Estratégia regional para uma cidadania com cultura em seguridade social

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Transcrição:

Estratégia regional para uma cidadania com cultura em seguridade social Seguridade Social para Todos Termos de referência 1

Introdução Na atualidade, existe um consenso internacional a respeito da seguridade social como um direito humano inalienável, produto de quase um século de trabalho mancomunado das organizações internacionais relevantes, como: a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização das Nações Unidas (ONU), e instituições supranacionais, como a Associação Internacional de Seguridade Social (AISS), a Organização Iberoamericana de Seguridade Social (OISS) e a Conferência Interamericana de Seguridade Social (CISS). Essa situação obedece, principalmente, a capacidade que hão demonstrado os sistemas e instrumentos de seguridade social para atenuar situações de pobreza e desigualdades sociais. Não obstante, a pesar do esforço encarado, as sociedades latino-americanas ainda se encontram longe de poder oferecer uma proteção social universal a seus integrantes, máxime considerando que nas últimas décadas, em estes países, apresentaram-se situações associadas com a vulnerabilidade do mercado de trabalho; com o incremento do desemprego; e da informalidade laboral, os quais todos são fatores que potenciam os níveis de pobreza e exclusão. A conjunção desses fatores expõe os indivíduos a situações de marginalidade e vulnerabilidade. A maioria dos programas atuais de seguridade social em América Latina e o Caribe se assentam no princípio da solidariedade entre grupos de renda e entre grupos geracionais, assim como entre populações saudáveis e aqueles que se encontram doentes com respeito à cobertura de risco de doença. Primeiramente, na maioria dos países dessas regiões, os esquemas de seguridade social estão estreitamente vinculados com a condição laboral registrada dos habitantes, constituindo uma relação de dependência ou em forma autônoma. Conseqüentemente, queda excluída toda pessoa imersas na economia não registrada ou com uma situação de residência ainda não resolvida, ou seja, os imigrantes. É evidente que existe uma relação direta e estreita entre a legislação laboral e a correspondente a seguridade social. Essa situação devém da origem da seguridade social a partir da implementação do seguro social, já que ambas convergirão no mesmo sujeito de aplicação, ao igual que em todos os princípios e bases doutrinárias que inspiraram suas respectivas redações. Não obstante, a partir do momento que a seguridade social há sido considerada um direito humano nos principais instrumentos internacionais, seu alcance há extendido além do âmbito laboral ou profissional dos indivíduos. 2

Em termos gerais, pode-se mencionar que os aspectos relacionados com as condições no trabalho, por exemplo, a contratação, o salário, a jornada laboral, os direitos e as obrigações, correspondem à legislação laboral, em tanto que os programas e sistemas que contribuem a melhorar e manter a saúde, o ingresso e o bem-estar social, os assegurem um nível adequado de qualidade de vida, tanto do trabalhador e seus dependentes, como da sociedade em geral, e alcançam dimensões de um instrumento que inclui pautas mais amplias em matéria de política social. Em esse entendimento, percebe-se a vital importância de criar uma cultura de seguridade social a partir dos primeiros anos da formação do indivíduo, aonde a divulgação e o conhecimento, não somente dos valores e princípios da seguridade social, mas também dos direitos e obrigações cidadanias ao respeito da seguridade social, facilitem às sociedades a construção dos esquemas de solidariedade social necessários para o fortalecimento do enraizamento de uma coesão social, facilitando a compreensão cabal do papel de cada indivíduo na sociedade que integra, seja trabalhador, empregador, profissional independente ou dona de casa. Por tal motivo, o projeto Seguridade Social para Todos tem como principal objetivo a sensibilização, conscientização e o envolvimento da população dos países da América Latina, desde uma idade jovem até uma idade adulta, com os valores e princípios associados com os sistemas de seguridade social, com o aproveitamento dos canais da educação formal e não formal, os meios de comunicação e tecnologias de comunicação. O anterior tem o propósito de favorecer a construção de uma cultura da seguridade social que permita aos cidadãos viver em uma sociedade integrada com uma base mínima de justiça social e sem desgarrastes assimetrias sociais. Em definitiva, que brinde a seus integrantes um âmbito digno de ser vivido. Para a consecução deste objetivo, torna-se necessário identificar os conteúdos técnicos a ser repartidos, pelo o qual o presente documento é uma recopilação preliminar, sujeita ao debate e discussão, dos pontos e temáticas de seguridade social considerada apropriada. A estrutura deste trabalho inclui, em primeiro lugar, uma recopilação dos mitos e os prejuízos existentes a respeito à seguridade social, para visualizar os aspectos que nas sociedades geram resistência. Em seguida, segue, em maior detalhe, uma explicação dos valores e princípios vigentes em uma sociedade sã, os quais são recorridos pela seguridade social em forma de solidariedade social. Em seguida, desenvolve-se a implicância da seguridade social como sistema, identificando seus elementos e seus papeis associados. 3

Em uma segunda parte, o documento aborda como a sociedade deveria visualizar a seguridade social no marco de sua vida social e comunitário, e, a sua vez, identifica qual seria a contribuição a lograr com o desenvolvimento e a implantação do projeto Seguridade Social para Todos. Finalmente, e de modo de síntese, se incorpora a lista de temas a ser desenvolvidos por uma equipe interdisciplinária de especialistas e desenhadores didáticos para a construção de programas de formação e divulgação nos âmbitos da educação formal, não formal, meios de comunicação e Internet. 4

