IX Diálogos em Paulo Freire: Utopia, Esperança e Humanização.

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Transcrição:

IX Diálogos em Paulo Freire: Utopia, Esperança e Humanização. EDUCADOR SOCIAL: PROFISSÃO E PERFIL HUMANIZADO, UMA ESPERANÇA PARA A EDUCAÇÃO SOCIAL. Nara Rosana Godfried Nachtigall 1 Este artigo se constitui em um relato de experiência, bem como minha observação e opinião sobre os afazeres e perfil para ser um educador social, no qual minha proposição é apontar subsídios práticos e teóricos a cerca de uma educação humanizada na esfera da educação social, com o objetivo central de apresentar elementos empíricos sobre a situação e papel do educador social na atualidade. Relato nesse artigo a experiência e reflexões vivenciadas em ONG na periferia de Porto Alegre minha reflexão enquanto educadora social foi na observação de situações e vivencias nas ações diárias com educadores em diversas situações de conflitos com os educandos, situações essas repletas de desafios, angustias, frustações e 1 Especialista em Docência na Educação Infantil pela UFRGS. E em Psicopedagogia Clinica, Institucional e Hospitalar pela Faculdade AVANTS/SC. Licenciatura em Pedagogia anos Iniciais e EJA do Ensino Fundamental pela UERGS. Extensão em Educação Integral e Escolas da Paz pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Experiência como educadora social/popular de abrigo e de SCFV, coordenadora Pedagógica de Educação Infantil e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Professora do Curso de educador assistente e do curso de educador Social na CEFOR-RS. Contato: naranachtigall@ig.com.br.

medos enfrentados diariamente no cotidiano da educação social por educadores sociais. Considero esse estudo de suma importância para reflexão e formação de aptidões para a atuação na educação social e para a formação humana do educador social, esclarecendo as competências para exercer a função de educador social. Palavras-chaves: Educador Social, Formação, vulnerabilidade social. Introdução: Compreendendo nossa política de intervenção social, como uma das alternativas de sanar as dificuldades sociais e desigualdade no nosso pais, porém nosso modelo de sociedade totalmente capitalista e profundamente individualista, torna esse processo mais difícil dificultando manter um procedimento de educação social. Muitas vezes essa intervenção cultural de modelo global, onde um modelo egocêntrico toma conta da cultura apontando modificações de comportamentos, posturas, valores, cresças, que por sua vez tomam espaços nos ambientes familiares e até mesmo escolares, tornando essa política social muito mais complexa de se tratar nas periferias, onde a falta de oportunidades, ou até mesmo de entender porque nossas crianças e adolescentes nas suas diferentes manifestações de revoltas, insatisfações, agressividades, frustações e inquietações eles se destacam pela sua dificuldade em se relacionarem na sociedade e em mostrar afetividade, suas emoções, essa fragilidade se sobressai colocando o educador social em profundo conflito, onde ele é um facilitador da inclusão social e ao mesmo tempo um ser Humano com limitações, medos, entre outros. Para tanto é necessário então começar por entender a definição de vulnerabilidade, e a também promover um profundo diálogo sobre direitos humanos, vulnerabilidade social, pois é necessário compreender o processo de inserção e reinserção, de socialização e ressocialização entendendo no contexto que isso é o direito de todos assim como estabelece a legislação. Essa responsabilidade é de todos. Vulnerabilidade social traduz-se na dificuldade no acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade, resultado em debilidades ou desvantagens para o desempenho e mobilidade social dos atores. (KAZTMAN, 2001 p.171).

Segundo O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a vulnerabilidade social é constituída por fatores biológicos, políticos, culturais, sociais, econômicos e pela dificuldade de acesso a direitos. A extrema pobreza, a violência, o descaso, o abandono, a desigualdade social, o tráfico, e a baixa escolaridade, fazem parte de um cenário cotidiano das periferias de uma região vulnerável. Segundo KAZTMAN, as vulnerabilidades sociais estão relacionadas às composições de oportunidades na qual a classificação pondo-se a desigualdade e desvantagem que resultam em um aumento das situações de desproteção e insegurança, caracterizadas pelos problemas de exclusão e marginalidade. Submersos por essa realidade e diversidade, é que encontramos os diferentes desafios para educar na contemporaneidade, pois segundo Freire educar nos exige: Rigorosidade metódica, respeito aos saberes dos educandos, ética, reflexão e risco, a aceitação das diferenças, a rejeição da discriminação, a tolerância e acreditar que a transformação do outro é possível, senso assim é importante reconhecer e compreender nosso papel enquanto educadores nesse processo de ensino- aprendizagem de inserção social, contribuindo para o respeito mútuo. O Fazer Do Educador Social O educador social deve ser um profissional convicto do seu papel de mediador e facilitador, no qual trabalha e desenvolve atribuições e atividades com crianças e adolescentes provenientes de situação de risco e vulnerabilidade social, que frequentam projetos e programas sociais destinados a esse perfil de público em instituições religiosas, ONGs, ou na própria rede municipal de atendimento social. Neste contexto, o educador social deve ter um conhecimento suficiente para desenvolver seu trabalho com primazia, nunca sendo aceitável tão somente uma propriedade de conhecimentos baseado na experiência, na melhor intenção, ou saberes teóricos, as ações devem visar um conhecimento global, conhecimentos pedagógicos, não há educação fora da

