CASTAS MERCADO EXPERIMENTAL RESISTENTES GT 1, 31/12/2018 NAS. Université de Bordeaux > ISVV/GREThA INRA Pech Rouge CREDA

Documentos relacionados
Valorização de Inovações Sustentáveis pelos Mercados: Resultados do Projeto VINOVERT

VINOVERT A competitividade à prova da evolução da procura de vinho

AS VARIEDADES RESISTENTES EM PORTUGAL Situação em 2018

DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS. André Larentis Diretor Técnico

Apresentação do Projecto WETWINE.

O MATERIAL VEGETAL : UM INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO DURADOURO

A Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos. Rogério Carlos Valduga Presidente Aprovale - Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos

QUALIDADE RECONHECIDA

Apresentação do Projecto WETWINE.

CARTA DE VINHOS WINE LIST. Melhor Carta de Vinhos de 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e PRAZERES DA MESA

OI! EU SOU A JESSICA MARINZECK E SOU A FUNDADORA DA JM WINES.

Vinhos especiais, acondicionados na Enomatic Wine Serving, servidos em doses de 50, 100 ou 150ml.

Certificação e Entidades Certificadoras

DECLARAÇÕES COMUNS. DECLARAÇÃO COMUM relativa ao artigo 46º. DECLARAÇÃO COMUM relativa ao artigo 1º do Anexo III

Um passeio pelo Mundo do Vinho

Dose 150ml R$32. Dose 150ml R$32. Salentein Reserve Mendoza, Argentina Malbec Dose 50ml R$11 Dose 100ml R$24. Dose 150ml R$32


Escrito por Administrador Qui, 17 de Setembro de :27 - Última atualização Qui, 17 de Setembro de :41

Brancos e Rosé. para levar de caixa. Os vinhos mais premiados do. nº 11. Pode ser aberto pelos Correios. Fechamento Autorizado

IDADE 64 anos SERVIÇO MILITAR Cumprido de a ESTADO CIVIL Casado B.I. nº

Seleção de vinhos Wines Selection

DE OPORTUNIDADES FINANCEIRAS DE I&DT

Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul Lei nº /2012 de 03 de julho de 2012.

VINHOS DECIMA A PAIXÃO PELA ENOLOGIA

Enologia Biológica e Biodinâmica

CAPÍTULO 1 A VITICULTURA NA INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA PINTO BANDEIRA: CADASTRO VITÍCOLA GEORREFERENCIADO

Wine Selection. Carta de Vinhos

TODOS OS VINHOS TÊM UM SEGREDO. CADA GARRAFA CONTA UMA HISTÓRIA.

Europass curriculum vitae

NOTA DA SOMMELIER ao estimado cliente

CENTRO DE QUÍMICA DA MADEIRA. Projectos de Investigação em Curso na área dos VINHOS MADEIRA * * *

CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DO SECTOR VIVEIRISTA VITÍCOLA

Suíça Aigle. 2-5 maio anos de experiência. Um Concurso itinerante: a edição de 2019 terá lugar em Aigle, na Suíça

SELEÇÃO CLAUDE TROISGROS CHAMPAGNES E ESPUMANTES VINHOS BRANCOS E ROSÉS

REALIZADO POR: Frederico Laranjeiro João Simões Carina Gomes Alexandra Pequerrucho

Vinhos Brancos (Argentina) Vinhos Tintos (Argentina) Vinho Encorpado = Vinho Médio Corpo = Vinho Leve ou Suave =

Beira Tradição, Certificação de Produtos da Beira, Lda Gouveia, 24 de Janeiro de 2012 Luísa Barros, António Mantas

Produtor Vinho Tipo Colheita Prémio MEDALHAS DUPLO OURO. S.A. Quinta do Conde GALODOIRO, White Wine branco 2012 Duplo Ouro

VALPOLICELLA CLASSICO SUPERIORE Tinto leve. Corvina, Rondinela e Molinara. Região: Veneto.