Os preconceitos sobre a seguridade social A etimologia da palavra preconceito (do latim praeconceptu) significa julgar sem conhecimento prévio ou, antes do tempo oportuno. Em geral, se trata de uma posição pessoal a respeito de uma situação que se desenvolve em determinados contextos sem conhecê-los em profundidade. Entre as características dos preconceitos, podemos mencionar: São associados com uma atitude humana, já que condiciona a resposta pessoal ao meio de acordo com um preceito anterior. Geralmente, se sustentam em informação errônea ou incompleta. São vinculados com atitudes aprendidas com base em experiências que a pessoa ha tido durante sua vida, principalmente em sua infância. Já se sabe que as crianças recebem, em primeiro lugar, a visão que sua família ou a sociedade tem do mundo, logo podendo modificar, ou não, essa impressão a partir do momento que conhecem, por si mesmos, os fatos. Em uma palavra, a influência do meio condiciona, em grande medida, a percepção das coisas ou das situações, e, por isso, o desenvolvimento e aquisição de uma atitude positiva ou negativa sobre os mesmos. Sua existência manifesta resistência à mudança, dando conta das dificuldades que implica sua eliminação Os preconceitos são aspectos que tem suas raízes na ideologia e no estilo de vida das pessoas, no qual sua erradicação implica uma mudança cultural na sociedade. Já se sabe que o desenvolvimento dos preconceitos na sociedade é potencializado com a formação das crianças, já que eles se alimentam de que vem dando lugar ao enraizamento de atitudes apreendidas. De maneira geral, os preconceitos mais difíceis de mudar são os que têm base cultural e social, e justamente por ter sido adquirido durante a infância é que são apreendidos com tanta força. Na atualidade, as sociedades apresentam diferentes preconceitos relacionados com a seguridade social, originados em sua maioria por desconhecimento e falta de informação sobre os valores, seus conceptos e benefícios que representam na vida e no desenvolvimento das pessoas. Em ocasiões, a identificação de determinados aspectos e/ou grupos da sociedade junto com ideais de juventude e ceticismo imposto através dos meios de comunicação, fomenta a origem dos preconceitos contra aquelas situações que não são interpretados relacionados com aqueles ideais. 5

Si bem os preconceitos na seguridade social conformam um problema substantivo que deforma sua percepção e menoscaba sua importância, vale a pena aclarar que somente se podem ter preconceitos sobre algo que possuímos e conhecemos. Em uma grande proporção das populações de América Latina existe um problema que precede a existência dos preconceitos, em qual reviste uma importância fundamental: uma parte da população não somente carece de proteção social, mas, não o contemplam como um direito exigível por vários fatores no qual podemos destacar a falta de informação e educação, assim como uma condição social de exclusão que não possibilita desfrutar, nem valorar, um esquema de proteção social. De igual maneira, e como conseqüência de uma sociedade que ignora parte de seus direitos, o Estado, responsável de promover a seguridade social, não sempre exerce adequadamente esse papel, devido, em ocasiões, a falta de vontade política e, em outras, a carência de uma agenda que considere a seguridade social e a promoção dessas, parte fundamental no desenvolvimento de sua política social. Pelo anterior, ainda que a existência de preconceitos possa incitar a qualificar e decidir erroneamente sobre optar ou não pela seguridade social, essa é uma situação que podia considerar-se melhor a aquela em qual nem sequer pode-se gerar conceptos errôneos sobre a seguridade social. O projeto que nos ocupa se orienta, por um lado, a construir uma cultura de seguridade social nas sociedades, de efetivar a responsabilidade de seus governos com respeito à proteção social. Por outro lado, facilitar a distribuição de informação sobre os benefícios da seguridade social com o objetivo de contra-restar os efeitos negativos que podem ocasionar os preconceitos. Entre os principais preconceitos vinculados com a seguridade social ressaltamos os seguintes: 1. Sou jovem, não preciso de seguridade social. Esse preconceito alude ao ideal da juventude e ao suposto estado de plenitude que a pessoa sente somente pelo fato de pertencer a esse grupo geracional. 2. A seguridade social é coisa de velhos. Esse preconceito se encontra vinculado com o anterior, como conseqüência do ideal da juventude, provocando uma aversão a tudo vinculado com a velhice. A sua vez, como no imaginário coletivo popular existe a tendência de associar a seguridade social com a velhice, sua oposição se torna lógico. 6

3. Para que contribuir, si ainda falta muito tempo para minha aposentadoria. Esse pensamento alude a ideais vinculados com a voragem do dia a dia e com a importância de viver agora ou no presente, sem incorporar a idéia de previsibilidade nem dimensionar as conseqüências de sua ausência. 4. A seguridade social é cara. Esse preconceito tem origem principalmente na falta de informação sobre os benefícios da mesma e no impacto que provoca ao largo da vida das pessoas. 5. Si pago mina parte para a seguridade social eu recebo menos dinheiro, prefiro não contribuir e receber mais. Esse preconceito não somente se vincula com a falta de informação existente sobre os benefícios da seguridade social na vida das pessoas, mas se associa com o ideal do sucesso e dinheiro no imediato. Esse ideal prevalece nas sociedades modernas gerando que um número importante de pessoas percebe o investimento monetário na seguridade social como uma diminuição em seu salário. 6. A seguridade social não é parte da minha realidade. É beneficente para aqueles que o precisam. Também por desconhecimento, as pessoas associam os sistemas de seguridade social com os programas de índole assistencial levados a cabo pelos governos, reforçando a percepção de que a seguridade social não forma parte de suas vidas. 7. Para que serve contribuir si em este país as situações mudam tão rápidas que é possível que quando alcanço a idade de aposentar, já não existirão as pensões. Em ocasiões, a falta de credibilidade nos líderes políticos se traslada em uma percepção que o indivíduo tem da seguridade social, erodindo sua confiança e sua vontade de participar. De maneira paralela, essa situação é acentuada por uma associação dos benefícios da seguridade social exclusivamente com a prestação da aposentadoria ou de pensão, deixando por desconhecido o resto das prestações de seguridade social associadas com o resto das contingências sociais que atingem as pessoas. Ao nosso entender, tanto a luta contra a produção de preconceitos como a diminuição dos efeitos nocivos que esses provocam, requer encarar ações imediatas e paralelas em duas frentes: por um lado, e para evitar que novas pessoas adotam esses conceptos e também que novos preconceitos podam germinar, é necessário trabalhar na geração de uma cultura de seguridade social que facilita a incorporação dos princípios e os benefícios da seguridade social como um valor próprio da sociedade a qual um pertence de igual maneira a incorporação do valor educação hoje presente na maioria das sociedades. Nesse sentido, a formação e a divulgação de valores e princípios de seguridade social no âmbito da educação formal, como uma atividade extracurricular, dirigida a crianças e adolescentes de diferentes rangos de idade ( por exemplo, 7-9 anos, 11-13 anos, e 15-17 anos, considerando o desenvolvimento das atividades e dinâmicas de formação que respeitam as características próprias de cada idade de forma de 7