política, então temos que ter ações e intenções ideológicas com o um papel de estimulador de aprendizados, no qual todos aprendam e todos ensinem, desenvolvendo autonomia, protagonismo, incentivando o crescimento mutuo e as realizações individuais e coletiva, o educador deve refletir suas ações continuamente, e trabalhar de maneira a respeitar seus próprios valores e cresças, tendo um entendimento que educação, respeito e cuidado são fatores e atribuições indispensáveis ao papel do educador social. Mantendo com seus atendidos uma respeitosa relação, sobre todos os seus aspectos: físico, afetivo, cognitivo e criativo. E neste sentido, é considerado essencial um real respeito pelo outro, entendendo o outro com um ser Humano de valor, de direitos, de igualdade, tendo uma capacidade de entender o outro sem pré-julgamentos, mantendo uma comunicação não violenta, sendo transparente na sua forma de ser e agir. É na relação que mantêm entre si e com o mundo que os seres humanos, sem deixar de ser sujeitos, vão se completando e ajudando os outros a se completarem. Igualmente na relação com o mundo eles se completam e contribuem para transformar o mundo. É célebre a frase de Paulo que afirma: Ninguém educa ninguém, mas ninguém se educa sozinho. (BARRETO, 1998, p. 59) Diante desse aspecto é fundamental entender que o profissional educador social não deve estar sozinho, seu trabalho é em equipe, e seus afazeres e temores devem ser compartilhados e refletidos em equipe, procurando complementar o atendimento eao indivíduo e a compreensão das relações e resoluções de problemas. O educador social tem um papel fundamental no cotidiano do educando, pois é ele que dará apoio pessoal, no qual facilitará assim o acesso, manutenção, resolução ou alcance das propostas e ou objetivos. Orientando ao exercício da cidadania, para que os educandos e suas famílias possam resolver suas questões problemas, potencializando as habilidades e competências de cada indivíduo e suas famílias, proporcionando o empoderamento dos sujeitos. Ninguém luta contra as forças que não compreende, cuja a importância não mede, cujas as formas e contornos não discerne. (FREIRE, 1980, p.40).

Por tanto, Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha. Não posso ensinar o que não sei. Mas, este, repito, não é saber de que apenas devo falar e falar com palavras que o vento leva. É saber, pelo contrário, que devo viver concretamente com os educandos. O melhor discurso sobre ele é o exercício de sua prática. É concretamente respeitando o direito do aluno de indagar, de duvidar, de criticar que falo desses direitos. A minha pura fala sobre esses direitos a que não corresponda a sua concretização não tem sentido. ( FREIRE, 2000, p.40) O educador social para ter seu trabalho realizado se submete a trabalhar com a realidade dos excluídos da sociedade, e a entender esse contexto discriminatório e excludente, tentando humanizar as relações, emponderando os indivíduos. A profissão de educador social exige o ensino médio, mas ainda há os que buscam identidade sobre a causa, buscando mais que conhecimentos teóricos ou acadêmicos, pois para ser um educador social é necessário ter sensibilidade, disposição, resiliência, determinação, identificação com a causa, paciência, tolerância, imparcialidade, o máximo de neutralidade, não nutrir preconceitos em geral, humanizando as ações cotidianas. E esta luta, por causa da finalidade que lhe dão os oprimidos, representará realmente um ato de amor, oposto à falta de amor que se encontra no coração da violência dos opressores, falta de amor ainda nos casos em que se reveste de falsa generosidade. (FREIRE, 1979, p.31). Nesse contexto, o educador social se propõe a um trabalho intencional de busca de valores culturais, comunitários, propondo uma superação social existente, propondo uma educação libertadora, motivacional, estética, com ações afirmativas. O educador social, tem a difícil tarefa de trabalhar com resoluções de conflitos, e em situações problemas, sendo que é impossível separar o profissional do ser humano, então o

cuidado com sua saúde emocional, tendo que estar preparado para um autocuidado, buscando sempre apoio coletivo, ajudas externas da rede, não se deixando abater por questões profissionais que possam interferir nas questões pessoais, superando suas frustrações e tendo auto resiliência. Considerações Finais: Essa reflexão, leva a acreditar que a transformação é possível, o esforço deve ser coletivo, há muito que se fazer, tenho ainda muito que pesquisar e estudar, mas a certeza de que se ser educador social é uma profissão, e que essa profissão pode transformar vidas, compreender o ser humano, aceitar as diferenças e lutar pela igualdade social, temos que compreende-la, estuda-la, e nos profissionalizar, para que possamos melhor atender os sujeitos que são protagonistas da nossa ação. Do mesmo modo nos deparamos com profissionais que também não compreendem seu papel de mediador e de gerador de conhecimentos de direitos. Entretanto, hoje existe suficiente consistência teórica nas formas alternativas de estudar, pesquisar, ensinar e aprender para dar tranquilidade a todos aqueles que se aventuram nessa direção (FREIRE, 1995, p. 98). Segundo FREIRE, Este processo pelo qual as pessoas vão se completando durante toda a vida na busca de serem mais é o que constitui para Paulo a Educação.(FREIRE, 2000, p.10). E de entender que existem pessoas preocupadas com o futuro do educando, defendendo e apresentando seus direitos, incentivando o protagonismo juvenil. Quando obtemos êxito no nosso trabalho, aumenta nossa expectativa em continuar exercendo e principalmente nos motiva a fazer mais e melhor. E também que o educador social precisa desenvolver saberes docentes, reconhecendo as características e necessidades das comunidades em situação de risco e em vulnerabilidade social.

Referencias BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciencia, 1998 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Coleção Leitura; 15a edição. São Paulo: Paz e Terra, 2000. PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (PNDH-3) / Secretaria Especial Dos Direitos Humanos da Presidência da República - Brasília SEDH/PR, 2009 KAZTMAN, R. Seducidos y abandonados: el aislamiento social de los pobres urbanos. Revista de la CEPAL, Santiago do Chile, n.75, 2001.