Indicações Geográficas de Vinhos no Brasil

Regulamento. de participação. l empresas vinícolas com registro junto ao Ministério da Agricultura;

- Mercado global e competitivo - Crescimento consumo moderado mas consistente - Divisão da oferta em dois grandes clusters:

VALORIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NACIONAL

CATÁLOGO DE OFERTAS NATAL 2018

CONTROLO E CERTIFICAÇÃO EM AGRICULTURA BIOLÓGICA

ESPUMANTES E CHAMPAGNES

CAPÍTULO 1 A VITICULTURA NA DELIMITAÇÃO DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS: CADASTRO VITÍCOLA GEORREFERENCIADO

INIAV, I.P Projetos em curso em 2017 na Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos

CAPÍTULO 2 GEORREFERENCIAMENTO DA REGIÃO DELIMITADA DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS: CARTAS IMAGEM

Universidade Federal do Pampa. Cadeias Produtivas Agrícolas

ANEXO ÚNICO. Art. 1º, III e art. 14, do ATO NORMATIVO Nº 025 /09 (...)

CARTA DE VINHOS ESPUMANTES BRASIL ITÁLIA FRANÇA VIRTUS BRUT VIRTUS DEMI SEC. BOSSA BRUT ROSÉ Nº 3 Vale dos Vinhedos Cave Hermann

Temperaturas ideais para degustação dos vinhos:

Somos uma parceria, uma ideia, uma ligação entre a produção e o prazer de saborear um copo de vinho. Somos o conceito de homenagem e gratidão.

Seleção de vinhos Wines Selection

Universidade do Minho Universidade do Porto- Faculdade de Ciências

Mauro Zanus e Giuliano Pereira Pesquisador Enologia Embrapa Uva e Vinho e

Guilherme da Costa Menezes 1 Luiz Carlos Tomedi Junior 1 Rosemary Hoff 1 Ivanira Falcade 2 Jorge Tonietto 1

CATÁLOGO NATAL Estojo de madeira 1 Aguardente Vínica XO - Extra Old - Quinta do Gradil 500ml

TODOS OS VINHOS TÊM UM SEGREDO. CADA GARRAFA CONTA UMA HISTÓRIA.

Workshop da CT 150 SC3 Rotulagem ambiental

Região Vitivinícola do Algarve

Chamada para envio de trabalhos

A poda em sebe consiste em realizar todos os Invernos uma pré-poda, que leva à formação de vegetação densa ao nível do

Introdução. O vinho, talvez tenha sido descoberto por acaso...

A Inovação na Dão Sul Inovação num Sector Tradicional

A certificação como meio para a internacionalização. Isabel Ramos

BEBER UM VINHO É ALGO MUITO PESSOAL! A indicação é nossa, e o prazer é seu! SAÚDE E BONS VINHOS! Luiz Augusto & Volnei Signor Sommeliers

2. DESCRIÇÃO INSTRUÇÕES PARA PARTICIPAÇÃO ALISTAIR COOPER MW & CATAD OR - LATIN AMERICAN WINE GUIDE ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO

Variedades e sistemas de produção da viticultura para vinho da região do Vale do Submédio São Francisco

REGULAMENTO DO XIV CONCURSO DE VINHOS VERDES DE PONTE DE LIMA

REGULAMENTO (CE) 510/2006 (DOP E IGP) OS AGRUPAMENTOS, OS OPC E OS CUSTOS DE CONTROLO 1 - AGRUPAMENTO DE PRODUTORES GESTOR DA DOP OU DA IGP

Dom Abel Premium Serra Gaucha, RS Merlot Dose 50ml R$13 Dose 100ml R$25 Dose 150ml R$39

TODOS OS VINHOS TÊM UM SEGREDO. CADA GARRAFA CONTA UMA HISTÓRIA.