potencializar a assimilação dos conceptos dados) podem erguer-se como um antídoto poderoso contra a criação e desenvolvimento de preconceitos sobre a seguridade social. Por outro lado, para mitigar os efeitos negativos dos preconceitos já existentes, e para alcançar sua eliminação paulatina, é necessário empreender ações de comunicação dirigidas ao público em geral e utilizar os canais de educação não formal (meios de comunicação, recursos de Internet e redes sociais, entre outros) que em casa sociedade se considerem apropriados para a construção de uma cultura de seguridade social. Em este sentido, é de vital importância sublinhar que a seguridade social opera em um amplo leque de contingências sociais e idades, abarcando e acompanhando o indivíduo em todas as etapas de sua vida, desde o nascimento até a morte, e inclusivo, antes e depois ao materializar-se no outorgamento da atribuição familiar pré-natal e das pensões por falecimento e seguros de sepultamento. Desta forma, por exemplo, é importante construir uma cultura no qual se valoriza que, mediante a implantação e o desenvolvimento dos sistemas de seguridade social: Um jovem que fica sem emprego pode cobrar uma prestação monetária por sua situação de desemprego, de forma de contar com o apoio econômico enquanto procura um novo trabalho. Uma mulher grávida recebe assistência médica e apoio sanitário durante seu período de gestação, como também a atribuição familiar por maternidade na substituição da renda que não recebe por motivo de sua licencia de maternidade. Um trabalhador registrado pode receber a cobertura de sua asseguradora de risco laboral no caso de sofrer um acidente de trabalho. Um empregado registrado realiza contribuições a um sistema de saúde que o assegura a cobertura em casos de doenças. Os filhos dos trabalhadores geram uma prestação econômica a seus pais como ajuda para enfrentar os gastos que geram sua manutenção e sua educação através de diversas prestações por atribuições familiares. Logo após de trabalhar ao largo de sua vida, e antes da míngua de sua capacidade produtiva, uma pessoa acede a um benefício de aposentadoria ou a uma pensão de forma de contar com uma renda econômica que suplante o salário, como também a cobertura do sistema de saúde. 8

Como já mencionado, os preconceitos se caracterizam pela resistência a mudança, e uma das ferramentas mais eficientes para modificá-los é a informação. Hoje em dia, o intercâmbio de informação no coração de uma sociedade condiciona seu desenvolvimento. Os meios de comunicação jogam um papel importante no desenvolvimento social e os indivíduos se encontram totalmente ligados a eles, permitindo-os não somente ouvir notícias pelo radio, mas até comprar comida pela internet. Pelo anterior, o programa Seguridade Social para Todos se coloca com um esquema de alcance regional, a partir da instauração da Semana de Seguridade Social e contemplando o desenho de campanhas de comunicação social para favorecer sua divulgação. A seguridade social como valor Todas as sociedades possuem certas crenças, certos valores, que proporciona a bagagem necessária para conseguir uma forte integração e constituir critérios de unidade. O sistema de valores de uma sociedade se senta em juízos do bem, o justo, o útil e o necessário, e depende das experiências, da fé e da adesão voluntaria. Toda unidade nacional tem seu fundamento em seu sistema de valores e, sem dúvida, a seguridade social satisfaz todos os requisitos para ser um dos valores fundamentais de qualquer sociedade. A importância do sistema de valores de uma nação reside em três conceptos: Legitimidade. Os valores definem a imagem de um governo ideal e somente são considerados legítimos os governos que se encontram mais próximos a esta imagem. A legitimidade brota dos valores predominantes presentes na sociedade, e se refere a algo concreto, em geral, associado com concepções históricas arraigadas no sentir popular. Por meio dele, a legitimidade justifica os governos e provoca o reconhecimento dos mesmos. Consenso. Quando existe a certeza de viver em um governo considerado legítimo, constata-se uma maior possibilidade de consensos nacionais. Vale a pena aclarar que, desses consensos, nasce a participação social. A existência de um consenso quase geral provoca que os antagonismos sejam relativamente moderados, não colocam em desconfiança o regime, e eliminam toda possibilidade de violência social. A falta de consensos ou sua debilidade fazem vulneráveis os sistemas políticas. Consciência. O nível da consciência de uma sociedade está condicionado por uma adequada compreensão dos valores nacionais com a qual se gera, ou 9

