA (23 set. a 22 out.) Para alguns, o mundo é um lugar em que imperam a desordem eafra- tura. Para outros, como você, há uma ordem, uma estética subjacente a tudo que ocorre. Deixe os outros pensarem o que quiserem. Não se perca por isso. Se o seu desejo é resgatar essa harmonia, isso faz parte de sua natureza. Folha de São Paulo Texto VII ESCORPIÃO (23 out. a 21 nov.) Ser implacável consigo torna a vida mais límpida, mas muito mais difícil. Mesmo assim, se há sinceridade, você pode seguir, olhando as formas borradas do que deixou para trás. Em meio a alguns escombros, reluzem boas lembranças. Apegue-se a elas, para se manter inteiro(a) e firme. Folha de São Paulo Questão 19 Sobre os textos VI e VII, é correto afirmar: a) Expressões como estética subjacente e alguns escombros comprovam o caráter científico da linguagem do horóscopo. b) Horóscopos são escritos para leitores supostamente questionadores e incrédulos. c) O eu que faz as previsões se apresenta como detentor de um saber maior. d) A crença do leitor no destino astral é considerada dispensável para que ele reoriente sua vida. e) Iniciam-se por meio de um aconselhamento explícito ao leitor. O enunciador, o eu que faz as previsões, éopossuidor dos conhecimentos astrológicos que lhe permitem fazer considerações a respeito dos signos. Questão 20 Considere as seguintes afirmações sobre os textos VI e VII. I Ambos iniciam-se com vocativo, forma de apelo ao leitor. II Os segmentos Para alguns, Para outros (texto VI) e Mesmo assim (texto VII) exemplificam o modo relativizador de argumentar. III O emprego do verbo no imperativo Não se perca, Apegue-se confirma o tom de aconselhamento, típico desse gênero de texto. Assinale: a) se todas estiverem corretas. b) se apenas IeIIestiverem corretas. c) se apenas II e III estiverem corretas. d) se apenas III estiver correta. e) se nenhuma estiver correta. A afirmação I está incorreta, pois o vocativo não se caracteriza por ser um apelo ao leitor, mas um chamamento, uma forma de atrair a atenção do interlocutor.