11 TRÁS-OS-MONTES 13 PORTO E DOURO 32 BAIRRADA/BEIRAS 42 LISBOA/BUCELAS/COLARES 49 PENÍNSULA DE SETÚBAL

CARTA DE BEBIDAS HARMONIZAÇÃO COM VINHOS VINHOS EM TAÇA. Cem reais por pessoa

PROGRAMA DE COOPERACIÓN TERRITORIAL DEL ESPACIO SUDOESTE EUROPEO

Tendo em conta o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia,

Porta enxertos e Cultivares CVs da videira: INTRODUÇÃO PORTA-ENXERTOS CVs PARA PROCESSAMENTO CVs PARA MESA CVs PARA VINHOS

A VINIFICAÇÃO EM TINTO, «FLASH DÉTENTE» (PART. 2)

SEMINÁRIO A ACREDITAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA QUALIDADE EM PORTUGAL

Concurso de Vinhos Comemorativo dos 130 anos do Ensino Agrário em Santarém

CHAMADA PARA APRESENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES

Degustação de Vinhos da Califórnia

Espumantes. Descrição: Coloração amarelo dourado, aroma de frutas brancas como pêssego e abacaxi. Sabor apresenta um agradável equilíbrio e frescor.

(Atos não legislativos) REGULAMENTOS

Estudo Económico de Desenvolvimento da Fileira do Medronho. Plano de Implementação

XI Concurso de Vinhos da Península de Setúbal

Vinícola Guatambu: Do sonho à sustentabilidade. Valter José Pötter Diretor Proprietário

Módulo 8 Enografia Nacional

ESPUMANTES sparkling wine

INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS DE VINHOS DO BRASIL Desenvolvendo Produtos e Territórios

MEIA GARRAFA TA 0 5AS VINHO BRANCO 1 3LEGENDAS CHILE BRANCO ROS 0 7 TINTO ESPUMANTE P O R TO LE 0 7N DE TARAPAC 0 9 CHARDONNAY

Regulamento do Concurso "Top10 ViniBraExpo 2018"

-60% Tempranillo -30% Cabernet Sauvignon -5% Merlot -5% Syrah

OCRATOXINA A NOS VINHOS: ESTADO DOS CONHECIMENTOS

VALORIZAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE E A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO EM BASES DE DADOS PARA A FILEIRA DA VINHA

IV GAMA HORTOFRUTÍCOLA EM PORTUGAL: INVESTIGAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO

The Footbout Mc Laren Vale, Australia Shiraz Dose 50ml R$19 Dose 100ml R$36 Dose 150ml R$55

CARTA DE VINHOS WINE LIST

Transcrição:

MERCADO EXPERIMENTAL NAS CASTAS RESISTENTES RESUMO DE DOCUMENTO E1.5.1 GT 1, 31/12/2018 SOCIOS Université de Bordeaux > ISVV/GREThA INRA Pech Rouge CREDA Competitividad das PME WWW.VINOVERT.EU