fortalece a consciência dos cidadãos. O fortalecimento da consciência é o produto de numerosos fatores, como a educação e a experiência. A construção de uma sociedade que comparte valores comuns, requer mecanismos de coesão social que não somente se impõem, mas que são revisados, ajustados, e recriados de maneira apropriada conforme os câmbios que essa sociedade vai apresentando. Contudo, essa idéia de coesão social precisa da participação plena e (quase) obrigatória de todos os cidadãos, situação que se manifesta na maioria dos governos considerados legítimos por eles mesmos. Obviamente, essa noção de civilidade não nasce nem se desenvolve, mas se materializa em uma sintonia particular entre os dois atores sociais que entram em jogo, isto é, entre a sociedade e cada um de seus membros. Dessa maneira, é necessário que a sociedade se organize de tal modo para conseguir gerar, em cada um de seus membros, a consciência de que pertence a ela, de que essa sociedade se preocupa por ele/ela e, subseqüentemente, adquire a convicção de que vale a pena trabalhar para manterla e melhorar-la. Portanto, o acionar coletivo de uma sociedade da conta não somente de uma identificação mútua entre seus integrantes, mas também da adesão a determinados sentimentos e valores, e do cultivo de um sentido de pertencer a algo cuja preservação implica uma dimensão moral, tudo em um marco da liberdade individual. Já no século XVIII, o escritor e filósofo Rousseau estabeleceu a diferencia entre o home e o cidadão ; O home, geralmente tem como meta a felicidade, enquanto o cidadão, integrante de uma sociedade, espera que a sociedade o considere e o permite aceder aos bens e serviços imprescindíveis para assegurar seu desenvolvimento por conta própria, assumindo os riscos, de um projeto de vida feliz. O concepto moderno que resume esse acionar harmônico é coesão social, aonde o valor principal que o faz possível é a solidariedade social. Por conseguinte, a solidariedade social representa o vínculo real entre o indivíduo e a sociedade, o qual envolve tanto a idéia de participação como a identificação de responsabilidades mútuas. Por sua vez, o valor da solidariedade social se ergue como o principal reitor da seguridade social, aonde os sistemas de seguridade social que operam em uma sociedade conformam o esforço racional sistêmico que a sociedade realiza para fazer tangível e palpável esse valor para seus integrantes os quais se beneficiam das interações com os demais. Pode-se afirmar, então, que a solidariedade é um fato que somente se conhece por meio de seus efeitos sociais. Dessa forma, os sistemas de seguridade social contêm mecanismos que facilitam a resolução de problemas comuns para todos os integrantes da sociedade. Os 10

problemas, em ocasiões, surgem da própria convivência em comum que gera desvantagens comparativas, e outros problemas são somente produtos de azar ou o efeito do passo do tempo. Esses problemas são comumente chamados contingências sociais e sua resolução por meio da atuação da cabeça da sociedade em seu conjunto, ou seja, o Estado, somente é possível a partir do exercício da solidariedade social. Esse exercício permite, em primeiro lugar, que o esforço que demanda dita resolução se distribui de maneira equitativa no conjunto social, tomando em conta as situações pontuais e as vantagens comparativas dos indivíduos em cada momento. Em segundo lugar, de forma paralela, facilita a que os indivíduos podem afastar sensações de solidão enquanto reforçam a idéia de interdependência e responsabilidade mútua. A doença, os cuidados sanitários, a incapacidade para laborar, as capacidades diferentes, a velhice, a maternidade, as famílias grandes, a educação dos filhos e filhas, os acidente laborais, e as doenças ocupacionais integram o leque de contingências sociais em qual toda pessoa se encontra exposta. O primeiro vínculo da solidariedade social se obtém no marco da família e suas relações, já que ela concentra os comportamentos solidários básicos e conforma o espaço seguro de seus integrantes. Quando essas famílias integram uma sociedade, a necessidade de proteção e seguridade se translada naturalmente a essa e, portanto, toma as características dessa sociedade. Dessa maneira, as relações e os laços de solidariedade se entrecruzam e expõem diversos processos de diferenciação social, com base em aspectos econômicos, culturais ou de formação profissional, uma procedência precisamente da convivência. Si bem não existe setor algum na sociedade que se encontra isento de sofrer contingências, em toda sociedade existem capas sociais mais vulneráveis a esses eventos que outras, e é aqui aonde a seguridade social, a partir da aplicação do valor da solidariedade social, facilita a redistribuição econômica das rendas e provêem a assistência necessária que permite afrontar os acontecimentos adversos. De forma prática, a solidariedade social se manifesta como o sacrifício, ou o esforço dos: jovens frente aos mais velhos; dos indivíduos saudáveis frente aos enfermos; das pessoas ocupadas perante aqueles que carecem de emprego; de quem continua com vida frente a aqueles familiares de uma pessoa falecida; ou de quem apresenta uma família grande na figura de vários filhos frente a aqueles que não os tem. A seguridade social pretende considerar que o esforço seja compartido e razoável, não exigindo um esforço exagerado a quem não se encontra em capacidade de provê-lo. Assim mesmo, não corresponderia dar desculpa alguma ao indivíduo ao momento de oferecer-lhe atenção oportuna por não haver contribuído o suficiente. Pelo contrario, aquela pessoa que afortunadamente apresenta uma vantagem 11

comparativa em suas possibilidades econômicas e físicas com respeito a seu próximo, conforma o sustem da sociedade e representa quem possui a responsabilidade e a obrigação de realizar o maior esforço. Esso significa que em um marco do exercício da solidariedade social, a contribuição e a recompensa não devem ser variáveis dependentes. Em esse sentido, o objetivo da seguridade social não é proteger o indivíduo senão oferecer proteção à sociedade em seu conjunto, já que esses, a integrar uma sociedade, abandonam sua condição individual para converter-se em um cidadão social. Em termos jurídicos, o bem protegido pelas leis e as regulamentações dos sistemas de seguridade social não é o cidadão, mas a sociedade. Mais pontualmente, o objetivo de proteção se orienta a preservar a capacidade produtiva dessa sociedade, a qual o assegura uma auto-suficiência razoável. Si se toma em conta que o Estado é a nação juridicamente organizada e que a maioria das constituições nacionais coloca em mãos desse à responsabilidade de providenciar os benefícios da seguridade social no âmbito de sua geografia, resulta natural que recaia no Estado, o compromisso de gerar na sociedade a predisposição necessária para o exercício da solidariedade social. Isso é possível toda vez que o conjunto das instituições do Estado hão sido concebidos para modelar as pautas e os cursos de ação que se deseja ser aplicadas em suas sociedades, estabelecendo, mediante instrumentos normativos, tanto os direitos como as obrigações e as responsabilidades de seus integrantes, para deixar implícito a idéia de compromisso compartido que permite identificar as ações do Estado como legítimas. E importante sublinhar, então, que a obrigação do Estado na se trona absoluto nem ilimitado, e se encontra associado com assegurar um mínimo de bem-estar aos seus membros e integrantes. Isso permite sortear, de maneira ótima e razoável, os estados de necessidade que podem surgir, tomando em conta que um estado de justiça aceitado e compartido pelos seus integrantes e membros. Por tanto, os cidadãos são os primeiros responsáveis em abordar as contingências que aconteçam, devendo aplicar tanto ações preventivas como resolutivas diante de cada evento. A idéia subjacente em esse concepto é que a pessoa utiliza sua própria capacidade para resolver os problemas que os traem aparelhado viver em uma sociedade, mas essa resolução não deve implicar-lhe um esforço desmesurado, mas deve contemplar o fim racional. Por isso, no marco do esforço a ser realizado, não deve julgar-se por igual a todas as pessoas, já que em esse ponto se manifestam notórias y relevantes as habilidades que cada um pode demonstrar na: resolução do problema; sua capacidade econômica; sua situação social e seu nível de cultura. 12

