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Transcrição:

A APM e o Processo Educacional Chico Poli A Associação de Pais e Mestres APM pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos, é uma instituição auxiliar da escola, que tem por finalidade colaborar no aprimoramento do processo educacional, na assistência ao escolar e na integração família-escola-comunidade. (Decretos nº 12.983/1978, 48.408/2004 e 50.756/2006) Processo educacional pode ser definido como o processo que engloba a escolarização e todos os seus aspectos teóricos e práticos, como o processo de aprendizagem, os métodos de ensino e o sistema de avaliação da aprendizagem. Por definição legal, a APM é uma instituição auxiliar da escola, que tem por finalidade colaborar: 1) no aprimoramento do processo educacional, 2) na assistência ao escolar e 3) na integração família-escola-comunidade. Tal como dispõe o texto legal, a primeira finalidade da APM (portanto, a mais importante), é colaborar com a escola no aprimoramento do processo educacional, isto é, no aprimoramento do processo de aprendizagem, dos métodos de ensino e do sistema de avaliação da aprendizagem. A segunda finalidade da APM é a assistência ao escolar; a terceira, a integração família-escola-comunidade. Nas escolas particulares tradicionais, o principal objetivo da APM tem sido a ligação e a comunicação constante entre a comunidade escolar e a comunidade local (direção, mestres e pais). Tradicionalmente, porém, a APM das escolas públicas no Brasil sempre foi uma entidade assistencialista, nos moldes da antiga Caixa Escolar. A Caixa Escolar, nos anos 1950 e 1960, tinha a finalidade de atenuar os problemas dos alunos carentes do ensino primário, fornecendo-lhes alimentação, material escolar e uniforme. Os recursos eram arrecadados 1

junto à comunidade local (pais de alunos, comerciantes, doadores beneméritos etc), além da venda da merenda aos que podiam pagar e a queriam consumir. O Estado tinha participação no fornecimento de material escolar. Embora já houvesse alguns arremedos de APM desde os anos 1950, o primeiro diploma legal a tratar dessa associação, no seu formato atual, foi a Lei Estadual n.º 1.490/1977, que nasceu do Projeto de Lei nº 72/1976, de autoria do então deputado estadual Néfi Tales. No PL 72/1976, o autor enfatiza a necessidade de se instituírem e regularizarem as Associações de Pais e Mestres. Com o crescimento descomunal da rede de ensino paulista, ficou difícil à Administração dar o necessário atendimento a todos os prédios escolares do Estado. Portanto, a APM viria para auxiliar as escolas públicas estaduais, em razão da expansão desordenada da rede e consequente ingerência de pessoas físicas e jurídicas nessas unidades escolares. A Administração Pública paulista não conseguia gerenciar a contento as escolas públicas que compunham a sua rede, de modo a suprir suas necessidades básicas. A sociedade civil, diante de tal situação, já vinha se organizando em associações privadas, buscando, assim, assistir às escolas públicas estaduais na aquisição de materiais essenciais ao desenvolvimento das atividades pedagógicas e na manutenção dos prédios. Algumas instituições estavam indo além, influenciando nas diretrizes pedagógicas definidas pelo Estado. Segundo o deputado Néfi Tales, vários estabelecimentos de ensino tiveram suas atividades parcialmente suspensas, devido ao precário estado de conservação de seus prédios, ou por falta de material escolar. Curiosamente, a Lei nº 1.490, de 12 de dezembro de 1977, que disciplina o funcionamento das Associações de Pais e Mestres e dá providências correlatas, não define o que é uma Associação de Pais e Mestres. O artigo 1º, que conteria essa definição, foi vetado: 2

Art. 1º - Fica instituída a Associação de Pais e Mestres, como entidade de caráter privado, em todos os estabelecimentos oficiais de ensino, com a finalidade de auxiliar supletivamente a direção das escolas na consecução de seus objetivos educacionais.(g.n.) O Governador Paulo Egydio Martins ( 1975 a 1979) especificou como razão de veto a competência privativa da União para criar pessoas jurídicas de direito privado, nos termos do Código Civil. Caberia ao Estado apenas estimular a organização de entidades locais de assistência educacional, provendo a sua instituição, sem, porém, cogitar de instituí-las, com caráter privado, através de lei. Ao tratar dos recursos financeiros, a Lei nº 1.490 / 1977 afirma que eles serão obtidos através de contribuições facultativas dos sócios, bem como de outras fontes, tais como subvenções, doações, juros e dividendos decorrentes de operações financeiras e saldos provenientes de festas ou campanhas. Nem uma palavra sobre recursos públicos. Consta, ainda, a proibição expressa de fixação de valor ou número das contribuições. Não é muito diferente do que ocorre hoje, de acordo com o Artigo 6º do Estatuto Padrão da APM: Os meios e recursos para atender os objetivos da APM, serão obtidos através de: I - contribuição dos associados; II - convênios; III - subvenções diversas; IV - doações; V - promoções diversas. A novidade aí são os convênios, que se resumem em repasses de recursos públicos. Mudando o foco, quem quer participar da administração da APM? Embora seja uma pessoa jurídica de direito privado, auxiliar da escola - portanto, em tese, autônoma e independente -, a APM pode sofrer intervenção da Administração Pública, em casos de desvio de finalidade. Ou seja, na prática, ela não é autônoma nem independente. Na prática, a APM é uma associação privada com clara interferência estatal em seu 3