GT1 - ETUDE SUR LES CÉPAGES RÉSISTANTS VARIEDADES RESISTENTES E ACEITABILIDADE PELO MERCADO: UMA AVALIAÇÃO PARA A ECONOMIA EXPERIMENTAL Alejandro Fuentes Espinoza1, Éric Giraud-Héraud1, Anne Hubert1, Yann Raineau2 1 INRA-GREThA / Institut des Sciences de la Vigne et du Vin. ISVV, 210 Chemin de Leysotte, 33 882 Villenave-d Ornon, France 2 Bordeaux Sciences Agro - GREThA / Institut des Sciences de la Vigne et du Vin. ISVV, 210 Chemin de Leysotte, 33 882 Villenave-d Ornon, France As variedades resistentes às doenças criptogâmicas são uma inovação reconhecida para diminuir a utilização de insumos na viticultura. Surgiram numerosas discussões na área da agronomia sobre os meios mais eficazes de perpetuar esta resistência e sobre a melhoria qualitativa dos produtos destas variedades, face à colocação no mercado dos vinhos daí resultantes. No plano económico, há análises orientadas para as expectativas dos produtores e para a redução dos custos relacionados com a utilização destas inovações, embora ainda falte estudar o ponto de vista dos consumidores. No âmbito do projeto Vinovert, os investigadores do ISVV, INRA, BSA e Gretha encetaram um Apresentamos no presente artigo uma síntese dos resultados da experiência laboratorial realizada em Paris em junho de 2017, em que um painel de mais de 163 consumidores, compradores regulares deste tipo de vinho, tinha de avaliar um vinho de casta Bouquet 3159 (monogénico resistente ao míldio e ao oídio) em comparação com dois vinhos convencionais de níveis qualitativos diferentes, assim como com um vinho certificado biológico de tipicidade e nível de preços comparáveis. Os desempenhos ambientais e sanitários dos modos de produção dos diversos vinhos foram quantificados por via de vários indicadores: o indicador de frequência de tratamentos (IFT) e a análise da presença de resíduos de pesticidas. Inicialmente, os consumidores procederam à avaliação após uma degustação e com um nível mínimo de informações sobre a região de origem e a colheita, sendo que, em seguida, procederam à avaliação após informação sobre os modos de produção e o nível atingido pelos nossos indicadores (IFT e resíduos de pesticidas). estudo sobre a aceitação, por parte do mercado, dos vinhos resultantes de variedades resistentes. O artigo propõe uma análise da avaliação que os consumidores fazem dos vinhos brancos resultantes de variedades resistentes na região vitícola de Languedoque, em França (colheita 2016). O método utilizado para credibilizar as avaliações individuais é o da economia experimental, através de um procedimento de revelação direta da aceitação de pagar dos consumidores (preço máximo de compra aceite pela pessoa por uma garrafa de vinho com base na informação disponível). De facto, continua a ser difícil entender os julgamentos efetivos da parte dos consumidores, entre, por um lado, os aspetos exclusivamente qualitativos, intrínsecos ao produto, e, por outro, os efeitos extrínsecos relacionados com a rotulagem e a informação de que dispõem sobre os modos de produ-

ção (proveniência, certificações, indicações, etc.), em especial quando são dirigidos para os desempenhos ambientais. Assim, o estudo propõe uma metodologia de avaliação das expectativas e julgamentos dos consumidores neste enquadramento de economia experimental, partindo das seguintes perguntas gerais: Quanto é que um consumidor aceita pagar por um vinho de variedade resistente, em comparação com o que aceita pagar por outros vinhos convencionais, oriundos da mesma região de produção e com o mesmo nível de preços? Que efeito tem a informação sobre o desempenho ambiental e sanitário na disposição a pagar por vinhos de variedades resistentes e sobre os julgamentos relativos à qualidade-preço dos consumidores? Os resultados obtidos demonstram a dificuldade de os consumidores aceitarem, ao nível exclusivamente sensorial, um vinho resultante de uma variedade resistente. No entanto, detetamos que uma comunicação orientada para os desempenhos ambientais e sanitários leva a uma forte melhoria da posição do vinho de variedade resistente, colocando-o in fine no topo das avaliações qualitativas médias. No plano económico, esta avaliação traduz-se em elevadas quotas de mercado, conquistadas no terreno dos vinhos convencionais. Em contrapartida, no que respeita ao vinho convencional premium, as perdas de quota de mercado são mais limitadas, o que deixa antever que os vinhos de qualidade superior sofreriam uma menor concorrência direta dos vinhos resultantes de variedades resistentes. SELEÇÃO DOS VINHOS Para os propósitos do estudo, foi selecionado um vinho feito de uma variedade resistente, disponível para venda e otimizado em termos de qualidade (variedade monogénica parcialmente resistente ao míldio e completamente resistente ao oídio). Em França, o Institut National de la Recherche Agronomique realiza esse tipo de atividades no seu sítio experimental do INRA Pech Rouge. Com foco nos vinhos disponíveis da colheita 2016, um júri profissional de 10 provadores de vinhos, reunidos em dezembro de 2016 no INRA Pech Rouge para uma degustação «às cegas», propôs centrar exclusivamente os vinhos brancos dessa exploração. mantendo o vinho a priori de melhor qualidade para as variedades resistentes: um vinho da variedade Bouquet 3159, aromático com uma tipicidade que não se distingue muito dos vinhos tradicionais do Languedoque. Foi selecionado um segundo vinho branco na mesma exploração do INRA Pech Rouge, e da mesma colheita de 2016, mas desta vez produzido a partir de variedades autorizadas sob a Indicação Geográfica Protegida Aude. Apesar da diferença das castas, este vinho convencional padrão da exploração agrícola poderia então ser considerado, na opinião do painel de degustação, como substituível por vinhos de variedade resistentes (as diferenças de tipicidade não são particularmente importantes). Para completar o esquema, foi decidido selecionar um vinho chamado prémium convencional da mesma região vinícola de Languedoque (mas desta vez na Denominação de Origem Protegida Languedoc ) e a mesma colheita de 2016, e que poderia representar idealmente um substituto em maior qualidade. 1 - La certificación bio está creciendo fuertemente en Francia y en el mundo (ver la reciente previsión de France Agrimer, 2017) pero tiene contingencias vinculadas a la dificultad de desarrollo de enfermedades de la vid en algunas regiones vitícolas y al uso considerado a menudo abusivo del cobre, para vencer estas enfermedades criptogámicas.