Inclusivo, se colocaria em jogo questões psicológicas que em ocasiões atuam como inibidores, e em outras, como dinamizadores do indivíduo. As sociedades modernas há imposto, como objetivo, que a proteção oferecida por seus instrumentos e mecanismos de seguridade social seja universal, como uma forma de garantir que todas as pessoas, por sua condição de cidadão, contam com o acesso necessário e oportuno às prestações de seguridade social. Esse mandato, a sua vez, se encontra plasmado em diversos documentos internacionais de importância histórica, entre eles, na Declaração de Filadélfia de 1944 que configura a carta constitutiva da Organização Internacional de Trabalho e na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. O princípio da universalidade que pretendem observar os países ao instaurar seus esquemas de seguridade social, se apresenta como a forma mais idônea para assegurar que às pessoas contém com os meios necessários para alcançar os níveis de uma vida digna. Essa aspiração atinge toda sociedade, e esse princípio permite aliviar os estados de necessidade que podem aparecer. Em esse sentido, a seguridade social opera como um nivelador das desigualdades naturais e sociais que ocorrem e se apresentam em uma comunidade, convertendo-se, em um antídoto contra a discriminação, sendo que esta se baseia em questões de raça, idade, idioma, religião, política, nacionalidade, propriedade, renda ou de gênero. 13

Sobre o concepto de trabalho decente As origens da seguridade social como sistema hão estado associado com a condição laboral das pessoas. O trabalho constitui o principal meio de sustento dessas e representa um dos cimentos da identidade pessoal, erguendo-se como um veículo insubstituível de participação social e política. Atualmente, a seguridade social moderna é um instrumento que permite equilibrar as relações laborais. A OIT se encontra trabalhando ativamente na divulgação e a conscientização do concepto trabalho decente junto com os governos, os trabalhadores e os empresários, obtendo, como resultado, a geração de um consenso internacional em torna dessa idéia, já que se há tomado consciência de que mediante o emprego produtivo e o trabalho decente se poderá alcançar o objetivo de reduzir a pobreza de forma massiva. O trabalho decente resume as aspirações da gente durante sua vida laboral e significa contar com oportunidades de acesso a um trabalho legal, produtivo e que o assegure: uma renda digna para a vida diária; a seguridade no local de trabalho que o permite manter sua capacidade produtiva; a proteção social e a cobertura de saúde para as famílias; melhores perspectivas tanto de desenvolvimento pessoal como de integração social; a liberdade para que a gente expresse suas opiniões; a participação nas decisões que podam afetar suas vidas, a igualdade de oportunidade e trato para todas as mulheres e homens. O trabalho decente pode ser sintetizado em quatro objetivos estratégicos: (i) princípios e direitos fundamentais no trabalho e normas laborais internacionais; (ii) oportunidades de emprego e renda; (iii) proteção e seguridade social, e (iv) dialogo social e tripartismo. Esses objetivos têm validez para: todos os trabalhadores, mulheres e homens na economia formal e não formal; trabalhadores assalariados ou autônomos, no campo, na indústria, no escritório, em suas casas ou na comunidade. Em um mundo globalizado, o trabalho decente se estabelece como uma ferramenta fundamental no esforço de reduzir a pobreza e também como um meio para lograr o desenvolvimento equitativo, inclusivo e sustenido dos povos. Em todo o mundo, as pessoas enfrentam déficits, brechas e exclusões como conseqüência de: desemprego e de subemprego de trabalhos de pouca qualidade e improdutivos; de trabalhos perigosos e de rendas voláteis; de direitos não reconhecidos; de discriminação por gênero; de exploração no caso de trabalhadores migrantes; de falta de representação e voz no âmbito decisório; de proteção e solidariedade sociais insuficientes e inadequadas para enfrentar as doenças; deficiência física e velhice. É claro que a pobreza não é um problema exclusivamente dos pobres, já que a persistência dessas situações da origem à erosão do contrato social que caracteriza 14

as sociedades democráticas, em quais todos os integrantes devem compartir os benefícios de progresso como uma maneira de assegurar uma adequada estabilidade política e social. Por outra parte, os objetivos de luta contra a pobreza e a promoção da integração social superam os aumentos de rendas econômicas que podem materializar-se, já que o processo envolve o tratamento dos direitos humanos e sociais e o tratamento da dignidade do indivíduo e da comunicação com seu entorno que permitam às pessoas realizar seus potenciais econômicos, sociais e políticos. Em esse sentido, resulta conveniente ressaltar que somente 20% da população mundial têm uma proteção social adequada, e mais da metade não tem nenhuma cobertura. Essas pessoas enfrentam perigos em seus lugares de trabalho, e tem pensões e seguros de saúde débil ou inexistentes. Geralmente, essa situação é associada com um nível de desenvolvimento econômico dos países, mas cabe considerar que alguns aspectos como a estrutura de seu esquema de distribuição de renda, influem no impacto dos sistemas de seguridade social adotados. O acesso a um nível adequado de proteção social é um direito fundamental de todos os indivíduos reconhecido pelas normas internacionais de trabalho e pelas Nações Unidas. Além disso, é considerado um instrumento para a promoção do bem-estar humano e para cristalizar o consenso social, no qual favorece a paz social e reforça as noções de solidariedade social de uma comunidade. Por isso, educar, formar e transmitir os valores e princípios de seguridade social é uma situação indispensável para conseguir alcançar um mundo em quais todos são respeitados como iguais em dignidade aos que são diferentes em outros aspectos. Si não se encara seriamente a tarefa educativa, aumentará inevitavelmente o numero de excluídos da vida social; o numero dos que nem se sabem nem se sentem cidadãos em nenhum lugar. 15