funcionamento. Juridicamente, a APM é uma instituição privada que se confunde com a própria Administração Pública do Estado de São Paulo. Uma agravante no funcionamento da APM veio com a LC 444/85, Artigo 95, 5º, f, onde se afirma que é atribuição do Conselho de Escola deliberar sobre prioridades para aplicação de recursos da Escola e das instituições auxiliares. Ou seja, quem decide sobre o uso do dinheiro da APM é o Conselho de Escola. Normas regulamentares, como essa, baixadas pelos órgãos superiores, refletindo as políticas públicas de educação, acabaram por engessar o campo de atuação da APM, convertendo-a em instituição encarregada da aplicação de recursos próprios ou disponibilizados pelo Poder Público. E essa aplicação também é engessada, sobrando pouco espaço para atividades socioculturais como excursões, atividades extraclasse, gincanas, competições desportivas interescolares, feiras de ciência, festividades folclóricas etc. Pais e professores têm cada vez menos tempo e energia para dedicar à APM: eles estão trabalhando cada vez mais. Pais e professores têm cada vez menos interesse em se dedicar à APM: a atividade é burocrática, desinteressante, e eles têm de fazer o trabalho do Estado. Pais e professores têm cada vez mais medo de se dedicarem à APM: há o risco de processos administrativos e judiciais que comprometem suas vidas pessoais e profissionais. Do ponto de vista legal, para que a Associação de Pais e Mestres pudesse realizar seu trabalho e alcançar seus fins, seria necessário que ela fosse declarada entidade autônoma, vinculada às unidades escolares (tal como previa o projeto original, o PL 72/1976), e independente da influência da Administração Pública Direta. Para tanto, as escolas também teriam de ser autônomas. No modelo atual, a APM existe primeiro para cuidar do prédio, bens, equipamentos e instalações (há 12 menções no Estatuto a este respeito); depois, para assistir ao escolar 4

(6 menções); em seguida, para ajudar a integrar a escola à comunidade (4 menções), e, finalmente se sobrar tempo, energia e espaço -, para auxiliar a escola no processo educacional (2 menções). Curiosamente, o parágrafo único do artigo 8º do atual Estatuto Padrão da APM afirma que a assistência ao escolar será sempre o setor prioritário da aplicação de recursos, excluindo-se aqueles vinculados a convênios. Na mesma linha, o Artigo 30, 2º: Serão prioritárias as atividades de assistência ao aluno. Dadas as raízes, postos os frutos: até hoje, como regra nas escolas públicas estaduais, é quase uma utopia imaginar uma APM auxiliando a escola no aprimoramento do seu processo educacional. No Estatuto Padrão da APM, Artigo 4º, V, lê se que a APM se propõe a favorecer o entrosamento entre pais e professores possibilitando aos pais, informações relativas tanto aos objetivos educacionais, métodos e processos de ensino, quanto ao aproveitamento escolar de seus filhos. Ou seja, pela APM os pais poderão até ser informados sobre o projeto pedagógico da escola, mas eles não participam da sua elaboração. Esse papel, no Estado de São Paulo, cabe aos Conselhos de Escola. Em resumo, esta APM que aí está não cuida diretamente do aprimoramento do processo educacional. Observação: o Congresso lembrou as dificuldades que as escolas têm para trabalhar com as APMs, desde a sua constituição (muitos cargos) até o real funcionamento (disponibilidade dos pais). Foram reiteradas as propostas de alteração do Estatuto da APM já encaminhadas pela Udemo: desburocratização, simplificação, autonomia, contabilidade feita por contabilista profissional e, principalmente, lembrar que a APM deve gerir os recursos enviados pelo Estado (seu dever) e não se preocupar em suprir esses recursos. 5

Obs.: os fundamentos legais e as considerações jurídicas deste trabalho basearam-se no texto Das Associações de Pais e Mestres no âmbito da Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo, de autoria do Dr. Rodrigo Soares Pereira, advogado da Udemo. 6