CARACTERÍSTICAS DOS VINHOS SELECIONADOS Vinhos Qualidade organoléptica IFT (Exceto produtos de controlo biológico) Encepamento Resíduos produtos fitossanitários Preço de venda (saída da propriedade) Vinho de variedade resistente Vinho convencional padrão Vinho convencional premium Vinho biológico Padrão Padrão Superior Padrão 2 16,9 12,7 2 100 % Castaresistente Bouquet 3159 Ausência de resíduos de pesticidas 45% Sauvignon, 31% Viognier, 17% Chenin, 7% Arriloba Resíduos de 6 pesticidas 50% Roussanne, 30% Grenache blanco, 20% Viognier Resíduos de 3 pesticidas 100% Viognier Resíduos de cobre aplicado 6 /garrafa 4,70 /garrafa 8,90 /garrafa 8 /garrafa Para além dos aspectos organolépticos, o segundo critério que motivou a selecção foi o desempenho dos vinhos em termos de redução da utilização de produtos fitossanitários a nível da vinha. Assim, um vinho de certificação orgânica bem conhecido pelos consumidores também foi selecionado. A certificação de produção biológica pode, com efeito, ser valorizada pelo que representa em termos de redução do uso de pesticidas, mesmo se continua a ser dispendiosa e, em alguns casos, arriscada para os produtores.1 Este vinho biológico que adicionámos à experiência, ainda da mesma colheita de 2016 e da mesma região vinícola do Languedoque, tem um nível de preço equivalente ao vinho convencional premium. ENSINAMENTOS DO ESTUDO Os resultados numéricos do estudo serão publicados no fim do ano 2018. De forma geral é preciso reter que o trabalho efetuado permitiu verificar a importância crescente dos desafios ambientais e sanitários para os consumidores de vinhos. As variedades resistentes que constituem uma inovação radical para responder a estes desafios foram relativamente bem valorizadas no quadro do nosso mercado experimental, efetuado com vinhos de entrada de gama da região do Languedoque. Esta inovação obtém desempenhos comparáveis à certificação Biológica em termos de consentimento a pagar, e pode mesmo revelar-se muito mais eficaz em termos de parte de mercado, se os custos de produção facilitarem preços de venda comparáveis aos vinhos convencionais. Contudo, a qualidade organolética do vinho, resultante dessas inovações, deve ser objeto da maior atenção. Fica claro que na nossa experiência, e em conformidade com os argumentos de um certo número de autores, esta desempenhou um papel importante nas nossas avaliações da valorização global dos vinhos pelos consumidores e nas nossas avaliações do premium ligadas às informações ambientais. Por um lado, porque é difícil considerar que existiria um premium absoluto ligado às informações sobre a redução dos pesticidas ou sobre os modos de produção certificados (vemos que este premium é sobretudo relativo, e condicionado às outras características do vinho considerado); por outro, porque um nível elevado de qualidade organoléptica de um vinho pode ter consequências menos importantes sobre as perdas de partes de mercado ligadas ao uso dos pesticidas. Esta arbitragem qualidade/desempenho sanitário e ambiental poderia, a este respeito, ser objeto de estudos complementares com outros tipos de vinhos, por exemplo de um nível de qualidade e de preços superiores. Da mesma forma poderia ser