A seguridade social como sistema O termo sistema, mesmo que de uso muito freqüente, tem significados distintos. Desde o ponto de vista prático, um sistema é uma coleção de equipes e planos de operação que permitem, ao complexo assim formado, servir no desempenho de uma determinada função. Um sistema está constituído por diferentes elementos que tem algum tipo de relação entre si, mediante a qual não somente podem interatuar e intercambiar produtos e insumos, mas que também podem coordenarse para um funcionamento harmônico e que isso permita lograr o objetivo comum. A noção mais freqüente de sistema é a que o define como um conjunto de elementos inter-relacionados para a consecução de um objetivo. Em esse sentido, a seguridade social conforma um sistema que tem vida pelos estímulos constantes que recebe da participação cidadania. A seguridade social, vista como sistema, se encontra afetada por diferentes fatores, tantos internos como externos, que alteram seu funcionamento. Os sistemas de seguridade social são sistemas abertos porque possuem um intercâmbio constante com seu ambiente e podem comunicar-se e relacionar-se com outros sistemas. Por sua vez, são sistemas probabilísticos já que apresentam diferentes opções de respostas para um mesmo estimulo. Não todos os indivíduos em uma sociedade se encontram implicados da mesma forma com a seguridade social. Existem aqueles que manifestam uma atitude de indiferença e outros que se sentem mais ou menos envolvidos, de acordo à intensidade de sua participação. A seguridade social como sistema conta com cinco elementos fundamentais para lograr cumprir com seu objetivo que é o bem-estar da população: Sensor. Assim como o sistema requer que o ambiente satisfaz seus requerimentos, seus insumos e seus estímulos para facilitar seu desenvolvimento, o sistema também produz respostas, saídas ou exportações ao meio que obedece a propriedades singulares do sistema e que, em conjunto, molda seu comportamento. Para captar os estímulos que surgem do ambiente, o sistema conta com um elemento chamado sensor. Somente com um sensor aberto é possível captar as necessidades e interesses da sociedade. 16

Os funcionários e os empregados da seguridade social costumam tomar em consideração em suas decisões as numerosas conseqüências que em elas vão implícitas, avaliando em cada caso a intensidade de apoio político, as virtudes éticas e os custos financeiros e políticos associados a cada demanda e reconhecimento que recebem do meio, e cuja atenção constitui sua ocupação quotidiana. É importante, portanto, que a organização da seguridade social conta com áreas de sugestão e queixas, com facilidades para o acesso transparente à informação, com canais de participação da comunidade, que desenvolvem enquêtes e pesquisas de opinião que fomenta o analise da repercussão social das notícias das diversas tecnologias e meios de comunicação. Armazém. Os sistemas de seguridade social devem ter uma grande capacidade para receber informação, reter-la em seu armazém, transmitir-la por via de seus canais de comunicação, tratar-la e utilizar-la na consecução de seus objetivos. A informação, então, é a condição fundamental para alcançar seus objetivos. A informação constitui a força que dá vida ao sistema organizativo e sua qualidade assegura as relações ótimas entre o sistema e seu meio, graças aos resultados que se obtém de suas decisões. A quantidade e a qualidade da informação disponível é a medida da possível eficiência do sistema de seguridade social e se relaciona diretamente com os objetivos que o sistema espera de sua gestão. A informação necessária em todo sistema de seguridade social está constituída por: normas jurídicas que devem ser cumpridas (Constituição, leis e regulamentos); políticas oficiais a respeito; informes de trabalho de todas as áreas operativos; informação sobre os avances da seguridade social em outros países; estúdios sobre a matéria das organizações internacionais e do âmbito acadêmico; organizações não-governamentais e os meios de comunicação. Processador. O decisor do sistema, apesar de suas qualidades, por si mesmo não poderia lograr que suas decisões tiveram probabilidades de ser aceitas. Para que sua tarefa seja eficiente, o processador requer contar com o apoio de um corpo de assessores o qual, por meio do processamento da informação existente no armazém, produz recomendações sobre o que se apresenta como o mais adequado, justo e equilibrado aos interesses do ambiente. Os meios técnicos para o processamento da informação tem um papel transcendental nos sistemas administrativos. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) constituem o apoio imprescindível no manejo da informação, para lograr as respostas contundentes da direção a respeito às necessidades manifestas e latentes. 17

Decisor. As decisões constituem a essência do sistema, e é por meio delas que o sistema regula suas respostas ao ambiente. A importância de uma decisão tem uma relação direta com a forma em que atua, influi ou modifica o meio. Por tanto, a toma de decisões configura um aspecto fundamental na operação dos sistemas, e, por sua vez, pode considerar-se um processo complexo de analise para desenvolver opções que solucionam os problemas. Efetor. Toda a estrutura administrativo-burocrática da seguridade social constitui seu efetor. Devem-se dar condições necessárias para que a seguridade social possa juntar os recursos humanos, materiais e financeiros necessários para garantir que o serviço demandado pela comunidade é prestado com qualidade, quantidade, oportunidade e regularidade, cristalizando os princípios de justiça social que devem orientar os sistemas de seguridade social. A prestação dos serviços é a função primordial do sistema, e é realizada mediante seu efetor. Direção e controle nos sistemas. A política, em sentido amplo, e em oposição ao significado de ciência e arte político, é toda atividade humana dirigida à transformação propositiva da realidade social. Na seguridade social como sistema, a política não deve ser reduzida às atividades desenvolvidas pela burocracia para justificar seu controle e conservar-lo por meio de consenso dos governadores. Todo cidadão, a tratar de modificar o meio social em que se desenvolve atendendo a seus valores e impondo novas pautas de comportamentos, na medida de suas possibilidades, está fazendo política. Isto é, se comporta como um sujeito político e dessa maneira influi fortemente nos câmbios do sistema. 18