CENTRE DE RECERCA EN ECONOMIA I DESENVOLUPAMENT AGROALIMENTARI útil confortar os resultados com a aceitação do modo de produção para as variedades resistentes, referindo-se a outras vinhas que fazem uso de variedades emblemáticas e quase exclusivas para as suas denominações de origem (i.e. Cabernet Sauvignon e Merlot no Bordelais, Pinot noir e Chardonnay na Borgonha e na Champagne, Sangiovese na Toscânia, Tempranillo em Rioja, Touriga Nacional no Dão e Douro, etc.). Um outro ponto importante que é preciso sublinhar diz respeito à informação sobre as características ambientais e sanitárias dos produtos de que dispõe o consumidor no momento de efetuar a sua avaliação. Na vida real essa informação é em parte transmitida pela etiquetagem dos vinhos. No entanto, para as questões relativas à redução do uso de pesticidas, só existem no mercado certificações gerais sobre os modos de produção, sejam elas públicas ou privadas ( Organic wines, Integrated production, Sustainably farmed grapes, Pesticide residue free, etc.). Essas certificações não correspondem precisamente aos indicadores que utilizámos e transmitimos aos consumidores. E claro, os indicadores têm como efeito dar muito mais destaque aos desempenhos ambientais e sanitários dos vinhos. Consequentemente, os resultados devem ser mais interpretados como fornecedores de alertas na evolução das tendências de consumo, num país como a França onde uma certa forma de focalização da sociedade se produz hoje sobre o uso dos pesticidas em viticultura, com as consequências induzidas. Poderia ser útil levar mais longe as análises para pormenorizar as contribuições reais das certificações, padrões privados e alegações para informar o consumidor sobre esses indicadores objetivos de utilização real dos pesticidas ao nível da vinha e da presença de resíduos nos vinhos. SOCIOS DEL PROYECTO UNIVERSIDAD DE SANTIAGO DE COMPOSTELA BODEGAS MARTÍN CÓDAX LES VIGNERONS DE TUTIAC ISVV INRA BORDEAUX (UMR SAVE) LES VIGNERONS DE BUZET RAMOS PINTO ECOFILTRA ADVID GLOBALWINES INRA INIAV ISA COOPERATIVE AC PALMELA IRTA CREDA AGRADECIMENTOS Este trabalho de investigação foi financiado no quadro do projeto europeu Interreg-SUDOE VINOVERT financiado pela Comissão Europeia. Os autores gostariam de agradecer a Jean-Louis Escudier, a Jean-Michel Salmon e Alain Samson do INRA Pech Rouge pela ajuda respetiva na seleção dos vinhos que foram propostos aos consumidores deste mercado experimental. Agradecemos igualmente a Céline Franc do Institut des Sciences de la Vigne et du Vin (ISVV) assim como a Isaac Rodriguez e Rafael Cela do Instituto de Investigación y Análisis Alimentario (IIAA) pela coordenação das análises de resíduos de pesticidas. Anne-Sophie Masure (ISVV-GREThA) trouxe a sua ajuda para a organização material do mercado experimental. Que seja aqui vivamente agradecida.