Percepção da seguridade social para uma sociedade com cultura em essa matéria. Saúde e vida social O cidadão da saúde exige ações das pessoas, sociedade e as instituições. Em esse sentido, são atores de saúde. Ao desenvolver ações de prevenção e promoção de saúde, assim como outras dirigidas a atender as doenças e facilitar a reabilitação, as instituições de seguridade social integram as ações desses atores. Os serviços médicos, a informação sobre a vida saudável, os cidadãos necessários nas diferentes etapas da vida, diante de enfermidades e situações delicadas para a saúde, entre outros fatores, devem estar presentes na universalidade da sociedade, sem importar condições econômicas e sociais. Isto é possível mediante as ações sócio-sanitárias que realizam as instituições de seguridade social. Em tanto, a existência de comunidades, escolas, famílias saudáveis é um determinante para que haja pessoas com melhores condições de saúde, em qual as instituições de seguridade social facilitam o exercício do direito a saúde e o fazem de maneira solidária. Uma sociedade com cultura em seguridade social poderá contar com: Uma participação ativa e responsável das pessoas para um desenvolvimento ótimo da saúde individual e de sua comunidade. O cumprimento do direito a condições e serviços de saúde suficientes e equitativos para toda a sociedade. Pensões e aposentadorias Todas as pessoas estão expostas a situações nas quais as rendas econômicas podem diminuir significativamente. As pensões e as aposentadorias que as instituições de seguridade social oferecem a pessoas adultas, idosos, aqueles que não podem trabalhar temporalmente ou permanentemente, ou a aqueles que perderam sua fonte de renda, por exemplo, são importantes para que as famílias tenham condições de qualidade de vida perante situações adversas. Trata-se de um direito que permite que as pessoas tenham recursos econômicos para diversas interações em suas comunidades, o qual repercute nas relações econômicas e comerciais de uma sociedade e um país. Ao mesmo tempo, é um 19

reconhecimento legítimo e básico às contribuições que o trabalho das pessoas dá a empresas e a sociedade. O acesso à aposentadoria é possível depois de muito tempo e trabalho. Assim, para que todos os membros de uma sociedade acessão realmente as pensões e suas aposentadorias, as instituições de seguridade social devem facilitar condições equitativas e solidárias para a poupança. Requer-se, deste modo, que sob qualquer forma e condição de trabalho (sem importar de que se trata de labores ou serviços simples, temporais, por conta própria, subcontratados ou realizados por trabalhadores que vivem fora de sua comunidade ou país), toda pessoa pode exercer na prática seu direito a obter pensões e aposentadorias que o permite aceder a uma qualidade de vida considerada adequada. Conseqüentemente, o desenvolvimento do projeto Seguridade Social para Todos facilitará a cristalização, na sociedade, de: Um fortalecimento da solidariedade entre gerações para enfrentar riscos e situações adversas. Uma integração de pensionatos e aposentados na vida social e familiar, assim como na atividade econômica. O apoio ao acesso universal a pensões e aposentadorias. No trabalho Toda pessoa tem direito a um trabalho decente. Isto se manifesta, entre outras formas, no exercício de labores que retribuem satisfatórios materiais e não materiais, assim como em condições de trabalho saudáveis e nas quais existem recursos e meio para prevenir danos à saúde física e mental. As empresas, os governos, assim como os usuários de serviços e produtos, se beneficiam si, na comunidade, haja trabalhadores saudáveis. Em esse sentido, uma prática solidária das instituições de seguridade social é procurar que em toda relação de trabalho cumpra-se as condições anteriormente descritas. Ainda assim, pratica-se a equidade quando as empresas, e todos os empregadores em geral, contribuem para que seus trabalhadores acedam aos serviços de seguridade social, e quando esses mesmos empregadores se beneficiam economicamente por gozar de condições laborais nas quais se evitam acidentes e riscos aos seus trabalhadores. 20

Por tal sentido, os efeitos de uma cultura de seguridade social na sociedade, a partir do desenvolvimento do projeto que nos ocupa, facilitará: Um incremento da co-responsabilidade dos empregadores, trabalhadores, sociedade e governo no acesso aos serviços da seguridade social. O apoio necessário ao acesso universal do trabalho decente. Serviços sociais e prestações familiares A geração de melhores condições de vida para as pessoas e suas famílias requer serviços fundamentais na vida cotidiana como: creches, casas de atenção para idosos, centros esportivos, centro de férias, espaços culturais, assim como orientação, assistência e serviços para aceder às prestações em saúde. Do mesmo modo, os apoios econômicos e materiais a famílias registradas em muitas instituições de seguridade social, favorecem o acesso à educação, propiciam uma melhor qualidade de vida e são uma expressão de solidariedade perante circunstância s adversas. Em tanto a seguridade social oferece esses serviços e prestações sem fins lucrativos e favorecendo o acesso equitativo a elas, propiciam-se dinâmicas de bem-estar para os indivíduos, os diversos tipos de família e para a sociedade em seu conjunto. Uma sociedade que se apropria dos valores e princípios da seguridade social poderá contar com: O apoio necessário para que o acesso universal a serviços que com freqüência são exclusivos aos setores mais humilde da sociedade. O fortalecimento da solidariedade e a redistribuição da economia de uma sociedade. 21

Conclusão. Temário para desenvolver pela equipe técnico-educativo. Módulo I. Pessoa e sociedade: o papel da proteção social Unidade 1. Contingências Tema: Contingências naturais Tema: Contingências culturais, sociais e econômicas. Unidade 2. Prevenção e proteção Tema: O papel do autocuidado e a repercussão das atividades e condutas preventivas tanto para a pessoa como para a sociedade. Tema: Relação existente entre as distintas contingências e a cobertura brindada pelas prestações de seguridade social. Módulo II. Valores e princípios Unidade 1. Solidariedade Tema: Solidariedade em família Tema: Solidariedade entre pares Temas: Solidariedade entre jovens e adultos Unidade 2. Integração: antídoto contra a discriminação Tema: Diante de situações de adoecimento Tema: Entre atores econômicos Unidade 3. Respeito às diferencias Tema: Incapacidade Tema: Adultos de idade avançadas Unidade 4. Equidade: moderar as assimetrias sociais Tema: Desemprego Tema: Igualdade de gênero Módulo III. Vida comunitária: Direitos e obrigações das pessoas Unidade 1. Direitos Tema: A igual circunstância ou necessidade, corresponde oferecer idêntica proteção Unidade 2. Obrigações Tema: As obrigações com relação à condição socioeconômica da pessoa Tema: A responsabilidade contributiva e impositiva das pessoas. 22

Módulo IV. Trabalho Unidade 1. O registro laboral Tema: Atores da relação laboral e diferencia entre trabalho registrado e não registrado Tema: Conseqüências do trabalho registrado e não registrado: impacto nos esquemas de solidariedade intergeracional. Unidade 2. O trabalho como atividade dignificante da pessoa Tema: Aspectos econômicos, pessoais e sociais Módulo V. Responsabilidade do Estado Unidade 1. Aspectos éticos Tema: Como mandato constitucional e como proteção a um direito humano Tema: Procuração de qualidade de vida com equidade Unidade 2. Aspectos econômicos e sociais Tema: Preservação da capacidade produtiva da sociedade Tema: Promoção de condutas e ações pessoais que resultam benéfico para a comunidade 23

Temário. Definições conceptuais 24

En sus tratados de Pedagogía, Kant señalaba que los niños no deben ser educados pensando en su presente, sino en una mejor situación futura. Para que nuestros países dejen de sentir como utópico el ejercicio real de la solidaridad social, cabría tener en cuenta este precepto, ya que no existe mejor forma de materializar un ideal que educar para alcanzarlo, ayudando a convertirlo en realidad. De la Solidaridad en la Seguridad Social, hacia una ciudadanía social Módulo 1. Pessoa e sociedade: o papel da proteção social A seguridade social é um conjunto de recursos de distinta natureza, organizado e sistematizados pelo Estado, que tendem a satisfazer as necessidades essenciais geradas pelas pessoas que convivem em uma sociedade, em função de uma serie de contingências sociais que o afetam, criadas pela desigualdade, miséria, doença e a velhice. Todas as sociedades têm o iniludível compromisso de prover as condições mínimas e necessárias para assegurar ao indivíduo e às famílias dos riscos e contingências sociais que, ao apresentar-se, poderão impactar sua estabilidade econômica e deteriorar suas possibilidades de desenvolvimento, afetando as condições de equidade necessárias para uma convivência harmônica. Os sistemas de seguridade social dos países representam a solução que esses hão encontrado para enfrentar a responsabilidade de oferecer proteção social. Mediante suas prestações e serviços se pretende assegurar condições mínimas de rendas econômicas para as pessoas, como uma forma de promover seu bem-estar, facilitar sua inclusão social e gerar condições adequadas de convivência. Esses sistemas contêm mecanismos que facilitam a resolução de problemas comuns a todos os integrantes da sociedade, tendo em conta que alguns problemas são criados pela convivência em comum, a qual traz aparelhadas desvantagens comparativas como as contingências culturais, econômicas ou sociais; e outros inconvenientes se apresentam é imprescindível com o passo do tempo ou por azar, denominadas contingências naturais. Deve-se tomar em conta que si bem não existe setor algum na sociedade que se encontra isento de sofrer contingências, em toda sociedade existem capas sociais mais vulneráveis a esses eventos que outros. As prestações e serviços de seguridade social facilitam a redistribuição econômica 25

das rendas e provêem a assistência necessária para enfrentar os acontecimentos adversos. O objetivo de oferecer essa proteção social é provêem da necessidade de preservar a capacidade produtiva de uma sociedade, a maneira de assegura-lhe uma autosuficiência razoável e uma ótima convivência. 26

Unidade 1. Contingências O home, ao largo de toda sua vida, está permanentemente sujeito à ocorrência de distintos eventos e riscos que, uma vez produzidos, ocasionam uma necessidade que deve ser reparada ou atendida por toda a comunidade a partir do exercício da solidariedade social. Portanto, pode-se afirmar que as contingências sociais são os eventos provocados normalmente por uma necessidade econômica traduzidas na diminuição ou perdida das rendas habituais, ou bem geram gastos adicionais ou complementários. As contingências podem ser: Contingências naturais universais: são aqueles eventos naturais que se apresentam em qualquer momento da vida das pessoas: a velhice, a norte, a doença, a incapacidade ou invalidez, os desastres naturais. Contingências culturais, sociais, e econômicas, entendendo que: o As situações de desigualdade naturais em uma sociedade, muitas vezes, são potencializadas por fatores culturais, como as crenças religiosas, sua raça ou origem étnica (povos indígenas), a falta de uma adequada educação ou formação profissional. o as contingências sociais são conseqüências de problemas ou discriminações que vivem algumas pessoas perante uma situação de migração ou de incapacidade, diante da responsabilidade de um grupo familiar grande, diante da informalidade laboral, refugiados políticos, instabilidade política e regimes ditatoriais. o as contingências econômicas representam os problemas derivados de uma situação de desemprego, de trabalho não registrado. Unidade 2. Prevenção e proteção Em essa temática reviste uma importância fundamental: o conhecimento e observância de atitudes, hábitos e condutas preventivas individuais, assim como o acionar das instituições responsáveis das atividades laborais com respeito à proteção diante de riscos laborais. Para que a proteção social seja eficiente, as pessoas devem cultivar e praticar atitudes de autorespeito e cuidado individual que os outorgam certo grado de prevenção a respeito da ocorrência de contingências. A materialização da responsabilidade pessoal a partir da prática de condutas preventivas conforme o ingrediente principal da responsabilidade social, o qual é necessário para uma cultura de proteção social. 27